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ISSN 1514-3465

 

Comparação da flexibilidade e mobilidade 

articular em escolares dançarinas e não dançarinas

Comparison of Flexibility and Joint Mobility in Student Dancers and Non-Dancers

Comparación de flexibilidad y movilidad articular en bailarinas y no bailarinas

 

Guilherme de Oliveira dos Santos*

gui.oliveira3881@gmail.com

Richard Willian Machado dos Santos**

machadorichard79@gmail.com

Josiano Guilherme Puhle***

puhlejosianoguilherme@gmail.com

 

*Licenciado en Educación Física

na Universidad del Oeste de Santa Catarina (UNOESC)

Campus São Miguel do Oeste

Formado em Educação Física, com foco

em práticas pedagógicas e promoção da saúde

**Estudante de Educação Física

na Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)

Campus São Miguel do Oeste

***Doutorado em Ciências da Saúde

Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNO)

Mestrado em Ciências Biomédicas

Universidade Federal da Fronteira Sul

Educação Física Bacharelado

Centro Universitário Leonardo da Vinci

Professor na Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC)

(Brasil)

 

Recepción: 10/08/2024 - Aceptación: 02/11/2024

1ª Revisión: 10/10/2024 - 2ª Revisión: 29/10/2024

 

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Cita sugerida: Santos, G. de O. dos, Santos, R.W.M. dos, e Puhle, J.G. (2025). Comparação da flexibilidade e mobilidade articular em escolares dançarinas e não dançarinas. Lecturas: Educación Física y Deportes, 30(323), 75-89. https://doi.org/10.46642/efd.v30i323.7826

 

Resumo

    A flexibilidade e a mobilidade articular desempenham papéis cruciais na saúde e no desempenho físico dos adolescentes. Com o crescente interesse na dança como uma forma de exercício e atividade extracurricular, este estudo visa comparar a flexibilidade e mobilidade articular relacionada à saúde de adolescentes praticantes e não praticantes de dança. A seleção da amostra ocorreu de maneire intencional, a qual foi composta por 20 adolescentes do sexo feminino, com idade de 15 anos, divididos em dois grupos: Controle (GC), com 10 não praticantes de dança, e Dança (GD), com 10 praticantes de dança por pelo menos um ano. A flexibilidade dos músculos isquiotibiais foi avaliada pelo teste de sentar e alcançar, e a mobilidade articular do quadril foi medida por goniometria. Para análise estatística foram aplicados os testes de Shapiro-Wilk (normalidade) e Teste T de Student para amostras independentes. Os resultados mostraram que o grupo de dança apresentou maior flexibilidade (GC=40,9 cm; GD=52,4 cm, p=0,001) e melhores resultados em vários testes de mobilidade articular: rotação interna do quadril direito (GC=49; GD=51, p=0,002), flexão do quadril com joelho flexionado direito (GC=59,4; GD=62,2, p=0,007) e abdução do quadril esquerdo (GC=63,6; GD=68,8, p=0,001). Conclui-se que a prática de dança está associada a maior flexibilidade e melhor mobilidade articular dos membros inferiores em adolescentes, promovendo maiores ganhos físicos relacionados à saúde.

    Unitermos: Dança. Destreza motora. Flexibilidade. Estudantes.

 

Abstract

    Flexibility and joint mobility play crucial roles in the health and physical performance of adolescents. With the growing interest in dance as a form of exercise and extracurricular activity, this study aims to compare flexibility and health-related joint mobility between adolescent dance practitioners and non-practitioners. The sample was intentionally selected and consisted of 20 female adolescents, aged 15 years, divided into two groups: Control (GC), with 10 non-dancers, and Dance (GD), with 10 dancers who had practiced for at least one year. Flexibility of the hamstring muscles was assessed using the sit-and-reach test, and hip joint mobility was measured by goniometry. Statistical analysis included Shapiro-Wilk tests (normality) and Student’s t-test for independent samples. The results showed that the dance group exhibited greater flexibility (GC=40.9 cm; GD=52.4 cm, p=0.001) and better results in several joint mobility tests: internal rotation of the right hip (GC=49; GD=51, p=0.002), flexion of the right hip with the knee flexed (GC=59.4; GD=62.2, p=0.007), and abduction of the left hip (GC=63.6; GD=68.8, p=0.001). It is concluded that dance practice is associated with greater flexibility and better joint mobility of the lower limbs in adolescents, promoting greater physical health benefits.

