Paralisia cerebral e resiliência por meio de programas
de atividade física: revisão integrativa da literatura
Cerebral palsy and resilience through physical
activity programs: integrative literature review
Parálisis cerebral y resiliencia por medio de programas
de actividad física: revisión integradora de la literatura
Franassis Barbosa de Oliveira*
franassis_oliveira@yahoo.com.br
Thais Xavier Pereira da Silva**
tata_street@hotmail.com
Ademar Azevedo Soares Junior***
arquiteturjr@gmail.com
*Fisioterapeuta, Pós-Doutor em Bioengenharia (Universidade de Brasília)
Doutor em Ciências e Tecnologias em Saúde (Universidade de Brasília)
Docente da Universidade Estadual de Goiás (UEG)
**Fisioterapeuta (Universidade Estadual de Goiás)
Licenciada em Educação Física (Universidade Estadual de Goiás)
Especialista em Fundamentos da Educação Infantil e Anos Iniciais (FASEM)
Pós graduada em Movimento Humano (Universidade Estadual de Goiás)
***Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Goiás (UEG)
e Arquitetura e Urbanismo (Universidade Paulista)
Mestre em Sociologia (Universidade Federal de Goiás)
Docente da Universidade Salgado de Oliveira, Faculdade Estácio de Sá
e Universidade Estadual de Goiás (UEG), Goiânia, Goiás
(Brasil)
Recepção: 20/08/2018 - Aceitação: 26/05/2019
1ª Revisão: 09/05/2019 - 2ª Revisão: 21/05/2019
Este trabalho está sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt |
Resumo
Esta revisão tem por objetivo verificar como a prática de atividade física pode ser potencialmente promotora de resiliência para indivíduos com Paralisia Cerebral. É resultante do levantamento e análise de artigos nos idiomas português, inglês e espanhol presentes nas bases eletrônicas de dados Medline, LILACS, SciELO, Google Scholar, Bireme e Portal de Periódicos da Capes publicados no período de 2000 a 2017. Os descritores: Resiliência psicológica, Paralisia Cerebral, atividade física, esporte, assim como os seus correspondentes em inglês e espanhol foram utilizados para o levantamento dos artigos. Foram inclusas pesquisas de campo que apresentaram algum tipo de intervenção motora (atividade física) para pessoas com Paralisia Cerebral mostrando seus possíveis benefícios físicos, cognitivos e emocionais que os aproximam da resiliência. As publicações que não corresponderam aos critérios citados foram excluídas. Foram identificados 64 estudos, destes, 20 foram analisados e descritos neste artigo. Diferentes modalidades foram reportadas, sendo a dança e as atividades aquáticas destaque citadas cada um por 5 dos 20 estudos analisados. Os resultados mostraram melhoras qualitativas nas funções investigadas em todos os estudos descritos. A atividade Física mostrou-se importante veículo de reforço para os fatores de proteção fundamentais à resiliência (autoestima, autoconfiança, capacidade de enfrentamentos, apoio social, percepção de si e independência) e importante aliado à reabilitação. A Fisioterapia associada à atividade física demonstrou maior benefício frente às aquisições motoras, intelectuais, qualidade de vida e superação da incapacidade. É um importante meio de integração/inclusão.
Unitermos: Resiliência psicológica. Paralisia cerebral. Atividade física. Esporte.
Abstract
This review aims to verify how the physical activity practicing can potentially be a resilience promoter for individuals with Cerebral Palsy. It is the result of the survey and analysis of articles in Portuguese, English and Spanish languages that are present in the electronic databases Medline, LILACS, SciELO, Google Scholar, Bireme and Portal of Newspapers Capes that were published from 2000 to 2017. The descriptors were: Psychological resilience, Cerebral Palsy, physical activity, sport, as well as their correspondents in Portuguese and Spanish languages that were used to survey the articles. We included field studies that showed some type of motor intervention (physical activity) for people with Cerebral Palsy and that show their potential physical benefits, cognitive and emotional benefits that bring them closer to resilience. There were excluded publications that did not meet the above criteria. Sixty-six studies were identified, which 20 were analyzed and described in this article. Different modalities were reported and dance and aquatic activities highlighted by 5 of the 20 analyzed studies. The results showed qualitative improvements in the investigated functions in all described studies. Physical activity has been shown to be an important vehicle for strengthening the fundamental protection factors for resilience (self-esteem, self-confidence, coping skills, social support, self-perception and independence) and it is an important allied to rehabilitation. Physiotherapy associated with physical activity showed greater benefit in relation to motor acquisition, intellectual acquisition, quality of life and overcoming disability. It is an important device of integration/inclusion.
Keywords: Psychological resilience. Cerebral Palsy. Physical activity. Sport.
Resumen
Esta revisión tiene por objetivo verificar cómo la práctica de actividad física puede ser potencialmente promotora de resiliencia en personas con Parálisis Cerebral. Es el resultado de la búsqueda y análisis de artículos en portugués, inglés y español presentes en las bases de datos electrónicas de MEDLINE, LILACS, SciELO, Google Scholar, Bireme y Portal de Periódicos de CAPES, publicados entre 2000 y 2017. Se utilizaron los siguientes descriptores para el levantamiento de los artículos: Resiliencia psicológica, Parálisis Cerebral, actividad física, deporte, así como sus correspondientes en inglés y portugués. Se incluyeron investigaciones de campo que presentaron algún tipo de intervención motora (actividad física) para personas con Parálisis Cerebral mostrando sus posibles beneficios físicos, cognitivos y emocionales que los acercaran a la resiliencia. Fueron excluidas las publicaciones que no respondieron a los criterios citados. Se identificaron 64 estudios, de éstos, 20 fueron analizados y descritos en este artículo. Fueron registradas diferentes modalidades, siendo destacadas la danza y las actividades acuáticas que fueron citadas cada uno por 5 de los 20 estudios analizados. Los resultados mostraron mejoras cualitativas en las funciones investigadas en todos los estudios descritos. La actividad física se mostró importante vehículo de refuerzo para los factores de protección fundamentales a la resiliencia (autoestima, autoconfianza, capacidad de enfrentamientos, apoyo social, percepción de sí e independencia) e importante aliado a la rehabilitación. La Fisioterapia asociada a la actividad física demostró mayor beneficio frente a las adquisiciones motoras, intelectuales, calidad de vida y superación de la incapacidad. siendo un importante medio de integración/inclusión.
