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Análise comparativa entre o método analítico e o método situacional |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N° 50 - Julio de 2002 |
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Estes dados foram coletados através de gravações em fitas de vídeo e após, analisados e relacionados em fichas de avaliação. A seguir estes resultados foram transformados em demonstrativo gráficos para que fosse feito um melhor acompanhamento dos percentuais de desempenho dos dois grupos.
Quadro 05 - Freqüência relativa de execuções com êxito no jogo de precisão
Quadro 06 - Comparação da freqüência relativa das execuções com êxito,da 2° e 3° avaliação em relação à primeira.
Gráfico 03 - Comparativo de acertos no jogo de precisãoCom base nos dados coletados nas três avaliações (inicial, 4ª semana e 8ª semana), podemos verificar que os dois grupos observados apresentaram melhora nos percentuais em relação à avaliação feita antes do início das atividades de pesquisa (diagnóstico).
Ao observarmos os números dos dois grupos podemos perceber que o Grupo I conseguiu um número inferior de execuções com êxito em todas as avaliações feitas, em relação ao Grupo II. Mas quando observamos os percentuais de evolução entre as avaliações podemos verificar que na 2ª avaliação o Grupo I teve uma melhora de 90% nas execuções com êxito, em relação aos resultados da 1ª avaliação. E melhorou 115% na 3ª avaliação. Enquanto que o Grupo II teve uma melhora de 43%, em relação aos resultados da 1ª avaliação. E na 3ª avaliação melhorou apenas 72% em relação à 1ª avaliação.
Nas atividades realizadas no Jogo Motor de Situação, desenvolvido em um espaço de 10 x 20m, onde 5 crianças jogaram 3 x 2, sendo que 3 no papel de atacantes e 2 no papel de defensores. Sendo que o jogo teve 5 min. de duração, onde objetivo dos atacantes era superar os defensores, através da troca de passes e cruzar a linha de fundo adversária em posse de bola. E onde o objetivo dos defensores era simplesmente de evitar o êxito dos atacantes.Avaliamos a sua tomada de decisão e a execução do passe (apropriada e inapropriada), na equipe atacante. Estas avaliações foram feitas em dois momentos. No primeiro momento, quando o jogador atacante estava com a posse de bola e no segundo momento quando estava sem posse de bola.
Realizamos três avaliações da tomada de decisão e da execução do passe durante o projeto. A primeira antes do início das atividades do projeto de pesquisa (diagnóstico), a segunda no final da 4ª semana de atividades e a terceira no final da 8ª semana de atividades, ao final do projeto de pesquisa. Os resultados destas avaliações serão apresentados a seguir.
Quadro 07 - Freqüência absoluta da tomada de decisão: atacante com posse de bola
Quadro 08 - Freqüência relativa da tomada de decisão apropriada do atacante com posse de bola
Gráfico 04 - Freqüência relativa da tomada de decisão
Quadro 09 - Comparação da freqüência relativa da tomada de decisão apropriada do atacante com posse de bola.
Gráfico 05 - Comparação da freqüência relativa da tomada de decisão atacante com posse de bola
Quadro 10 - Freqüência absoluta da qualidade na execução: atacante com posse de bola
Quadro 11 - Freqüência relativa da execução apropriada do atacante com posse de bola
Gráfico 06 - Freqüência relativa da execução
Quadro 12 - Comparação da freqüência relativa da execução apropriada do atacante com posse de bola
Gráfico 07 - Comparação da freqüência relativa da execução atacante com posse de bolaCom base nestes resultados apresentados, segundo as avaliações feitas através das “Fichas de Avaliação dos Jogos Motores de Situação (atacante com posse de bola e atacante sem posse de bola)”, adaptadas de Gimenez (1998), podemos observar que os dois grupos apresentaram melhoras na segunda e terceira avaliações, em suas tomadas de decisão.
No Grupo I (Método Analítico), a tomada de decisão melhorou 20% na segunda avaliação, e 41% na terceira avaliação. Enquanto que na execução do passe, obteve uma melhora de 25% na segunda avaliação, e 35% na terceira avaliação.
