Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com

ISSN 1514-3465

 

Efeitos agudos e crônicos do treinamento em circuito sobre idosos e obesos

Acute and Chronic Effects of Circuit Training on the Elderly and Obese

Efectos agudos y crónicos del entrenamiento en circuito en personas mayores y obesas

 

Marckson da Silva Paula*

profmarckson@gmail.com

Jani Cléria Pereira Bezerra**

j.cleria@gmail.com

Neilson Duarte Gomes***

neilsondg@hotmail.com

Carlos Eduardo de Souza Pinto+

carlostop10@yahoo.com.br

Nilber Soares Ramos++

nilber123@yahoo.com.br

Allan dos Santos Motta+++

allanmotta79@gmail.com

 

*Pós-graduado em treinamento desportivo e fisiologia do exercício

Universidade Castelo Branco (UCB)

Aluno especial do curso de pós-graduação stricto sensu

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

**Doutora em Enfermagem e Biociências

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Doutora em Medicina do Esporte

Universidad Católica Nuestra Señora de la Asunción

Doutora em Saúde Pública

Universidad Internacional Tres Fronteras

***Graduado em Educação Física

Centro Universitário da Cidade (UNIVERCIDADE)

Pós-graduando em treinamento desportivo

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ)

+Graduado em Educação Física

pelo Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM)

Pós-graduado em bases fisiológicas do treinamento personalizado,

nutrição esportiva e medicina avançada

pela Faculdade Metropolitana do Vale do Aço

MBA em gestão esportiva pela Faculdade Alphaville

++Graduação em Educação Física

Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM)

Pós-graduado em treinamento desportivo e fisiologia do exercício

Universidade Castelo Branco (UCB)

+++Graduado em Educação Física

Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO)

Pós-graduado em gestão e organização esportiva

pela Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI)

(Brasil)

 

Recepción: 20/05/2024 - Aceptación: 18/10/2024

1ª Revisión: 02/09/2024 - 2ª Revisión: 15/10/2024

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Cita sugerida: Paula, M. de S., Bezerra, J.C.P., Gomes, N.D., Pinto, C.E. de S., Ramos, N.S., e Motta, A. dos S. (2024). Efeitos agudos e crônicos do treinamento em circuito sobre idosos e obesos. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(318), 182-202. https://doi.org/10.46642/efd.v29i318.7675

 

Resumo

    A prática de exercícios físicos por idosos e pessoas obesas é fundamental para a saúde e qualidade de vida. Para os idosos, a atividade física ajuda a manter a mobilidade, a força muscular e a independência, além de prevenir doenças crônicas, reduzir o risco de quedas e melhorar a saúde mental. Para pessoas obesas, o exercício é essencial para o controle do peso, a melhoria da composição corporal e a redução do risco de doenças associadas à obesidade. Objetivo: Investigar os efeitos do treinamento em circuito em idosos e pessoas obesas. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa com buscas nas bases de dados PubMed, Web of Science, Scopus e Lilacs, todos publicados nos últimos 12 anos. Resultados: Foram encontrados 112 resultados, dos quais 20 foram selecionados para compor este estudo. De um total de 14 artigos expostos em quadros, 8 deles foram relacionados a idosos, nos quais, houve melhoria da composição corporal (n=6), das capacidades físicas (n=5), das capacidades funcionais (n=4), na redução de dor (n=1) e benefícios psicológicos (n=1). Os outros 6 estudos eram relacionados à obesidade/sobrepeso, nos quais, houve melhoria da composição corporal (n=6), das capacidades físicas (n=2), nos marcadores biológicos (n=2) e das capacidades funcionais (n=1). Conclusão: Conclui-se que o treinamento em circuito é eficaz na promoção de mudanças morfofisiológicas positivas nessas populações. Essas mudanças incluem melhorias na composição corporal, força, resistência, agilidade e outras capacidades físicas, além de benefícios cardiovasculares, melhoria na qualidade de vida, aptidão física relacionada à saúde, autonomia funcional e aspectos psicológicos.

    Unitermos: Treinamento em circuito. Idosos. Obesidade.

 

Abstract

    The practice of physical exercise by elderly individuals and obese people is crucial for health and quality of life. For the elderly, physical activity helps maintain mobility, muscle strength, and independence, as well as prevent chronic diseases, reduce the risk of falls, and improve mental health. For obese individuals, exercise is essential for weight control, improvement in body composition, and reduction of the risk of obesity-related diseases. Objective: To investigate the effects of circuit training on elderly individuals and obese people. Methodology: This is an integrative review with searches in the databases PubMed, Web of Science, Scopus, and Lilacs, all published in the last 12 years. Results: A total of 112 results were found, of which 20 were selected for this study. Of the 14 articles presented, 8 were related to elderly individuals, showing improvements in body composition (n=6), physical capabilities (n=5), functional capacities (n=4), pain reduction (n=1), and psychological benefits (n=1). The other 6 studies were related to obesity/overweight, showing improvements in body composition (n=6), physical capabilities (n=2), biological markers (n=2), and functional capacities (n=1). Conclusion: Circuit training is effective in promoting positive morphophysiological changes in these populations. These changes include improvements in body composition, strength, endurance, agility, and other physical capabilities, as well as cardiovascular benefits, improved quality of life, health-related physical fitness, functional autonomy, and psychological aspects.

