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ISSN 1514-3465

 

Prevalência de lesões osteomioarticulares em praticantes de ciclismo

Prevalence of Musculoskeletal Injuries in Cyclists

Prevalencia de lesiones musculoesqueléticas en ciclistas

 

Adriel Silva Pinto*

adriel.pinto@aluno.imepac.edu.br

Edson Bernardino de Castro Júnior*

edson.castro@aluno.imepac.edu.br

Lorena Camilo de Oliveira*

lorena.oliveira@aluno.imepac.edu.br

Raissa de Sousa Guerra**

raissa.guerra@aluno.imepac.edu.br

Alexandre Gonçalves+

alexandre.goncalves@imepac.edu.br

Leandro Teixeira Paranhos Lopes++

leandro.paranhos@imepac.edu.br

Hugo Ribeiro Zanetti+++

hugo.zanetti@imepac.edu.br

 

*Graduando em Medicina

IMEPAC Centro Universitário

**Graduada em Medicina

IMEPAC Centro Universitário

+Pós-doutor em Ciências da Saúde

pela Universidade Federal de Uberlândia

Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília

Mestre em Ciências da Saúde Universidade Federal de Uberlândia

Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Uberlândia

Docente do IMEPAC Centro Universitário

++Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Uberlândia

Mestre em Ciências da Saúde Universidade Federal de Uberlândia

Graduado em Educação Física pelo Centro Universidade do Triângulo

Docente do IMEPAC Centro Universitário

+++Pós-doutor em Educação Física

pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Uberlândia

Mestre em Educação Física pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Graduado em Educação Física pela Universidade Presidente Antônio Carlos

Docente do IMEPAC Centro Universitário

(Brasil)

 

Recepción: 05/11/2024 - Aceptación: 10/12/2024

1ª Revisión: 01/12/2024 - 2ª Revisión: 07/12/2024

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Cita sugerida: Pinto, AS, Castro Júnior, EB, Oliveira, LC, Guerra, RS, Gonçalves, A., Lopes, LTP, y Zanetti, HR (2025). Prevalência de lesões osteomioarticulares em praticantes de ciclismo. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(320), 130-142. https://doi.org/10.46642/efd.v29i320.7993

 

Resumo

    Introdução: Estudos afirmam que há uma escassez de conhecimento e de ações da medicina sobre lesões em ciclistas. Devido ao aumento de praticantes desse esporte, torna-se essencial ampliar os estudos sobre tal fenômeno. Objetivo: Analisar a prevalência de lesões osteomioarticulares, bem como os fatores contribuintes em praticantes de ciclismo, comparando praticantes recreacionais e atletas em relação a características demográficas, frequência e tempo de treino, bem como ao uso de equipamentos de proteção individual (EPIs). Método: Foi utilizado um questionário para avaliar 132 ciclistas, divididos por faixa etária, entre atividades recreacionais e atletas, investigando quais as lesões mais prevalentes, o grupo mais vulnerável a essas e os fatores de risco para tal. Resultados: Neste estudo constatou-se uma maior prevalência de lesões no joelho tanto entre os atletas quanto entre os recreacionais, sendo que os dois principais fatores desencadeantes para a ocorrência das lesões foram os perigos externos e a negligência. A maior prevalência de lesões nos joelhos corrobora com diversos estudos, principalmente em profissionais, chegando a 62%, sendo que 17% tiveram que descontinuar a atividade. Conclusão: Verifica-se, portanto, que, de acordo com os resultados obtidos, a maior ocorrência de lesões é no grupo de ciclistas recreacionais quando se compara com atletas, sendo a maioria destas lesões sem qualquer fator desencadeante durante a prática da atividade física. Ademais, no geral, o joelho é o local de maior acometimento devido a negligência e perigos externos, seja em atletas ou em ciclistas recreacionais.

    Unitermos: Ciclismo. Lesões. Prevalência.