Palabras clave: Resiliencia psicológica. Parálisis cerebral. Actividad física. Deporte.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 24, Núm. 253, Jun. (2019)
Introdução
Inclusão, exclusão, diferenças, termos constrangedores que remetem a uma busca por equivalência entre os sujeitos que são classificados e categorizados segundo normalidade e anormalidade. Se excluído se refere a alguém fora dos padrões de normalidade estabelecidos pela sociedade, alguém com “malefícios” sensório, motor ou moral, então, segundo as “normas” vigentes a pessoa com deficiência se enquadra a tal. (Jerônimo, 2006)
A Paralisia Cerebral (PC) está ligada a formas de manifestação para diversos distúrbios não progressivos, sempre secundários à lesões do Sistema Nervoso Central ainda em desenvolvimento. Está posta como a mais prevalente causa de deficiência física na infância e pode se desenvolver na vida intra-uterina ou durante os anos iniciais de vida. (Sheperd, 2002)
Diante do supracitado, é notório que o quadro clínico não é claro e invariável. Assim, as síndromes de PC são caracterizadas por distúrbios motores e posturais que fazem do movimento voluntário algo complexo e variado que torna-se descoordenado, estereotipado e invariavelmente limitado. As lesões no Sistema Nervoso Central podem levar a alterações do tônus, postura, equilíbrio, coordenação motora e de movimentos voluntários. Além disso, podem também incluir alterações oculares, auditivas, convulsões, déficit cognitivo, distúrbios da fala, distúrbios da percepção, dificuldade de alimentação, apraxia (incapacidade de realizar um ato motor complexo aprendido), agnosia (ausência de reconhecimento de uma função normal), afasia (alteração na codificação da linguagem), distúrbios de atenção e memória. (Sheperd, 2002; Miller, 2002)
As sequelas de uma agressão encefálica incapacitam ou limitam os seus portadores de realizarem a maioria das atividades desejadas, sejam elas simples ou complexas. As dificuldades advindas dessas limitações definem, situam e concretizam na interação entre o indivíduo e o meio. (Garcia, 2008)
É fundamental salientar que o acesso a áreas de lazer e a atividades de vida diária comuns são essenciais para o desenvolvimento dessas pessoas com deficiência, o que infelizmente não faz parte da realidade de grande parte. Dessa forma, sem o devido acesso a bens e serviços de qualidade, saúde e educação, esses sujeitos tornam-se cidadãos dependentes e passam a ser parte de uma parcela excluída do convívio social (Souza & Rocha, 2017). A dependência a qual esses indivíduos estão sujeitos pode gerar sinais de desilusão, vulnerabilidade, frustração na relação com o outro e baixa autoestima, fatores de risco à resiliência. (Sereno, 2011)
Resiliência psicológica é a capacidade de recuperação diante de desafios e circunstâncias desfavoráveis. Resultado da interação entre o individuo e o meio, é um conjunto de processos sociais e intrapsíquicos que possibilitam o desenvolvimento de uma vida sadia. (Oliveira, Reis, Zanaleto & Neme, 2008; Pesce, Assis, Santos & Oliveira, 2004)
Há uma ligação entre resiliência e desenvolvimento humano que destacam dois principais fatores como base para esse processo: fatores de risco, a qual todos podem ser expostos independente da classe social (adversidades, perdas significativas, família desestruturada, falta de modelos apropriados, socialização inadequada) e fatores de proteção (otimismo, flexibilidade, apoio social, autoestima, auto eficiência e enfrentamentos) influências que podem modificar, alterar ou melhorar o modo como o indivíduo responde perante a uma situação de risco. (Oliveira et al., 2008; Sanches & Rubio, 2010)
A resiliência não direciona o olhar a partir do déficit, mas se orienta a desenvolver o potencial para executar tarefas e participação (Garcia, 2008). O contexto esportivo pode se mostrar como grande oportunidade de criação de estratégias para que o indivíduo enfrente obstáculos e se fortaleça. Para pessoas com deficiência, pode significar uma das poucas oportunidades de testar suas possibilidades, prevenir deficiências secundárias, promover independência e melhorar o convívio social (Sanches & Rubio, 2010; Zuchetto & Castro, 2002). O presente estudo pretende por meio de uma revisão bibliográfica verificar como a prática de atividade física pode ser potencialmente promotora de resiliência para indivíduos com Paralisia Cerebral.
Métodos
O estudo em questão trata-se de uma revisão integrativa resultante do levantamento e análise de artigos nos idiomas português, inglês e espanhol presentes nas bases eletrônicas de dados Medline, LILACS, SciELO, Google Scholar, Bireme e Portal de Periódicos da Capes publicados no período de 2000 a 2017. De acordo com Sousa et al. (2018), na revisão integrativa da literatura é possível a combinação de investigação primária e secundária após avaliação da qualidade metodológicas. Assim, nesse tipo de revisão são respeitadas etapas: identificação do tema e levantamento da hipótese; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão; definição das informações a serem extraídas; avaliação dos estudos; interpretação dos resultados e apresentação da síntese dos conhecimentos. Logo, os descritores foram resiliência psicológica, Paralisia Cerebral, atividade física, esporte, assim como os seus correspondentes em inglês e espanhol foram utilizados para o levantamento dos artigos.