    Keywords: Circuit training. Elderly. Obesity.

 

Resumen

    La práctica de ejercicio físico por parte de personas mayores y obesas es fundamental para su salud y calidad de vida. Para las personas mayores, la actividad física ayuda a mantener movilidad, fuerza muscular e independencia, además de prevenir enfermedades crónicas, reducir el riesgo de caídas y mejorar la salud mental. Para las personas obesas, el ejercicio es fundamental para controlar el peso, mejorar la composición corporal y reducir el riesgo de enfermedades asociadas a la obesidad. Objetivo: Investigar los efectos del entrenamiento en circuito en personas mayores y obesas. Metodología: Revisión integradora con búsquedas en las bases de datos PubMed, Web of Science, Scopus y Lilacs, en publicaciones de los últimos 12 años. Resultados: Se encontraron 112 resultados; 20 fueron seleccionados para componer este estudio. De un total de 14 artículos presentados en tablas, 8 de ellos estaban relacionados con personas mayores, en los cuales hubo mejora en la composición corporal (n=6), capacidades físicas (n=5), capacidades funcionales (n=4), en reducción del dolor (n=1) y beneficios psicológicos (n=1). Los otros 6 estudios estaban relacionados con obesidad/sobrepeso, en los que hubo mejora en la composición corporal (n=6), capacidades físicas (n=2), marcadores biológicos (n=2) y capacidades funcionales (n=1). Conclusión: Se concluye que el entrenamiento en circuito es efectivo para promover cambios morfofisiológicos positivos en estas poblaciones. Estos cambios incluyen mejoras en la composición corporal, fuerza, resistencia, agilidad y otras capacidades físicas, así como beneficios cardiovasculares, mejora de la calidad de vida, aptitud física relacionada con la salud, autonomía funcional y aspectos psicológicos.

    Palabras clave: Entrenamiento en circuito. Personas mayores. Obesidad.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 318, Nov. (2024)


 

Introdução 

 

    A busca pela prática de exercícios físicos tem se tornado uma prioridade crescente e é um tema de grande relevância para a saúde coletiva. Em um contexto no qual as novas tecnologias e conveniências promovem hábitos sedentários ao reduzir o esforço físico, é fundamental promover e divulgar novas estratégias para incentivar a prática de atividades físicas. De acordo com Oliveira et al. (2020), a insuficiência de atividade física está associada a doenças crônicas e à redução da expectativa de vida. Assim, é importante que a sociedade compreenda os benefícios da prática regular de exercícios físicos e se exercite para diminuir a probabilidade de desenvolver doenças crônico-degenerativas.

 

    Dentre as diversas formas de exercício físico, o treinamento em circuito se destaca como uma excelente opção. Composto por uma série de exercícios realizados em sequência, esse método oferece uma abordagem versátil e prática para estimular diferentes grupos musculares em uma única sessão. Desde sua criação, o treinamento em circuito tem sido amplamente adotado em academias, programas de condicionamento físico e contextos terapêuticos, devido à capacidade de proporcionar benefícios abrangentes para pessoas de todas as idades, níveis de condicionamento físico e objetivos de saúde. Segundo Bocalini et al. (2012), o treinamento em circuito é eficaz na alteração da composição corporal de pessoas obesas ou com sobrepeso, contribuindo para a redução do peso corporal e da massa gorda.

 

    Além dos benefícios para a população em geral, o treinamento em circuito também oferece efeitos positivos para os idosos. Segundo Costa et al. (2022), o processo de envelhecimento naturalmente afeta e reduz várias capacidades físicas, incluindo força e resistência, especialmente nos membros inferiores. A prática regular de exercícios físicos, como o treinamento em circuito, emerge como uma ferramenta eficaz para atenuar esses declínios. Correa et al. (2022) destacam que a combinação desses declínios com fatores adicionais, como a falta de um estilo de vida saudável e baixa interação social, pode agravar problemas de saúde pública, resultando em maiores gastos com despesas médicas. Esse cenário reforça a fragilidade e a dependência funcional dos idosos, tornando ainda mais relevante a implementação de estratégias eficazes para melhorar sua saúde e qualidade de vida.

 

    De acordo com Paula, Bezerra, e Gomes (2024), o declínio que ocorre nos sistemas fisiológicos responsáveis pela estabilidade do corpo durante o processo de envelhecimento, pode ocasionar um sério problema de saúde pública: as quedas. Segundo Costa et al. (2022), a diminuição da força muscular e do equilíbrio aumenta o risco de quedas em idosos. Este risco é corroborado pelo estudo de Berlese et al. (2022), que estabeleceu uma relação entre a aptidão motora para o equilíbrio e a incidência de quedas.

 

    Adicionalmente, Jung, Kim, e Park (2019) apontam que as alterações degenerativas associadas ao envelhecimento resultam na perda de força muscular devido à redução das fibras musculares do tipo II, o que contribui para a deficiência nos membros inferiores.