No Grupo II (Método Situacional), as avaliações feitas através da atividade I (Jogo Motor de Situação) apresentaram um percentual de melhora maior do que os resultados obtidos pelo Grupo I. Ou seja, na segunda avaliação a melhora, nas tomadas de decisão adequadas, foi de 60% e na terceira avaliação esta melhora chegou aos 112%. Enquanto que no número de execuções adequadas, a melhora foi de 112% na segunda avaliação e de 197% na terceira avaliação.
No que diz respeito à relação entre as decisões apropriadas e as inapropriadas podemos verificar que no Grupo I, as decisões apropriadas na segunda avaliação representam 26% do total e na terceira avaliação elas representam 31% do total das decisões. Enquanto que no Grupo II as decisões apropriadas na segunda avaliação representam 42% do total e na terceira avaliação elas passaram a ser 55% do total das decisões.
Ao observarmos os dois grupos com referência às execuções apropriadas, podemos verificar que os dois grupos observados obtiveram uma melhora na segunda e terceira avaliações. Sendo que no Grupo I, elas representavam 20% do número total na segunda avaliação e 21% do total na terceira avaliação. Já no Grupo II estes percentuais são bastante diferentes. Sendo que na segunda avaliação as execuções apropriadas representavam 35% do total e na terceira avaliação passaram a representar 49% da totalidade das execuções.
Além das avaliações feitas sobre as tomadas de decisão e execuções dos atacantes dos dois grupos no momento em que estavam com a posse de bola, foram avaliados estes mesmos atacantes quando estavam sem a posse de bola. Estas avaliações serão apresentadas a seguir em representação gráfica de desempenho individual.
Quadro 13 - Freqüência absoluta da tomada de decisão apropriada do atacante sem posse de bola
Gráfico 08 - Freqüência absoluta da tomada de decisão
Quadro 14 - Freqüência absoluta da execução apropriada do atacante sem posse de bola
Gráfico 09 - Freqüência absoluta da execução
Quadro 15 - Comparação da freqüência relativa da tomada de decisão apropriada do atacante sem posse de bola
Gráfico 10 - Comparação da freqüência relativa da tomada de decisão do atacante sem posse de bola
Quadro 16 - Comparação da freqüência relativa da execução apropriada do atacante sem posse de bola
Gráfico 11 - Comparação da freqüência relativa da execução atacante sem posse de bolaDe acordo com os dados apresentados nos gráficos aqui apresentados podemos constatar que nos dois grupos de observação houve melhora nos percentuais de êxito tanto no que diz respeito a tomada de decisão quanto na execução do passe durante o Jogo Motor de Situação utilizado para a análise.
No Grupo I (Método Analítico), as decisões apropriadas pelos jogadores atacantes sem a posse de bola melhoraram 17% na segunda avaliação e 72% na terceira. Ao observarmos o número de execuções apropriadas, este grupo apresentou uma melhora de 13% na segunda avaliação e 73% na terceira.
Observando os dados percentuais relativos ao Grupo II (Método Situacional), constatamos uma melhora de 235% na segunda avaliação referente às decisões apropriadas e 326% na terceira. Enquanto que nos dados relacionados à execução apropriada a melhora na segunda avaliação foi de 200% e a melhora na terceira avaliação foi de 355%.
Considerações finaisApós a leitura de várias bibliografias durante toda a carreira acadêmica, constatamos uma argumentação bastante substancial na corrente que defende o ensino dos Jogos Desportivos Coletivos através da utilização do grupo de métodos denominados como “Métodos Ativos”.
Dentre estas bibliografias podemos citar Sanchéz (1988) que coloca que os Métodos Tradicionais geralmente são utilizados por pessoas sem formação específica e baseados em “intuições”. E Nista-Piccolo (1999), que fala sobre a importância da analise dos métodos de ensino nos Jogo Desportivos Coletivos. Pois a utilização de uma metodologia inadequada ou a utilização inadequada de uma metodologia pode resultar em altos prejuízos pagos pelas crianças.