Os estudos deveriam ser pesquisas de campo que apresentassem algum tipo de intervenção motora (atividade física) para pessoas com paralisia cerebral mostrando seus possíveis benefícios físicos, cognitivos e emocionais que os aproximam da resiliência. As publicações que não corresponderam aos critérios citados foram excluídas.
A estratégia de busca de estudos foi composta por etapas. Iniciou-se com a procura de artigos nas bases eletrônicas de dados utilizando os descritores relacionados ao tema. Os artigos selecionados passaram por análise das referências, aquelas que se mostraram relevantes foram incluídas em uma nova busca direcionada. Os títulos e resumos dos artigos pré-selecionados foram analisados a fim de determinar a real relevância dos trabalhos para o estudo. Na presença de dúvida sobre a relevância do artigo, realizou-se leitura integral do conteúdo, sendo este incluído ou excluído conforme critérios apontados. Os artigos que corresponderam aos critérios de inclusão foram assim analisados e descritos nos resultados.
Resultados
Na etapa de busca nas bases eletrônicas de dados, foram encontrados 26 artigos, que tiveram suas referências verificadas, processando-se em seguida em uma nova busca resultando no achado de mais 37 artigos. No total, o resumo de 64 artigos foi analisado, dentre os quais, 36 tiveram seu conteúdo lido integralmente para melhor avaliação, 44 foram excluídos, e 20 publicações, do total, foram selecionados para a realização deste estudo.
Os estudos que atenderam aos critérios de inclusão apresentam-se em ordem cronológica no Quadro 1.
Quadro 1. Estudos incluídos na revisão destacados em ordem cronológica
Autor (ano) Local da pesquisa Objetivo |
Amostra |
Tipo do Estudo/ Instrumentos e medidas |
Tipo de Atividade |
Frequência/ Intensidade |
Resultados
Alcançados |
Strapasson, Martins & Schutz (2002) Brasil Objetivo: Caracterizar a prática da Educação Física
Adaptada para deficientes físicos; observar as mudanças na amplitude
articular de movimentos e na autoestima dos participantes. |
3 crianças com PC espástica
(2 diplégicos e 1 Hemiplégico) com idade
entre 11 e 13 anos. |
Estudo de caso Teste de Goniometria, observação sistemática e diário
do pesquisador. Teste pré e pós-intervenção |
Alongamentos (passivo e ativo) e atividades
desportivas, recreativas e psicomotoras. |
Duração de julho a dezembro de 1999; 21 aulas de
Educação Física adaptada; totalizando 50 horas. |
Melhora da ADM e manutenção da mesma. Melhora do
desenvolvimento geral. Maior auto-confiança, ousadia e independência. |
Zuchetto & Castro (2002) Brasil Objetivo: Analisar as contribuições das atividades
físicas para a qualidade de vida de deficientes físicos |
18 indivíduos do sexo masculino com faixa etária
entre 15 e 44 anos, deficientes físicos (PC, poliomielite, Lesão
medular e osteogênese imperfeita) participantes de programas de
Atividades físicas regular no Centro de Educação Física e Desportos
da Universidade Estadual de Santa Catarina e do Centro de desportos da
Universidade Federal de Santa Catarina. |
Estudo de caso (pesquisa descritiva exploratória) Questionário de qualidade de vida com 42 questões
abertas e fechadas adaptado de Oliver e Zuchetto (1996) e Silveira e
Duarte (1995). |
Tipo de atividade física não definida pelo autor. Programas de Atividades físicas regular realizadas
no Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Estadual de
Santa Catarina e no Centro de desportos da Universidade Federal de Santa
Catarina. |
____________ |
Influência positiva na obtenção de melhores
resultados em todas as dimensões analisadas (relações afetivas, de
trabalho, satisfação pessoal, percepção de si mesmo), melhoras tanto
no aspecto físico quanto psicológico, melhor aproveitamento da
capacidade funcional, bem estar geral. |
Strapasson
(2005) Brasil Objetivo: Desenvolver uma proposta de ensino de Polybat (tênis de mesa
adaptado) para oferecer aos professores de Educação Física e pessoas interessadas, uma atividade recreativa/esportiva
inclusiva para alunos com Paralisia Cerebral e ou deficiência física
de escolas especiais ou regulares. |
6 indivíduos com Paralisia Cerebral (2 do sexo
feminino e 4 do sexo masculino), com idade entre 8 e 20 anos
classificados com hemiplegia, diplegia, triplegia e 2 quadriplégicos
espásticos sendo 1 com movimentação involuntária (atetose) |
Estudo de caso com abordagem qualitativa Diário de Campo; fotos e filmagens do envolvimento físico
motor. |
Aulas de Polybat composta por alongamentos, exercícios
de mobilidade de tronco, deslocamentos com a cadeira de rodas, mobilização
de membros superiores e tronco com o uso da raquete, aulas de ataque e
defesa; e finalização com relaxamento (alongamento e respiração). |
Aulas 1 vez por semana com 1 hora e 25 minutos de
duração. 32 aulas no ano de 2004. |
Melhora do controle postural e do equilíbrio em
cadeira de rodas; melhora do alcance; melhora do controle de braço de
raquete e de raquete sobre a bolinha; melhora da concentração,
