|
|
---|---|
Caracterização dos comportamentos pré-competitivos em jovens nadadores
|
|
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 27 - Diciembre de 2000 |
2 / 2
Diferenças entre os regionais e nacionais
No quadro 3, apresento todas as questões para as quais houveram diferenças estatisticamente significativas.
Quadro 3 - Itens, com o respectivo desvio padrão e média, assim como o valor de P referentes aos momentos,
onde foram encontradas diferenças estatisticamente significativas (P<0,05)
Item
Sexo
Média
SD
P
Prefere fazer o aquecimento sem falar com os outros atletas
Regionais
3,66
0,92
0,046
Nacionais
3,5
0,83
Gosta de estar sozinho antes de uma competição
Regionais
2,8
1.00
0
Nacionais
2,57
0,99
O atleta gosta de ser capaz de desmotivar os adversários antes da prova
Regionais
4,02
1,13
0
Nacionais
3,78
1,16
Se fico para trás uso isso como um teste para ver o que é o meu melhor esforço
Regionais
2,86
1,04
0,019
Nacionais
2,71
1,04
Uso a informação e experiência anterior para melhorar a prova
Regionais
1,66
0,67
0,036
Nacionais
1,6
0,68
O atleta produz sempre o seu melhor independentemente das probabilidades
Regionais
1,55
0,6
0,006
Nacionais
1,78
0,68
Descansa o máximo possível no intervalo das competições
Regionais
1,52
0,55
0,033
Nacionais
1,53
0,57
Discussão dos resultadosDiscussão dos resultados relativos ás diferenças entre sexos ao nível dos comportamentos pré-competitivos
Neste estudo pretendi verificar se existiam diferenças significativas entre sexos para os comportamentos pré-competitivos, nos atletas da minha amostra.
Rushall (1979) citado por Ferraz (1997)diz-nos que os comportamentos entre sexos não são discriminativos, uma vez que, ambos estão sujeitos á mesma preparação para a competição.
Neste estudo verificou-se diferenças significativas para as questões: CPC8 (sabe o que fazer psicologicamente para obter melhor prestação), CPC9 (planifica a provas em detalhe), CPC15 (aquilo que mais pensa na prova é na sua execução técnica), CPC21 (o atleta gosta de ser capaz de desmotivar os adversários antes da prova), CPC30 (vou cedo para a cama de modo a dormir pelo menos 8 horas), CPC31 (treino coisas no aquecimento que irei fazer ao longo da prova), CPC32 (estou sempre a horas para as competições) e CPC36 (o atleta produz sempre o seu melhor independentemente das probabilidades).
As diferenças encontradas poderão ter por base factores culturais. Mas no entanto, autores como Rushall (1977), Harris & Harris (1984), Raposo (1994, 1995) e Martens (1997), sugerem que os treinadores respeitem a individualidade de cada atleta e façam a preparação em função dessas diferenças pessoais.
Discussão dos resultados relativos ás diferenças entre escalões ao nível dos comportamentos pré-competitivos
Neste estudo pretendi verificar se existiam diferenças significativas entre escalões para os comportamentos pré-competitivos, nos atletas da minha amostra.
Neste estudo verificou-se diferenças significativas para as questões: CPC11 (antes de uma prova importante, o atleta distrai-se ao ponto de poder afectar a sua performance), CPC13 (concentra-se no aquecimento, espera e entrada para a prova), CPC29 (gosto que o treinador me relembre da estratégia antes da prova) e CPC39 (prefere tomar a liderança desde inicio não importando o esforço que irá efectuar).
Notámos que os juvenis obtêm valores médios mais elevados para as questões CPC11 e CPC39. O contrário se passa com os juniores que possuem valores médios mais elevados para as questões CPC13 e CPC29.
Estes resultados são quanto a mim o espelho da experiência, ou seja, os juniores que obviamente têm mais anos de competições sabem que não poderão cometer o erro de dar tudo do principio ao fim nem será benéfico distraírem-se ao ponto de afectarem as suas performances. Por outro lado, concentram-se mais no aquecimento e gostam de ser relembrados da estratégia pelos treinadores.
Discussão dos resultados relativos às diferenças entre os regionais e nacionais
Neste estudo pretendi verificar se existiam diferenças significativas entre momentos para os comportamentos pré-competitivos, nos atletas da minha amostra.
Neste estudo verificou-se diferenças significativas para as questões: CPC2 (prefere fazer o aquecimento sem falar com os outros atletas), CPC6 (gosta de estar sozinho antes de uma competição), CPC21 (o atleta gosta de ser capaz de desmotivar os adversários antes da prova), CPC24 (se fico para trás uso isso como um teste para ver o que é o meu melhor esforço), CPC26 (uso a informação e experiência anterior para melhorar a prova), CPC36 (o atleta produz sempre o seu melhor independentemente das probabilidades) e CPC42 (descansa o máximo possível no intervalo das competições).
È de salientar que quase todos os comportamentos apresentam valores médios superiores nos regionais relativamente aos nacionais. As excepções são os comportamentos CPC36 e CPC42.
Este facto poderá estar relacionado com a importância dos nacionais para os atletas, pois é aqui que estes se afirmam, e sendo assim tornam o seu descanso no maior tempo possível e dão tudo por tudo independentemente das probabilidades de ganhar ou não.
ConclusõesNeste trabalho propus-me identificar os comportamentos pré-competitivos que caracterizam os nadadores juvenis e juniores da Escola Desportiva de Viana.
