ISSN 1514-3465
Resenha do Livro Experiência e Educação de John Dewey. Nova publicação no Brasil
Review of the Book Experience and Education by John Dewey. New Publication in Brazil
Reseña del libro Experiencia y Educación de John Dewey. Nueva publicación en Brasil
Edimar Francisco Nunes
*edimar_ef@hotmail.com
Danielle Miranda Gasperin
**daniellegasparini77@gmail.com
*Graduado de Licenciado Pleno em Educação Física
pela Universidade Federal do Espírito Santo
Especializado em Nutrição Humana e Saúde
pela Universidade Federal de Lavras
Especialista e Mestre em Docência Universitária
pela Universidade Tecnológica Nacional de Buenos Aires
Doutorando em Educação pela Universidade Estácio de Sá RJ
**Graduada em Pedagogia pela Faculdade Pitágoras de Linhares
Pósgraduada em Educação Infantil /Anos Iniciais do Ensino Fundamental
pela Faculdade Pitágoras de Linhares
Pós Graduada em Educação Especial e Inclusiva pela Unives
Pós Graduada em Neuropsicopedagogia
pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera
Atualmente, além de cursar a Pós Graducação Latu Sensu/Especialização
em Educação Especial e Inclusiva no Instituto Federal do ES
Mestranda em Educação pela Universidade Estácio de Sá RJ
Trabalha no Núcleo Estadual de Apoio Pedagógico a Inclusão Escolar
na Superintendência Regional de Linhares ES
(Brasil)
Recepción: 31/05/2024 - Aceptación: 03/11/2024
1ª Revisión: 29/10/2024 - 2ª Revisión: 31/10/2024
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Cita sugerida
: Nunes, E.F., e Gasperin, D.M. (2024). Resenha do livro Experiência e Educação de John Dewey. Nova publicação no Brasil. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(319), 212-221. https://doi.org/10.46642/efd.v29i319.7698
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo desenvolver uma resenha do livro “Experiência e Educação” escrito por John Dewey, que teve nova publicação no Brasil em 2023 pela Editora Vozes. A referida resenha foi ancorada na discussão presente em uma obra de Newton Duarte (UNESP-SP), publicado ainda em 2010 no Brasil, que destaca um debate mais contemporâneo sobre as teorias pedagógicas. O livro de John Dewey, traduzido para o Brasil pela primeira vez ainda na década de 70 por Anísio Teixeira [em sua segunda edição], nos conecta com situações atuais, relaciona-se fortemente com a realidade do Brasil, ainda que tenha sido escrito por um autor norte americano. Importante frisar que, vários professores e professoras trazem em sua matriz muito das ideias de Dewey, sem se dar conta desse fato. Não por acaso ocorreu no Brasil uma nova publicação da referida obra em 2023 também pela Editora Vozes, trazendo o mesmo conteúdo marcante. A referida obra, em suma, considera a importância do estabelecimento de critérios de experiência, como a interação e a continuidade, que são capazes de garantir a aprendizagem do (a) aluno (a), além da formulação de propósitos baseados nas experiências ao longo do processo educativo. A educação, portanto, deve ser concebida como um fenômeno histórico e social, tudo que pode ser classificado como estudo precisa levar em consideração de maneira preponderante a experiência da vida comum ou experiência vivida pelo sujeito.
Unitermos:
Experiência. Educação. Teorias pedagógicas. Aprendizagem.
Abstract
The present work aims to develop a review of the book "Experience and Education" written by John Dewey, which was published again in Brazil in 2023 by Editora Vozes. This review was anchored in the discussion present in a work by Newton Duarte (UNESP-SP), published in 2010 in Brazil, which highlights a more contemporary debate on pedagogical theories. The book by John Dewey, translated into Brazil for the first time in the 70s by Anísio Teixeira [in its second edition], connects us with current situations, is strongly related to the reality of Brazil, even though it was written by an American author. It is important to emphasize that several teachers bring in their matrix many of Dewey's ideas, without realizing this fact. It is not by chance that a new publication of the aforementioned work took place in Brazil in 2023 also by Editora Vozes, bringing the same striking content. In short, this work considers the importance of establishing criteria of experience, such as interaction and continuity, which are capable of guaranteeing student learning, in addition to the formulation of purposes based on experiences throughout the educational process. Education therefore must be conceived as a historical and social phenomenon, everything that can be classified as study needs to take into account in a preponderant way the experience of common life or experience lived by the subject.
