Análise cinesiológica do nado crawl. Um estudo de caso

Kinesiological analysis of crawl. A case study

Estudio kinesiológico de la técnica de crol. Un estudio de caso

 

Pedro Lucarelli Cavalcanti*

pedrolucanti@hotmail.com

João Eduardo Pereira da Silva Junior*

joaoeduardojunior@hotmail.com

Leonardo José Nobre Rodrigues*

leojnrodrigues@hotmail.com

Pablo Luis Rúbio Silva*

pablo.luis@hotmail.com

Haue Yoshinori Kashiba*

hauezinho@hotmail.com

Candida Luiza Tonizza de Carvalho**

cltcarvalho2006@puc-campinas.edu.br

 

*Graduando da Faculdade de Educação Física (PUC- Campinas)

**Professora da Faculdade de Fisioterapia e Educação Física (PUC-Campinas)

Mestre em Anatomia Humana (UNICAMP-SP)

Doutora em Anatomia Humana (UNICAMP-SP)

Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Brasil)

 

Recepção: 15/01/2018 - Aceitação: 25/11/2018

1ª Revisão: 25/10/2018 - 2ª Revisão: 23/11/2018

 

Este trabalho está sob uma licença Creative Commons

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)

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Resumo

    Com a evolução da natação nos últimos anos, o nado crawl se tornou muito rápido, exigindo a melhor o desempenho físico do atleta. Porém hoje, a diferença entre a vitória e a derrota em nível mundial se tornou detalhes técnicos, ou seja, braçadas mais eficientes, respirações mais rápidas e mais baixas, pernadas mais fortes com menos amplitude de joelho. O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo cinesiológico, com ênfase nas necessidades de ajustes corporais e mudanças técnicas necessárias em três fases da braçada do nado crawl, proporcionando melhorias na realização dos movimentos para aperfeiçoar o rendimento e desempenho do atleta. A amostra foi composta por um atleta de natação do sexo masculino, em fase de treinamento e competição a nível nacional. Os dados foram coletados através de uma câmera analógica, à prova d'água (marca ISEC, Chinesa) com filmagem no plano sagital e analisados com auxílio do Windows Movie Maker 2.1.426.0 e Adobe Photoshop CS6 13.0.1.3. Como resultado, descrevemos os principais músculos agonistas requisitados, o desempenho e a eficiência do atleta em cada fase do movimento. Descrevemos a necessidade de ajustes para adequar tecnicamente e cinesiologicamente cada fase. Concluímos que este estudo será de grande valia servindo de base para análise, correções e aperfeiçoamento da técnica, melhorando assim o desempenho de atletas.

    Unitermos: Natação. Cinesiologia. Nado crawl. Músculos.

 

Abstract

    With the evolution of swimming in recent years, the front crawl has become very fast, requiring the best physical performance of the athlete. But today, the difference between victory and defeat at world level has become technical details, that is, more efficient strokes, faster and lower breaths, stronger kicks with less knee amplitude. The objective of this study was to perform a kinesiological study, with emphasis on the needs of body adjustments and technical changes necessary in three phases of the front crawl, providing improvements in the performance of the movements to improve the efficiency and performance of the athlete. The sample consisted of a male swimming athlete, in training and competition at the national level. The data were collected through an analogue waterproof camera (ISEC brand, Chinese) with sagittal plane filming and analyzed using Windows Movie Maker 2.1.426.0 and Adobe Photoshop CS6 13.0.1.3. The result, we describe the main agonist muscles required, the performance and the efficiency of the athlete in each phase of the movement. We verified the need for adjustments to adapt technically and kinesiologically each phase. We conclude that this study will be of great value as a basis for analysis, correction and improvement of the technique, thus improving the performance of athletes.

    Keywords: Swimming. Kinesiology. Front crawl. Muscles.

 

Resumen

    Con la evolución de la natación en los últimos años, el nado crol se ha vuelto muy rápido, exigiendo un mejor desempeño físico del atleta. Pero hoy, la diferencia entre la victoria y la derrota a nivel mundial se ha convertido en detalles técnicos, es decir, brazadas más eficientes, respiraciones más rápidas y más bajas, patadas más fuertes con menos amplitud de rodilla. El objetivo de este trabajo fue realizar un estudio kinesiológico, con énfasis en las necesidades de ajustes corporales y cambios técnicos necesarios en las tres fases de la brazada del nado crol, proporcionando mejoras en la realización de los movimientos para perfeccionar el rendimiento y el desempeño del atleta. La muestra estuvo conformada por un nadador del sexo masculino, en fase de entrenamiento y competición a nivel nacional. Los datos fueron obtenidos a través de una cámara analógica, a prueba de agua (marca ISEC, China) con imágenes en el plano sagital y analizados con ayuda de Windows Movie Maker 2.1.426.0 y Adobe Photoshop CS6 13.0.1.3. Como resultado, describimos los principales músculos agonistas utilizados, el desempeño y la eficiencia del atleta en cada fase del movimiento. Describimos la necesidad de ajustes para adecuar técnica y kinesiológicamente cada fase. Concluimos que este estudio será muy valorado ya que puede servir de base para análisis, correcciones y perfeccionamiento de la técnica, mejorando así el desempeño de atletas.

