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A educação e a promoção da saúde do idoso
Soyane de Azevedo Vargas

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 26 - Octubre de 2000

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Considerações finais

    Sabe-se que o sedentarismo e a alimentação de baixa qualidade e hipercalórica favorecem o aparecimento de muitas doenças, que podem prejudicar e/ou interromper a vida das pessoas.

    A falta de recurso financeiro interfere na saúde do indivíduo mas, também, as relações que são estabelecidas entre as pessoas podem legitimar preconceitos e discriminações que dificultam, ainda mais, as possibilidades de se garantir uma velhice digna através do trabalho, do acesso a informação e a instrução, do auxílio previdenciário mais justo e do exercício pleno da cidadania.

    Os programas de atividades físicas que são dirigidos aos idosos colaboram para melhoria da qualidade de vida deles. Pois a melhoria da aptidão física auxilia na conquista da autonomia. Entretanto, a busca desta autonomia necessita da superação das necessidades básicas, para que no futuro não dependam da ação solidária de grupos bem intencionados e sensíveis a esta questão, ou seja, que as condições de vida permitam, o que para Robert Castel (1998, p. 497) seria a constituição de uma sociedade de sujeitos independentes, o tratamento como cidadão.

    O modelo funcionalista que o sistema capitalista exige, pressupõe que o idoso não é produtivo para a sociedade, e que até mesmo, relatos de que o idoso ainda pode produzir muito, não deixa de ser um reflexo deste modelo. Não que se desconsidera a capacidade de produção de um idoso, mas, principalmente, que essas pessoas tenham condições de optar se desejam ou não continuar trabalhando, tendo seus direitos assegurados com dignidade para continuar vivendo.

    A questão da desmedicalização torna-se evidente. A saúde deixa de ser um problema somente da medicina, estendendo-se, também, para a categoria pedagógica. Neste caso tudo que norteia a pessoa idosa deve ser analisado para que, através de programas educacionais, de informações, de intervenções efetivas, possam contribuir significativamente para a vida destas pessoas.

    A educação gerontológica pode contribuir para a transformação deste quadro. Posto que, a promoção da saúde é prejudicada por um leque de fatores que se apresentam, como: a falta de acesso às informações básicas de alimentar-se adequadamente; a intervenção da evolução tecnológica, que facilitam as atividades da vida diária (AVDs), mas provocam o aumento do sedentarismo; a escassez de programas de lazer que propiciam cultura, prazer e exercícios físicos; a conscientização e a utilização dos direitos adquiridos, bem como a busca de outros.

    Acredita-se que a proposta de programas que abarcam estas questões irão favorecer não só a longevidade, mas, principalmente, para a melhoria da qualidade de vida, ou seja, para a promoção da saúde do idoso.


Notas

  1. A qualidade de vida definida pelo texto diz respeito às condições de sobrevivência, que cada indivíduo possui na sociedade no que se refere aos fatores biopsicosociais.

  2. Pode-se citar a diabete melitos tipo 2, câncer, obesidade, hipertensão, cardiopatias, depressão, ateroesclerose, osteoporose, entre outros. Sobre este assunto ver CAPRA, 1982 , p.131.

  3. Geralmente, “... mais sedentários do que os mais jovens, sofrendo mais problemas clínicos que provocam deficiências funcionais, maior dependência e mais utilização dos serviços de saúde.” (HOUGH, BARRY, EATHORNE In: MELLION op. cit. p. 59)

  4. Em janeiro de 1998, a Folha de São Paulo publicou o resultado de um estudo liderado por Ami Hakim, da escola de medicina da Universidade da Virgínia (USA), concluindo que andar pode reduzir a taxa de mortalidade de homens idosos não fumantes (MARTINS, 1998)

  5. Fritjof Capra (op. cit. p. 131) usa este termo para referir-se às doenças crônico-degenerativas, devido a sua relação com a prosperidade e com avanço tecnológico.

  6. Este termo é usado por CASTEL (1998) e ROSANVALON (1995) para se referir a exclusão.


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