Estudo comparativo das variáveis neuro-motoras em portadores de deficiência mental
Jônatas de França Barros , Cândido Simões Pires Neto e Turíbio Leite de Barros Neto |
Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com/ revista digital | Buenos Aires | Año 5 - Nº 18 - Febrero 2000 |
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Gráfico III - Valores médios da velocidade para os grupos, masculino com deficiência mental leve (DML-M), feminino com dificiência mental leve (DML-F), masculino com dificiência mental moderada (DMM-M) e feminino com deficiência mental moderada (DMM-F) da APAE/SP.
Nivel mental
Teste t de studentLeve x Moderado
Masculino
t calculado = 4,69*
t crítico = 1,99 (Mod>Lev)Feminino
t calculado = 2,17*
t crítico = 2,04 (Mod>Lev)Masculino x Feminino
Leve
t calculado = 5,42*
t crítico = 2,01 (F>M)Moderado
t calculado = 2,22*
t crítico = 2,01 (F>M)Gráfico IV - Valores médios da agilidade para os grupos, masculino com deficiência mental leve (DML-M), feminino com dificiência mental leve (DML-F), masculino com dificiência mental moderada (DMM-M) e feminino com deficiência mental moderada (DMM-F) da APAE/SP.
Nivel mental
Teste t de studentLeve x Moderado
Masculino
t calculado = 7,96*
t crítico = 1,99 (Mod>Lev)Feminino
t calculado = 5,49*
t crítico =2,04 (Mod>Lev)Masculino x Feminino
Leve
t calculado = 6,33*
t crítico = 2,01 (F>M)Moderado
t calculado = 7,15*
t crítico = 2,01 (F>M)
DiscussãoFlexibilidade
No nosso estudo encontramos para a flexibilidade os valores médios de 22,97 cm para DMM-M, e 23,15 cm para DML-M. Em relação a DML-F obtivemos um valor médio de 27,72 cm, e para a DMM-F um valor médio de 29,13 cm. Portanto, comparado com o Quadro único referência, (p. 3), observa-se que a flexibilidade nos deficientes mentais leves e moderados de ambos os sexos está acima dos valores máximos dos padrões de referências para a flexibilidade em pessoas normais.VIANA et al. (1985) estudaram indivíduos jovens do sexo masculino e feminino, com idade média de 18 anos, obtendo valores médios de 11,44 cm para o mesmo teste de flexibilidade. Na literatura não encontramos estudos desta variável neuro-motora em deficientes mentais. Podemos levantar a hipótese de que neste teste de aptidão física os portadores de deficiência mental leve e moderada, de ambos os sexos, têm um maior grau de flexibilidade articular em relação à população de pessoas normais. Não encontramos entretanto nenhum trabalho que pudesse trazer uma explicação para o padrão observado nos nossos indivíduos.
Impulsão Vertical
Foram obtidos para a impulsão vertical valores médios de 43,97 cm para o DML-M, e 30,45 cm para o DMM-M. Em relação a DML-F obtivemos um valor médio de 26,91 cm, e para a DMM-F um valor médio de 20,51 cm.Na literatura consultada encontramos alguns trabalhos referentes aos valores de impulsão vertical para indivíduos normais. SILVA (1985) estudou indivíduos adolescentes do sexo masculino, com média de 16 anos de idade, obtendo valores médios de 39,29 cm, e para o sexo feminino obtendo valores médios de 33,13 cm, com média de 16 anos de idade. DIANNO & RIVET (1990) avaliaram indivíduos praticantes de ginástica olímpica do sexo feminino, entre 9 a 15 anos idade, obtendo valores de 31,14 cm. DUARTE (1984) estudou crianças praticante de capoeira do sexo masculino e feminino com idade média de 11,01 anos, obtendo valores médios de 23,42 cm. FERREIRA et al. (1990) trabalharam com indivíduos adolescente praticantes de atividade física do sexo masculino, entre 11 e 14 anos idade, obtendo valores médios de 30,19 cm. FERREIRA, et al. (1990) pesquisaram indivíduos adolescente praticantes de atividade física do sexo masculino, entre 11e 14 anos de idade, obtendo valores médios de 27,61cm. PEREIRA & D'ANGELO (1986) estudaram indivíduos jovens do sexo masculino e feminino, entre 15 e 25 anos de idade, obtendo valores médios de 24,02cm.
Quando comparamos os índices de impulsão vertical dos deficientes mentais masculinos leves com os dados da literatura, constatamos valores médios mais elevados em relação aos indivíduos normais.
Na literatura não encontramos estudos desta variável neuro-motora em deficientes mentais. Comparando-se os DML-M e DMM-M do grupo estudado, observamos uma diferença significante (pa = 0,001), caracterizando um maior índice de impulsão vertical nos deficientes mentais leves. No grupo feminino estudado, DML-F e DMM-F, observamos uma diferença significante (pa = 0,001), caracterizando um maior índice de impulsão vertical nos deficientes mentais leves. Podemos levantar a hipótese de que os DML-M e DML-F tenham uma participação de maior intensidade na prática das modalidades esportivas, levando a um maior desenvolvimento da força muscular dos membros inferiores.