    Palabras clave: Natación. Kinesiología. Nado crol. Músculos.

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 23, Núm. 247, Dic. (2018)


 

Introdução

 

    O nado crawl é o resultado de uma longa busca por um nado que diminuísse a resistência da água e aumentasse a velocidade do homem. Esse nado, com batimento alternado das pernas e braços, foi criado na Austrália em 1893 e na olimpíada de Paris em 1900, quando o húngaro Zoltan Halmay nadou o crawl na prova dos 200 metros livre (Nakamura, 2001).

 

    A natação é um dos esportes mais antigos da humanidade devido à forma especial da sua prática de movimentos no plano horizontal, tornado um esporte único. Devido aos inúmeros praticantes pelo mundo a natação e suas técnicas mudaram muito, assim possibilitando constantes quebras de recordes mundiais (Nakamura, 2001).

 

    No início, a respiração do nado crawl era frontal, sendo de extrema dificuldade na sua execução, na tentativa de evitar o rolamento de tronco. O primeiro nadador a demonstrar a eficácia da respiração lateral foi o Johnny Weissmüller, sendo a expiração na água inicialmente feita pelo nariz, depois pela boca e pelo nariz e finalmente pela boca, apenas deixando que o ar escape pelo nariz, sem a preocupação de expeli-lo.

 

    Nesse nado deve-se levar em conta fatores como a posição do corpo, a ação dos braços, ação das pernas, a respiração e a coordenação geral (Maglisho, 2010), além da sincronização e velocidade dos movimentos (Chollet, 2000).

 

    A cinesiologia é um método de resposta do corpo, onde os mais variados tipos de distúrbios dos estados de energia e de órgãos do corpo podem ser analisados e harmonizados por meio de diversos métodos corretivos. O teste muscular é à base da cinesiologia, apesar de responder aproximadamente por 10% de todo o seu campo de atuação (Floyd, 2011).

 

    A cinesiologia contemporânea foi criada pelo quiroprático norte-americano George Goodheart, em 1964, sendo o responsável pela introdução do teste muscular em diagnósticos médicos, depois de ter descoberto as ligações entro o corpo e as funções musculares. Nos anos 70, John F. Thie desenvolveu o sistema denominado Touch for Health, com base na cinesiologia aplicada. Este sistema é dirigido a leigos e apresenta os procedimentos básicos e simplificados das diferentes técnicas da cinesiologia, onde através de testes musculares e equilíbrio de energia, cada músculo é associado a um meridiano, e de acordo com o resultado é fortalecido de maneira adequada (Dobler, 2003).

 

    Com base nas técnicas utilizadas pelo Touch for Health e pela cinesiologia aplicada para o fortalecimento e harmonização de funções musculares, viram que as dores causadas pela prática esportiva poderiam ser evitadas com antecedência e que também algumas lesões poderiam ser curadas completamente com eficácia e rapidez. Além disso, junto com a biomecânica, a análise cinesiológica consegue identificar erros cometidos na técnica dos esportes e corrigi-los para um melhor desempenho (Dobler, 2003).

 

    Para a natação, hoje um esporte extremamente técnico e agressivo ao corpo, levando o atleta ao limite, a análise cinesiológica possui extrema importância para prevenção de lesões decorrentes de erros realizados durante o nado do crawl, melhorando assim o desempenho nas provas, além de possibilitar a correção de detalhes técnicos do nado que, em atletas de alto rendimento, podem fazer a diferença entre o primeiro e segundo lugar no pódio. (Maglisho, 2010).

 

    Neste contexto, objetivo do presente estudo foi analisar cinesiologicamente três fases do nado crawl, aplicado a situações de competições, para auxiliar na correção e aperfeiçoamento do desempenho do atleta.

 

Metodologia

 

Participantes

 

    Participou dessa pesquisa um atleta de natação do sexo masculino pertencente à equipe de treinamento Associação de Natação Americanense, que possui 18 anos de idade, com experiência de seis anos no esporte. O atleta se encontra em fase de treinamento competitivo para competições de nível nacional e assinou um termo de consentimento contendo os objetivos do estudo.

