ISSN 1514-3465
Fortalecimento do CORE: avaliação da
resistência e força muscular em corredores amadores
Strengthening the CORE: Assessment of Endurance and Muscle Strength in Amateur Runners
Fortalecimiento del CORE: evaluación de la resistencia y fuerza muscular en corredores aficionados
Naiara Trivério Camacho*
naiaratriverio@hotmail.com
Marcelo Tiago Balthazar Corrêa**
marcelo_tiago123@hotmail.com
Edson dos Santos Farias***
edson.farias@unir.br
*Graduada em Educação Física e Fisioterapia
Mestre em Ciências da Reabilitação
Atualmente é docente do Centro Universitário São Lucas
de Porto Velho, Rondônia
**Graduado em Educação Física
Especialista em Saúde da Família
Mestre em Psicologia
Atualmente docente na educação básica
em Ji-Paraná, Rondônia
***Doutor em Saúde da Criança e Adolescente
com Pós-Doutorado em Ciências Aplicada a Pediatria
Professor titular da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)
(Brasil)
Recepción: 01/03/2024 - Aceptación: 02/08/2024
1ª Revisión: 01/05/2024 - 2ª Revisión: 30/07/2024
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0
Este trabalho está sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt |
Cita sugerida
: Camacho, N.T., Corrêa, M.T.B., e Farias, E. dos S. (2024). Fortalecimento do CORE: avaliação da resistência e força muscular em corredores amadores. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(316), 135-151. https://doi.org/10.46642/efd.v29i316.7495
Resumo
Este estudo investigou a relação entre o fortalecimento muscular do CORE e o desempenho de corredores amadores, com foco na resistência e força muscular. Corredores de rua são suscetíveis a lesões musculoesqueléticas devido à alta demanda física da atividade. No entanto, o fortalecimento do CORE pode ajudar na prevenção de lesões e no aprimoramento do desempenho atlético. O estudo envolveu 35 corredores amadores de Porto Velho-RO, submetidos a testes de resistência e força muscular específicos do CORE. Os resultados destacaram uma correlação significativa entre o fortalecimento muscular e os testes de flexão do tronco, ponte lateral direita e esquerda. Além disso, a análise de regressão revelou que esses testes explicam até 31% da variação no fortalecimento muscular. Esses achados enfatizam a importância do fortalecimento do CORE para corredores amadores, sugerindo que a avaliação desses testes pode ser útil na predição do fortalecimento muscular e no desenvolvimento de programas de treinamento mais eficazes. Este estudo fornece informações valiosas para promover uma prática mais saudável e sustentável da corrida de rua, contribuindo para a prevenção de lesões e o aprimoramento do desempenho atlético nesta população específica.
Unitermos:
Corrida. Centro abdominal. Exercício físico.
Abstract
This study investigated the relationship between CORE muscle strengthening and the performance of amateur runners, focusing on endurance and muscular strength. Street runners are susceptible to musculoskeletal injuries due to the high physical demand of the activity. However, strengthening the CORE can help prevent injuries and improve athletic performance. The study involved 35 amateur runners from Porto Velho-RO, who underwent specific CORE endurance and muscular strength tests. The results highlighted a significant correlation between muscle strengthening and trunk flexion tests, right and left lateral bridge. Furthermore, regression analysis revealed that these tests explained up to 31% of the variation in muscle strengthening. These findings emphasize the importance of strengthening the CORE for amateur runners, suggesting that the evaluation of these tests may be useful in predicting muscle strengthening and developing more effective training programs. This study provides valuable information to promote a healthier and more sustainable practice of street running, contributing to the prevention of injuries and the improvement of athletic performance in this specific population.
Keywords
: Running. CORE. Exercise.