    Keywords: Dance. Motor skills. Flexibility. Students.

 

Resumen

    La flexibilidad y la movilidad de las articulaciones desempeñan papeles cruciales en la salud y el rendimiento físico de los adolescentes. Con el creciente interés en la danza como forma de ejercicio y actividad extracurricular, este estudio tiene como objetivo comparar la flexibilidad relacionada con la salud y la movilidad articular de bailarines adolescentes y no practicantes de danza. La selección de la muestra ocurrió de manera intencional, la cual estuvo compuesta por 20 adolescentes del sexo femenino, con edades de 15 años, divididas en dos grupos: Control (CG), con 10 no practicantes de danza, y Danza (GD), con 10 bailarines durante al menos un año. La flexibilidad de los músculos isquiotibiales se evaluó mediante el test de sentarse y alcanzar y la movilidad de la articulación de la cadera se midió mediante goniometría. Para el análisis estadístico se aplicó la prueba de Shapiro-Wilk (normalidad) y la prueba T de Student para muestras independientes. Los resultados mostraron que el grupo de danza presentó mayor flexibilidad (CG=40,9 cm; GD=52,4 cm, p=0,001) y mejores resultados en varias pruebas de movilidad articular: rotación interna de la cadera derecha (GC=49; GD=51, p=0,002), flexión de cadera con la rodilla derecha flexionada (GC=59,4; GD=62,2, p=0,007) y abducción de la cadera izquierda. (CG=63,6; GD=68,8, p=0,001). Se concluye que el baile se asocia con mayor flexibilidad y mejor movilidad articular de miembros inferiores en adolescentes, promoviendo mayores ganancias físicas relacionadas con la salud.

    Palabras clave: Danza. Destreza motriz. Flexibilidad. Estudiantes.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 323, Abr. (2025)


 

Introdução 

 

    A flexibilidade e a mobilidade são componentes essenciais da saúde de crianças e adolescentes, contribuindo significativamente para seu desenvolvimento físico e bem-estar geral (Santonja-Medina et al., 2020). A flexibilidade, a capacidade de mover as articulações através de uma amplitude completa de movimento, e a mobilidade, que se refere à facilidade com que esses movimentos são realizados, são cruciais para prevenir lesões, melhorar a postura e promover a eficiência dos movimentos. (Guimaraes, 2024)

 

    Exercícios regulares que promovem essas habilidades não só aprimoram o desempenho em atividades físicas e esportes, como também suportam o crescimento saudável, a coordenação motora e a confiança dos jovens em suas capacidades físicas (Cáceres Broqué, Midrigal Castro, e León Vázquez, 2018). A inclusão da dança, por meio de práticas de flexibilidade e mobilidade no currículo escolar pode, portanto, desempenhar um papel vital na promoção de hábitos saudáveis e na preparação dos alunos para uma vida ativa e equilibrada. (Capricho, e Cancio, 2024)

 

    No contexto da dança escolar, é importante que os professores estejam cientes dos benefícios e das estratégias para o desenvolvimento da flexibilidade de forma segura e eficaz (Santonja-Medina et al., 2020). Kaushik, e Kaushik (2024) destacam a importância do aquecimento adequado antes das aulas de dança, incluindo exercícios específicos de alongamento e atividades aeróbicas que visam preparar os músculos para a prática. Além disso, é fundamental que os professores orientem os alunos sobre a importância de respeitar os limites de seus corpos e evite forçar os movimentos além do que é seguro.

 

    Diversas abordagens podem ser utilizadas para desenvolver a flexibilidade por meio da dança escolar. Capricho, e Cancio (2024) enfatizam a importância do treinamento progressivo, onde os dançarinos, que são gradualmente expostos a exercícios de alongamento mais desafiadores à medida que sua flexibilidade melhora.