 

    Além da população idosa, a obesidade também tem recebido atenção significativa por seu impacto na saúde pública. Kolahdouzi et al. (2019) abordam a obesidade como uma epidemia global, associada a diversos fatores de risco à saúde, como diabetes mellitus tipo II, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Os autores descrevem a obesidade como um processo caracterizado pelo aumento do tamanho e número de adipócitos, sublinhando sua importância como um problema de saúde pública que exige intervenção e monitoramento contínuos.

 

    Com base nos argumentos apresentados e considerando a gravidade do problema, é essencial buscar estratégias e métodos eficazes de exercícios físicos que possam melhorar a qualidade de vida de idosos e pessoas obesas. Essas populações enfrentam a diminuição da capacidade funcional e uma maior incidência de doenças crônico-degenerativas e o método de treinamento em circuito deve ser explorado a fim de verificar seus efeitos nessas populações.

 

    O objetivo deste estudo é investigar os efeitos do treinamento em circuito em idosos e pessoas obesas.

 

Métodos 

 

    Nesta revisão integrativa, foram realizadas buscas em diversas bases de dados, incluindo PubMed, Web of Science, Scopus e Lilacs, adotando a pergunta central: "Quais são os efeitos agudos e crônicos do treinamento em circuito sobre idosos e obesos saudáveis?".

 

    A seleção de artigos, abrangendo o período de 2012 a 2024, foi conduzida com base em consultas de palavras-chave no DeCs (Descritores em Ciências da Saúde) e no MeSH (Medical Subject Headings), utilizando operadores booleanos OR, AND e NOT.

 

    Os critérios de inclusão foram: artigos relacionados ao assunto em questão, revisados por pares, de acesso livre, ensaios clínicos randomizados com a intervenção de treinamento em circuito.

 

    Os critérios de exclusão abrangeram: artigos não relacionados ao assunto em questão, intervenções em doenças crônicas não controladas, reabilitação física, pré-impressões, acesso restrito, intervenções nutricionais e revisões bibliográficas. Os artigos selecionados foram submetidos para análise à plataforma Rayyan - Intelligent Systematic Review (Ouzzani et al., 2016), na qual é possível realizar a triagem e seleção dos estudos de acordo com os critérios de elegibilidade.

 

    Após a exclusão de 14 duplicatas entre os 112 resultados iniciais, foram selecionados 20 artigos. Desses estudos, 14 foram resumidos em quadros comparativos e tabelas, abordando características da amostra, protocolos de treinamento e efeitos do treinamento em circuito em idosos e obesos, os demais, foram utilizados como referências desse estudo.

 

    Este estudo aderiu às diretrizes PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses. (Page et al., 2021)

 

Resultados 

Figura 1. Fluxograma de seleção dos estudos

Figura 1. Fluxograma de seleção dos estudos

Fonte: Adaptado de Page et al. (2021)

 

    Foram encontrados 112 resultados, dos quais 20 foram selecionados para compor este estudo. A amostra total dos estudos revisados com idosos foi composta por 322 indivíduos, com idades entre 60 e 75 anos. No que diz respeito à amostra com sujeitos obesos ou com sobrepeso, foi composta por 227 indivíduos, com idades entre 18 e 75 anos.

 

    Dos 14 artigos expostos em quadros, 8 foram relacionados a idosos, revelando melhorias na composição corporal (n=6), nas capacidades físicas (n=5), nas capacidades funcionais (n=4), na redução de dor (n=1) e em benefícios psicológicos (n=1).

 

    A Tabela 1 apresenta, de forma resumida, as características das amostras dos estudos selecionados para essa revisão. Alguns estudos são realizados com idosos e obesos e, por esse motivo, as referências são utilizadas em ambas as populações. (Bocalini et al., 2012; Rosety et al., 2015)

 

Tabela 1. Características da amostra dos estudos com idosos

Autor(es)

Características da amostra

Bocalini et al. (2012)

N=70 (F, saudáveis, independentes; > 60 anos). Foram alocadas em 3 grupos com base no IMC: "peso adequado" (18,5-24,9 kg/m²), "sobrepeso" (25-29,9 kg/m²) e "obesidade" (>30,0 kg/m²).

Correa et al. (2022)

N=32 (F, saudáveis, sedentárias, idades entre 60 e 69 anos). 17 foram alocadas para o GE e 15 para o GC.

Costa et al. (2022)

 

N=22 (M/F, saudáveis, ≥ 60 anos). Foram distribuídos em 2 grupos (A e B). O Grupo A foi o GE durante 3 meses, enquanto o grupo B foi inicialmente o GC, com intervenção adiada pelo mesmo período. Após 3 meses, o grupo B foi GE e o grupo A se tornou GC.

Jung et al. (2019)

N=26 (F, sarcopênicas, sedentárias, saudáveis, 74,9 ± 4,5 anos). 13 foram alocadas no GE e 13 no GC.

Marcos-Pardo et al. (2019)

N=45 (18M e 27F, saudáveis, sedentários, idades entre 65 e 75 anos). 24 foram alocados no GE (9M e 15F) e 21 no GC (9M e 12F).

