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Determinação de padrões de referência
nas variáveis neuro-motoras em portadores com deficiência mental no Distrito Federal
Jônatas de França Barros, Odiel Aranha Cavalcante, Fabiola Ferreira Francelino y Romilson de Lima Nunes

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 7 - N° 36 - Mayo de 2001

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  1. Demarcações: O comprimento das fitas crepes colada no chão foram de 80 cm. A distância entre as fitas foi de 2,90 cm. A câmara foi colocada a 5,55 m do centro (1,45 cm) da distância entre as fitas.A câmara está a 87 cm do chão (a partir do centro da lente), com o tripé todo baixo. A “obréia” será colocada na ponta do pé e na extremidade do calcanhar direito.

  2. Técnica: A impulsão horizontal será feita com auxílio dos membros superiores (MS). O avaliado colocará - se em pé, calcanhares no solo, pés paralelos, estes ficarão um pouco encima da fita de demarcação. Considera - se como ponto de referência à ponta do calcanhar. Após a determinação do ponto de referência, o avaliado saltará o mais longe possível para frente. O avaliado terá uma série de três saltos, podendo ajudar com os MS, trazendo - os de trás para frente do corpo. O resultado será a maior distância na melhor das três tentativas.

Impulsão Vertical

  1. Equipamento utilizado: Fita crepe para demarcar local do teste; trena (em centímetros) e a câmara filmadora (encima do tripé). Será utilizada “obréias” para demarcar ponta do pé e calcanhar (para facilitar os cálculos). O avaliado terá que está de camiseta, short ou calça e tênis.

  2. Demarcação: Será feito um quadrado com a fita crepe. O comprimento (lados do quadrado) das fitas será de 9,0 cm. O campo de realização do teste será demarcado a partir do centro (1,45cm) das demarcações do teste de Impulsão Horizontal. Portanto, a câmara ficará na mesma distância do teste citado anteriormente. A “obréia” será colocada na ponta do pé e na extremidade do calcanhar direito.

  3. Técnica: A impulsão vertical será realizada sem auxílio dos membros superiores (MS). O avaliado colocará - se em pé, calcanhares no solo, pés paralelos, corpo lateralmente à parede com os MS ao lado do corpo. Considera - se como ponto de referência à extremidade do calcanhar. Após a determinação do ponto de referência, o avaliado saltará o máximo possível para cima; podendo flexionar um pouco o joelho. O avaliado terá uma série de dois saltos, mantendo - se, no entanto, com os MS ao lado do corpo. O resultado será a maior altura na melhor das duas tentativas.

Flexibilidade (Sentar e Alcançar)

  1. Equipamentos utilizados: uma peça de madeira compensada de 61 × 20 cm, com linhas horizontais desenhadas com intervalos de 1,3 cm; a linha central é marcada zero, as linhas de polegadas são numeradas de 1 em diante. A base de escala é em forma de um sinal de adição, feito de tábuas de 27,94 cm colocadas sobre as bordas; trena (em centímetros); uma câmara com um suporte de madeira com altura de 21,5 cm. O avaliado(a) realizará o teste de sunga para rapazes, e biquíni as mulheres.

  2. Demarcações: A peça de madeira será colocada dentro do quadrado utilizado no teste de impulsão vertical. A câmara posicionará a 2,43 m do centro do quadrado. A câmara ficará encima do suporte a 16 cm da sua borda (em relação ao parafuso da câmara). Serão marcados tr6es pontos no avaliado: protuberância acromial, crista ilíaca e parte lateral da articulação do joelho.

    A flexibilidade será avaliada utilizando o método de teste de sentar e alcançar de Wells (MATHEWS, 1980). Trata-se de uma técnica que visa analisar o movimento no plano transversal, obtendo ângulo através dos pontos articulares.

Flexão anterior do tronco (FAT)

  1. Postura: O indivíduo ficará sentado no chão, pernas estendidas e com os pés colocados contra as pegadas da tábua em cruz e os valores menores ficam na direção da pessoa. A pessoa se lança para frente, com as mãos uma encima da outra e com as palmas para baixo, ao longo da escala. Os autores registraram a confiabilidade deste teste como 0,98 quando se permitem três lançamentos preliminares. A distância máxima alcançada é registrada como medida de flexibilidade.

  2. Referência - Ponta do dedo médio da mão. Serão realizadas três tentativas, sendo registrada a maior distância alcançada.

Agilidade (Shuttle-run)

  1. Os materiais utilizados para este teste são: fita crepe2 blocos de madeira (5 cm × 5 cm × 10 cm); espaço livre de obstáculos (no mínimo de 15 metros); câmera filmadora; uniforme: camiseta, calção, meia e tênis.

