v. 29 n. 320 (2025)
Rumo a um esporte mais justo e equitativo
O esporte, longe de ser um espaço estranho à sociedade, é um microcosmo que reflete e reproduz as desigualdades sociais, raciais e de gênero nele presentes. Isto se verifica no acesso aos recursos por parte das pessoas de baixa renda que têm menos oportunidades de praticar muitos esportes devido à falta de instalações, equipamentos e treinadores qualificados. Isto restringe o seu desenvolvimento desportivo e as suas possibilidades de alcançar alto rendimento. Alguns esportes estão associados a determinadas classes sociais e exigem alto poder aquisitivo para serem praticados, criando uma barreira de acesso para muitos.
Ao mesmo tempo, os meios de comunicação decidem quais notícias desportivas cobrir e quais ignorar, o que influencia a percepção pública dos problemas e, ao dar prioridade a certas histórias em detrimento de outras, influenciam a opinião pública sobre quais os desportos e atletas que são mais valiosos e quais os não. Contribuem também para reforçar os estereótipos de género, étnicos e de classe no desporto, o que limita as oportunidades para muitos atletas. Dessa forma, ao apresentar desigualdades naturalizadas ou inevitáveis, a mídia dificulta a luta pela igualdade.
É essencial que os meios de comunicação social assumam um papel mais crítico e reflexivo na sua cobertura do desporto. Os jornalistas devem esforçar-se por proporcionar uma representação mais equitativa de todos os atletas e desafiar os estereótipos e as desigualdades. Além disso, quem consome estes meios de comunicação deve estar consciente da influência que eles têm na nossa percepção e exigir uma cobertura mais justa e honesta.
Tulio Guterman, Diretor – Janeiro de 2025