ISSN 1514-3465
Análise da aplicabilidade das equações de predição do
percentual de gordura utilizadas em frequentadores de academias
Analysis of the Applicability of Fat Percentage Prediction Equations in Gym Goers
Análisis de la aplicabilidad de las ecuaciones de predicción
del porcentaje de grasa en asistentes a gimnasios
Adriane Carla Vanni*
adrideboni@yahoo.com.br
Angélica Fátima Frazzini**
angelicaffrazzini@gmail.com
*Professora na Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões, Educação Física.
Mestrado
em Ciências do Movimento Humano (Conceito CAPES 6)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS
**Graduação em Educação Física
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões
Personal Trainer da Bem Estar
(Brasil)
Recepção: 14/10/2018 - Aceitação: 05/04/2020
1ª Revisão: 11/03/2020 - 2ª Revisão: 01/04/2020
Este trabalho está sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt |
Citação sugerida: Vanni, A.C., & Frazzini, A.F. (2020). Análise da aplicabilidade das equações de predição do percentual de gordura utilizadas em frequentadores de academias. Lecturas: Educación Física y Deportes, 25(265). Recuperado de: https://doi.org/10.46642/efd.v25i265.918
Resumo
Introdução: A avaliação da composição corporal é muito importante para monitorar diferentes componentes do organismo de um indivíduo. Existem inúmeros métodos para avaliação da composição corporal e, para definir qual deve ser usado, é necessário considerar sua exatidão e praticidade. Ainda, é imprescindível observar a população para a qual foi elaborado cada protocolo, ou seja, a aplicabilidade administrativa. Objetivo: verificar e analisar a aplicabilidade administrativa das equações para a predição do percentual de gordura (%G) utilizadas nas academias de uma cidade do Rio Grande do Sul, Brasil. Metodologia: percorreu-se as academias para que os Responsáveis Técnicos de cada estabelecimento respondessem com qual protocolo eram realizadas as avaliações do %G na sua academia, e também, para que fornecessem dados específicos do seu Banco de Dados (sexo, idade, massa corporal e estatura) para a caracterização da população que frequenta o estabelecimento. Resultados: das 21 academias que participaram, somente 3 avaliavam 100% de seus alunos considerando a aplicabilidade administrativa do protocolo utilizado. Já, nas demais academias verificou-se que a aplicabilidade administrativa não era considerada para todos os alunos, pois os dados mensurados e analisados referem que entre 2% e 28% dos alunos tinham seu %G mensurado sem esta consideração. Conclusão: observa-se, portanto, a necessidade de um aprofundamento de conhecimento por parte dos avaliadores para que esta prática seja realizada respeitando os protocolos de avaliação, o que inclui a população para a qual a equação foi desenvolvida. A aplicação indevida da equação pode levar a erros de condutas e de prescrição de treinamento.
Unitermos: Composição corporal. Antropometria. Protocolos.
Abstract
Introduction: The assessment of body composition is crucial to monitor different components of an individual's body. There are many methods to evaluate body composition, so accuracy and practicality must be considered to define the method. Also, it is imperative to observe the population for which each evaluation protocol was elaborated, that is, the administrative applicability. Objective: To verify and analyze the administrative applicability of the equations for the prediction of fat percentage (%F) used in some fitness centers of a city in the state Rio Grande do Sul, Brazil. Methodology: the fitness centers were visited so that the Technicians in charge of each establishment could say which protocol was used to carry out the %F evaluations their centers, and to provide specific data to the center's database (sex, age, body mass and height) to characterize the population that attends the establishment. Results: in 3 out of the 21 centers evaluated 100% of their students considering the administrative applicability of the protocol used. In the other centers, the administrative applicability was not considered for all the students, since the data measured and analyzed showed that between 2% and 28% of the students had their %F measured without this consideration. Conclusion: it was noticed the need for a deepening of knowledge on the part of the evaluators so that this practice is carried out respecting the assessment protocols, which includes the population for which the equation was developed. Misapplication of the equation can lead to conduction errors and training prescription errors.