Keywords:
Experience. Education. Pedagogical theories. Apprenticeship.
Resumen
El presente trabajo tiene como objetivo desarrollar una reseña del libro “Experiencia y Educación” escrito por John Dewey, que fue publicado nuevamente en Brasil en 2023 por la Editora Vozes. Esta revisión se ancló en la discusión presente en un trabajo de Newton Duarte (UNESP-SP), publicado en 2010 en Brasil, que destaca un debate más contemporáneo sobre las teorías pedagógicas. El libro de John Dewey, traducido para Brasil por primera vez en los años de 1970 por Anísio Teixeira (en su segunda edición), está vinculado con situaciones actuales y está fuertemente relacionado con la realidad de Brasil, aunque haya sido escrito por un autor estadounidense. Es importante destacar que muchos profesores incorporan muchas de las ideas de Dewey a su matriz, sin ser conscientes de este hecho. No es casualidad que en 2023 se produzca en Brasil una nueva publicación de la obra mencionada, también por la Editora Vozes, trayendo el mismo contenido. Este trabajo, en definitiva, considera la importancia de establecer criterios de experiencia, como interacción y continuidad, que sean capaces de garantizar el aprendizaje de los/las estudiantes, además de formular propósitos basados en experiencias a lo largo del proceso educativo. La educación, por tanto, debe ser concebida como un fenómeno histórico y social; todo lo que pueda catalogarse como objeto de estudio debe tomar en consideración de manera preponderante la experiencia de la vida común o la experiencia vivida por el sujeto.
Palabras clave
: Experiencia. Educación. Teorías pedagógicas. Aprendizaje.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 319, Dic. (2024)
Introdução
O presente trabalho tem como objetivo desenvolver uma resenha do livro “Experiência e Educação” escrito por John Dewey, que teve nova publicação no Brasil em 2023 pela Editora Vozes. A referida resenha foi ancorada na discussão presente em uma obra de Newton Duarte (UNESP-SP), publicado ainda em 2010 no Brasil, que destaca um debate mais contemporâneo sobre as teorias pedagógicas. Quase 15 anos depois, com tantas mudanças recentes na educação, o assunto parece cada vez mais atual.
Com base no exposto, cabe ressaltar que as teorias pedagógicas permanecem no cerne dos debates sobre educação ao longo do tempo, o mesmo ocorre com as teorias da aprendizagem mais especificamente. Segundo Duarte (2010, p. 33): “[...] o debate educacional tem se caracterizado por uma quase total hegemonia das “pedagogias do aprender a aprender”[...]”.
No que diz respeito as pedagogias do aprender a aprender, é possível destacar o construtivismo, a pedagogia do professor reflexivo, a pedagogia das competências, a pedagogia dos projetos e a pedagogia multiculturalista. Apesar das diferenças peculiares que cada teoria tem, o que as torna comum é a crítica e a negação as teorias inerentes a “escola tradicional”, esse movimento de crítica e negação não é algo recente, remonta do movimento escolanovista dos séculos XIX e XX. A presença marcante e hegemônica das pedagogias com característica mais escolanovista atualmente não pode ser visto como um fenômeno anacrônico, o que ocorre é que essas pedagogias ganham novos sentidos e contornos de acordo com o contexto ideológico atual, onde predomina uma visão de mundo pós-moderna com fortes elementos neoliberais. (Duarte, 2010)
É importante destacar o posicionamento de Dermeval Saviani que emprega o termo neoescolanovismo para fazer referência ao fortalecimento das pedagogias que tem como lema o aprender a aprender nas últimas décadas. (Duarte, 2010, p. 34)
Uma característica comum e bastante propagada pelas pedagogias contemporâneas, que como descrito anteriormente é uma retomada de teorias da aprendizagem classificadas como novas ou renovadas do século passado, é de que o cotidiano deve ser o marco referencial central para as atividades do alunos, ou seja, os conteúdos considerados significativos e relevantes para os alunos são aqueles que tem relação com sua utilidade prática, o conhecimento tem seu valor justamente na resolução de problemas da prática cotidiana, pois como expõe Duarte (2010, p. 37):
Nessa perspectiva, o conhecimento é visto como uma ferramenta na resolução de problemas, e a prática cotidiana determinaria a validade epistemológica e pedagógica dos conteúdos escolares. Atualmente essa ideia é denominada como aprendizagem dos conteúdos contextualizados.