Resumen
Este estudio investigó la relación entre el fortalecimiento de los músculos CORE y el rendimiento de corredores aficionados, centrándose en la resistencia y la fuerza muscular. Los corredores callejeros son susceptibles a sufrir lesiones musculoesqueléticas debido a la alta exigencia física de la actividad. Sin embargo, fortalecer el CORE puede ayudar a prevenir lesiones y mejorar el rendimiento deportivo. En el estudio participaron 35 corredores aficionados de Porto Velho, RO, que se sometieron a pruebas específicas de resistencia CORE y fuerza muscular. Los resultados resaltaron una correlación significativa entre el fortalecimiento muscular y las pruebas de flexión del tronco, puente lateral derecho e izquierdo. Además, el análisis de regresión reveló que estas pruebas explicaban hasta el 31% de la variación en el fortalecimiento muscular. Estos hallazgos enfatizan la importancia de fortalecer el CORE para los corredores aficionados, lo que sugiere que la evaluación de estas pruebas puede ser útil para predecir el fortalecimiento muscular y desarrollar programas de entrenamiento más efectivos. Este estudio proporciona información valiosa para promover una práctica más saludable y sostenible del running callejero, contribuyendo a la prevención de lesiones y la mejora del rendimiento deportivo en esta población específica.
Palabras clave
: Corredores. CORE. Ejercicio físico.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 316, Sep. (2024)
Introdução
O conceito de CORE, referente às estruturas musculares e osteoarticulares da parte central do corpo, tem ganhado destaque no contexto esportivo devido ao seu papel fundamental na estabilidade do tronco e na transferência eficiente de forças para as extremidades durante atividades físicas, como a corrida (Chang, Lin, e Lai, 2015). A relevância da estabilidade e força do CORE tem sido cada vez mais reconhecida na reabilitação e no treinamento atlético, pois esses músculos desempenham um papel crucial na resistência contra perturbações da coluna e na prevenção de lesões. (Huxel, Bliven, e Anderson, 2013; Coulombe et al., 2017; Luk et al., 2021; Wang et al., 2012)
Com o aumento da popularidade da corrida de rua, tanto no Brasil quanto no mundo, surge a necessidade de uma abordagem mais abrangente para lidar com os desafios específicos enfrentados por essa população de atletas (Rojo, Starepravo, e Silva, 2019). A prática desse esporte exige não apenas treinos regulares e intensos, mas também uma atenção especial à prevenção de lesões, dada a exposição frequente a cargas de treinamento elevadas. (Ahmadnezhad, Yalfani, e Borujeni, 2020)
Estudos indicam que as lesões musculoesqueléticas são comuns entre corredores de rua, afetando principalmente os membros inferiores, com uma variedade de condições, como síndrome do estresse tibial medial e tendinopatia do calcâneo, destacando-se (Costa, Fonseca, e Oliveira, 2020; Raposo et al., 2021; Torres, Gomes e Silva, 2020). Tais lesões podem ser influenciadas por fatores intrínsecos, como idade e sexo, e extrínsecos, incluindo características do treinamento e tipo de superfície de corrida. (Costa, Fonseca, e Oliveira, 2020)
Embora o exercício regular, como a corrida, traga benefícios à saúde física e mental, a falta de orientação adequada e o treinamento inadequado podem aumentar o risco de lesões musculoesqueléticas (Borel, Filho, e Diz, 2019; Silva Júnior, e Conceição, 2021). Os corredores amadores, em particular, podem estar em maior risco de desenvolver disfunções na coluna vertebral, devido à falta de programas de fortalecimento específicos para prevenir lesões relacionadas à alta repetição e impacto característicos desse esporte. (Raposo et al., 2021; Torres, Gomes, e Silva, 2020)
Assim, a avaliação da estabilidade do CORE desempenha um papel crucial na identificação do risco de lesões e na elaboração de programas de prevenção personalizados. Testes de resistência e força muscular são métodos eficazes para avaliar a função do CORE em atletas, oferecendo informações importantes para a otimização do desempenho e a redução do risco de lesões. (Maccann et al., 2021; Oliveira et al., 2021)
Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo investigar a resistência e força da musculatura estabilizadora do CORE em atletas amadores de corrida brasileiros da cidade de Porto Velho, capital do estado de Rondônia, fornecendo informações valiosas para a elaboração de estratégias de treinamento e prevenção de lesões nessa população específica.