  2. Técnica e demarcação: O objetivo deste teste será avaliação da agilidade (AAHPERD, 1976), utilizando-se duas linhas paralelas traçadas no solo, distantes 9,14 metros entre si, medidas a partir de suas bordas extremas. Dois blocos de madeira, com dimensões de 5 cm × 5 cm × 10 cm foram colocados a 10 cm da linha extrema e separados entre si por um espaço de 30 cm, em posição simétrica com relação à margem extrema. A realização do teste requer espaço plano e livre de obstáculos, e solo com atrito suficiente para evitar o deslizamento do tênis do avaliado.

    A câmara estará a uma distância de 17, 13 m do meio do campo de realização do teste (4,57 m). O tripé estará todo baixo.

    O avaliado colocará em afastamento antero-posterior das pernas, com o pé anterior o mais próximo possível da linha de saída. Com a voz de comando: “Atenção! Já!” O avaliador iniciará o teste. O avaliado em ação simultânea correrá à máxima velocidade até os blocos, pegará um deles e retornará ao ponto de partida, depositando o bloco atrás da linha de partida. Em seguida, sem interromper a corrida, irá à busca do segundo bloco, procedendo da mesma maneira.

    Ao pegar ou deixar o bloco, o avaliado terá que cumprir uma regra básica do teste, ou seja, transpor com pelo menos um dos pés as linhas que limitam o espaço demarcado. O bloco não deve ser jogado, mas colocado no solo. Sempre que ocorrer erros na execução, o teste será repetido. Cada avaliado terá direito a duas tentativas com um intervalo mínimo de dois minutos. O resultado estabelecido será o menor tempo de percurso na melhor das duas tentativas. Esse tempo será calculado através do Peak Performance.

Velocidade (50 metros)

  1. Material utilizado será: Cones; trena; câmara filmadora, pista de atletismo.

  2. Técnica e demarcações: local plano sem obstáculos e que possua, além dos 50 metros, um espaço suficiente para saída (um metro pelo menos) e outro para chegada (15 a 20 metros); a câmara será posicionada a 39 metros da pista de corrida e a 22,5 metros de distância do cone posicionado na saída do teste

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    Para realizarmos esta medida será explicado ao avaliado que este é um teste máximo, ou seja, o mesmo deverá correr em velocidade máxima por 50 metros, e passar a faixa de chegada também na máxima velocidade. Em seguida indicará a faixa de saída, orientando que a posição de saída em afastamento ântero - posterior das pernas e com o pé da frente o mais próximo possível da faixa. A voz de comando será pelas palavras: ATENÇÃO!!! Já, devendo o avaliado se preparar ao escutar a palavra ATENÇÃO!

    Será permitido apenas uma tentativa, e o resultado do teste será o tempo de percurso dos 50 metros com precisão de décimo e centésimo de segundo.

Método Estatístico

    Os resultados serão analisados a partir de um tratamento estatístico em distribuição cumulativa em posto percentil (LEVIN, 1987).

Resultados

    Tabela Únicos - Valores em Quartis (ótimo, muito bom, bom, regular e ruim) dos testes de impulsão horizontal, impulsão vertical, flexibilidade, velocidade e agilidade do grupo deficiente mental leve e moderado do sexo masculino.




Discussão

    As variáveis neuro-motoras (impulsão horizontal, impulsão vertical, flexibilidade, velocidade e agilidade) utilizadas para esse estudo foram escolhidas para constatar características importantes para melhoria da aptidão física, e desenvolver padrões de referência para pessoas portadoras de deficiência mental. Mas também, por constar poucos estudos referentes a estas variáveis em literatura, para essa clientela.

    Portanto, este estudo tem o intuito de comparar os valores dos testes neuromotores, entre os indivíduos com deficiência mental leve (APAE) e moderada (Pestalozzi e AMPARE) e entre ambos os sexos. É de grande importância relacionar a aptidão física com o nível de deficiência mental, idade e sexo, devendo o profissional de educação física construir meios adequados para trabalhar com os limites físicos dessa clientela.

Impulsão Horizontal

    O primeiro teste realizado foi o de impulsão horizontal. E os valores médios obtidos foram 1,66 m para deficiente mental leve e moderado do sexo masculino. Já para a deficiente mental leve e moderada do sexo feminino obtivemos um valor médio de 1,29 m.

    Na literatura não encontramos testes de impulsão horizontal mostrando valores para indivíduos ditos normais ou pessoas com deficiência mental. Mas, encontramos referências aos aspectos motores e fisiológicos. Estudo realizado por FERNHALL (1994), mostram que pessoas com deficiência mental, dos ambos os sexos e de todas as idades possuem baixo nível de resistência muscular, e que isso se deve ao estilo de vida.

    Hipoteticamente, podemos considerar que os valores médios obtidos pela amostra foram dentro do padrão de valores de indivíduos normais. Isso, é verdadeiro ao passo que todos os testados fazerem atividades físicas regulares como: aulas de educação física, prática de esporte (futebol, dança, atletismo, etc).