 

Abstract

    Studies indicate a lack of medical knowledge and actions regarding injuries in cyclists. With the growing number of individuals participating in this sport, expanding research on this phenomenon becomes essential. The objective of this study is to analyze the prevalence of osteomioarticular injuries, as well as contributing factors among cycling practitioners, comparing recreational and professional athletes in terms of demographic characteristics, training frequency and duration, as well as the use of personal protective equipment (PPE). Method: A questionnaire was used to assess 132 cyclists, divided by age group, between recreational activities and professional athletes. It investigated the most prevalent injuries, the group most vulnerable to them, and the associated risk factors. Results: This study found a higher prevalence of knee injuries among both athletes and recreational cyclists. The two primary triggering factors for injuries were external hazards and negligence. The high prevalence of knee injuries aligns with various studies, especially among professionals, reaching 62%, with 17% having to discontinue the activity. Conclusion: Based on the obtained results, recreational cyclists exhibit a higher occurrence of injuries when compared to athletes, with most of these injuries lacking a specific triggering factor during physical activity. Additionally, the knee is the most commonly affected area due to negligence and external hazards, affecting both athletes and recreational cyclists alike.

    Keywords: Bicycling. Injuries. Prevalence.

 

Resumo

    Los estudios indican una falta de conocimientos y acciones médicas respecto de las lesiones en ciclistas. Con el creciente número de personas que practican este deporte, se vuelve esencial ampliar la investigación sobre este fenómeno. El objetivo de este estudio es analizar la prevalencia de lesiones osteomioarticulares, así como los factores contribuyentes entre los practicantes de ciclismo, comparando deportistas recreativos y profesionales en términos de características demográficas, frecuencia y duración del entrenamiento, así como el uso de equipo de protección personal (EPP). Método: Se utilizó un cuestionario para evaluar a 132 ciclistas, divididos por grupo de edad, entre actividades recreativas y deportistas profesionales. Se investigaron las lesiones más frecuentes, el grupo más vulnerable a ellas y los factores de riesgo asociados. Resultados: Este estudio encontró una mayor prevalencia de lesiones de rodilla tanto entre atletas como entre ciclistas recreativos. Los dos principales factores desencadenantes de las lesiones fueron los peligros externos y la negligencia. La alta prevalencia de lesiones de rodilla coincide con diversos estudios, especialmente entre profesionales, alcanzando el 62%, teniendo que abandonar la actividad el 17%. Conclusión: Con base en los resultados obtenidos, los ciclistas recreativos presentan una mayor incidencia de lesiones en comparación con los atletas, y la mayoría de estas lesiones carecen de un factor desencadenante específico durante la actividad física. Además, la rodilla es el área más comúnmente afectada debido a negligencias y peligros externos, afectando tanto a atletas como a ciclistas recreativos.

    Palabras clave: Ciclismo. Lesiones. Predominio.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 320, Ene. (2025)


 

Introdução 

 

    O ciclismo, tanto em modalidades recreativas quanto competitivas, tem crescido em popularidade nos últimos anos, sendo amplamente praticado devido aos benefícios à saúde física e mental (Castro et al., 2019). Entretanto, com o aumento do número de praticantes, surgem também preocupações quanto à prevalência de lesões musculoesqueléticas, que são comuns entre ciclistas devido à sobrecarga muscular, movimentos repetitivos e posicionamento inadequado durante a prática (Souza et al., 2021). Essas lesões variam conforme o nível de experiência, a intensidade dos treinos e o uso de equipamentos de proteção individual (EPI). (Lopes et al., 2020)

 

    Nesse sentido, tem sido observado que lesões em ciclistas se concentram principalmente em áreas como joelhos, coluna lombar e ombros, sendo frequentemente associadas à falta de uma biomecânica correta e à ausência de EPIs apropriados (Ferreira et al., 2017). Fatores como tempo de prática, frequência semanal de treino e o uso de EPIs, como capacetes, luvas e calçados específicos, desempenham um papel crítico na prevenção ou exacerbação dessas lesões (Silva, e Almeida, 2018). A sobrecarga cumulativa, especialmente em ciclistas mais experientes e com alta carga horária semanal, é um dos principais contribuintes para a prevalência elevada de lesões. (Dias et al., 2020)

 

Figura 1. Lesões no joelho são uma das mais prevalentes em ciclistas

Figura 1. Lesões no joelho são uma das mais prevalentes em ciclistas

Fonte: Gerador de imagens Microsoft Bing

 