Para isso resolvi apresentar as conclusões subdividindo-as em duas partes:
conclusões baseadas na caracterização geral dos comportamentos pré-competitivos;
conclusões baseadas em resultados estatisticamente significativos para as variáveis independentes estudadas.
a) Dos resultados gerais dos comportamentos pré-competitivos cheguei ás seguintes conclusões.
Quase todos nadadores deste estudo preferem fazer o aquecimento para a competição e falar ao mesmo tempo com os outros atletas, assim como ter o treinador consigo.
Apenas uma percentagem pequena da amostra pensa na execução técnica durante a prestação como factor importante, e guarda um pouco de energia de modo a ter um bom final.
Tendência geral para os nadadores darem o seu máximo durante uma prova independentemente das probabilidades de vencer, assim como produzir sempre o seu melhor esforço.
Tendência geral para os nadadores gostarem que o treinador lhes relembre a estratégia da competição antes da prova.
Tendência geral para que quando uma prova corre mal tentar ainda com mais força na prova seguinte, suportar bem as pressões no fim de uma competição e arrancar e tomar a liderança desde cedo não importando o esforço despendido.
b) No que diz respeito ás diferenças entre sexos as conclusões são as seguintes:
Não há necessidade de observar os comportamentos pré-competitivos quer para o sexo masculino quer para o sexo feminino.
Não há a necessidade de diferenciar o plano de preparação mental para ambos os sexos.
c) No que diz respeito ás diferenças entre escalões as conclusões são as seguintes:
Os nadadores juniores e juvenis não apresentam no âmbito geral discrepâncias muito significativas.
Os nadadores juvenis relativamente aos nadadores juniores, apresentam ser mais distraídos de forma a afectarem as suas performances e preferem mais arrancar e tomar a liderança desde o inicio da prova independentemente do esforço a despender. Os nadadores juniores relativamente aos nadadores juvenis apresentam maiores índices de concentração ao longo do período de aquecimento, espera e entrada para a prova e gostam mais que os treinadores lhes relembrem as estratégias da competição antes da prova.
d) No que diz respeito ás diferenças entre momentos as conclusões são as seguintes:
Os nadadores aquando dos regionais relativamente aos nacionais, preferem mais fazer o aquecimento para a competição sem terem que falar com os outros atletas, gostam mais de estarem sozinhos antes das competições, gostam mais de poder desmotivar os atletas antes da competição, se ficam para trás usam mais essa situação como um teste para verem o que é o seu melhor esforço e usam mais a informação e a experiência adquirida numa competição para melhorar a próxima. Os nadadores aquando dos nacionais relativamente aos regionais, mesmo quando as possibilidades de ganhar são mínimas produzem mais o seu melhor esforço e descansam mais no intervalo entre competições.
Bibliografia
Coelho, António Miguel (1995). Caracterização do perfil psicológico de prestação do jogador de basquetebol de acordo com o nível competitivo. Monografia. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Cruz, José Fernando (1989). Stress, ansiedade e rendimento no desporto de alta competição. Jornal de psicologia
Cruz, José Fernando (1996). Manual de psicologia do desporto. Braga Lusografe.
Cruz, José Fernando (1996). Stress, ansiedade e rendimento na competição desportiva. Centro de Estudos em Educação e Psicologia. 1ª edição. Braga
Ferraz, Paula Cristina (1997). Identificação dos comportamentos pré-competitivos em jovens nadadores. Tese de mestrado. Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física. Porto
Lázaro, João Paulo (1998). Caracterização dos comportamentos pré-competitivos dos lançadores e saltadores iniciados e juvenis portugueses. Tese de mestrado. Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física. Porto
Marques, António (s/d). A psicologia do desporto na estrutura da ciência do desporto. Revista Horizonte, n.º 49
Raglin, J.S.; Morgan, W. P.; Wise, K. J. (1990). Pre-competition anxiety and performance in female high school swimmers: a test of optimal functional theory. International Journal Sports Med. Nova Iorque.
Raposo, José Vasconcelos (1993). Os factores psico-socio-culturais que influenciam e determinam a busca da excelência pelos atletas de elite desportiva portuguesa. Tese de doutoramento. Vila Real. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Raposo, José Jacinto (1994). Manual de treino para a definição de objectivos. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vila Real
Serpa, Sidónio et al (1994). As variáveis concentração e ansiedade em desportos gímnicos. Revista Ludens. Vol. 14, n.º 2
Silva, Paulo Alexandre (1997). Duplicação do estudo das diferenças de perfil psicológico de prestação, ansiedade e orientação cognitiva entre quatro equipas juvenis de basquetebol segundo a classificação obtida. Monografia. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Simões, Paulo Jorge (1995). Diferenças de perfil psicológico de prestação, ansiedade e orientação cognitiva entre quatro equipas juvenis de basquetebol segundo a classificação obtida. Monografia. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Teixeira, Carla M.; Raposo, Jacinto Vasconcelos (1997). Ansiedade Cognitiva, Somática e Autoconfiança em Nadadores. Monografia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Vila Real
Viana, Miguel Faro (1990). Atenção e concentração: os quês, os comos e os porquês. Treino desportivo. N.º 18
Viana, Miguel Faro (s/d). Competição, ansiedade e auto-confiança - implicações na preparação do jovem desportista para a competição. Treino desportivo. N.º 13
| Inicio |
Outros artigos em
Portugués
revista
digital · Año 5 · N° 28 | Buenos Aires, diciembre de 2000 |