automotivação e tolerância à frustração; maior independência
durante deslocamentos no solo e em cadeira de rodas. |
Aidar et al. (2006) Brasil Objetivo: Avaliar área de função social em
portadores de PC em virtude de um programa de atividades aquáticas |
27 crianças (11 meninas e 16 meninos); idade média
de 4,2 anos +/- 3,2; com PC moderada e severa, tipo espástica e
atetoide. |
Inventário de Avaliação pediátrica de disfunção
(área de função social) – Pediatric Evaluation
Disability Inventory - PEDI. Avaliação antes e após 16 semanas de
atividades aquáticas. |
Atividades aquáticas de interação e brincadeiras
(uso de pranchas, aquatubos, pull boia, dentre outros). |
Aulas 2 vezes por semana, com duração de 45
minutos, por 16 semanas. |
Melhora da função social, na resolução de
problemas, interação com companheiros, tarefas domésticas, maior
independência com participação social mais efetiva. Melhora
da saúde e qualidade de vida. |
Vershuren, Ketelaear, Gorter, Helders & Takken
(2007) Holanda Objetivo: Avaliar os efeitos de um programa de
treinamento de 8 meses com exercícios aeróbicos e anaeróbicos
padronizados sobre a capacidade de crianças e adolescentes com
Paralisia Cerebral. |
86 Crianças e adolescentes recrutados a partir de 4
escolas para educação especial na Holanda, com idade entre 7 e 20 anos
diagnosticados com Paralisia Cerebral espástica. Nível
I ou II na escala de GMFCS. |
Ensaio clínico randomizado controlado. Índice de Massa Corporal -IMC Teste de agilidade de Shuttle Run (Capacidade aeróbia). Gross
Motor Function Classification System - GMFCS. Capacidade anaeróbia – Sprint test (completar 6 de 15 metros em ritmo máximo) avaliado
potência de saída e agilidade. Força de membros inferiores (30 segundos de repetição
máxima) Avaliação de participação e prazer (CAPE) –
participação escolar, atividade recreativa, física ativa, social e
auto aperfeiçoamento. Children’s
Quality of life questionnaire-TACQOL Perfil de auto percepção (competência atlética,
aparência física, percepção de seu valor e estima como pessoa). Avaliação pré, pós e 4 meses após o termino das
atividades |
Grupo experimental n = 32: Programa de exercícios
funcionais combinando 3 elementos: aeróbio, anaeróbio e capacidade de
força muscular. 8 exercícios aeróbicos realizados como foco nos
primeiros 4 meses e 8 exercícios anaeróbicos padronizados introduzidos
como foco do 5º ao 8° mês. Exercícios como: correr e mudar de direção de
forma abrupta, step, subir e
descer escadas + circuito de força muscular. Grupo controle n= 33: cuidados habituais de reabilitação. |
Exercícios 2 vezes por semana com duração de 45
minutos (5 minutos de aquecimento; 25 a 35 minutos de atividades aeróbias
e anaeróbias em formato de circuito de força muscular) e 5 minutos de
relaxamento. Follow-up
por 4 meses. |
Melhoria de 38% na capacidade aeróbia; 11% na
capacidade anaeróbia; 22% em aumento de força. Aumento na percepção de competência atlética sem
mudanças significativas para aparência física ou percepção global. Melhoria na autonomia e domínios cognitivos. Pós-treino, notou-se dificuldades em manter o ganho,
perda rápida dos benefícios. |
Aidar et al. (2007) Brasil Objetivo: Avaliar área da função social e
habilidades manuais em portadores de PC submetidos a um programa de
atividades aquáticas |
21 Crianças diagnosticadas com PC do tipo espástica
e atetosa grave com idade média de 9,21 anos +/- 1,94. |
Inventário de Avaliação pediátrica de disfunção
(área de função social) – Pediatric Evaluation Disability Inventory PEDI Escala de atividades
manuais não identificada pelo autor. Avaliação antes e após
16 semanas de atividades |
Atividades aquáticas com uso de aquatubo e painéis
e outros equipamentos destinados a atividades não descritos pelo autor. |
Aulas 2 vezes por semana, com duração de 45
minutos, por 16 semanas |
Melhora da função social e habilidades motoras.
Melhoria na resolução de problemas, tarefas domésticas, jogos sociais
e interativos, interação com companheiros, jogos com objetos
importante para o processo ensino aprendizagem, maior independência,
melhora nas habilidades manuais. |
Teixeira-Arroyo & Oliveira (2007) Brasil Objetivo: Investigar a influência de um programa de
atividades aquáticas no comportamento psicomotor de crianças com
Paralisia Cerebral |
Estudo de caso: 2 meninos com idade de 12 e 7 anos
diagnosticados com PC espástica. |
Estudo de caso com
pesquisa descritiva exploratória Ficha de avaliação
psicomotora adaptada modelo de Oliveira (2004). Realizada antes e após 5 meses de intervenção. |
Atividades aquáticas que envolviam adaptação ao
meio líquido, atividades lúdicas com jogos, músicas, histórias e
brinquedos variados; materiais flutuantes, submersos, texturas, etc. |
2 aulas por semana com duração de 1 hora, por um
período de 5 meses. |
Ambos os participantes avaliados tiveram melhoras
consideráveis nos aspectos psicomotores (coordenação, equilíbrio,
lateralidade, esquema corporal e orientação espaço-temporal).