Método
Trata-se de um estudo de delineamento transversal não probabilístico por conveniência, realizado no município de Porto Velho-RO em 2023. A cidade de Porto Velho-RO, localiza-se na região Norte do país, com uma população estimada de 548.952 habitantes, com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM de 0,764 (IBGE, 2013). A presente pesquisa foi realizada no Botafogo Futebol Clube, localizado na Avenida Governador Jorge Teixeira, 2407, bairro Liberdade, na cidade de Porto Velho-RO. Participaram da pesquisa 35 atletas amadores de corrida na faixa etária entre 26 a 50 anos, de ambos os sexos, sendo homens (n=17) e mulheres (n=18). Todos os participantes deveriam ser praticantes de corrida com uma frequência de treinamento de três vezes por semana. O poder da amostra equivale a (1 - β) 59% (β = 0,40%) e nível de confiança de 95% (α = 5%) para detectar áreas sob a curva Receiver Operating Characteristic (ROC) iguais ou superiores a 0,50 como significativas, para o cálculo foi utilizado o G*Power 3.1.9.7.
Após realizado o agendamento do dia e horário de cada participante, em consonância com a pesquisadora, os participantes responderam ao Questionário de pesquisa contendo 16 perguntas relacionadas com variáveis sociodemográficas, condições de saúde e da rotina de treinamento. Ao finalizarem a resposta das questões, a pesquisadora explicou como aconteceria a realização dos testes de avaliação de resistência e força muscular.
Para o teste de resistência muscular do CORE, foi instruído para os participantes permanecerem na posição o máximo de tempo possível. Primeiramente a pesquisadora descreveu a posição, logo depois, o participante se posicionou e, se necessário, realizou uma simulação do posicionamento para esclarecer possíveis dúvidas e, por último, foi dado início aos testes na seguinte ordem:
1. Teste de Biering-Sorensen
Esse teste foi empregado para avaliar a resistência dos músculos extensores do tronco, com foco nos músculos das costas. Durante o procedimento, o participante foi posicionado deitado de bruços sobre uma maca ou superfície plana, com a parte superior do corpo projetada para fora, mantendo apenas a região pélvica em contato com a maca. Para garantir a estabilidade adequada durante o teste, três faixas ou cintos foram cuidadosamente colocados para fixar a parte inferior do corpo na maca, envolvendo a articulação do tornozelo, acima do joelho e na região da pelve. Essa fixação foi essencial para assegurar que o participante mantivesse uma postura estável, prevenindo movimentos excessivos das pernas e da pelve. Antes do início do teste, a pesquisadora auxiliou o participante a se posicionar corretamente, certificando-se de que a crista ilíaca estivesse alinhada com a maca, e ofereceu uma cadeira para apoio, se necessário. Durante a execução do teste, o participante recebeu instruções para manter o tronco alinhado em uma posição neutra, evitando arqueamentos ou curvaturas excessivas na região lombar. Os membros superiores foram cruzados sobre o peito, com as mãos posicionadas sobre o ombro contralateral, auxiliando na estabilização do tronco. Em seguida, foi solicitado ao participante que mantivesse essa posição pelo maior tempo possível, enquanto a pesquisadora registrava o tempo decorrido até que o participante não conseguisse mais manter a postura adequada. Durante todo o teste, a pesquisadora permaneceu ao lado do participante para fornecer suporte e assistência, se necessário.
2. Teste de Resistência em Flexão do Tronco
O participante foi instruído a sentar com a parte superior do tronco apoiada em um suporte de madeira com inclinação de 60°. Os joelhos e o quadril foram flexionados a 90º e os pés fixados por uma faixa. Os membros superiores ficaram cruzados sobre o peito e, assim, o participante foi instruído a manter a posição enquanto o suporte de madeira será afastado em dez centímetros, dando início ao teste. Quando o dorso encostou novamente no suporte de madeira, o teste se considerou finalizado.
3. Teste de Resistência em Ponte Lateral Direita e Esquerda
O participante se deitou em decúbito lateral, com os membros inferiores estendidos e cruzados (o membro inferior contralateral ao grupo muscular testado esteve posicionado à frente do membro inferior ipsilateral). O participante foi instruído a manter o próprio corpo em linha reta por todo o seu comprimento, elevar o quadril e usar como apoio os pés e o antebraço. A mão que não esteve envolvida no apoio do corpo foi posicionada no ombro contralateral. O teste foi considerado encerrado quando o participante for incapaz de manter o alinhamento corporal.