Nesse contexto, uma das teorias pedagógicas da aprendizagem que ao longo do tempo tem se tornado um clássico, que influenciou e segue influenciando o pensamento educacional brasileiro, sobretudo pela relação com Anisio Teixeira desde a década de 1970, é a teoria da experiência de John Dewey, defendida pelo autor como algo necessário. (Dewey, 2023)
Discussões
O livro Experiência e Educação de John Dewey, traduzido para o Brasil pela primeira vez ainda na década de 70 por Anísio Teixeira [em sua segunda edição], nos conecta com situações atuais, relaciona-se fortemente com a realidade do Brasil, ainda que tenha sido escrito por um autor norte americano. Importante frisar que, vários professores e professoras trazem em sua matriz muito das ideias de Dewey, sem se dar conta desse fato. Não por acaso ocorreu no Brasil uma nova publicação da referida obra em 2023 também pela Editora Vozes, trazendo o mesmo conteúdo marcante.
O livro coloca em evidência a relação entre as experiências vividas pelo sujeito e a educação como um fenômeno histórico e social, isso não poderia ser diferente pois o título do livro de forma emblemática suscita essa relação. Quando a educação é concebida em termos de experiência, considera-se a experiência da vida comum, como escreve Dewey (2023, p. 73): “ Tudo que possamos chamar de estudo, [...] há de derivar de matérias que inicialmente se encontrem dentro da área de experiência da vida comum”. Além do mais, estabelece a importância das experiências que o aprendiz já possui em uma relação de lugar/tempo que seja fora e anterior à escola, nesse aspecto, Dewey (2023, p. 75) explica: “[...] dever toda instrução iniciar-se pela experiência que o aprendiz já possui [...] as capacidades desenvolvida, durante esse período anterior (à escola), fornecem o ponto de partida de toda aprendizagem posterior”.
Ao tecer um olhar para a educação desde um ponto de vista histórico, nota-se forte oposição, principalmente entre as ideias de que a educação se baseia nos dons naturais e, que é um processo de superação das inclinações naturais para substituí-las por hábitos adquiridos sob pressão externa. (Dewey, 2023)
Embora não seja a intenção do autor fazer juízo de valor entre dois tipos de educação [deixa bem evidente no último capítulo], a saber educação tradicional e educação progressiva ou “nova”, faz uma relação importante entre cada uma delas e a aprendizagem que deve se amparar nas experiências vividas pelos estudantes.
O principal objetivo da educação tradicional é preparar o aluno para as responsabilidades do futuro e para o sucesso na vida, através da aquisição de um conjunto organizado de informações como formas preestabelecidas, nesse contexto, os livros didáticos são os principais representantes do conhecimento e da sabedoria do passado, trata-se portanto de um produto cultural de sociedades que consideram que o futuro será exatamente como o passado, entretanto, cabe salientar que surge uma distância muito grande entre o que é imposto e quem sofre a imposição, isso faz com que as matérias, os métodos e o rendimento de aprendizagem sejam incoerentes com a capacidade apresentada pelo jovem estudante.
A educação progressiva por sua vez, sustenta oposições à educação tradicional, como por exemplo: a valoração da atividade livre em contraposição à disciplina externa, a expressão individual no lugar da imposição de cima para baixo, o contato com um mundo em constante mudança como contraponto a objetivos materiais e estáticos, dentre outros. A educação progressiva busca unir experiência e aprendizado, portanto, um desenvolvimento positivo e construtivo depende de uma ideia correta do que é experiência, entretanto, é importante ressaltar os problemas pelos quais passa a educação progressiva, dentre eles, qual é o lugar, o significado e a organização das matérias curriculares dentro da experiência; a existência ou não de algo inerente à experiência que possa definir a seleção progressiva dos conteúdos; e o que ocorre quando o conteúdo da experiência não é corretamente organizado.