Keywords: Body composition. Anthropometry. Protocols.
Resumen
Introducción: La evaluación de la composición corporal es muy importante para monitorear los diferentes componentes del cuerpo de un individuo. Existen numerosos métodos para evaluar la composición corporal y, para definir cuál debe usarse; es necesario considerar su precisión y practicidad. Aún así, es esencial observar la población para la cual se preparó cada protocolo, es decir, la aplicabilidad administrativa. Objetivo: verificar y analizar la aplicabilidad administrativa de las ecuaciones para la predicción del porcentaje de grasa (%G) utilizadas en los gimnasios de una ciudad en Rio Grande do Sul, Brasil. Metodología: se visitaron las academias para que verificar con qué protocolo se llevaron a cabo las evaluaciones del %G, y también para caracterizar a la población que asiste al establecimiento. Resultados: de los 21 gimnasios que participaron, solo 3 evaluaron al 100% de sus asistentes, considerando la aplicabilidad administrativa del protocolo utilizado. En otros gimnasios, se encontró que la aplicabilidad administrativa no se consideraba para todos los estudiantes, ya que los datos medidos y analizados se refieren a que entre el 2% y el 28% de los estudiantes tenían su %G medido sin esta consideración. Conclusión: se observa que es necesario profundizar el conocimiento por parte de los evaluadores para que esta práctica se lleve a cabo respetando los protocolos de evaluación, que incluye la población para la cual se desarrolló la ecuación. La aplicación incorrecta de la ecuación puede conducir a errores en la conducta y la prescripción del entrenamiento.
Palabras clave: Composición corporal. Antropometría. Protocolos.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 265, Jun. (2020)
Introdução
Há muitos anos, a antropometria vem sendo usada como um método não-invasivo, de simples aplicação e baixo custo, utilizado para avaliar e verificar diversos parâmetros da composição corporal dos seres humanos. A literatura aponta que cada vez mais a avaliação antropométrica tem sido solicitada em academias brasileiras, tanto para o diagnóstico quanto para a prescrição de exercícios físicos e avaliação dos seus resultados. Heyward e Stolarczyk (2000) e Lopes, Petroski e Ribeiro (2018) também citam a avaliação antropométrica como importante para identificar riscos à saúde associados a níveis excessivamente altos ou baixos de gordura corporal total, o que denota sua importância para monitorar as mudanças na composição corporal e estimular o peso corporal ideal de atletas e não atletas.
No entanto, com as mudanças tecnológicas surgiram diversos métodos para verificar a composição corporal dos indivíduos, além da antropometria, como por exemplo: a pesagem hidrostática, a impedância bioelétrica, a tomografia computadorizada, a determinação do somatotipo e a densitometria óssea de corpo inteiro.
Ao utilizar-se a antropometria, Marins e Giannichi (2003) orientam que a mesma é um trabalho longitudinal, sendo importante reproduzir o mesmo método e protocolo em todas as provas, permitindo, assim, uma comparação adequada entre os resultados. Sempre que for possível, recomenda-se que a coleta de dados seja realizada pelo mesmo avaliador. Em um estudo realizado por Ribeiro, Fragoso, Nunes e Lopes (2019), por exemplo, mostra-se que o uso de diferentes plicômetros pode interferir no resultado e inviabilizar a comparação de dados.Assim, como afirmam Lopes et al. (2018), a literatura mostra a relevância de serem seguidas algumas orientações e padronizações para ser passada uma resposta fidedigna para os avaliados.
Outro fator de extrema importância, que deve ser obrigatoriamente levado em conta na utilização de protocolos para a avaliação da composição corporal por antropometria, é a aplicabilidade administrativa que, segundo Tritschler (2003), consiste em verificar a população para a qual o teste foi desenvolvido. Pitanga (2005) e Lopes et al. (2018) explicam que existem diversas equações para a estimativa da densidade corporal e percentual de gordura (%G) por antropometria, mas cada uma delas pode apresentar resultados diferenciados quando aplicadas em um mesmo indivíduo ou em grupos populacionais diferentes. Pitanga (2005) sugere que seja feita a escolha da equação para estimativa da densidade corporal e %G, considerando o perfil do indivíduo ou do grupo populacional onde a mesma será aplicada, observando para qual grupo populacional foi desenvolvida e validada determinada equação.