Todos os testes foram cronometrados em segundos utilizando um cronômetro digital da marca BESPORTBLE®, iniciando a contagem a partir do momento em que o participante assumiu a posição inicial até quando não pôde mais a manter conforme o alinhamento inicial.
Para os testes de força muscular isométrica máxima da musculatura do CORE, foi utilizado um dinamômetro portátil de tração E-lastic da marca E-Sporte®, de 85x85 mm, peso de 350 gramas composto por uma célula de carga de tração com capacidade máxima de 50 kgf com força de manilhas de acoplagem inox, transmissão de dados sem fio por tecnologia Bluetooth (taxa de 10Hz) e licença de software para recepção dos dados por meio de aplicações móveis em sistema iOS e Android. Os testes realizados na seguinte ordem:
1. Avaliação dos músculos extensores do tronco
O participante foi orientado a colocar um cinturão na altura do peito, se posicionou deitado em decúbito ventral, com as duas mãos posicionadas atrás da cabeça, pés na maca e o dinamômetro posicionado abaixo da linha do osso esterno. A pesquisadora solicitou a realização de uma repetição de extensão da coluna vertebral. Os dados foram quantificados e salvos no aparelho de sistema Android previamente preparado e configurado para o teste.
2. Avaliação dos músculos flexores do tronco
O participante foi posicionado em decúbito dorsal, com os joelhos flexionados a 90º, pés no chão e os braços elevados na altura dos ombros com as mãos segurando as alças. O dinamômetro foi posicionado atrás da cabeça, na direção das alças. Foi solicitado a ele para realizar o esforço em flexão para retirar as costas da maca.
3. Avaliação dos flexores laterais do tronco
O participante foi posicionado em pé, com uma mão segurando a alça e a outra na cintura. O dinamômetro foi posicionado entre a lateral do tronco e a alça, solicitando que ele realize uma flexão lateral do tronco. Repetir o teste para o outro lado.
Os participantes foram instruídos a realizar 3 contrações isométricas máximas com 5 segundos de duração cada e 30 segundos de intervalo entre elas. Os dados foram quantificados e salvos no aparelho de sistema Android previamente preparado e configurado para o teste.
Análise de dados
Para atender aos objetivos do presente estudo, foram realizadas as frequências absolutas e relativas, para as análises descritivas utilizaram-se médias e desvio padrão e valores mínimo e máximo. Para verificar as prevalências, foi utilizado o teste qui-quadrado. Para verificar a normalidade dos dados quantitativos, foi utilizado o teste Shapiro-Wilk (p>0,05). Após, foram selecionados os testes de resistência muscular localizada e de força muscular. Para verificar a relação entre fortalecimento muscular e os testes de resistência muscular localizada e de força muscular, foi utilizada a Correlação de Spearman. Visando identificar os testes de resistência muscular localizada e de força muscular com maior poder de predição do fortalecimento muscular, adotou-se a regressão linear múltipla no modo Stepwise considerando-se todas as variáveis investigadas e a suposição de normalidade para o resíduo do modelo de regressão. Realizou-se a análise estatística com o programa Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 20, para Windows®.