Ozaki et al. (2016)

N=12 (F, saudáveis, 60 ± 2 anos). Alocadas aleatoriamente, sendo 6 idosas no GTAIM (MOD-Ex) e 6 no GAI (HIGH-Ex).

Ramos et al. (2022)

N=67 (F, saudáveis, independentes, ≥ 60 anos. Alocadas aleatoriamente em 3 grupos: GC (n = 22), GE (n = 23) e GCAM (n = 22).

Rosety et al. (2015)

N=48 (F, saudáveis, sedentárias, > 65 anos). 24 foram alocadas no GE e 24 no GC.

Amostra total dos estudos

322 indivíduos, idades entre 60 e 75 anos.

GE = grupo exercício (treinamento em circuito); GC = grupo controle; GCAM = grupo caminhada; 

GTAIM = grupo de treinamento aeróbico de intensidade moderada; GAI = grupo de alta intensidade; 

IMC = Índice de Massa Corporal; M = masculino; F = feminino. Fonte: Elaboração própria

 

    A Tabela 2 apresenta as características resumidas do estudo e dos sujeitos das pesquisas incluídos nessa revisão. Dos 6 estudos relacionados à obesidade/sobrepeso, houve melhoria da composição corporal (n=6), das capacidades físicas (n=2), nos marcadores biológicos (n=2) e das capacidades funcionais (n=1).

 

Tabela 2. Características da amostra, indivíduos com sobrepeso e obesidade

Autor (es)

Características da amostra

Bocalini et al. (2012)

N=70 (F, saudáveis e independentes; > 60 anos). Foram alocadas em 3 grupos com base no IMC: "peso adequado" (18,5-24,9 kg/m²), "sobrepeso" (25-29,9 kg/m²) e "obesidade" (>30,0 kg/m²).

Kolahdouzi et al. (2019)

N=30 (M, saudáveis, sedentários, 23 ± 3,2 anos, não fumantes e peso estável - variação de peso corporal <5% nos últimos seis meses). 15 alocados aleatoriamente no GE e 15 no GC.

Lee et al.

(2021)

N=10 (F, estudantes universitárias, saudáveis, sedentárias, ativas, idades entre 20 e 23 anos). Alocação não aleatória.

Rosety et al. (2015)

N=48 (F, saudáveis e sedentárias, > 65 anos). 24 foram alocadas no GE e 24 no GC.

Romero-Arenas et al. (2013)

N=37 (M/F, saudáveis, sedentários, 61,6 ± 5,3 anos). Alocados aleatoriamente em 3 grupos: GE (n=16), GTF (n=14) e GC (n=7).

Zanina et al. (2023)

N=32 (F, saudáveis, sedentárias, idades entre 18 e 59 anos, IMC ≥ 25kg/m². Alocadas alternativamente em 3 grupos de acordo com o volume semanal de atividade física realizado: Grupo de Atividade Física Moderada (MAF, > 60%, n =11), Grupo de Atividade Física Baixa (BAF, 40-60%, n = 11) e GC (< 40%, n = 10).

Amostra total dos estudos

227 indivíduos, idades entre 18 e 75 anos.

GE = Grupo exercício (treinamento em circuito); GC = Grupo controle; GTF = Grupo treinamento de força; 

IMC = Índice de Massa Corporal; M = masculino; F = feminino. Fonte: Elaboração própria

 

Protocolo de treinamento 

 

    Antes de apresentar os efeitos dos programas de treinamento em circuito em populações idosas e obesas, é importante descrever os protocolos de treinamento utilizados em cada estudo a fim de conhecer a metodologia empregada.

 

    O Quadro 1 detalha os protocolos de treinamento utilizados em cada estudo. Observou-se que alguns estudos não forneceram informações sobre certas variáveis do treinamento em circuito, como o intervalo de descanso entre as séries ou durante a execução de cada estação do circuito. Os métodos de controle da intensidade também variaram: enquanto alguns autores empregaram a escala de percepção subjetiva de esforço (PSE), outros monitoraram a intensidade por meio da frequência cardíaca (FC) ou utilizaram percentuais de peso baseados em testes de repetição máxima (RM).

 

Quadro 1. Protocolos de treinamento em estudos com idosos

Autores

D.I

T.S

F.S

I.T

N.E

V.T

D.E.E

D.E.S

CAD

Bocalini et al. (2012)

12

50’

3x

70% FCA

12

45” / exercício

S/D

40”

5” Con/ Exc

Correa et al. (2022)

12

50’

3x

3-5 PSE

8

60” / exercício

30”

2-3’

N/I

Costa et al. (2022)

12

50’

2x

N/I

13

60” / exercício

S/D

N/I

N/I

Jung, Kim & Park (2019)

12

25-75’

3x

60-80% FCR

10

60” / exercício

S/D

5’

N/I

Marcos-Pardo et al. (2019)

12

N/I

3x

60-80% 1RM

N/I

8-12 repetições

N/I

1-2’

N/I

Ozaki et al. (2016)

8

N/I

3x

17-22 RM

9

2x10 repetições + caminhada 40” (Grupo MOD-ex: 55% VO² Pico) e 30” Grupo HIGH-ex: 75% VO² Pico)

S/D

N/I

2” Con/ Exc

Ramos et al. (2022)