    Embora existam estudos substanciais sobre lesões musculoesqueléticas no ciclismo, ainda há lacunas em relação à caracterização demográfica dos ciclistas, como sexo, idade e tempo de prática, que influenciam diretamente a suscetibilidade às lesões (Costa, e Ribeiro, 2021). Além disso, o uso adequado de EPIs e sua eficácia na prevenção de lesões continuam sendo tópicos de debate, particularmente entre ciclistas recreacionais, que podem ter menor aderência ao uso desses equipamentos (Moura et al., 2022). Assim, investigações mais detalhadas sobre o comportamento de adesão ao uso de EPIs são necessárias, considerando as diferenças significativas entre atletas e praticantes recreativos. (Pereira et al., 2019)

 

    Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo analisar a prevalência de lesões osteomioarticulares, bem como os fatores contribuintes em praticantes de ciclismo, comparando praticantes recreacionais e atletas em relação a características demográficas, frequência e tempo de treino, bem como ao uso de EPIs.

 

Métodos 

 

    Trata-se de um estudo observacional analítico, de corte transversal, utilizando como ferramenta técnica a aplicação de questionário on-line realizado entre dezembro de 2023 e março de 2024. 

 

Critério de elegibilidade 

 

    Foram incluídos voluntários com idade entre 18 anos e 60 anos de ambos os sexos, atletas ou praticantes de ciclismo recreacional há mais de seis meses. Foram retirados aqueles que não preencheram corretamente o formulário de pesquisa.

 

    Foram considerados atletas os ciclistas que participam de competições e que se preparam para isso a partir de treinos, enquanto os ciclistas recreacionais são aqueles que pedalam por lazer e para praticar um exercício físico, sem a intenção de competir. 

 

Procedimentos 

 

    Os ciclistas foram convidados a participar voluntariamente da pesquisa por meio do envio do link do formulário via WhatsApp. Antes de iniciar a coleta, foi apresentado o objetivo e o procedimento da pesquisa bem como o esclarecimento do sigilo das informações e do anonimato. Logo após, o link foi apresentado para os participantes e, no início do acesso, o Termo de Consentimento Livre Esclarecido foi disponibilizado. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos do Centro Universitário IMEPAC sob parecer 6.577.274.

 

Questionário 

 

    O questionário foi dividido em três partes: aspectos sociodemográficos, histórico do ciclismo e histórico de lesões. Na primeira parte foram coletadas informações quanto a idade, sexo biológico e profissão. Na segunda parte foi verificado sobre o tempo de prática do esporte, tipo de prática (atleta ou recreacional), frequência e duração de treino e uso de EPIs. A última parte visou obter informações sobre o histórico de lesões da amostra, sendo caracterizado referente ao tipo e local das lesões.

 

Análise dos dados 

 

    Inicialmente, os dados foram tabulados e organizados com o auxílio do Software Excel® sendo calculadas as estatísticas centrais, como média da idade, da frequência e da duração de treino dos participantes do estudo e do tempo de prática de esporte pelos ciclistas. Além disso, foram calculadas as porcentagens com as respectivas prevalência e razão de prevalência para cada variável coletada do instrumento (sexo, profissão, faixa etária, uso de EPIs, início da prática do ciclismo, tipo da lesão, localização da lesão e seu fator desencadeante) entre os dois grupos: recreacional e atleta. A prevalência foi calcula dividindo-se o número de casos apresentados pelo número total da amostra multiplicando-se o resultado por 100.

 

Resultados 

 

    A partir da coleta de dados por meio do questionário realizado via plataforma Google Forms, no qual está incluída a faixa etária de 18 a 60 anos, este estudo analisou 132 ciclistas, divididos em 31 atletas e 101 ciclistas recreacionais. A amostra foi caracterizada pela distribuição de gênero, faixa etária, frequência de treino, tempo de prática e uso de EPIs.