Para efeitos de análise, foram adotados os seguintes critérios de correlação: valores entre 0,70 e 1 indicam uma correlação positiva forte, entre 0,3 e 0,7 indicam uma correlação positiva moderada, e de 0 a 0,3 indicam uma correlação positiva fraca. Da mesma forma, valores entre -0,70 e -1 indicam uma correlação negativa forte, entre -0,3 e -0,7 indicam uma correlação negativa moderada, e de 0 a -0,3 indicam uma correlação negativa fraca. (Feijoo, 2010)
A coleta de dados ocorreu nos meses de agosto a outubro de 2023. Após a autorização do Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Augusto Motta (CAAE: 71184623.4.0000.5235) foi dado início a pesquisa com o recrutamento dos participantes através do contato com os treinadores de corrida, divulgação nas redes sociais e convites pessoais aos atletas amadores. Desta forma, todos estavam cientes sobre os riscos e benefícios mediante o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Resultados
Os resultados desta pesquisa oferecem uma caracterização detalhada do perfil de 35 corredores amadores participantes, destacando variáveis demográficas, características antropométricas, padrões de treinamento e histórico de lesões. A média de idade da amostra foi de 37,60 ± 7,67 anos, com uma distribuição equitativa entre adultos jovens (60,0%) e meia-idade (40,0%). A maioria dos participantes foi do sexo masculino (48,6%), com uma média de idade de 40,00 ± 8,20, enquanto o grupo feminino representou 51,4%, com média de idade de 35,33 ± 6,57. Outros parâmetros, como estatura corporal, massa corporal, índice de massa corporal (IMC), lado dominante, tempo de prática, volume de treino, frequência de treino, provas de treino, histórico de lesões e presença de dor lombar, foram minuciosamente apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Caracterização da amostra e análises descritivas de média,
desvio padrão (DP) e variações (mínima e máxima)das variáveis analisadas
em atletas corredores amadores na cidade de Porto Velho-RO. 2023. n=35
Variáveis |
n |
% |
Média |
DP |
Variação |
Idade |
|||||
Adulto
jovem |
21 |
60,0 |
37,60 |
7,67 |
26,00
- 50,00 |
Meia-idade |
14 |
40,0 |
|||
Sexo |
|||||
Masculino |
17 |
48,6 |
40,00 |
8,20 |
27,00
- 50,00 |
Feminino |
18 |
51,4 |
35,33 |
6,57 |
26,00-49,00 |
Estatura corporal |
|
|
1,71 |
0,08 |
1,52-1,89 |
Massa corporal |
|
|
73,14 |
14,27 |
57,00-126 |
Índice de massa corporal |
|
|
24,82 |
3,34 |
20,55-37,62 |
Peso
normal |
22 |
62,9 |
|
|
|
Excesso
de peso |
13 |
37,1 |
|
|
|
Lado
dominante |
|||||
Direito |
31 |
88,6 |
|
|
|
Esquerdo |
4 |
11,4 |
|
|
|
Tempo de prática |
|
|
6,28 |
6,98 |
1,00-30,00 |
Volume de treino |
|
|
29,54 |
13,17 |
8,00-60,00 |
Frequência de treino |
|
|
3,22 |
0,54 |
3,00-5,00 |
Provas de treino |
|
|
21,37 |
16,88 |
0,00
- 84,00 |
Histórico
de lesão |
|||||
Não |
31 |
88,6 |
|
|
|
Sim |
4 |
11,4 |
|
|
|
Dor
lombar |
|||||
Não |
21 |
60,0 |
|
|
|
Sim |
14 |
40,0 |
|
|
|
Frequência do fortalecimento
muscular |
|
|
1,48 |
1,06 |
0
- 4,00 |
Testes de
resistência muscular localizada |
|
|
|
|
|
Teste
de Biering-Sorensen (BS) |
|
|
113,54 |
40,76 |
57,00-252,00 |
Teste de Flexão do tronco (FT) |
|
|
237,42 |
77,48 |
93,00-300,00 |
Ponte
lateral direita (PD) |
|
|
79,17 |
35,34 |
23,00-176,00 |
Ponte
lateral esquerda (PE) |
|
|
76,94 |
37,23 |
23,00-196,00 |
Teste
de força muscular |
|||||
Extensão
do tronco (ET) |
|
|
12,11 |
4,37 |
4,58-24,20 |
Flexão
do tronco (FT) |
|
|
13,43 |
7,47 |
3,83-30,40 |
Flexão
lateral direita (FLD) |
|
|
17,68 |
9,89 |
4,27-45,67 |
Flexão
lateral esquerda (FLE) |
|
|
16,28 |
8,00 |
3,68-38,53 |
Fonte: Elaboração própria
A Figura 1 proporciona uma visualização clara das tendências relacionadas ao fortalecimento muscular na amostra. Notavelmente, 40,0% dos corredores praticam fortalecimento muscular ocasionalmente.