Sendo assim, este estudo teve como objetivo verificar e analisar a aplicabilidade administrativa das equações para a predição do %G, utilizadas nas academias de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, Brasil.
Metodologia
Este estudo caracterizou-se como qualitativo/quantitativo e contou com a participação dos Responsáveis Técnicos de 21 academias da cidade. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI, com o Parecer de número: 1.958.289.
Para a participação no estudo, as academias necessitavam possuir registro no Conselho Regional de Educação Física do Rio Grande do Sul, Brasil (CREF/RS), apresentar liberação do banco de dados pelo Responsável Técnico do estabelecimento e este profissional deveria estar disposto, como voluntário, a responder às questões propostas pelos autores do estudo. Para isto, os voluntários leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de Compromisso de Utilização de Dados, ambos aprovados pelo CEP supracitado.
Os voluntários responderam a um questionário que pretendia investigar a equação (protocolo) para a predição do %G utilizado para avaliar os alunos da academia em questão. O banco de dados da academia foi analisado para verificação e anotação dos seguintes dados de cada aluno ativo (matriculado): idade, sexo, massa corporal e estatura, com a garantia de que a identidade dos participantes não fosse conhecida pelos autores do presente estudo, considerando não ser um dado relevante para as análises realizadas. As variáveis coletadas no banco de dados foram da última avaliação realizada em cada aluno e serviram para caracterizar a população de cada academia no que diz respeito ao sexo, idade e Índice de Massa Corporal (IMC), que foi calculado por meio dos dados de massa corporal e estatura (IMC = massa corporal [em quilogramas, kg] ÷ estatura [em metros ao quadrado, m2]). Para esses dados de caracterização foram calculados a média, desvio padrão (DP), mínimo e máximo de cada variável,a partir do programa Excel.
Com o intuito de analisar os dados coletados foi preciso buscar na literatura as características da população para a qual cada equação, de cada academia, foi desenvolvida.
Após ser realizada a caracterização da população que frequenta cada academia e a análise das características da população para a qual cada equação foi desenvolvida, foram feitas, de forma descritiva, as relações entre a equação que cada local utiliza e sua população para verificar se estaria sendo observada a aplicabilidade administrativa.
Resultados e discussão
Com base nas coletas dos dados e nas questões respondidas pelos Responsáveis Técnicos das 21 academias, observou-se a prevalência na utilização de diferentes protocolos de avaliação do %G, como mostra o Gráfico 1. Inclusive, seis, das instituições visitadas utilizavam mais de uma equação, sendo que a escolha na utilização de uma ou outra equação dependia, por exemplo, da idade do aluno.
Gráfico 1. Prevalência de utilização de diferentes protocolos de avaliação do %G
Fonte: Elaboração própria
Como mencionado anteriormente, as equações são validadas para uma população específica. Por Jackson e Pollock foram realizados dois estudos para validação de suas equações. Em um dos estudos validou-se a equação para homens entre 18 a 61 anos, com densidades corporais diferentes (Jackson & Pollock, 1978). No outro estudo, com a participação de Ann Ward, validou-se a equação proposta para mulheres com idades entre 18 e 55 anos, sendo que, para essa equação, a amostra variava em composição corporal e hábitos de atividades físicas (Jackson, Pollock, & Ward, 1980). Petroski (1995) validou sua equação para indivíduos de 18 a 66 anos, em regiões do Rio Grande do Sul, Brasil e Santa Catarina, Brasil. Guedes (1985) também realizou seu estudo e validação da equação de sua autoria numa destas regiões, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Brasil, em estudantes universitários com idades entre 17 e 27 anos. Lean, Han e Deurenberg (1996) validaram sua equação para homens de 17 a 65 anos e mulheres de 18 a 64 anos de idade, com medidas antropométricas realizadas após um jejum durante a noite. Deuremberg e Deuremberg-Yap (2002) apresentam a proposta de calcular o %G por meio da mensuração da densidade corporal ou da medida de dobras cutâneas em crianças. A validade desta última equação é para crianças de 7 a 10 anos, no entanto, são sugeridas equações de 1 aos 18 anos.