 

Procedimentos

 

    Foram utilizados nessa pesquisa: a piscina de 25 metros (semiolímpica), com marcações oficiais, além de uma câmera analógica, à prova d'água (marca ISEC, chinesa) que coletou dados numa freqüência de 30 quadros por segundos a uma distancia de seis metros. A filmagem foi realizada no plano sagital seguindo paralelamente o atleta ao longo da piscina pelo lado esquerdo. Posteriormente as imagens foram analisadas através do Windows Movie Maker 2.1.426.0 e transformadas em fotos através do Adobe Photoshop CS6 13.0.1.3.

 

    No presente artigo foram analisadas três fases do nado, sendo elas: primeira braçada do nado crawl, finalização da braçada e momento da respiração.

 

    Dividir a filmagem em diferentes imagens é importante para que se torne mais fácil identificar o erro do atleta na sua técnica, impedindo que o técnico fique confuso ao observar muitos movimentos da técnica escolhida ao mesmo tempo. Assim, podemos dizer que uma fase, é um grupo conectado de movimentos que parecem independentes e que ao executar o movimento completo o atleta fará a junção de todos os fragmentos (Carr, 1998).

 

    Em todo momento do nado, o atleta possui como objetivo ir para frente, tentando se locomover o mais rápido possível com o menor gasto de energia, consequentemente, realizando uma técnica bem desenvolvida. Para tal feito, é necessário que o atleta fique o mais horizontal possível e na superfície da água, realizando a força da braçada para trás e não para baixo, pois o atleta quer ir para frente e não para cima.

 

Resultados e discussão

 

    Com o intuito de analisar os movimentos e a técnica, as fases do nado foram divididas em três momentos.

 

Figura 1. O atleta realiza a primeira braçada (A). O atleta finaliza sua braçada esquerda (B). O atleta realiza a respiração (C)

 

Análise cinesiológica

 

    Nas figuras 1.A e 1.B, o membro superior direito encontra-se com o ombro (articulação gleno-umeral) em flexão e rotação medial. O cotovelo (articulações úmero-ulnar, úmero-radial e rádio-ulnar proximal) em extensão e pronação. O punho (Articulações radiocárpica e intercárpica) e a mão (metacarpofalangeanas e interfalangeanas) encotra-se neutros (Dangelo e Fattini, 2011).

 

    Na figura 1.A, o membro superior esquerdo encontra-se com ombro (Articulação gleno-umeral) em flexão, abdução e rotação medial. Já na figura 1.B, o membro superior esquerdo encontra-se com o ombro (articulação gleno-umeral) em extensão. E na figura 1.C,o membro superior esquerdo encontra-se com o ombro (articulação gleno-umeral) em flexão e rotação medial (Dangelo e Fattini, 2011).

 

    Nas figuras 1.A, 1.B e 1.C, o cotovelo (articulações úmero-ulnar, úmero-radial e rádio-ulnar proximal) se encontra em flexão e pronação. Porém nas figuras 1.A e 1.C, o punho (articulações radiocárpica e intercárpica) encontra-se na posição neutra, mas na figura 1.B, observamos o punho (articulações radiocárpica e intercárpica) em extensão e a mão (metacarpofalangeanas e interfalangeanas) em posição neutra (Dangelo e Fattini, 2011).

 

    Nas figuras 1.A e 1.B, o pescoço (intervertebral) apresenta leve extensão, já na figura 1.C, obervamos o pescoço (intervertebral e interapofisária) com leve extensão e rotação à direita. Nas figuras 1.A, 1.B e 1.C, a coluna vertebral (intervertebral e interapofisária) está em leve extensão e leve rotação, nas figuras 1.A e 1.B à esquerda e na figura 1.C à direita (Dangelo e Fattini, 2011).

 

    Na figura 1.A, o membro inferior direito encontra-se com o quadril (articulação coxo-femoral) com leve flexão, já nas figuras 1.B e 1.C, o membro inferior direito encontra-se com o quadril (articulação coxo-femoral) em posição neutra. Na figura 1.A, o joelho (articulação tibiofemoral e fêmoro-patelar) está em extensão, em relação as figuras 1.B e 1.C, observamos o joelho (articulação tibiofemoral e fêmoro-patelar) em flexão. Na figura 1.A é possível visualizar o tornozelo em flexão plantar (Dangelo e Fattini, 2011).

