Atletismo na Guatemala (1931-1944). Militares, submissão política e visibilidade feminina

Resumo

O objetivo deste artigo é estudar o papel do regime de Jorge Ubico entre 1931 e 1944 na utilização do atletismo na subjugação política dos indígenas e na visibilidade das mulheres. O exposto foi feito extraindo a informação solicitada no jornal El Imparcial durante os anos de estudo. O interesse em centralizar, dirigir e modernizar a atividade desportiva e a educação física na Guatemala levou o regime de Ubico a utilizar o atletismo para a subjugação política dos aborígenes e a visibilidade das atletas mulheres guatemaltecas na esfera pública nacional. Os triunfos atléticos dos aborígenes legitimaram a sua submissão ao projeto nacional, mas não a sua assimilação ao mundo ladino. As suas vitórias permitem salientar que, pelo menos simbolicamente, o atletismo foi utilizado como meio de resistência à dominação que lhes tinha sido imposta. A participação de raparigas e mulheres em jogos interescolares ajudou a tornar as atletas guatemaltecas visíveis na esfera pública nacional. O que marca o início de um processo em que as mulheres guatemaltecas começam a apropriar-se das práticas desportivas, onde a prática desportiva deixou de ser um hobby para elas –sem disciplina nem treino– para se tornar uma prática cultural que lhes permitiu ser donas do seu corpo e de si mesmas, estabelecendo objetivos pessoais, o que lhes deu maior reconhecimento na sociedade nacional e superando falsas concepções de género.