Tornaram-se mais hábeis nas atividades em meio líquido. A facilitação
do movimento na água melhorou a percepção do corpo e de suas
capacidades e potencialidades. |
Jerônimo, Camargo, Campos & Barbosa Neto (2009) Brasil Objetivo: Mostrar como o esporte adaptado pode
facilitar a inclusão social de pessoas com PC. |
23 atletas diagnosticados com Paralisia Cerebral
Severa que integram o projeto de esportes adaptados da Associação de
Deficientes de Uberaba (ADEFU) e suas respectivas mães ou seus
respectivos responsáveis. |
Pesquisa qualitativa: Revisão bibliográfica análise
de filmagens em VHS de competições de bocha e entrevistas
semiestruturadas realizadas com os atletas e familiares |
Competições
de bocha |
______________ |
Avanço no desenvolvimento de habilidades motoras,
esporte como fonte de auto superação, melhora da memória, atenção e
concentração. Avanço nas relações e na interação social. Consciência de que o esporte faz superar limitações
e obter respeito, invalida a ideia de que a deficiência incapacita. |
Furtado, Vaz, Mancini, Rodrigues & Garboci (2009) Brasil Objetivo: Descrever os resultados obtidos com a
implementação de um programa domiciliar de fortalecimento muscular, no
desempenho da marcha, subida e descida de escadas, função motora
grossa e participação em atividades escolares. |
3 adolescentes com diplegia espástica:. 2 do sexo
feminino (11 e 15 anos) e 1 do sexo masculino (11 anos) nível I da
escala GMFCS. |
Para mensurar força muscular: Dinamômetro manual
(medida da contração isométrica máxima dos flexores plantares,
extensores de joelho e quadril bilateral). Marcha normal e rápida: percurso de 10 metros
percorrido em velocidade confortável e velocidade máxima (numero de
passos e tempo contados). Função motora grossa: GMFM. Atividades escolares: Escala do School Function
Assessment. |
Programa de 4 exercícios resistidos domiciliares
progressivos para membros inferiores: levantamento na ponta dos pés,
subida e descida no step, mini
agachamentos, sentar e levantar de uma cadeira. |
3 vezes por semana totalizando 8 semanas. Uso de caneleiras ao redor da cintura como efeito de
sobrecarga, determinada pelo máximo de peso com o qual o adolescente
realizava 10 repetições sem fadiga. |
Foram observados: aumento da velocidade rápida da
marcha em decorrência da melhora da cadencia e aumento do passo; redução
no tempo de subida e descida de escadas; ganhos significativos na pontuação
do GMFM. Em relação ao desempenho funcional escolar, somente a voluntária
de 15 anos apresentou ganhos (40%) nas escalas avaliativas. Melhoras em relação a autoestima e estímulo ao
interesse por atividades físicas (musculação e esportes) foram
observadas. Maior independência nas AVDs foram relatados pelos
pais e responsáveis. |
Guimarães, Santana & Guimarães (2009) Brasil Objetivo: Identificar os efeitos da dança terapêutica
em portadores de distúrbios perceptivo-motores em curto prazo. |
5 indivíduos (4 do sexo feminino e 1 do sexo
masculino) diagnosticados com PC com manifestações clinicas de disfunção
perceptivo-motoras, quadro parético
e déficit de locomoção. |
Ficha de avaliação neurofuncional da clínica de
Fisioterapia da Fafibe; Questionário
semiestruturado. |
Exercícios cinesiotera-pêuticos associados ao
treinamento coreográfico e a musicoterapia (diferentes ritmicidades).
Exercícios de movimento corporal, dando ênfase ao trabalho de
propriocepção, equilíbrio estático e dinâmico, coordenação
neuromuscular, treino de percepção espaço-temporal, trabalho de
imagem e consciência corporal e locomoção. |
2 vezes por semana, sessões de 80 minutos
totalizando 10 semanas de intervenção. |
Melhora do equilíbrio estático e dinâmico,
coordenação neuromuscular grossa, ritmicidade, autoestima, expressão
e esquema corporal. O ambiente da dança terapêutica torna-se favorável
à socialização e a inclusão social melhorando a qualidade de vida. |
Retarekar, Fagala-Pinkhanm & Townsend (2009) Estados Unidos da América Objetivo: Avaliar os efeitos de um programa de exercícios
aeróbicos aquáticos para uma criança com PC. |
1 criança do sexo feminino diagnosticada com PC diplégica
espástica, nível III da escala GMFCS. 5
anos de idade. |
Estudo de caso. Teste de esteira progressivo submáximo (análise da
velocidade, duração e frequência cardíaca). Teste de caminhada de 6 minutos. Medida Canadense de desempenho ocupacional (percepção
dos pais do desempenho e satisfação da criança). GMFM – função motora grossa. Physical
Activity Questionnaire
(aptidão física). |
Programa de exercícios aeróbicos aquáticos
composto por 3 etapas: Aquecimento - 50 a 60% de intensidade (andar na
esteira lentamente); Programa principal – 70-80% de 30 a 40 minutos
(Andar na esteira, transferir brinquedos de um lado a outro da piscina,
saltar com e sem deslocamento, corrida em piscina funda, natação com o
uso de macarrão, chutar a água repetidas vezes quando sentado);
relaxamento – 50% (caminhada lenta e alongamentos). |
3 vezes por semana totalizando 12 semanas
consecutivas. Sessões de 50 minutos. |
Satisfação dos pais em relação ao desempenho de
mobilidade da criança em casa e na comunidade; aumento na pontuação
do GMFM; aumento da distância percorrida no teste de caminhada de 6
minutos; melhora significativa na eficiência do andar; melhora nos
componentes: função do corpo, atividade e participação. |
Rocha, Oliveira & Rocha (2009) Brasil Objetivo: Analisar as contribuições da natação no
tratamento da criança portadora de Paralisia Cerebral. |
1 criança do sexo feminino cadeirante diagnosticada
com PC, com idade de 12 anos. |
Estudo de caso Observação sistemática; entrevistas com perguntas
abertas ao responsável antes e após intervenção. |
Atividade física de força muscular, equilíbrio e
postura e atividades psicomotoras realizadas em meio aquático. |