 

    Liang, Hongfeng, e Ying (2024) demonstraram que o treinamento excêntrico na flexibilidade e força contribui para o aumento da amplitude de movimento em diferentes articulações em jovens estudantes de dança. Os dançarinos que apresentam maior flexibilidade tendem a ter uma técnica mais apurada, executando movimentos com maior precisão e fluidez. A flexibilidade também está relacionada à melhoria do equilíbrio e da postura, características fundamentais para uma performance de qualidade (Santonja-Medina et al., 2020). É importante ressaltar que cada aluno possui um nível de flexibilidade único, e os professores devem adaptar suas abordagens de acordo com as necessidades individuais. (Pérez, e Romero-Arenas, 2023)

 

    Kaushik, e Kaushik (2024) destacam a importância de abordar a flexibilidade de forma inclusiva, respeitando a diversidade de corpos e suas características únicas. Estratégias diferenciadas, como variações de movimentos e adaptações de posturas, podem ser utilizadas para permitir que todos os alunos participem ativamente das aulas de dança, independentemente de sua flexibilidade.

 

    A flexibilidade é uma habilidade física importante na dança escolar e pode ser aprimorada por meio do treinamento específico de flexibilidade (Pérez, e Romero-Arenas, 2023). A integração da dança ao currículo de educação física pode ser uma forma eficaz de melhorar a flexibilidade e o desempenho dos estudantes na dança escolar. A flexibilidade corporal é uma habilidade física importante na dança, permitindo que os dançarinos realizem movimentos amplos e fluidos com facilidade. Na escola, a dança pode ser uma atividade extracurricular ou integrada ao currículo de educação física, e a flexibilidade pode ser uma parte fundamental da formação dos estudantes dançarinos. (Capricho, e Cancio, 2024, Liang, Hongfeng, e Ying, 2024)

 

    Nesse sentido, partindo do pressuposto das informações acima, o presente trabalho possuí como principal objetivo comparar a flexibilidade e mobilidade articular relacionada à saúde de adolescentes praticantes e não praticantes de dança.

 

Metodologia 

 

Participantes 

 

    A proposta foi realizada com a participação de adolescentes com 15 anos de idade de uma escola estadual da rede pública do município de Guaraciaba. A amostra foi composta por 20 alunas do sexo feminino separadas em dois grupos:

  • Grupo Controle (GC): Que foi composto por 10 adolescentes, com idade de 15 anos, sendo, todas do sexo feminino. Que não possuem qualquer contato com a dança.

  • Grupo Dança (GD): Foi composto por 10 adolescentes com idade de 15 anos sendo todos do sexo feminino, que praticavam dança.

Coleta de dados 

 

    A presente pesquisa se caracteriza como quantitativa, do tipo descritiva e comparativa. Obteve-se a aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Oeste de Santa Catarina, sob o CAAE 18882719.7.0000.5367. Inicialmente, fez-se a conversa com a intuição e com o professor responsável; em um segundo momento, foi apresentada a proposta de testes para o público alvo. Após a proposta aceita de forma voluntária por parte das educandas referentes, coletou-se os Termos de Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE) e Termo de Assentimento (TA). No terceiro momento aplicou-se os testes de flexibilidade e mobilidade articular.

 

Análise da flexibilidade 

 

    Para a realização da coleta de dados, foi utilizado o protocolo do Proesp (Gaya et al., 2021) com o teste de sentar e alcançar. O teste consiste em posicionar uma fita métrica sob o chão, na marca de 38 cm desta fita foi posto um pedaço de fita adesiva de 30 cm em perpendicular, a fita adesiva fixou a fita métrica no piso da sala. As alunas avaliadas estavam descalços, os calcanhares tocaram a fita adesiva na marca dos 38 cm e estavam separados por 30 cm. Com os joelhos estendidos e as mãos sobrepostas, as alunas inclinaram-se lentamente e estenderam as mãos para frente o mais distante possível. As alunas permaneceram nessa posição o tempo necessário para que a distância fosse anotada.

 

    Foram realizadas 3 tentativas, sendo utilizada a média das tentativas para definir o resultado final. Ao final da intervenção os participantes receberam os resultados individuais e orientação sobre aspectos de saúde, visando a melhora da flexibilidade.