16

50’

2x

1-2 semana: 3-5 PSE, 3-16 semana: 6-8 PSE

11

3x12-14 repetições

N/I

2’

N/I

Rosety et al. (2015)

12

N/I

3x

40-65% 8RM

6

2x6-10 repetições

90”

N/I

N/I

D.I = Duração da intervenção (semanas); T.S = Tempo da sessão de treinamento; F.S = Frequência semanal; 

I.T = Intensidade do treinamento; N.E = Número de exercícios ou estações; V.T = Volume de treinamento; 

D.E.E = Descanso entre exercícios; D.E.S = Descanso entre séries ou passagens completas; CAD = Cadência; 

CON = Concêntrica; EXC = Excêntrica; FCA = Frequência cardíaca alvo; FCR = Frequência cardíaca reserva;

 RM = Repetição máxima; PSE = Percepção subjetiva de esforço; S/D = Sem descanso; N/I = Não informado. 

Fonte: Elaboração própria

 

    O Quadro 2 apresenta os protocolos de treinamento aplicados a indivíduos obesos ou com sobrepeso. Nele, é possível encontrar informações detalhadas sobre a duração da intervenção, o tempo total de cada sessão de treinamento, a frequência semanal das atividades, a intensidade dos exercícios, entre outras características relevantes relacionadas à implementação dos protocolos de treinamento.

 

Quadro 2. Protocolos de treinamento em estudos com indivíduos obesos ou com sobrepeso

Autores

D.I

T.S

F.S

I.T

N.E

V.T

D.E.E

D.E.S

CAD

Kolahdouzi et al. (2019)

8

60’

3x

65-85% 1RM

N/I

SEM 1-4: 2x8-12 repetições; SEM 5-8: 4x6-8 repetições.

<15”

3’

N/I

Lee et al. (2021)

4

40’

3x

SEM 1-2: 60-80% FCR e 13-14 PSE. SEM 3-4: 65-80% FCR e 14-18 PSE

N/I

3 passagens 30” / exercício

15”

1’

N/I

Romero-Arenas et al. (2013)

12

35-47’

2x

85-90% 6RM

6

2 circuitos de 3 exercícios (60” / exercício)

1-3 passagens

35”

5’

N/I

Zanina et al. (2023)

24

N/I

3x

13-16

PSE

13

N/I

N/I

N/I

N/I

D.I = Duração da intervenção (semanas); T.S = Tempo da sessão de treinamento; F.S = Frequência semanal; 

I.T = Intensidade do treinamento; N.E = Número de exercícios ou estações; V.T = Volume de treinamento; 

D.E.E = Descanso entre exercícios; D.E.S = Descanso entre séries ou passagens completas; CAD = Cadência; 

CON = Concêntrica; EXC = Excêntrica; FCA = Frequência cardíaca alvo; FCR = Frequência cardíaca reserva; 

RM = Repetição máxima; PSE = Percepção subjetiva de esforço; S/D = Sem descanso; N/I = Não informado. 

Fonte: Elaboração própria

 

Efeitos agudos e crônicos do treinamento em circuito em idosos 

 

    O Quadro 3 apresenta os resultados obtidos após a intervenção com o método de treinamento em circuito em indivíduos idosos. Esses resultados demonstram as melhorias na saúde e na qualidade de vida dos participantes, destacando os benefícios associados ao treinamento em circuito para essa população.

 

Quadro 3. Resultados em estudos com idosos

Autor (es)

Resultados

Bocalini et al. (2012)

Diminuição do PC (8,0 ± 0,8%), GC (21,4 ± 2,1%), MG (31,2 ± 3,0%), IMC, além de aumento da MM (3,0 ± 0,3%).

Correa et al. (2022)

Redução da dor (> 60%), aumento da flexibilidade (> 140%), resistência para MMII (> 60%) e capacidade cardiorrespiratória (10%).

Costa et al. (2022)

Aumento do EQ com olhos fechados (d’ -1,054, p<0,01), taxa de desenvolvimento de força com uma velocidade de 50m/s (d’ 1,114, p<0,05), com 100m/s (d’ 0,290; p<0,05), na execução do teste TUG nos domínios de mobilidade (d’ -0,4386, p<0,01), físico (d’ 1,3999, p<0,01), psicológico (d’ 1,536, p<0,01), qualidade de vida (d’ 0,523; p<0,05) bem como, diminuição no número de idosos vítimas de quedas (de 59,1% para 20%, p<0,01).

