Terceira idade, atividade física e |
Marisete Peralta Safons* |
*Professora Ms. Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 5 - N° 21 - Mayo 2000 |
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Com o envelhecimento, existem modificações estruturais do parênquima pulmonar, levando a uma menor complacência pulmonar, com consequente redução na eficiência da mecânica ventilatória e do processo de troca gasosa. As medidas tanto estáticas quanto dinâmicas da função pulmonar em geral sofrem uma deteriorização com a idade. Não sabemos como o exercício regular durante toda a vida do indivíduo consegue neutralizar esse “envelhecimento” do sistema pulmonar, porém atletas mais velhos treinados em endurance apresentam maior capacidade pulmonar funcional que seus pares sedentários. A necessidade da prática de atividades físicas, é hoje aceita e aconselhada. Os benefícios dos exercícios e da atividade física regular também podem auxiliar os idosos na ampliação de sua qualidade de vida.Com base nestas afirmações realizamos uma pesquisa, procurando investigar através de teste espirométrico, alterações na função pulmonar de indivíduos da terceira idade .
AmostraParticiparam desta pesquisa 30 pessoas com mais de 60 anos de idade.
Critérios de inclusãoOs critérios estabelecidos para a seleção das pessoas que fariam parte do estudo foram:
Ter idade igual ou superior a 60 anos,
Não ser portador de doença Cardio-respiratória e/ou locomotora,
Disponibilidade de completar o programa.
Descrição das técnicas empregadasExame Clínico
Os idosos foram submetidos a uma história clínica simplificada, com o objetivo de identificar possíveis cardiopatias, pneumopatias e outras doenças que poderiam limitar o idoso na realização dos exercícios físicos.
Após esta etapa, os mesmos foram submetidos a um exame físico, também simplificado, que constou de medida da pressão arterial e da frequência cardíaca , exame do aparelho respiratório (inspeção, palpação, percussão e ausculta) e exame do aparelho cardiovascular (ausculta cardíaca) e pesquisa de varizes em membros inferiores.
Obtenção de dados antropométricosEstatura
A estatura é a variável com maior influência nos valores previstos para a função pulmonar e sua medida deve ser rigorosa. A estatura deve ser medida sem sapatos. A estatura diminui com a idade e quase sempre os indivíduos, especialmente os idosos, hiperestimam sua estatura. A estatura idealmente deve ser medida por um antropômetro, já que este permite a liberdade das mãos do avaliador para posicionar o indivíduo. Os calcanhares devem estar sempre juntos e o indivíduo deve estar o mais ereto possível com os calcanhares, panturrilhas, nádegas e dorso em contato com o antropômetro. Quando esta posição é alcançada, o avaliador alinha a cabeça com as mãos para que a margem orbital inferior esteja alinhada com o meato auditivo externo e a região occipital esteja em contato com o antropômetro. Procedimento incorreto pode resultar em mudanças de estatura aparente de até 5cm. A medida correta da estatura resulta em excelente reprodutibilidade.
PesoReflete a massa corporal. Em balanças calibradas, o erro da medida deve ser menor que 0,01 Kg. O indivíduo deve retirar roupas pesadas e o calçado.
Provas de função pulmonarEspirometria
A prova espirométrica realizada foi a curva de expiração forçada, baseando-se nas normas preconizadas pela American Thoracic Society (A.T.S. - 1987). O examinado, após orientado quanto ao exame, era mantido em posição ortostática com uma pinça nasal, sendo solicitado que fizesse uma inspiração máxima e lenta, seguida de uma expiração forçada e completa, de todo ar contido nos pulmões até alcançar o volume residual. Um bocal conectado ao instrumento, foi utilizado para captação do fluxo de tal forma que não houvesse escape à saída de ar.
O espirômetro utilizado foi um modelo Spyro Analyzer ST-250, manufaturado por Futuremed INC, New York, USA. Os critérios de aceitação da prova foram a obtenção de três curvas que obedecessem os seguintes padrões: ausência de interrupção, impressão de esforço máximo, bom início e variação de menos de 5% entre as curvas. Assim, era escolhida a melhor curva. As variáveis espirométricas estudadas foram a capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e a relação VEF1/CVF%. As equações preditas utilizadas são as desenvolvidas por Kundson gravadas na memória do aparelho, sendo as variáveis referidas em % do previsto.