 

Figura 1. Teste de flexibilidade

Figura 1. Teste de flexibilidade

Fonte: Gaya e colaboradores (2021)

 

Análise da mobilidade articular 

 

    Tendo como base o teste de goniometria que de forma básica tem o objetivo de fazer a medição de ângulos das articulações do corpo humano que são ligados com o teste de flexibilidade de membros inferiores. Considerando os movimentos de rotação medial, lateral, flexão com joelho fletido, flexão com joelho estendido, abdução, adução e extensão, a goniometria é empregada para medir os ângulos das articulações durante a avaliação da flexibilidade dos membros inferiores. (Marques, 2014)

 

    Durante a flexão do quadril com joelho fletido e estendido (Figura 2), o braço móvel do goniômetro é colocado na lateral da coxa em direção ao côndilo lateral do fêmur, enquanto o indivíduo permanece deitado em posição dorsal. O braço fixo do goniômetro é alinhado com a linha média axilar do tronco, e o eixo é posicionado próximo ao trocânter maior. Já para a extensão do quadril em decúbito ventral, o goniômetro mantém a mesma posição adotada na flexão do quadril (Figura 3). (Marques, 2014)

 

Figura 2. Goniometria flexão de quadril

Figura 2. Goniometria flexão de quadril

Fonte: Marques (2014)

 

Figura 3. Goniometria extensão de quadril

Figura 3. Goniometria extensão de quadril

Fonte: Marques (2014)

 

    Na abdução (Figura 4) e adução (Figura 5) do quadril, o paciente encontra-se deitado dorsalmente. O braço móvel do goniômetro é posicionado sobre a região anterior da coxa, ao longo da diáfise do fêmur, enquanto o braço fixo fica sobre a linha entre as espinhas ilíacas ântero-superiores, e o eixo está na região ântero-posterior da articulação do quadril, próximo ao trocânter maior. (Marques, 2014)

 

Figura 4. Goniometria abdução de quadril

Figura 4. Goniometria abdução de quadril

Fonte: Marques (2014)

 

Figura 5. Goniometria adução de quadril

Figura 5. Goniometria adução de quadril

Fonte: Marques (2014)

 

    A rotação interna (Figura 6) e externa (Figura 7) do quadril é executada com o indivíduo sentado, com joelho e quadril fletidos a 90 graus. O eixo do goniômetro é alinhado com a face anterior da patela. Durante a rotação interna, o braço móvel do goniômetro é posicionado ao longo da tuberosidade da tíbia, entre os maléolos, enquanto o braço fixo fica paralelo à linha média anterior da tíbia, e o eixo está próximo ao centro do joelho. Na rotação externa, o braço móvel é colocado sobre a margem anterior da tíbia, e o braço fixo é perpendicular à margem anterior da tíbia, com o eixo axial sobre a linha articular do joelho. (Marques, 2014)

 

Figura 6. Goniometria rotação interna de quadril

Figura 6. Goniometria rotação interna de quadril

Fonte: Marques (2014)

 

Figura 7. Goniometria rotação externa de quadril

Figura 7. Goniometria rotação externa de quadril

Fonte: Marques (2014)

 

Análise estatística 

 

    As diferenças estatísticas entre os conjuntos de valores dos diferentes tratamentos foram determinadas usando o Teste T de Student para amostras independentes, após teste de normalidade de Shapiro-Wilk. O software utilizado para as análises foi o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas com p ≤ 0,05. Os dados categóricos foram expressos em frequências, por meio da análise descritiva de resultados.

 

Resultados e discussão 

 

    A amostra do estudo foi composta por dois grupos, sendo eles o grupo controle formado por não dançarinos e pelo grupo dança formado por alunas de dança de diferentes grupos artísticos. Os grupos foram pareados com uma base de 15 anos de idade sendo todas do sexo feminino.

 

    A Tabela 1 apresenta a caracterização da primeira parte da amostra do estudo, incluindo informações sobre Idade, Peso, Altura e IMC das alunas participantes. No entanto, é importante destacar que não foram observados resultados estatisticamente significativos nessas variáveis amostrais.

 

Tabela 1. Caracterização da Amostra

Variável

GC

GD

p

Idade

15

15

-

Peso

54,64 ± 8,88

55,93 ± 5,36

0,700

Altura

159,20 ± 8,77

163,30 ± 6,73

0,257

IMC

21,79 ± 4,65

20,93 ± 1,24

0,584

Nota: Dados expressos em média e desvio padrão. Unidade de Medida centímetros (cm). Fonte: Os autores

 

    Conforme a Tabela 2, são exprimidos os resultados referentes a flexibilidade e mobilidade articular das avaliadas.