A educação baseada nas experiências pessoais pode significar numerosos e íntimos contatos entre adultos e pessoas mais jovens, no entanto é preciso saber como esses contatos podem ser materializados sem violar o princípio da aprendizagem por meio da experiência pessoal. Enquanto a educação tradicional se ampara fortemente no passado, nas decisões do que se deve aprender pelos especialistas e pelos adultos, a educação progressiva precisa olhar para o futuro e delinear o que deve ser aprendido a partir do que o aluno já sabe, daquilo que traz de experiência de fora da escola. (Dewey, 2023)
Essa relação entre os tipos de educação ao longo do livro expõe suas contradições sobre o pensar a aprendizagem desde um ponto de vista mais prático, como destaca Dewey (2023, p.4): “No presente, a oposição, no que diz respeito aos aspectos práticos da escola, tende a tomar a forma do contraste entre a educação tradicional e a educação progressiva.”.
Se por um lado, a educação tradicional prepara para um futuro remoto, como objetivos e conteúdos estáticos, e imposições de cima para baixo; a educação progressiva busca aproveitar a oportunidade presente, o contato com o mundo em constante modificação, a expressão individual e a atividade livre. (Dewey, 2023)
O que chama muita atenção é que a discussão sobre a necessidade de superação de uma educação tradicional perpassa por décadas, retoma-se atualmente o debate sobre uma educação que se ampara no “aprender a aprender”, algo que remonta ao movimento de apogeu da escola nova nas décadas de 60 e 70 do século passado. Se existe essa retomada é por que de alguma forma as bases de uma educação tradicional persistem nos dias de hoje e, assim como no passado, não consegue dialogar com um mundo em constante mudança, sobretudo nas últimas duas décadas.
Outro ponto que merece destaque é a necessidade de uma teoria da experiência, com o estabelecimento de critérios de experiência, garantindo a aprendizagem pela interação e continuidade. Acreditar que toda educação verdadeira advém da experiência não significa necessariamente que todas as experiências são educativas, existindo também experiências que podem ser consideradas deseducativas, ou seja, aquelas que tenham como efeito impedir ou distorcer o amadurecimento para futuras experiências.
É imprescindível a conexão entre as experiências ao longo do processo, sua falta pode gerar hábitos dispersivos, desintegrados e centrífugos. Essencialmente, o que se discute, não é a falta de experiências, mas o caráter delas, muitos passaram a associar o processo de aprendizagem a algo enfadonho, entediante e desmotivante. No que diz respeito à continuidade, diversas situações sucedem umas às outras, mas é por meio da continuidade que algo é levado de uma situação para a outra, assim, o meio e o mundo podem se contrair ou se expandir, além disso, a continuidade e a interação devem estar em ativa união. O fator individual é elemento integrante da experiência, o indivíduo entra em interação com os materiais e mais importante, com todo o arranjo social no qual está envolvido. (Dewey, 2023)
No momento em que muito se discute sobre o papel da inteligência artificial na educação, é justamente o critério da interação que reforça a necessidade do papel tanto dos alunos quanto dos professores no processo de aprendizagem, nem tudo pode ser artificialmente produzido, sob essa perspectiva, o princípio da continuidade se integra à interação, na medida em que as experiências já vivenciadas subsidiam a aprendizagem posterior.
Levando em consideração o controle social [que guarda relação com os jogos, as regras e o comportamento] e a liberdade, ressalta-se a importância da liberdade do aluno e da mediação do professor junto a prática de um planejamento que seja ao mesmo tempo flexível e firme, a falta de planejamento e de organização das atividades leva a perda de controle. Existe uma relação forte entre o aluno, a escola e a comunidade, sendo as boas maneiras os principais requisitos nas relações. O pai ou o professor exerce a autoridade como representante e agente dos interesses do grupo com a imposição do autoritarismo também sobre o professor, haja vista que a ordem estava sob sua guarda, com a escola nova, a responsabilidade passa a ser compartilhada, o professor também é visto como um membro do grupo, isso possibilita uma ação coletiva, portanto, quando a educação se fundamenta na experiência educativa, passa a ser entendida como processo social, a partir disso a situação muda. (Dewey, 2023)
Não obstante, vale enfatizar a relevância dos propósitos nos processos educativos, com suas formulações dependendo da observação, do conhecimento de experiências e do julgamento, sabendo que a atividade inteligente demanda propósitos, e que estes envolvem capacidade de previsão que dependem de condições e circunstâncias. Assim, a própria atividade inteligente demanda propósito, dessa forma, a formulação de propósitos é a operação que envolve observação das condições e circunstâncias, conhecimento do que aconteceu, além do julgamento e juízo. Com base na definição dos conteúdos que devem ser ensinados e da progressão que deve seguir, é importante destacar que o currículo deve ser baseado nas experiências vividas pelo estudante, e que esse processo se inicia antes e fora da escola, além do mais, se faz necessário um olhar para o futuro. (Dewey, 2023)
Portanto, sobre a realização dos seus fins, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade, a educação deve basear-se nas experiências. No livro não há crítica às bases filosóficas da educação tradicional, embora existam questionamentos. No que diz respeito a crítica à educação progressiva, seria aceitável se fosse possível desprender o passado do presente. Destaca-se a importância de conectar o aprendizado a experiência do aluno transformando progressivamente o conhecimento sem perder essa conexão, por isso a educação nova ou progressiva contrasta com as formas tradicionais, essas iniciam por fatos e verdades que estão fora da ordem de experiências dos estudantes, foi observando o princípio contrário que os novos métodos tiveram algum sucesso.