Velocidade
No nosso estudo encontramos para a corrida de 50 metros os tempos médios de 8,45 seg. para o DML-M, e 11,70 seg. para o DMM-M. Em relação a DML-F obtivemos um valor médio de 10,45 seg., e para a DMM-F um valor médio de 11,29 seg.Na literatura consultada encontramos alguns trabalhos referentes aos valores de tempo para o teste de 50 metros em indivíduos normais. DUARTE (1984) estudou crianças praticantes de capoeira do sexo masculino e feminino com idade média 11,01 anos, obtendo valores médios de 10,29 seg. FERREIRA, et al. (1990) observaram indivíduos adolescentes praticantes de atividade física do sexo masculino, entre 11 e 14 anos de idade, obtendo valores médios de 9,21 seg. FERREIRA, et al. (1990) trabalharam com indivíduos adolescente praticantes de atividade física do sexo masculino, entre 11 e 14 anos de idade, obtendo valores médios de 8,94 seg.
Quando comparamos os índices de tempo para a corrida de 50 metros dos deficientes mentais masculinos leves constatamos valores médios mais elevados em relação aos indivíduos normais, de faixa etária inferior ao dos nossos indivíduos.
Na literatura não encontramos estudos desta variável neuro-motora em deficientes mentais. Comparando-se os DML-M e DMM-M do grupo estudado, observamos uma diferença significante (pa = 0,001), caracterizando uma menor velocidade nos deficientes mentais moderados. No grupo feminino estudado, DML-F e DMM-F, observamos uma diferença significante (pa = 0,001), caracterizando uma menor velocidade nos deficientes mentais moderados. Podemos levantar a hipótese de que os DML-M e DML-F tenham uma participação de maior intensidade na prática das modalidades esportivas, levando a um maior desenvolvimento da potência anaeróbia aláctica.
Agilidade
Foram obtidos para a agilidade, através do teste de Shuttle-run valores médios de 10,87 seg. para DML-M, e 13,08 seg. para o DMM-M. Em relação a DML-F obtivemos um valor médio de 13,41 seg., e para a DMM-F um valor médio de 16,45 seg.Na literatura consultada encontramos alguns trabalhos referentes aos valores de agilidade para indivíduos normais. SILVA (1985) estudou indivíduos adolescentes do sexo masculino, obtendo valores médios de 10,61 seg., e para o sexo feminino, obtendo valores médios de 11,60 seg., ambos com média de 16 anos de idade. DIANNO & RIVET (1990) identificaram indivíduos praticantes de ginástica olímpica do sexo feminino, entre 9 e 15 anos de idade, obtendo valores de 11,19 seg. DUARTE (1984) observou crianças praticante de capoeira de ambos os sexos, com idade média 11,01 anos, obtendo valores médios de 12,41 seg. FERREIRA et al. (1990) estudaram indivíduos adolescentes praticantes de atividade física do sexo masculino, entre 11 e 14 anos de idade, obtendo valores médios de 11,30 seg. FERREIRA et al. (1990) analisaram indivíduos adolescentes praticantes de atividade física do sexo masculino, entre 11 e 14 anos de idade, , obtendo valores médios de 11,23 seg.
Quando comparamos os índices da agilidade dos deficientes mentais masculinos leves com os dados da literatura constatamos valores médios superiores aos encontrados para indivíduos normais. Vale a consideração de que a faixa etária dos valores da literatura é inferior à dos nossos indivíduos.
Na literatura não encontramos estudos desta variável neuro-motora em deficientes mentais. Comparando-se os DML-M e DMM-M do grupo estudado, observamos uma diferença significante (pa = 0,001), caracterizando uma melhor agilidade nos deficientes mentais leves. No grupo feminino estudado, DML-F e DMM-F, observamos uma diferença significante (p = 0,001), caracterizando uma melhor agilidade nos deficientes mentais leves. Podemos levantar a hipótese de que os DML-M e DML-F tenham um menor comprometimento da deficiência mental, e também, uma maior influência da prática das modalidades esportivas, levando a uma melhor coordenação neuro-motora.
Conclusão
Os resultados obtidos nos testes de aptidão física em portadores de deficiência mental nos permitem elaborar as seguintes conclusões:
Quanto à flexibilidade, os deficientes mentais apresentam índices superiores aos padrões populacionais.
A velocidade dos deficientes mentais leves e moderados é inferior aos padrões populacionais.
Quando comparamos os deficiente mentais leves com os moderados, constatamos uma menor flexibilidade e maior impulsão vertical, velocidade e agilidade nos deficientes mentais leves.
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