Ao profissional de Educação Física caberá ampliar seus conhecimentos na área e assim poder elaborar procedimentos pedagógicos adequados à realidade encontrada, pois a preocupação deste profissional que vai ensinar deve estar sempre centrada na metodologia a ser desenvolvida na aplicação das atividades.
Baseando-se nestas constatações nos propusemos a elaborar um projeto de pesquisa que pudesse analisar as contribuições trazidas pelo Método Situacional (Ativo) e pelo Método Analítico (Tradicional), podendo comparar estas duas propostas didático-metodológicas.
A seguir passaremos a relatar os resultados obtidos durante a realização deste projeto de pesquisa, desenvolvido durante oito semanas.
Ao analisarmos os resultados relacionados ao Jogo de Precisão (atividade II) constatamos que a quantidade total de execuções com êxito dos integrantes do grupo onde utilizamos o Método Analítico foram inferiores às conseguidas pelo grupo onde utilizamos o Método Situacional nas três avaliações. Como o objetivo da pesquisa é verificar as contribuições das propostas de ensino passamos a observar o percentual de evolução destes números, o que nos levou a observar que o Grupo I (Método Analítico), obteve uma melhora em suas execuções com êxito na última avaliação, em relação à avaliação inicial (diagnóstico), superior aos resultados obtidos pelo Grupo II (Método Situacional), o que nos levou a constatar que para melhorar a precisão do passe, em uma situação onde o ambiente é estável a melhor proposta foi a do Método Analítico.
Os resultados relacionados ao Jogo Motor de Situação foram divididos em dois momentos. O primeiro quando o jogador atacante está com a posse de bola e o segundo quando ele não está com a posse de bola. Ambos os grupos foram avaliados quanto à sua tomada de decisão e quanto à execução durante esta atividade.
De acordo com a análise da tomada de decisão apropriada, do atacante com posse de bola, constatamos que no Grupo I a melhora obtida na terceira avaliação foi muito inferior a obtida pelo Grupo II nesta mesma avaliação. Constatamos uma diferença ainda maior na análise das execuções apropriadas, onde o Grupo I apresentou um valor muito inferior ao percentual obtido pelo Grupo II. Dados que nos levam a concluir que na situação real de jogo, o Grupo I não conseguiu demonstrar o mesmo percentual de êxito alcançado no Jogo de Precisão, pois durante uma situação real de jogo, os jogadores se encontram em um ambiente instável, onde suas ações devem estar diretamente relacionadas às mudanças ocorridas durante o jogo.
Quando analisamos o desempenho dos dois grupos com referência ao total de tomadas de decisão e execuções apropriadas, dos jogadores atacantes sem posse de bola. Encontramos uma diferença espantosa. No Grupo II o percentual de melhora foi extremamente superior ao valor encontrado no Grupo I. Fato que nos levou a acreditar que os integrantes do Grupo I, apenas participam do jogo quando se encontram em posse de bola, caso contrário não esboçam comportamento adequado a um jogador atacante.
Enfim, com base nos dados levantados, podemos concluir que:
O Método Analítico foi melhor do que o Método Situacional para aprimorar a precisão na execução do passe, durante uma atividade fechada;
A maior precisão no passe, em uma atividade fechada, não contribuiu para o mesmo êxito em uma situação real de jogo;
Os alunos que trabalharam o passe sob uma perspectiva Analítica obtiveram uma melhora na execução do mesmo, em situação real de jogo. Sendo que esta foi menor do que as observadas no outro grupo;
O Método Situacional foi melhor para aprimorar a capacidade de tomada de decisão e execução em situação real de jogo, do atacante em posse de bola. E extremamente melhor no que diz respeito ao jogador atacante sem a posse de bola;
Durante uma situação real de jogo foi possível melhorar a precisão do passe, isto demonstrado em uma atividade fechada;
Ao final do desenvolvimento deste trabalho podemos afirmar que conseguimos alcançar o objetivo principal de um projeto de pesquisa, buscar verificar na prática a veracidade do que é colocado pela teoria. Em nosso caso comparar duas teorias sobre metodologia de ensino dos Jogos Desportivos Coletivos.
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