 

    Na Tabela 1, encontra-se a caracterização dos voluntários. A amostra dos atletas foi composta predominantemente pelo sexo masculino (74,2%), com idade entre 26 a 50 anos (80,6%), que treinam entre 4 a 6 vezes por semana (67,7%), com tempo de treino semanal menor que 5 horas (93,5%), com tempo de prática entre 5 a 10 anos (32,2%) e que utilizam o capacete como tipo de EPI (100%). A amostra dos recreacionais foi composta predominantemente pelo sexo feminino (55,4%), com idade entre 26 a 50 anos (68,3%), que treinam entre 2 e 3 vezes por semana (54,5%), com tempo de treino semanal menor que 5 horas (93,1%), com tempo de prática entre 5 a 10 anos (37,6%) e que utilizam o capacete como tipo de EPI (100%).

 

Tabela 1. Caracterização da amostra

Atletas

Recreacionais

Absoluto

Percentual

Absoluto

Percentual

Distribuição da amostra

31

23,5%

101

76,5%

Sexo (F/M)

Feminino

8

25,8%

56

55,4%

Masculino

23

74,2%

45

44,6%

Faixa etária

18 a 25 anos

4

12,9%

6

5,9%

26 a 50 anos

25

80,6%

69

68,3%

51 a 60 anos

2

6,5%

26

25,7%

Frequência de treino

 1x

0

0%

23

22,8%

 2x a 3x

8

25,8%

55

54,5%

 4 a 6

21

67,7%

9

8,9%

Diariamente

2

6,5%

4

4%

Outros

0

0%

10

9,9%

Tempo de treino semanal

> 5 horas

29

93,5%

94

93,1%

6 a 10 horas

2

6,5%

5

5%

11 a 15 horas

0

0%

0

0%

< 15 horas

0

0%

0

0%

Resposta não objetiva

0

0%

2

2%

Tempo de prática

6 a 11 meses

1

3,2%

1

1%

1 ano a 2 anos

3

9,7%

7

6,9%

2 anos a 5 anos

9

29%

37

36,6%

5 a 10 anos

10

32,3%

38

37,6%

Mais de 10

8

25,8%

18

17,8%

Tipo de EPI utilizado

Capacete

31

100%

97

96%

Luva

25

80,6%

89

88,1%

Óculos

23

74,2%

68

67,3%

Vestuário de ciclismo

2

6,5%

23

22,8%

Sapatilha

8

25,8%

23

22,8%

Fonte: Autores

 

    A Tabela 2 apresenta a prevalência de lesões osteomioarticulares. Em relação aos atletas, observa-se que 80,6% relataram histórico de lesões, embora 61,3% não tenham sofrido lesões no último ano. A distensão muscular foi a lesão mais frequente (32,3%) e o joelho foi o local mais afetado por lesões (12%). Além disso, a maioria das lesões ocorreu sem um fator desencadeante específico (80,6%). Em relação aos recreacionais, evidenciou-se que 76,2% apresentaram histórico de lesão, porém sem lesão no último ano (76,2%).

 

Tabela 2. Prevalência de lesão osteomioarticulares

 

Atletas

Recreacionais

Absoluto

Percentual

Absoluto

Percentual

Presença de lesão

Sim

25

80,6%

77

76,2%

Não

6

19,4%

24

23,8%

Lesão no último ano

Sim

12

38,7%

24

23,8%

Não

19

61,3%

77

76,2%

Lesão com fator desencadeante

Sim

5

16,1%

29

28,7%

Não

25

80,6%

72

71,3%

Tipo de lesão

Contusão

4

12,9%

17

16,8%

Distensão

10

32,3%

24

23,8%

Fratura

5

16,1%

19

18,8%

Laceração

0

0%

7

6,9%

Luxação

7

22,6%

21

20,8%

Outros

8

25,8%

28

27,7%

Não sabe responder

7

22,6%

23

22,8%

Local da lesão

Antebraço

2

6,5%

2

2%

Braço

0

0%

10

9,9%

Ombro

5

16,1%

21

20,8%

Cotovelo

0

0%

12

11,9%

Punho

2

6,5%

7

6,9%

Mão

1

3,2%

8

7,9%

0

0%

5

5%

Perna

2

6,5%

10

9,9%

Coxa

2

6,5%

9

8,9%

Tornozelo

0

0%

6

5,9%

Joelho

12

38,7%

31

30,7%

Quadril

4

12,9%

5

5%

Pescoço

2

6,5%

2

2%

Tórax

2

6,5%

7

6,9%

Coluna

8

25,8%

9

8,9%

Cabeça

1

3,2%

4

4%

Outros

1

3,2%

5

5%

Nenhum

6

19,4%

24

23,8%

Fator desencadeante

Falha no equipamento de proteção

2

6,5%

4

4%

Exercício excessivo

1

3,2%

2

2%

Falta de alongamento

1

3,2%

0

0%

Perigos externos

3

9,7%

12

11,9%

Falha na bicicleta

2

6,5%

5

5%

Negligência

3

9,7%

12

11,9%

Não se aplica

5

16,1%

6

5,9%

Fonte: Autores

 