O primeiro passo, e mais simples, é encontrar o material para a aprendizagem dentro da experiência, os passos seguintes, mais complexos, buscam o desdobramento progressivo do que foi experimentado, do saber adquirido, com a aproximação gradual da forma concreta em que a matéria se apresenta, o autor destaca que iniciar pela experiência que o aluno já possui, que são desenvolvidas no período que antecede a escola, fornece o ponto de partida para toda a aprendizagem posterior, entretanto não está convencido de que a segunda condição, no que diz respeito ao desenvolvimento ordenado das atividades escolares, receba assim tanta atenção. Os estudos da escola tradicional se dão na seleção de matéria e conteúdo com base no julgamento do adulto acerca do que poderia ser útil ao aprendiz em algum momento da sua vida futura, ou seja, a matéria era estabelecida de forma independente e fora da experiência de vida do aluno. Se faz necessária uma educação inclusiva que valorize a diversidade de conhecimentos e experiências, favorecendo a abordagem científica em detrimento de outras formas de conhecimento. (Dewey, 2023)
Uma discussão importante é a posição antagônica entre os tradicionais e a educação progressiva, pois, de um lado os reacionários ponderam que o único ou principal objetivo da educação é a transmissão da herança cultural, do outro os progressistas sustentam o abandono do passado em detrimento do presente e do futuro, muito embora, tanto conservadores como radicais permanecem insatisfeitos com a situação da educação como um todo.
Assim, o sistema educativo deve se mover para um lado ou para o outro, seja voltando para recordar padrões intelectuais ou avançando na busca pela crescente utilização do método científico. Por fim, o autor ancora a educação na perspectiva do que é real, factível e bem sucedido. Pondera que a única forma de antecipar o insucesso desse caminho está no risco de não conceber adequadamente a experiência e o método experimental. Enfatiza portanto, que o progresso depende da busca do que seja educação e suas condições para uma realidade, e não um nome ou uma etiqueta.
Conclusões
Com base na exposição dos pontos mais importantes da referida obra no que diz respeito a uma teoria da experiência, levando em consideração o debate mais contemporâneo acerca das teorias pedagógicas e por conseguinte teorias da aprendizagem, se faz necessário enfatizar a importância do estabelecimento de critérios de experiência, como a interação e a continuidade, que são capazes de garantir a aprendizagem aluno, além da formulação de propósitos baseados nas experiências ao longo do processo educativo.
A educação portanto deve ser concebida como um fenômeno histórico e social, tudo que pode ser classificado como estudo precisa levar em consideração de maneira preponderante a experiência da vida comum ou experiência vivida pelo sujeito, atribuindo importância as experiências que o aprendiz já possui, em uma perspectiva de lugar/tempo que seja fora e anterior à escola, haja vista que, a instrução deve se iniciar pela experiência que o aluno já tem, e que as capacidades desenvolvidas no período anterior à escola fornecem um ponto inicial de toda aprendizagem posterior.
Referências
Dewey, J. (2023). Experiência e Educação (1ª ed.). Ed. Vozes.
Duarte, N. (2010). O Debate Contemporâneo das Teorias Pedagógicas. Cultura Acadêmica, Editora UNESP.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 319, Dic. (2024)