Jung et al. (2019)

Melhorias no IMC (F(1, 24) = 5,2, p = 0,031, η² = 0,179), PC (F(1, 24) = 6,3, p = 0,019, η² = 0,209), MM (F(1, 24) = 10,9, p = 0,003, η² = 0,312; p = 0,004), %G (F(1, 24) = 32,2, p < 0,001, η² = 0,573; p < 0,001), EQ (estático direito: Eixo X: F(1, 24) = 5,6, p = 0,026, η² = 0,190; Eixo Y: F(1, 24) = 4,3, p = 0,049, η² = 0,152; SOMA: F(1, 24) = 4,6, p = 0,043, η² = 0,160; estático esquerdo: Eixo X: F(1, 24) = 5,7, p = 0,025, η² = 0,193; Eixo Y: F(1, 24) = 5,1, p = 0,033, η² = 0,175; SOMA: F(1, 24) = 9,0, p = 0,006, η² = 0,272 e dinâmico direito: Eixo X: F(1, 24) = 5,2, p = 0,031, η² = 0,179; Eixo Y: F(1, 24) = 4,9, p = 0,037, η² = 0,169; SOMA: F(1, 24) = 6,1, p = 0,021, η² = 0,202), VC (F(1, 24) = 5,4, p = 0,029, η² = 0,184; p = 0,017; dinâmico esquerdo: Eixo X: F(1, 24) = 5,1, p = 0,033, η² = 0,176; Eixo Y: F(1, 24) = 4,5, p = 0,044, η² = 0,159; SOMA: F(1, 24) = 4,3, p = 0,048, η² = 0,153), potência máxima por PC (extensão a 90º/s: p = 0,014, flexão a 90º/s: p = 0,012, extensão a 180º/s: p = 0,014); potência média a 90º/s por quilograma de PC (extensão: p = 0,034, flexão: p = 0,036); trabalho total a 180º/s por quilograma de PC (extensão: p = 0,012); relação de resistência de extensão a 180º/s (p = 0,021) e FP (capacidade vital forçada: F(1, 24) = 10,0, p = 0,004, η² = 0,293; percentual de volume expiratório forçado em 1 segundo: F(1, 24) = 12,7, p = 0,002, η² = 0,293; fluxo expiratório forçado 25%-75%: F(1, 24) = 15,5, p = 0,001, η² = 0,393; ventilação máxima voluntária: F(1, 24) = 11,5, p = 0,002, η² = 0,324.

Marcos-Pardo et al. (2019)

Aumento da MMusc (sexo F: IC 95% 0,73-2,54; p < 0,05 e M: IC 95%: 1,26-2,85; p < 0,01) e redução de GC (M: IC 95% −3,16-0,624; p < 0,05), melhoria da CF (F e M: p < 0,01) e FM (F: em todos os testes, p < 0,01).

Ozaki et al. (2016)

Grupo MOD-Ex teve aumento leve no PC (p<0,05), espessura muscular total e do braço (p<0,05), força do joelho (p<0,05). Grupo HIGH-Ex teve maior consumo de oxigênio e pico de oxigênio pós-intervenção (p<0,05). Ambos grupos aumentaram o tempo de exercício máximo (p<0,01).

Ramos et al. (2022)

Houve melhorias na FM (Força isométrica do bíceps: p < 0,001; Força isométrica do quadríceps: p < 0,001; Força máxima dos MMSS: p < 0,001; Força máxima dos MMII: p < 0,001) e CF (p < 0,001).

Rosety et al. (2015)

Redução do tecido adiposo epicárdico (de 8,4 ± 1,0mm para 7,3 ± 1,3mm; p = 0,014; d = 0,76) e aumento da FPM (de 22,5 ± 6,0 kg para 24,1 ± 5,8 kg; p = 0,028; d = 0,94). Sem diferenças significativas nos indicadores de lesão muscular (creatina quinase - CK: p = 0,31, mioglobina: p = 0,26).

PC = peso corporal; GC = gordura corporal; MM = massa magra; MMusc = massa muscular; 

%G = percentual de gordura corporal; IMC = Índice de massa corporal; FP = função pulmonar; 

CF = capacidade funcional; VC = velocidade de caminada; EQ = equilibrio; FM = força muscular; 

FPM = força de preensão manual; MMSS = membros superiores; MMII = membros inferiores. 

Fonte: Elaboração própria

 

Efeitos agudos e crônicos do treinamento em circuito em indivíduos com sobrepeso/obesidade 

 

    O Quadro 4 fornece uma visão detalhada dos resultados obtidos após a intervenção com o treinamento em circuito em indivíduos obesos ou com sobrepeso. Os achados destacam-se por uma série de melhorias significativas, abrangendo não apenas a composição corporal, mas também, as concentrações plasmáticas de marcadores inflamatórios associados à obesidade.

 

Quadro 4. Resultados em estudos com em indivíduos obesos ou com sobrepeso

Autor (es)

Resultados

Bocalini et al. (2012)

Diminuição do PC (8,0 ± 0,8%), GC (21,4 ± 2,1%), MG (31,2 ± 3,0%), IMC, além de aumento da MM (3,0 ± 0,3%).

Kolahdouzi et al. (2019)

Redução do PC (p < 0,001), IMC (p = 0,002), RCQ (p = 0,044), concentrações plasmáticas de insulina (p < 0,001), resistência à insulina (p < 0,001), colesterol total (p = 0,033), colesterol LDL (p = 0,03), triglicerídeos (p < 0,001) e aumento do colesterol HDL (p = 0,003). Não houve diferença significativa nas concentrações de proteína C reativa (p = 0,240), apelina (p = 0,073) e quemerina (p = 0,081).