Atividades realizadas por um período de 1 ano |
Ganho de habilidades motoras; redução da rigidez
muscular; Melhora da amplitude de movimento, equilíbrio e força
muscular, além de motivação e superação da deficiência. |
Ramon & Ortega (2010) Colômbia Objetivo: Determinar mudanças na função motora
grossa e na independência funcional de crianças e jovens com PC
pertencentes à seleção Valle de Bocha. |
Grupo experimental: 10 Crianças e adolescentes
integrantes da seleção Valle de bocha (6 do sexo masculino e 4 do sexo
feminino) com quadro motor variável de leve a severo, com idade de 8 a
25 anos. Grupo controle: 10 Crianças e adolescentes em iguais
condições. |
Índice de Barthel: avaliação do nível de independência
em AVDs. GMFM:
função motora grossa. |
Programa de treinamento esportivo que incluía precisão,
força muscular, trabalho aeróbico, trabalho técnico e tático (leve a
moderado). Grupo controle: sem nenhuma mudança no processo
terapêutico e escolar |
3 aulas por semana com duração de 4 horas, por um
período de 9 meses. |
Melhoras significativas da função motora grossa e
independência funcional. Esporte usado como estratégia terapêutica
para melhora dos coeficientes psicomotores. Maior
motivação e participação social. |
Costa (2010) Brasil Objetivo: Descrever como se deu o processo de inclusão
da prática de capoeira nas escolas Especiais da rede municipal de
ensino de porto alegre no ano de 2009. |
Grupo de deficientes mentais e físicos (PC, síndrome
de Down, autismo e deficiência múltipla), alunos das Escolas Especiais
Dr. Elyseu Panglioli e Lygia Marrone Averbuck, com faixa etária de 7 a
15 anos de idade. |
Pesquisa qualitativa descritiva. Filmagem das aulas e
gravação de registros + registros impressos de alunos e professores
sobre a prática da capoeira |
Roda
de Capoeira |
4 aulas por mês com plano de aula diário com
objetivos motores (movimentação e o jogo), cognitivos (história,
instrumentos, fundamentos dos jogos) e sócio afetivo (relacionamento,
cooperação, respeito e valores) por um período de 5 meses. |
Contribuição no desenvolvimento geral (estimulação
de potencialidades motoras e cognitivas), integração social. |
Kenyon, Sleeper & Tovin (2010) Estados Unidos da América Objetivo: Descrever o desenvolvimento, implementação
e resultados de um programa de intervenção relacionados com o fitness
que abordou os exercícios específicos do esporte de luta Wrestling praticado por um adolescente com Paralisia Cerebral. |
1 indivíduo afro americano do sexo masculino com PC
diplégica espástica. Submetido a tenotomia de tríceps sural bilateral
com 4 anos e novamente com 10 anos de idade. Com 14 anos submetido a
tenotomia de ísquiostibiais. Após reabilitação funcionou em nível I do GMFCS,
juntando-se nessa época a equipe de luta colegial tendo por objetivo
melhorar a força e agilidade. |
Estudo de caso Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF). Questionário de prontidão de atividade física. Teste de potência muscular de Sprint. Para mensurar força de MMII – ensaios de resistência
em 30 segundos de repetição máxima. GMFM (função motora grossa). Shutt
Run
(agilidade). |
Exercícios voltados para favorecer a prática
esportiva Wrestling (combinação
de flexibilidade, resistência muscular e anaeróbia, força, agilidade
e potência). 5 minutos de caminhada na esteira; 1-2 ciclos de um
programa de treinamento com 8 estações a 150 batimentos por minuto -
saltos repetitivos, força de tronco, coordenação, equilíbrio e
agilidade (bola terapia), transição de supino para prono para o de pé,
correr no lugar; abdominais, e flexões. 5 minutos de desaquecimento a 50% da Função Cardíaca
de reserva com exercícios de flexibilidade. Exercícios em casa totalizando mais um dia na semana
(abdominais, flexões, atividades de correr e pedaladas). |
2
vezes por semana, 45 min, totalizando 10 semanas. |
Relato em ganho de agilidade na transição do chão
para o de pé durante as lutas. Melhora na capacidade para realizar tarefas de
treinamento como polichinelos e flexões. Andar de bicicleta mais rápido e por longas distâncias,
correr mais rápido e saltar tanto maior e mais foram observados. Melhora na confiança e motivação para o esporte. A luta presta-lhe aumento das oportunidades de interação
social e participação da comunidade, base para um estilo de vida
ativo. Melhoras significativas em todos os testes
analisados. |
Santos & Braga (2010) Brasil Objetivos: Verificar a qualidade de vida em crianças
e adolescentes com Paralisia Cerebral que realizam Fisioterapia e que
praticam aulas de dança. |
20 crianças e adolescentes diagnosticados com
Paralisia Cerebral com idades entre 5 e 19 anos divididas em 2 grupos:
grupo experimental (10 crianças de ambos os sexos que realizavam
Fisioterapia e dança por pelo menos a 1 ano) e grupo controle (10 crianças
e adolescentes de ambos os sexos que realizavam somente Fisioterapia) |
Questionário de qualidade de vida respondido pelos
pais ou responsáveis: Child Heath
Questionnaire (CHQ-PF50) |
Aulas de dança divididas em: 30 minutos de
aquecimento (alongamento, normalização do tônus e inibição de padrões
patológicos), 40 minutos de atividades rítmicas e 10 minutos de
relaxamento. |
Grupo experimental: Fisioterapia 2 vezes na semana 50
minutos e dança 1 vez na semana 80 minutos. Grupo Controle: Fisioterapia 2 vezes na semana 50
min. |
A saúde mental e a autoestima do grupo experimental
apresentaram melhora estatisticamente significante em relação ao grupo
controle. Melhora da qualidade de vida, da autoconfiança, maior
controle sobre as percepções e reações física e emocional, melhor
concepção de si mesmo, menor prejuízo em relação ao estresse,
ansiedade e depressão. Melhora
da imagem corporal, socialização e relação familiar. |