 

Tabela 2. Comparação da flexibilidade e mobilidade articular

Teste

GC

GD

p

Flexibilidade (cm)

40,9 ± 2,69

52,4 ± 4,84

p<0,001*

Abdução Quadril Direito

73,1 ± 3,38

74,2 ± 2,66

0,430

Abdução Quadril Esquerdo

63,6 ± 3,57

68,6 ± 1,35

0,001*

Adução Quadril Direito

31,1 ± 0,99

33 ± 1,41

0,003*

Adução Quadril Esquerdo

32,4 ± 2,07

34,2 ± 1,69

0,047*

Extensão de Quadril Direito

51,9 ± 1,20

52,6 ± 1,17

0,203

Extensão de Quadril Esquerdo

39,8 ± 1,32

41,7 ± 1,16

0,003*

Flexão Quadril Joelho Flexionado Direito

59,4 ± 2,37

62,2 ± 1,55

0,007*

Flexão Quadril Joelho Flexionado Esquerdo

79,9 ± 2,08

80,6 ± 1,51

0,401

Flexão Quadril Joelho Estendido Direito

119,7 ± 1,57

121,4 ± 1,51

0,024*

Flexão Quadril Joelho Estendido Esquerdo

110,2 ± 1,55

111,6 ± 1,43

0,050*

Rotação Interna de Quadril Direito

49 ± 1,15

51 ± 1,25

0,002*

Rotação Interna de Quadril Esquerdo

40,2 ± 1,75

41,3 ± 1,16

0,118

Rotação Externa de Quadril Direito

39,4 ± 1,17

41,2 ± 1,23

0,004*

Rotação Externa de Quadril Esquerdo

41,5 ± 1,90

43,4 ± 1,43

0,022*

Nota: *Valor significativo por meio do Teste T de Student para amostras independentes. Fonte: Os autores

 

    Começando pelo teste de flexibilidade de sentar e alcançar, ao comparar o GC com o GD (40,9 cm - 52,4 cm, p=0,001). Analisando os dados do Manual do Proesp (2016) os dois grupos se encontram na zona de saúde, sendo que o grupo controle se caracteriza como bom, e o grupo dança como muito bom.

 

    Contudo nos testes de mobilidade articular houve diferença estatisticamente significativa nos testes de: Rotação Interna Quadril Direito (GC=49 - GD=51, p=0,002), Rotação Externa Quadril Direito (GC=39,4 - GD=41,2, p=0,004) Rotação Externa Quadril Esquerdo (GC= 41,5 - GD=43,4, p=0,022), Flexão Quadril Joelho Flexionado Direito (GC=59,4 - GD=62,2, p=0,007), Flexão Quadril Joelho Estendido Direito (GC=119,7 - GD=121,4, p=0,024), Flexão Quadril Joelho Estendido Esquerdo (GC=110,2 - GD=111,6, p=0,050), Abdução Quadril Esquerdo (GC=63,6 - GD=68,8, p=0,001), Adução Quadril Direito (GD=31,1 - GD=33, p=0,003), Adução Quadril Esquerdo (GC=32,4 - GD=34,2, p=0,047), Extensão Quadril Esquerdo (GC=39,8 - GD=41,7, p=0,003).

 

    Os níveis de flexibilidade das alunas praticantes de dança são melhores que os alunas não praticantes, nesse sentido os dados demonstram que há diferença na flexibilidade entre os escolares, corroborando com a literatura. (Názario, e Silva, 2019; Pérez, e Romero-Arenas, 2023)

 

    Em um estudo de Cigarro, Ferreira, e Mello (2006), mostra-se que o grupo de bailarinas que foi submetido a testes articulares, apresentou um aumento notável na amplitude de movimento da articulação do quadril em todas as direções testadas (flexão estendida e flexionada, extensão e abdução). Esta diferença entre os grupos indica que o grupo que participou do treinamento de flexibilidade e praticava dança teve um aumento significativo na amplitude de movimento em comparação com o grupo controle.

 

    Considerando a importância da flexibilidade para a execução de movimentos técnicos no ballet clássico, pode-se inferir que o treinamento de flexibilidade, quando combinado com as aulas de ballet clássico, pode melhorar a performance e ajudar a manter as linhas necessárias para a execução de passos mais avançados por bailarinas (Bazán et al., 2016). Um estudo desenvolvido por Bennell (2001), no qual examinou mudanças na amplitude de movimento ativa (ADM) do quadril e tornozelo e na força muscular do quadril em jovens bailarinas iniciantes (8-11 anos), foi observado que bailarinos clássicos são mais flexíveis que não dançarinos em várias áreas, mas menos flexíveis na adução passiva do quadril e rotação interna. A falta de mudança foi atribuída à limitação mecânica da estrutura articular. Nesse sentido, reforça-se os achados da presente pesquisa, onde na maioria dos movimentos articulares os dançarinos se sobressaíram.