 

    Na figura 1.A, o membro inferior esquerdo encontra-se com o quadril (articulação coxo-femoral) na posição neutra, já nas figuras 1.B e 1.C, o membro inferior esquerdo encontra-se com o quadril (articulação coxo-femoral) em leve flexão. Na figura 1.A, o joelho (articulação tibiofemoral e fêmoro-patelar) está em flexão, em relação as figuras 1.B e 1.C, observamos o joelho (articulação tibiofemoral e fêmoro-patelar) em extensão e o tornozelo em flexão plantar (Dangelo e Fattini, 2011).

 

Tabela 1. Articulação, movimento e musculatura envolvida (Dangelo e Fattini 2011).

Articulação

Movimento

Musculatura envolvida

Ombro

Flexão

Deltóide anterior, coracobraquial, peitoral maior (fibras superiores) e bíceps braquial

Extensão

Deltóide posterior, tríceps do braço, redondo maior e menor e grande dorsal

Rotação medial

Peitoral maior, deltóide anterior, subescapular, redondo maior e grande dorsal

Abdução

Deltóide, supra-espinhal, cabeça longa do bíceps, redondo menor, infra-espinhal

Cotovelo

Extensão

Tríceps braquial e ancôneo

Flexão

Bíceps braquial, braquial e braquiorradial

Pronação

Pronador redondo e pronador quadrado

Punho

Extensão

Extensor radial curto do carpo, extensor radial longo do carpo e extensor ulnar do carpo

Pescoço

Extensão

Esplênio da cabeça, esplênio do pescoço e eretor da coluna

Rotação

Esplênio da cabeça, esplênio do pescoço e esternocleidomastóide

Coluna

Extensão

Eretor da coluna, transverso-espinhal e interespinhais

Rotação

Obliquo interno do abdome, obliquo externo e transverso espinhal

Quadril

Flexão

Iliopsoas, reto femural, sartório, tensor da fáscia lata e pectínio

Joelho

Extensão

Reto femoral, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio

Flexão

Semitendinoso, semimembranoso, biceps femoral cabeça longa, poplíteo, grácil, gastrocnemios e sartorio

Tornozelo

Flexão plantar

Tríceps sural, tibial posterior

Fonte: Elaborada pelos autores

 

Análise técnica

 

    Na figura 1.A, o atleta realiza uma boa fase propulsiva com o membro superior esquerdo, colocando o cotovelo a 90º graus e mão em mesma direção que o antebraço, mantendo uma boa área propulsiva. Enquanto isso, o membro superior direito mantem o apoio do corpo horizontalmente no inicio da braçada o que melhora o desempenho de propulsão do membro superior oposto. Já a cabeça está posicionada para o fundo e à frente, olhando em diagonal o que acarreta em um arrasto maior do que se estivesse totalmente horizontal olhando reto para o fundo. O tronco está fazendo rotação à esquerda o que melhora a desempenho da braçada, aumentando sua força, sem rotação de quadril, pois caso ocorra rotação do mesmo, ha uma queda de desempenho na pernada, batendo-a lateralmente, sendo o certo bater a perna no mesmo plano horizontal. A coxa esta em posição correta o que não prejudica a performace do nadar, entretanto, há uma flexão excessiva com a perna esquerda, prejudicando a performace pois há uma grande área de contato com água, consequentemente, mais "arrasto" (Maglisho, 2010; Machado,1995; Hay, 1981; Farto, 2010).

 

    Na figura 1.B, o nadador finaliza sua braçada esquerda rente ao corpo, levando a mão próxima a coxa finalizando a parte propulsiva da braçada. Enquanto isso, o membro superior direito mantem o apoio do corpo horizontalmente no inicio da braçada o que melhora o desempenho de propulsão do membro superior oposto. Já a cabeça está posicionada para o fundo e à frente, olhando em diagonal o que acarreta em um arrasto maior do que se estivesse totalmente horizontal olhando reto para o fundo. Já os membros inferiores estão em posição horizontal voltados para baixo, estando de maneira correta. O nadador está realizando o "chute" com a perna esquerda, que é a fase de maior propulsão, e a recuperação com a perna direita, na qual é uma fase menos propulsiva, mas que ainda assim aumenta a a força e velocidade no nado (Maglisho, 2010; Machado,1995; Hay, 1981; Farto, 2010).