Barbosa, Costa & Ries (2012) Brasil Objetivo: Identificar a influência de um programa de
treinamento de corrida de 12 semanas na aptidão física e motora em
indivíduos com PC de Florianópolis – SC |
6 sujeitos com PC espástica (4 do sexo masculino e 2
do sexo feminino) com média de idade de 24,66 anos, classificados
funcionalmente em classe VI, VII, VIII de acordo com o sistema de
classificação da United States Cerebral Palsy Athlete – USCPAA. |
Diário de campo com registro dos treinos. Testes para composição corporal (dobras cutâneas),
flexibilidade (teste modificado de Thomas e sentar e alcançar – banco
de Wells), resistência muscular localizada (teste de abdominais de 1
minuto), agilidade (Shuttle run),
resistência cardiorrespiratória (Teste de 1500 metros) e velocidade
(Teste de velocidade de 50 metros). Avaliação realizada no início e
no término após 12 semanas do programa de atividades. |
Programa de Atletismo de 12 semanas, composto por
atividades adaptadas com o objetivo de desenvolver coordenação da
marcha e da corrida, equilíbrio estático e dinâmico, força,
velocidade, flexibilidade e potência de membros inferiores. Circuitos de corrida, atividades em superfícies instáveis,
exercícios de transferência e estabilização, abdominais,
alongamentos passivos, exercícios proprioceptivos. |
Programa de treino de atletismo de 70 minutos 3 vezes
por semana para os 4 homens e 2 vezes na semana para as 2 mulheres |
A prática de atividade física ou esporte por indivíduos
com PC podem ser benéficas para as variáveis de aptidão física e
motora. Melhora da saúde geral
e qualidade de vida |
Maia (2012) Brasil Objetivo: avaliar se os exercícios de contato
aplicados a crianças com PC, podem impactar na modificação e ampliação
do seu repertório de mobilidade e de expressões cognitivas (atenção)
e emocionais (satisfação e insatisfação) durante a atividade
proposta. |
6 crianças com idade entre 5 e 9 anos (4 meninos e 2
meninas), com quadro clínico de quadriplegia do tipo mista GMFCS nível
5 |
Ensaio clínico experimental: Testes
mental maturity scale –
CMMS – Columbia Gross Motor Function Classification System -GMFCS; Ectograma: categorização de variáveis para observação
do comportamento. Realizados pré e pós 21 sessões de intervenção. |
Dança de contato Exercícios de rolar, girar, subir, escorregar,
aproximar, afastar, inclinar e retornar a inclinação |
0 - 2 sessões semanais de 30 minutos totalizando 21
sessões |
Melhora da atenção, redução dos movimentos
involuntários, redução dos movimentos incoordenados da cabeça, do
tronco e membros superiores. Melhora
da funcionali-dade e expressividade cognitivas e emocionais. |
Rebelo (2014) Portugal Objetivo: Verificar até que ponto a dança pode
contribuir para a inclusão das crianças portadoras de Paralisia
Cerebral na sociedade em que estão inseridas tendo em consideração os
seus benefícios terapêuticos. |
Amostra composta por 125 docentes de portadores de PC
que praticam a dança. |
Pesquisa quanti-qualitativa. Questionário com questões abertas sobre o processo
de inclusão de indivíduos com PC por meio da dança. Destinados
aos docentes. |
Grupos de dança que incluem indivíduos portadores
de PC não especificado pelo autor. |
______________ |
Crianças com PC são emocionalmente favorecidas pelo
ambiente da dança. Torna-se participante ativo no processo de reabilitação.
Estimulo a trocas afetivas, melhora da autoconfiança, melhora do
desempenho físico. |
Teixeira, Azevedo & Santana (2017) Estados Unidos da América Objetivo: Investigar os efeitos da dança sobre a
funcionalidade e ajuste psicossocial de indivíduos jovens com PC. |
Amostra composta por 26 jovens com PC GMFCS II a V
randomizados em 2 grupos de intervenção: Cinesioterapia + dança n=13. |
Ensaio clínico controlado randomizado. Medida de independência funcional (FIM) Avaliação de saúde e deficiência (WHODAS) Classificação internacional de funcionalidade (CIF) Avaliados antes e após cada intervenção. |
Grupos randomizados com n=13 cada com intervenções
de cinesioterapia associada à dança. |
24 sessões ao todo. 1 hora, 2 vezes semanais |
A dança aumentou a classificação de independência
funcional em relação aos cuidados pessoais, mobilidade, locomoção,
comunicação, função cognitiva. A dança promoveu o aprimoramento na funcionalidade e
atividades sociais em relação aos ajustes psicossociais |
Discussão
De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, atividade física não se limita à prática de atividade esportiva,mas diz respeito a qualquer movimento resultante de contração muscular e que eleve o gasto energético acima do basal. Assim sendo, o conceito inclui todo tipo de atividade recreativa, de lazer, ocupacional, domiciliar ou mesmo terapêutica (Lazzoli et al.,1998).
Nesse contexto, é conhecido que programas de atividades físicas contribuem de forma positiva para os aspectos físicos, fisiológicos, cognitivos e psicológicos em indivíduos saudáveis. Diante desta perspectiva pesquisas vêm sendo realizadas na tentativa de reproduzir e comprovar tais benefícios também para pessoas com Paralisia Cerebral (Sousa & Teixeira-Arroyo, 2012).
A busca em literatura especializada permitiu reunir diferentes programas de atividades físicas que demonstraram respostas benéficas semelhantes à normalidade frente a estes indivíduos levando em consideração fatores físicos, cognitivos e emocionais. As atividades reportadas foram: atividades desportivas, recreativas e psicomotoras; polybat; atividades aquáticas; exercícios funcionais; bocha; dança coreográfica; exercícios aeróbicos e anaeróbicos; capoeira; atletismo; Wrestling e dança de contato.
Dentre todos os programas verificados dois obtiveram maiores destaques nesta revisão, as atividades aquáticas e a dança, citados cada um por 5 dos 20 estudos analisados.