    Podemos considerar que as moças tiveram os valores do teste mais baixo que os rapazes, visto que, as avaliadas encontram-se em idades superior a menarca e os rapazes na sua maioria também já saíram da puberdade. As moças quando na puberdade desenvolvem a força muscular mais rápido que os rapazes (MATSUDO, 1995).

Impulsão Vertical

    Os valores médios obtidos para o teste de impulsão vertical foram 36,48 cm para deficiente mental leve e moderado do sexo masculino. Já para a deficiente mental leve e moderado do sexo feminino obtivemos um valor médio de 22,40 cm.

    Na revisão de literatura citamos alguns autores que fazem referência a impulsão vertical. SILVA (1985) cita que os indivíduos masculinos ditos normais alcançaram no teste de impulsão verticais valores médios de 39,29 cm e indivíduos do sexo feminino alcançaram valores médios de 33,13 cm. E segundo estudos realizados por Pereira e D’ANGELO (1986), indivíduos de ambos os sexos com idade entre 15 e 25 anos de idade, conseguiram valores médios de 24,02 cm.

Flexibilidade

    Para o teste de sentar e alcançar foram encontrados valores médios de10,35 graus para deficiente mental leve e moderado do sexo masculino e deficiente mental leve e moderado do sexo feminino obtivemos um valor médio de 15,81 graus.

    Na literatura encontrou-se muito dado a respeito do teste de sentar e alcançar e flexibilidade em si. Sendo esta analisada, geralmente em centímetros, no entanto, nesse estudo o nível de flexibilidade foi analisado em graus. Não desqualificando a análise, visto que, a flexibilidade será maior quanto maior a distância (em centímetros) que o indivíduo alcançar na peça de madeira ou quanto maior for o ângulo do quadril realizado por aquele.

    Quando comparamos o valor médio masculino e feminino com o Quadro 1 (pg.6) podemos concluir que: os indivíduos masculinos com deficiência mental leve e moderada classificaram-se com um nível de flexibilidade fraco enquanto os indivíduos femininos com um nível médio. É interessante dizer que tivemos valores altos de flexibilidade masculino chegando até 36,25 graus e feminino até 39,81 graus.

Velocidade

    Para o teste de 50 metros os tempos médios obtidos foram 15,42 segundos para deficiente mental leve e moderado do sexo masculino. Já para a deficiente mental leve e moderado do sexo feminino obtivemos um tempo médio de 12,53 m.

    O teste corrido de 50 metros foi o escolhido para verificar indiretamente a potência anaeróbica alática dos avaliados, visto que, o pico máximo do metabolismo ATP - CP é alcançado entre os 10 e 15 segundos. Esse teste dependendo do avaliado chega no máximo ± 18 segundos.

    Na consulta da literatura encontramos alguns estudos referentes ao teste de corrida de 50 metros em indivíduos ditos normais. DUARTE (1986) avaliou crianças praticantes de capoeira do sexo feminino e masculino com idade média de 11 anos, alcançando tempos médios de 10,29 segundos.

    Se compararmos com os valores obtidos nesse estudo vemos que as pessoas deficientes mentais leves e moderadas fizeram tempos melhores que os encontrados na literatura, ressaltando que os avaliados têm idade mínima de 16 anos chegando à 49 anos.

Agilidade

    No teste de Shuttle-run os tempos médios obtidos foram 9,09 segundos para deficiente mental leve e moderado do sexo masculino. Já para a deficiente mental leve e moderado do sexo feminino obtivemos um tempo médio de 17,59 segundos.

    De acordo com os tempos médios para indivíduos ditos normais citados na revisão de literatura (SILVA, 1985 e FERREIRA, 1990), os avaliados masculino com deficiência mental leve e moderada alcançaram valores melhores, já as avaliadas tiveram resultados mais baixos.

    Podemos disser que as avaliadas não praticaram atividades físicas precocemente e que não praticam atividades que requerem bastante a coordenação viso-pedal e viso-manual


Conclusão

    Os resultados obtidos nos testes neuro-motores em portadores de deficiência mental fizeram chegarmos as seguintes conclusões:

    Quanto à impulsão horizontal, os deficientes mentais apresentam índices semelhantes aos padrões populacionais.

    Quanto à impulsão vertical, os deficientes mentais do sexo masculino apresentam índices semelhantes aos de indivíduos ditos normais. Já os deficientes mentais do sexo feminino apresentaram índices inferiores aos do padrão.

    Quanto à flexibilidade os indivíduos do sexo masculino apresentaram - se com nível fraco e o sexo feminino com nível médio segundo os padrões para teste de alcance máximo de flexibilidade sentado, estabelecido pela AAHPER (1976).

    Quanto à agilidade os indivíduos avaliados de ambos os sexos apresentaram-se com índice inferior aos padrões populacionais.


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