Gasometria arterial não invasivaA saturação da hemoglobina pelo oxigênio (SaO2) foi monitorado utilizando-se um oxímetro de pulso marca Oxigel 956, Biochem Internacional Inc, USA, com o sensor posicionado no dedo indicador da mão direita. Foram registrados os menores valores da saturação pelo oxigênio, sendo considerado como dessaturação quando a queda da SaO2 , após exercício era de no mínimo 4% em relação a saturação em repouso.
Teste de caminhada de 6 minutosEm uma pista de 50 metros, com marcas a cada metro, era pedido ao idoso que caminhasse durante 6 minutos em velocidade própria, porém esforçando-se ao máximo para caminhar a maior distância possível no referido tempo. Neste intervalo a pessoa podia parar se necessário, e devia relatar o aparecimento de desconforto torácico, tonteira, dispnéia severa, desequilíbrio, visão borrada, dor nos membros ou nas costas, dormência ou tremores, ou qualquer outro sintoma.
Ao final era registrado em metros a distância percorrida por cada idoso.
Programa de Atividade FísicaO programa de atividade física foi executado em forma de circuito training, com 10 estações organizadas de forma a trabalhar membros superiores e inferiores alternadamente. No final de cada sessão do circuito, realizava-mos uma caminhada de 10 minutos, com controle da frequência cardíaca, para aprimoramento do condicionamento aeróbio. O Programa de Atividade Física teve a frequência de 3 vezes semanais e a duração de seis semanas. No final das 6 semanas o exame espirométrico foi novamente realizado.
As estações implementadas no circuito training foram distribuídas da seguinte forma:
Subir e descer do Step
Peitoral
Hiperextensão do quadril
Dorsais
Extensão de joelhos
Bíceps
Panturrilha
Tríceps
Agachamento
Ombros
A medida que o grupo foi evoluindo na execução dos exercícios, cargas, como halteres, tornozeleiras e cadeiras foram sendo utilizadas para aumentar a sobre carga de trabalho.
RESULTADOS
SEXO
IDADE (ANOS)
ALTURA (CM)
Média ± DP *
F
68,5 ± 5,4
1,5 ± 0,1
Valor Máximo
-
79
1,7
Valor Mínimo
-
60
1,4
* = Desvio Padrão
Tabela 1 - Dados Antropométricos dos 30 indivíduos participantes A amostra estudada compõem-se de 30 indivíduos com idade média de 68,5 ± 5,4 anos de idade, com idade mínima de 60 anos e máxima de 79 anos de idade. O grupo apresenta uma altura média de 1,5 ± 0,1 cm, um valor máximo de 1,7 cm e um valor mínimo de 1,4 cm.
Gráfico 1 - Valores Médios do Peso (Kg) Antes e Depois do Programa de Atividade Física O gráfico 1 apresenta antes do programa de atividade física, uma média de 61,42 Kg com um valor máximo de 82,20 Kg e um valor mínimo de 43,50 Kg . Depois do programa de atividade física, a média passou para 61,15 Kg, o valor máximo para 84,50 Kg e o valor mínimo para 44,40 Kg, não havendo diferença estatisticamente significativa p = 0,18.
Gráfico 2 - Valores Médios do IMC * Antes e Depois do Programa de Atividade Física.
* IMC = Índice de Massa CorporalO gráfico 2 apresenta os valores do índice de massa corporal, antes do programa de atividade física, com uma média de 26,07 Kg/m2 um valor máximo de 33,50 Kg/m2 e um mínimo de 17,50 Kg/m2. Depois do programa de atividade física a média do índice de massa corporal passou para 25,77 Kg/m2 o valor máximo para 33,90 Kg/m2 e o valor mínimo para 16,80 Kg/m2, apresentando um p = 0,06 mostrando que não houve variação estatística significativa.
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