 

    A análise da relação entre a flexibilidade e a capacidade de dançar em estudantes do ensino médio, proposta por Capricho, e Cancio (2024), demonstrou que os estudantes com maior flexibilidade eram capazes de realizar movimentos mais complexos e expressivos na dança, sugerindo que a flexibilidade pode ser uma habilidade importante para o desempenho dos estudantes na dança escolar. Corroborando com o presente estudo nota-se que os alunos que praticam algum tipo de dança têm melhor flexibilidade e mobilidade articular, por isso conseguem executar com maior destreza alguns dos movimentos anatômicos do corpo humano.

 

    Outro estudo realizado por Alricsson et al. (2003) concluiu que o treinamento de dança tem um efeito positivo na mobilidade articular, flexibilidade muscular e desempenho em jovens esquiadores cross-country, especialmente nas articulações da coluna, quadril e tornozelo. O estudo avaliou os efeitos de curto prazo (3 meses) e longo prazo (8 meses) do treinamento de dança, observando melhorias significativas na flexão-extensão e flexão lateral da coluna, bem como na velocidade e agilidade dos esquiadores. Esses resultados indicam que o treinamento de dança pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a mobilidade e flexibilidade, além de contribuir para o desempenho atlético. Tendo em vista os presentes achados, justifica-se os melhores resultados na mobilidade articular pelo GD.

 

    Além disso, um estudo realizado por Rijaly, e Nurharini (2023) que avaliaram a efetividade de um programa de treinamento específico para a dança, chegando à conclusão que os alunos fortalecem suas habilidades físicas por meio de exercícios cinestésicos realizados em etapas, nos quais a dança contribuiu significativamente para o aumento da flexibilidade, o que, por sua vez, possibilitou a execução de movimentos de dança mais sofisticados e expressivos. Contribuindo com o presente estudo, os alunos com os melhores movimentos articulares são os praticantes da dança, pois é evidente a necessidade de uma flexibilidade melhor e adequada para alcançar a perfeição dos movimentos.

 

    Um estudo realizado por Lee, Hui-Chan, e Tsang (2014) avaliou o efeito de um programa de dança integrado ao currículo de educação física na melhoria da flexibilidade dos estudantes, onde evidenciou-se que o programa de dança foi eficaz na melhoria da flexibilidade dos estudantes em várias áreas do corpo, como ombros, quadril e tornozelo. Neste sentido, corrobora-se com o presente estudo, tendo em vista que a flexibilidade dos músculos isquiotibiais dos estudantes praticantes de dança é maior do que aqueles que não praticam.

 

Conclusão 

 

    Levando em consideração os resultados do presente estudo referente à flexibilidade e mobilidade articular do quadril, foi possível concluir que os estudantes que praticam dança escolar demonstraram significativamente melhor desempenho nesses aspectos em comparação aos alunos que não participam dessa modalidade. Este achado ressalta a importância da dança como uma prática educacional benéfica não apenas para o desenvolvimento artístico e físico, mas também para a saúde musculoesquelética dos jovens. A dança não apenas promove o aumento da flexibilidade e mobilidade, mas também fortalece músculos específicos e melhora a postura, aspectos essenciais para prevenir problemas musculares e articulares que podem surgir ao longo da vida.

 

    Recomenda-se, portanto, que os professores de Educação Física incorporem mais conteúdos de dança em seus currículos, aproveitando seu potencial para aprimorar não apenas a coordenação motora, mas também a flexibilidade dos alunos. Além de contribuir para a formação integral dos estudantes, a inclusão da dança nas aulas pode estimular o interesse pela prática regular de atividades físicas ao longo da vida. Por meio de atividades extracurriculares que incentivem a prática da dança escolar, os estudantes podem desenvolver não apenas habilidades físicas, mas também habilidades sociais, culturais e emocionais que são fundamentais para uma vida saudável e equilibrada.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 30, Núm. 323, Abr. (2025)