Discussão 

 

    O objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência de lesões osteomioarticulares bem como os fatores contribuintes em praticantes de ciclismo. Os dados obtidos evidenciam que ciclistas atletas e recreacionais estão expostos a diferentes riscos de lesões osteomioarticulares. O maior percentual de lesões entre atletas (80,6%) está de acordo com estudos que indicam que a intensidade e frequência de treino elevam a probabilidade de sobrecargas musculoesqueléticas, especialmente em modalidades competitivas (Silva et al., 2019). Essa diferença pode estar relacionada à biomecânica e à maior exigência física nesses indivíduos, conforme apontado por Lima et al. (2018).

 

    A prevalência de lesões articulares, com destaque para as lesões no joelho (12%), corrobora com a literatura que identifica essa articulação como a mais afetada em ciclistas devido à constante flexão e extensão durante o movimento repetitivo das pedaladas (Nascimento, e Oliveira, 2020). Além disso, a falta de um fator desencadeante claro em 80,6% dos casos indica que lesões por esforço cumulativo são prevalentes, reforçando a importância de intervenções preventivas e ajustes ergonômicos. (Costa et al., 2017)

 

    O estudo também aponta uma menor incidência de lesões no último ano entre os atletas (61,3%), sugerindo que estratégias de treinamento mais estruturadas podem reduzir o risco de novas lesões. Esse achado está alinhado com pesquisas que destacam a eficácia de programas de fortalecimento muscular e técnicas de recuperação como métodos preventivos (Rodrigues et al., 2019). Entre os ciclistas recreacionais, a menor experiência técnica e a prática irregular podem contribuir para um maior risco de lesões inesperadas. (Souza, e Andrade, 2016)

 

    Outro fator relevante observado foi o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como capacetes e luvas, por quase todos os participantes. O uso de EPIs, especialmente capacetes (100% entre atletas e 96% entre recreacionais), é amplamente reconhecido como crucial para a prevenção de lesões traumáticas (Martins et al., 2020). No entanto, a proteção contra lesões osteomioarticulares não depende apenas desses dispositivos, mas também de ajustes ergonômicos na bicicleta e da técnica de pedalada. (Ferreira, e Alencar, 2018)

 

    Em termos de tempo de prática e frequência de treino, os atletas apresentaram maior regularidade, com 67,7% treinando de 4 a 6 vezes por semana. A prática intensa e contínua está associada a um maior risco de lesões crônicas, uma vez que os mecanismos de adaptação corporal podem falhar com sobrecargas repetitivas (Pereira et al., 2021). Em contraste, os recreacionais apresentaram uma frequência de treino mais irregular, com 22,8% treinando apenas uma vez por semana, o que pode predispor esses praticantes a lesões agudas devido à falta de preparo físico adequado.

 

    Esses achados reforçam a necessidade de programas preventivos que considerem tanto a carga de treino quanto a ergonomia da prática do ciclismo. Estratégias como avaliações biomecânicas periódicas e educação sobre a importância de EPIs e técnicas adequadas de treino são essenciais para minimizar a incidência de lesões, especialmente entre ciclistas recreacionais.

 

Conclusão 

 

    Verifica-se, portanto, que, de acordo com os resultados obtidos, a maior ocorrência de lesões é no grupo de ciclistas recreacionais quando se compara com atletas, sendo a maioria destas lesões sem qualquer fator desencadeante durante a prática da atividade física. Ademais, no geral, o joelho é o local de maior acometimento devido a negligência e perigos externos, seja em atletas ou em ciclistas recreacionais.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 320, Ene. (2025)