Lee et al. (2021)

Redução do PC (p < 0,001), CC (1,74 cm; P = 0,003), %G (1,2%; p = 0,003), além de aumento da força de preensão manual (p = 0,030), resistência muscular de MMSS (p = 0,024), aptidão cardiorrespiratoria (p < 0,001). Sem diferenças significativas para flexibilidade, MMusc e nos níveis do fator de crescimento de fibroblastos-21 - FGF-21 (redução dos níveis em 107,84 ± 237,55 pg/mL).

Romero-Arenas et al. (2013)

Aumento da força isocinética (p<0,001), MM (p<0,001), da DMO (p=0,025), da economia de caminhada (p<0,049). Redução da MG (p=0,011), do consumo de oxigênio relativo à MM após 1 minuto (p=0,001), 3 minutos (p=0,000) e no limiar ventilatório (p=0,049) e do gasto energético no teste progressivo em esteira após 1 minuto (p=0,022), 3 minutos (p=0,000) e 5 minutos (p=0,012).

Rosety et al. (2015)

Redução do tecido adiposo epicárdico (de 8,4 ± 1,0mm para 7,3 ± 1,3mm; p = 0,014; d = 0,76) e aumento da FPM (de 22,5 ± 6,0 kg para 24,1 ± 5,8 kg; p = 0,028; d = 0,94). Sem diferenças significativas nos indicadores de lesão muscular (creatina quinase - CK: p = 0,31, mioglobina: p = 0,26).

Zanina et al. (2023)

Redução do PC (p = 0,013), IMC (p=0,012), colesterol LDL (p=0,084), colesterol total (p=0,098) e aumento do colesterol HDL (p=0,037).

IMC = Índice de massa corporal; RCQ = Relação Cintura-Quadril; CC = circunferência da cintura; 

PC = peso corporal; %G = percentual de gordura corporal; MM = massa magra; MG = massa gorda; 

MMusc = massa muscular; DMO = densidade mineral óssea; MMSS = membros superiores. 

Fonte: Elaboração própria

 

Discussão 

 

    Os estudos sobre o treinamento em circuito em idosos e indivíduos obesos ou com sobrepeso indicam sua ampla aceitação e benefícios à saúde. No caso dos idosos, constatou-se que esse método pode alterar positivamente a composição corporal (Bocalini et al., 2012; Jung, Kim, e Park, 2019; Marcos-Pardo et al., 2019; Ozaki et al., 2016), como evidenciado por Resende-Neto (2019) e Mazini Filho et al. (2018) que obtiveram melhorias significativas na composição corporal de 34 idosas que participaram de um programa de treinamento em circuito.

 

    Adicionalmente, melhorias na qualidade de vida e autonomia funcional foram observadas, incluindo ganhos de força muscular, equilíbrio e resistência de membros inferiores, bem como a prevenção de quedas (Correa et al., 2022; Costa et al., 2022; Marcos-Pardo et al., 2019; Ozaki et al., 2016; Ramos et al., 2022). Giné-Garriga et al. (2013) também destacaram a diminuição do medo de cair entre os idosos após o treinamento em circuito, evidenciando seu impacto psicológico positivo.

 

    Além dos efeitos positivos relatados e obtidos por meio de intervenção com o treinamento em circuito, Choi, Hurr, e Kim (2020) também identificaram reduções significativas em fatores hemodinânimos, como: pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial média (PAM) e de pulso (PP).

 

    Ademais, observou-se que o treinamento em circuito promoveu mudanças na composição corporal de indivíduos obesos ou com sobrepeso, como redução de peso e gordura corporal, aumento de massa magra, e melhorias nos indicadores de risco, como IMC e circunferência abdominal (Alves, e Silva, 2021; Bocalini et al., 2012; Kolahdouzi et al., 2019; Lee et al., 2021; Romero-Arenas et al., 2013; Zanina et al., 2023). Houve também redução nos níveis de colesterol total e LDL, corroborando estudos anteriores (Kolahdouzi et al., 2019; Zanina et al., 2023) e divergindo do estudo de Paoli et al. (2013) que relataram uma significativa redução de peso corporal e pressão arterial sistólica com o treinamento em circuito de baixa intensidade, porém, os autores obtiveram resultados inferiores na redução de colesterol total, colesterol LDL, triglicerídeos e aumento nas concentrações de colesterol HDL quando o método de treinamento em circuito de baixa intensidade foi comparado ao de alta intensidade.

 

    Nos estudos relacionados à população com sobrepeso ou obesa houve diminuição do tecido adiposo epicárdico, associado a doenças cardiovasculares (Rosety et al., 2015). Esses resultados ressaltam os benefícios do treinamento em circuito na saúde cardiovascular e na composição corporal.