Sendo assim, para uma verificação mais adequada da relação entre a população e a equação utilizada por cada academia, optou-se por calcular a média e DP da idade das mulheres, dos homens e da soma dos homens e mulheres (total). O mesmo foi feito para o IMC, separando os dados das mulheres dos dados dos homens e após, feito o total.
Ao analisar esses dados observou-se que, em relação às médias ± DP das variáveis descritas para a caracterização da população que frequentava cada academia, todos utilizavam as equações de predição do %G corretamente, ou seja, levando em consideração a aplicabilidade administrativa.
No entanto, na análise individual (de cada sujeito) dentro das populações, que é imprescindível no momento da seleção do instrumento de avaliação, notou-se que existem alunos que não se enquadram nos critérios de inclusão para a utilização das equações dos protocolos acima descritos. Isso sugere que, em alguns casos, não é observada a aplicabilidade administrativa para 100% da população que frequenta determinados estabelecimentos. Este fato pode ser verificado na Tabela 1, que mostra o número (n) e o percentual (%) de indivíduos que foram avaliados sem considerar a aplicabilidade administrativa.
Ainda, deve-se salientar que, diante da escassez de estudos de validação das equações utilizadas para estimar o tecido adiposo no Brasil, a aplicabilidade de muitas equações utilizadas é questionável, portanto, mais estudos são necessários para assegurar uma avaliação da composição corporal fidedigna. (Rezende, Rosado, Priore & Franceschini, 2006)
Como pode-se observar na Tabela 1, três academias (5, 20 e 21) realizavam as avaliações levando em consideração (100%) a população para a qual a equação de predição do %G foi validada, ou seja, levavam em conta a aplicabilidade administrativa, corroborando com Bojarczuk (2002), que afirma que os protocolos devem ser utilizados somente na população para o qual foram validados. Rezende et al. (2006) e Hastuti, Kagawa, Byrne e Hills (2016) concordam, reiterando que a validade de equações que utilizam medidas de dobras cutâneas para predizer a composição corporal é restrita para a população da qual essas equações foram derivadas. Sendo que, segundo Ribeiro e Lopes (2017), o método para ser considerado confiável e válido precisa atender a alguns critérios, tais como: validade em mais de uma população, validade em amostras específicas, validade em amostras com mais de 50 indivíduos e erro padrão de estimativa menor que 5%.
Tabela 1. Número (n) e percentual (%) de indivíduos avaliados sem atender a aplicabilidade administrativa
Academia |
n Total |
n Sem Aplicabilidade |
% Sem Aplicabilidade |
1 |
222 |
33 |
4,9 |
2 |
44 |
7 |
15,9 |
3 |
501 |
82 |
16,4 |
4 |
93 |
4 |
4,3 |
5 |
119 |
0 |
0 |
6 |
46 |
2 |
3 |
7 |
31 |
5 |
16,2 |
8 |
76 |
10 |
13,2 |
9 |
132 |
6 |
4,5 |
10 |
118 |
33 |
28 |
11 |
308 |
45 |
14,6 |
12 |
98 |
7 |
7,1 |
13 |
83 |
11 |
13,3 |
14 |
39 |
5 |
12,8 |
15 |
34 |
6 |
17,6 |
16 |
119 |
15 |
12,6 |
17 |
48 |
1 |
2 |
18 |
25 |
1 |
4 |
19 |
152 |
25 |
18,9 |
20 |
8 |
0 |
0 |
21 |
14 |
0 |
0 |
Legenda: n Total, número total de alunos na academia; n Sem Aplicabilidade, número de
alunos para os quais não foi atendida a aplicabilidade administrativa; % Sem Aplicabilidade,
percentual de alunos para os quais não foi atendida a aplicabilidade administrativa.
