v. 29 n. 322 (2025)

Genética e Desporto: superatletas ou batoteiros
A genética e o desporto estão intrinsecamente ligados, uma vez que a predisposição genética de um indivíduo pode influenciar significativamente o seu desempenho desportivo. Os genes determinam uma variedade de fatores que afetam o desempenho atlético, como a composição das fibras musculares, a capacidade cardiorrespiratória, a flexibilidade, a resistência e a recuperação. A investigação em genética desportiva identificou genes específicos associados ao desempenho em diferentes disciplinas. Por exemplo, alguns genes influenciam a produção de fibras musculares de contração rápida, que são essenciais para os desportos de velocidade e potência. Outros genes afetam a capacidade do organismo de transportar oxigénio, o que é crucial para os desportos de resistência.
Embora a genética desempenhe um papel importante, não é o único fator determinante no sucesso desportivo. O treino, a nutrição, o ambiente e a motivação também são cruciais. No entanto, compreender a influência da genética pode ajudar atletas e treinadores a otimizar o treino e a nutrição, bem como a identificar potenciais talentos numa idade precoce. Além disso, a genética também pode desempenhar um papel na prevenção de lesões desportivas. Ao identificar predisposições genéticas para determinadas lesões, os atletas podem tomar medidas preventivas, como exercícios específicos e ajustes na técnica.
A investigação em genética desportiva oferece informações valiosas que podem ajudar atletas e treinadores a maximizar o desempenho. No entanto, os testes genéticos desportivos devem ser utilizados de forma responsável e ética, respeitando a privacidade e a autonomia dos atletas. Além disso, técnicas como a modificação genética e a edição do genoma, atualmente utilizadas para tratar, prevenir ou curar doenças como a hemofilia, a fibrose quística, a leucemia e outras, são consideradas uma forma de doping e são proibidas pelas organizações desportivas.
Tulio Guterman, Diretor - Março de 2025