 

    Bocalini et al. (2012) afirmam que a redução de peso corporal é relevante em indivíduos obesos e idosos, porém, salienta que a preservação da massa magra se faz necessária para permitir a melhoria da capacidade funcional dessa população. O treinamento em circuito é citado como um método econômico e eficaz para alcançar esses objetivos, uma vez que proporciona um ambiente favorável de interações sociais, o que favorece à motivação para o treinamento. Contudo, os autores comentam que a amostra pequena e a ausência de exames bioquímicos tenham sido uma limitação do seu estudo. Esse tipo de limitação amostral também foi citado por outros autores. (Correa et al., 2022; Costa et al., 2022; Jung, Kim, e Park, 2019; Marcos-Pardo et al., 2019)

 

    A dor também foi reduzida e teve relação com a prática de exercícios físicos. Esse fato pode ser explicado pela diminuição da inflamação que é alcançada por meio dos exercícios físicos. Além do mais, a interação social também foi citada como uma das possíveis responsáveis por diminuição do quadro álgico. Aliado a isso, também é possível observar que as atividades de alongamento e flexibilidade, bem como, as que têm maiores exigências aeróbicas influenciam positivamente na redução da dor, o que é possível por meio do treinamento em circuito. (Correa et al. 2022)

 

    A melhoria do equilibrio estático e dinâmico ocorre devido à adoção de diferentes posições que simulam atividades da vida diária. As manutenções de posturas com os olhos fechados verificaram a integração dos sistemas proprioceptivo e vestibular em conjunto com os grupamentos musculares. Essa melhora no equilibrio proporcionada pelo treinamento em circuito também refletiu na melhoria da velocidade de caminhada de idosos, que é um indicador da saúde em geral. (Costa et al., 2022; Jung, Kim, e Park, 2019)

 

    A função pulmonar teve efeitos positivos após a prática de exercícios no método de treinamento em circuito. A inspiração forçada fez com que houvesse fortalecimento da musculatura respiratória e aumento no encurtamento dos músculos inspiratórios. (Jung, Kim, e Park, 2019; Marcos-Pardo et al., 2019)

 

    Um fator relevante à saúde também foi abordado nos estudos analizados, a gordura epicárdica. Essa gordura visceral é caracterizada por se acumular na superfície do coração, na camada de tecido que reveste o coração, o epicárdio. A intervenção não foi combinada com uma intervenção dietética, o que favoreceu à praticidade e viabilidade do estudo. Além disso, os efeitos positivos do treinamento em circuito sobre esse fator foram alcançados por meio de uma intervenção de 12 semanas, o que é menor do que o proposto em outros estudos, os quais relataram períodos de 16 ou até 26 semanas. (Roséty et al., 2015)

 

    A obesidade causa inflamação de baixo grau, causando desequílibrio na secreção de adipocinas. Esse processo faz elevar a resistência à insulina e aumenta a inflamação. Alguns marcadores inflamatórios como a quemerina e apelina foram reduzidos durante a intervenção com treinamento em circuito, embora os níveis de apelina não tenham diminuído significativamente (Kolahdouzi et al., 2019). Os níveis plasmáticos de apelina aumentam de acordo com o aumento de peso corporal e diminuem a partir da perda de peso induzida por dieta, tendo correlação dos seus níveis e os de triglicerídeos e glicose. (Kolahdouzi et al., 2019)

 

    Os níveis de irisina e do fator de crescimento de fibroblastos 21 (FGF-21) não tiveram aumento significativo pós-exercício. Esses fatores promovem o “browning”, que é o processo no qual ocorre a transformação do tecido adiposo branco em marrom. A transformação do tecido adiposo branco em marrom favorece à termogênese e, consequentemente, à queima de gorduras. Contudo, os autores afirmam que informações quanto a esses fatores ainda estão escassas e sugerem mais estudos sobre o tema. (Lee et al., 2021)

 

    Mediante aos resultados demonstrados nesse estudo, mais intervenções devem ser realizadas com a aplicação do método de treinamento em circuito, sobretudo, com controle de mais variáveis de treinamento, como os fatores hemodinâmicos (frequência cardíaca, pressão arterial, duplo produto) e em diversas populações (saudáveis ou não), uma vez que não há tantos estudos sobre o método na literatura. Os resultados aqui apresentados são de interesse da saúde pública e, esse tipo de treinamento pode ser eficaz quando aplicado em locais diversos aos preconizados pelo meio fitness, como domicílios, hospitais, clínicas etc.

 

Conclusão 

 

    Conclui-se que, o treinamento em circuito tem se mostrado eficiente em promover alterações morfofisiológicas em idosos e indivíduos com sobrepeso ou obesidade. Os efeitos, tanto crônicos quanto agudos, são positivos em relação a indicadores de risco cardiovascular, melhoria da qualidade de vida, aptidão física, autonomia funcional e aspectos psicológicos, além de promover mudanças na composição corporal.

 

    Esses resultados ressaltam que o treinamento em circuito pode ser ainda mais explorado por profissionais da saúde, uma vez que é adaptável às necessidades de tempo, espaço e nível de treinamento de cada indivíduo. Os benefícios observados na composição corporal, capacidade cardiovascular e funcional são relevantes, representando alterações morfofisiológicas significativas e de interesse à saúde pública.

 

    Tanto idosos quanto obesos podem usufruir de resultados positivos em relação à capacidade funcional, pois, a autonomia na realização de tarefas básicas do cotidiano afeta não somente o próprio indivíduo, mas também, seu ambiente familiar. Essa melhoria na capacidade funcional dos indivíduos dessas populações pode evitar os riscos de acidentes domésticos, diminuindo assim, as ocorrências em redes de atendimento médico.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 318, Nov. (2024)