Fonte: Elaboração própria.
Também na Tabela 1, pode ser observado que a academia 10 foi a que apresentou o maior percentual de aplicação inadequada da equação para a predição do %G, pois 28% de seus alunos são avaliados com uma equação que não corresponde às suas características. Nesses casos, o resultado do %G relatado para o aluno pode não condizer com a realidade e a prescrição do treinamento, como também, os resultados obtidos através deste, podem não ser adequados. Guedes (2003) cita que os erros de predição do %G, associados à utilização de equações podem variar de 3% a 9% da gordura real do indivíduo avaliado. Guedes e Guedes (2006) explicam que ao não se ter cuidado com os procedimentos de uma medida, os resultados obtidos poderão ser totalmente inúteis para o efeito da análise.
Guedes (2003) e Hastuti et al. (2016) afirmam que ao optar pela utilização de uma equação envolvendo medidas antropométricas para predição do %G, deve-se observar o princípio de validação dessa mesma equação. A validade e acurácia dessas equações precisam ser cuidadosamente avaliadas no momento da sua escolha (Rezende et al., 2006). Com isso, nota-se que é de extrema importância ter conhecimento do protocolo utilizado e saber para quem o protocolo foi validado, pois cada detalhe na sua validação pode alterar a fidedignidade do resultado da avaliação, no entanto, o conhecimento sobre os protocolos aplicados nas academias não foi observado na maioria dos casos do presente estudo.
Gobbo (2007) relata que a maioria das equações foi desenvolvida em populações muitas vezes bastante específicas, tais como: asiáticos, índios norte-americanos, afro-americanos, obesos, atletas de determinadas modalidades esportivas, entre outras, e infelizmente os profissionais da saúde, que utilizam essas equações para a avaliação de seus alunos, clientes e pacientes, não estão levando esses aspectos em consideração.
O mesmo autor (2007) sugere, ainda, que resultados conflitantes podem ser encontrados quando diferentes equações são aplicadas em uma mesma amostra. Costa (2001) enfatiza que em um país, ou até mesmo cidade, uma mesma equação pode ser válida para um grupo populacional, sem ser válida para o outro.
Sendo assim, é necessário correlacionar o tipo de teste realizado com a população (Bojarczuk, 2002), contudo não se deve escolher um protocolo e utilizá-lo para toda e qualquer pessoa, pois é imprescindível analisar a idade, o sexo, a composição corporal, a etnia e aptidão física do avaliado. Rezende et al. (2006) enfatizam que estudos têm apontado a inadequação das fórmulas em vários grupos populacionais, considerando que os aspectos citados anteriormente influenciam de maneira importante a capacidade preditiva dessas equações. Viana et al. (2018) encontraram no seu estudo uma diferença significativa entre protocolos, além de mencionarem como cuidados para a avaliação: que o indivíduo seja avaliado pelo mesmo protocolo em diferentes ocasiões e a necessidade da verificação da especificidade da equação (aplicabilidade administrativa).
Conclusão
O desenvolvimento deste estudo possibilitou a análise e a verificação da avaliação do %G em relação à aplicabilidade administrativa, sendo verificado que na maioria dos estabelecimentos visitados, a mesma não era totalmente (100%) considerada. Este fato sugere a necessidade de um aprofundamento de conhecimento por parte dos avaliadores para que esta prática seja realizada respeitando os protocolos de avaliação, o que inclui a população para a qual a equação foi desenvolvida. A aplicação indevida da equação pode levar a erros de condutas e de prescrição de treinamento.
Dada a importância do assunto para a área da Educação Física, nota-se também, uma escassez de estudos em relação à padronização para a realização da avaliação do %G respeitando, inclusive, a aplicabilidade administrativa. Ainda, foi verificado que a maioria dos protocolos de avaliação dessa variável não é realizada no Brasil, por isso deve-se sempre analisar se o mesmo foi validado, por algum autor, para a população brasileira.
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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 265, Jun. (2020)