 

    Na figura 1.C, o atleta não mantem o braço de apoio (no caso da foto membro superior esquerdo) com uma boa flexão na linha da água, permitindo que o mesmo afunde. Devido a essa situação, o nadador perde velocidade por dois motivos. O primeiro motivo é que á um aumento da área em contato com a água, uma vez que se estivesse na horizontal, apenas a ponta de seus dedos iriam quebrar a resistencia da água, e nesse caso, o dorso da mão, antebraço e braço que quebram essa resistência. O segundo motivo ocorre pois, com essa queda na braçada, o nadador desloca água para o fundo, e não para trás, sendo prejudicial, pois o atleta quer ir para frente, e não para cima. Além de perda de velocidade, conforme o nadador for cometendo esse erro várias vezes, ainda mais com o uso de palmares em treinos durante o nado, o mesmo pode acarretar lesões no ombro do atleta, já que estaria fazendo força na posição errada. Sua cabeça está rotacionada ao lado direito para poder realizar a troca gasosa, realizando uma extensão de pescoço desnecessária, acarretando em uma queda na performance, pois aumenta a área de contato, diferentemente se estivesse na posição horizontal, apenas rotacionado à direita. Seu tronco acompanha a braçada, o que proporciona uma maior força na mesma. Seus quadris e pernas estão voltados para baixo, mas na horizontal, o que permite um melhor desempenho da pernada (Maglisho, 2010; Machado,1995; Hay, 1981; Farto, 2010).

 

    Um estudo realizado por Bertolini (1999), constatou que os atletas que desempenharam a respiração bilateral apresentaram uma postura mais correta nessa fase do nado. Segundo Castro (2005), encontrou que a respiração durante os nados de alta intensidade, podem influenciar no desempenho do atleta, verificando ainda, que nadadores de velocidade possuem melhores indicadores técnicos que os nadores de fundo. Com isso, Caputo (2000) concluiu que indivíduos com performance moderada a distância por braçada e o índice de braçada pode ser utilizados para predição do desempenho do nado crawl, especialmente em distâncias curtas e médias.

 

Conclusão

 

    Conclui-se que a natação é um esporte em que a coordenação e a técnica faz toda a diferença. Além de observamos a importância de uma boa execução na parte técnica, a sincronia do movimento se torna indispensável, devido aos vários grupos musculares trabalhados durante o nado. Observamos que a natação é um dos esportes mais completos, devido a variedade de movimentos realizados durante sua prática: flexões, extensões, aduções, abduções, rotações, entre outros. Além disso, podemos observar com clareza cinco capacidades físicas: força, velocidade, resistência, flexibilidade e coordenação motora. A técnica analisada em questão foi a do nado Crawl, é o mais rápido e por isso o mais utilizado nas provas de estilo livre. Através da análise cinesiológica foi constatado erros técnicos cometidos pelo atleta que prejudicam seu desempenho e acertos que melhoram seu desempenho e rendimento técnico.

 

Referências

 

    Bertolini, S.M., Moraes, E.C., Guedes, T.A. (1999). A postura do atleta praticante do nado crawl e sua relação com o tipo de respiração. Arquivos de Ciências e Saúde, 3(1), 35-37.

 

    Caputo, F., Lucas, R.D., Greco, C.C., Denadai, B.S. (2000). Características da braçada em diferentes distâncias no estilo crawl e correlações com a performance. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 8(3), 7-13.

 

    Carr, G. (1998). Biomecânica dos esportes. São Paulo: Manole.

 

    Castro, F.A.S., Guimarães, A.C.S., Moré, F.C., Lammerhirt, H.M., Marques, A.C. (2005). Cinemática do nado crawl sob diferentes intensidades e condições de respiração de nadadores e triatletas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 19(3), 223-232.

 

    Chollet, D., Chalies, S., Chatard, J.C. (2000). A new index of coordination for the crawl: description and usefulness.. International Journal of Sports Medicine, 21(1), 54-59.

 

    Dangelo, J. G., Fattini, C. A. (2011). Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar. 3 ed. São Paulo: Atheneu.

 

    Dobler, G. (2003). Cinesiologia: Fundamentos, Prática, Esquemas de Terapia. São Paulo: Manole.

 

    Farto, E. R. (2010). Treinamento da natação competitiva: uma abordagem metodológica. São Paulo: Phorte.

 

    Floyd, R. T. (2011). Manual de Cinesiologia Estrutural. 16 ed. Barueri, SP: Manole.

 

    Hay, J.G. (1981). Biomecânica das técnicas desportivas. 2ªed. Rio de Janeiro: Interamericana.

 

    Machado, D.C. (1995). Natação: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint.

 

    Maglisho, E. W. (2010). Nadando o mais rápido possível. 3 ed. Barueri, SP: Manole.

 

    Nakamura, O. F. (2001). Natação nas Olimpíadas: História e resultados de 1896 a 2000. Campinas, SP: EMOPI.


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 23, Núm. 247, Dic. (2018)