Os principais resultados dos estudos que envolveram a dança trouxeram a questão emocional como foco. Observou-se melhora da autoconfiança e autoestima. A dança proporcionou um estímulo às trocas afetivas e a capacidade do indivíduo obter uma melhor concepção de si e do outro. Ainda foram observados: melhora do desempenho físico, redução de movimentos involuntários e incoordenados, maiores noções de esquema corporal, coordenação motora, ritmo, equilíbrio, funcionalidade e expressividade (Guimarães, Santana & Guimarães, 2009; Santos & Braga, 2010; Maia, 2012; Rebelo, 2014).
A dança para indivíduos com PC funciona como uma terapia que fornece um excelente estímulo para experimentação sensorial, ritmo, equilíbrio, coordenação, desenvolvimento motor e socialização (Silva, Carvalho & Millen Neto, 2009).
Ainda, a dança comporta aspectos físicos, lúdicos, pedagógicos e psicomotores. A associação da dança com a paralisia cerebral apresenta-se além de terapêutica e inclusiva, como uma forma dos portadores desta deficiência refletir sobre si, sobre o seu corpo e a sua condição, procurando sempre superar as suas limitações (Maia, 2012; Rebelo, 2014).
As questões emocionais e afetivas são fundamentais para uma boa autoimagem e autoestima, quando esses fatores encontram-se equilibrados há uma maior probabilidade de integração nos vários contextos sociais, assim os fatores de proteção se sobrepõem aos fatores de risco, há superação da deficiência, consequente resiliência (Sereno, 2011).
Gouveia (2011) em sua tese de mestrado procurou junto a profissionais tais como Médicos, Fisioterapeutas e Psicólogos o que realmente era essencial trabalhar com o aluno diagnosticado com PC, em seguida recolheu experiências de profissionais de Educação Física na tentativa de perceber o que estava sendo feito para então propor estratégias para que estes fossem cada vez mais assertivos em sua ação. Assim Gouveia (2011) identificou que as atividades aquáticas são consideradas as mais benéficas a esta população, fundamentais para um desenvolvimento harmonioso de qualidades físicas, psicológicas e sociais.
Os estudos referentes a esta pesquisa que utilizaram as atividades aquáticas como forma de intervenção apresentaram como resultados: melhora na função social, nas habilidades motoras, nas habilidades manuais e resolução de problemas. Maior agilidade em meio líquido e melhora das habilidades psicomotoras. A facilitação do movimento permitiu a percepção do corpo suas potencialidades e capacidades (Teixeira-Arroyo & Oliveira, 2007). Melhora na eficiência do andar e nos componentes – função do corpo, participação e atividade (Retarekar, Fragala-Pinkham & Townsend, 2009). Maior independência, melhora da saúde e consequentemente melhora na qualidade de vida (Aidar et al.,2006; Aidar et al., 2007).
A dependência para realizar atividades de vida diária promove sinais de desilusão e vulnerabilidade. A resiliência permite ao indivíduo reconhecer as suas limitações num processo de autoconhecimento tirando o foco das dificuldades, potencializando os recursos positivos para que haja adaptação e ajustamento social (Sereno, 2011).
A prática esportiva torna a comunicação mais fácil, os seus praticantes se sentem menos tristes e sozinhos, aceitando melhor como eles são (Sereno, 2011). A Paralisia Cerebral enquanto distúrbio da motricidade que afeta o desenvolvimento não impede a realização de atividades motoras, desde que a limitação de cada um seja respeitada. Somente o fato de estar fora da cadeira de rodas já leva a uma sensação de superação de obstáculos, medos e angústias (Rocha et al., 2009).
A existência de oportunidades associada à boa relação familiar e social é referida na literatura com sendo o principal fator de proteção. Além disso, diz-se que um indivíduo é resiliente quando há expectativa de sucesso futuro, senso de humor, otimismo, entusiasmo, mente receptiva a novas ideias e experiências, boa capacidade de adaptação e habilidades para lidar com diferentes situações, tolerância ao sofrimento, estabilidade emocional, envolvimento em diferentes atividades, comportamento direcionado a metas e uma boa autoestima (Sanches & Rubio, 2010).
Os principais benefícios encontrados no estudo que mais aproximam o individuo com PC da resiliência giraram em torno da superação das incapacidades, como: maior tolerância à frustração, automotivação, autoestima, percepção do corpo suas potencialidades e capacidades, maior participação e interação social, autoconfiança, percepção de si e independência.
Outros benefícios como melhora do desenvolvimento geral, maior amplitude de movimento, ganho de equilíbrio, força, memória, atenção e concentração também foram destacados.
Independente da idade, sexo, quadro motor e dos objetivos propostos, todos os estudos apresentados mostraram melhoras qualitativas nas funções investigadas seja físico ou emocional. Porém os poucos estudos analisados apresentaram resultados que não podem ser em sua maioria generalizada, uma vez que, trabalharam com estudos de casos ou amostras reduzidas, além de grupos heterogêneos, o que pode ser explicado pelos inúmeros tipos de PC, o que torna difícil a constituição de uma amostra mais homogênea (Mancini et al., 2002).
Além dos benefícios perante aos fins preventivos, corretivos e de reabilitação, a atividade física mostrou-se importante veículo de integração/inclusão. O esporte, além de desenvolver potencialidades, é um excelente meio de levar o deficiente à superação das suas limitações obtendo assim respeito, invalidando a ideia de que a deficiência incapacita.
Conclusão
Após análise dos estudos conclui-se, portanto, que a atividade física reforça os principais fatores de proteção que são fundamentais para a resiliência. Melhora na autoestima, autoconfiança, capacidade de enfrentamentos, apoio social, percepção de si e independência foram características importantes observadas e associadas à prática da atividade física.
Assim, a atividade física mostrou-se um importante aliado à reabilitação. A Fisioterapia associada à atividade física demonstrou maior benefício frente às aquisições motoras, intelectuais, qualidade de vida e superação da incapacidade.
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