Tabela 2. Análise descritiva dos testes de resistência muscular localizada e de força
muscular em atletas corredores amadores na cidade de Porto Velho-RO, 2023. n=35
Variáveis |
Média |
DP |
Variação |
Testes
de resistência muscular localizada |
|||
Teste
de Biering-Sorensen (BS) |
113,54 |
40,76 |
57,00
- 252,00 |
Teste de Flexão do tronco (FT) |
237,42 |
77,48 |
93,00
- 300,00 |
Ponte
lateral direita (PD) |
79,17 |
35,34 |
23,00
- 176,00 |
Ponte
lateral esquerda (PE) |
76,94 |
37,23 |
23,00
- 196,00 |
Teste
de força muscular |
|||
Extensão
do tronco (ET) |
12,11 |
4,37 |
4,58
- 24,20 |
Flexão
do tronco (FT) |
13,43 |
7,47 |
3,83
- 30,40 |
Flexão
lateral direita (FLD) |
17,69 |
9,89 |
4,27
- 45,67 |
Flexão
lateral esquerda (FLE) |
16,28 |
8,01 |
3,68
- 38,53 |
Fonte: Elaboração própria
Na Tabela 3 o fortalecimento muscular manteve-se correlação significativa com os testes de flexão do tronco (FT), ponte lateral direito (PD) e ponte lateral esquerdo (PE) (p<0,05).
Tabela 3. Correlação entre fortalecimento muscular com os testes de resistência muscular localizada
e de força muscular em atletas corredores amadores na cidade de Porto Velho- RO, 2023. n=35
Variáveis |
Fortalecimento
muscular |
||
r |
p |
IC95% |
|
Tempo
de prática |
0,47 |
0,004* |
0,239-0,662 |
Volume
de prática |
0,51 |
0,002* |
0,216-0,758 |
Frequência
de prática |
0,16 |
0,363* |
-0,281-0,528 |
Provas
alvo |
0,45 |
0,007* |
0,140-0,724 |
TRML |
|||
B.S. |
0,20 |
0,23 |
-0,174-0,552 |
F.T. |
0,43 |
0,010* |
0,109-0,696 |
P.D. |
0,53 |
0,001* |
0,228-0,731 |
P.E. |
0,55 |
0,001* |
0,255-0,746 |
TFM |
|||
E.T. |
0,07 |
0,686 |
-0,257-0,405 |
F.T. |
0,15 |
0,384 |
-0,184-0,442 |
F.L.D. |
0,15 |
0,393 |
-0,210-0,471 |
F.L.E. |
0,22 |
0,206 |
-0,138-0,545 |
Legenda: *correlação de Spearman p<0,05. Testes de resistência muscular localizada (TRML): B.S.: Teste de Biering-Sorensen,
F.T: Teste de Flexão do tronco, P.D.: Ponte lateral direita, P.E.: Ponte lateral esquerda; Testes de força muscular (TFM): E.T: Extensão
do tronco, F.T.: Flexão do tronco, F.L.D.: Flexão lateral direita, F.L.E.: Flexão lateral esquerda. Fonte: Elaboração própria.
O cálculo de regressão linear no modelo 1 apresentou três modelos de explicação do fortalecimento muscular, considerando-se possíveis combinações de todas as variáveis investigadas (Tabela 4), o primeiro formado com o teste F.T. r2 = 0,160 (16% de explicação a existência da correlação entre as variáveis), o teste P.D. r2 = 0,240 (24% de explicação), teste P.E. r2 = 0,250 (25% de explicação). No ajuste do modelo 2 31% explica a correlação existente entre fortalecimento muscular e os teste F.T., P.D. e P.E., respectivamente.
Tabela 4. Análise de regressão linear múltipla do fortalecimento muscular com os testes de resistência muscular
localizada e de força muscular em atletas corredores amadores na cidade de Porto Velho-RO, 2023. n=35
Variáveis |
Coeficientes β |
p-valor |
Modelo
1 |
||
Constante Tempo
de prática |
0,891 0,040 r2
= 0,132 |
0,001 0,032 |
Constante Volume
de prática |
0,235 0,031 r2
= 0,275 |
0,408 0,001 |
Constante Provas
alvo |
0,708 O,020 r2
=0,200 |
0,001 0,007 |
TRML |
||
Constante F.T. |
0,197 0,004 r2
=0,160 |
0,622 0,017* |
Constante P.D. |
0,295 0,011 r2
= 0,240 |
0,312 0,003* |
Constante P.E. |
0,351 0,010 r2
= 0,250 |
0,199 0,002* |
|
Coeficientes β |
p-valor |
Modelo
2 |
||
Constante FT PD PE Tempo de prática Volume de
treino Provas alvo |
-0,678 0,002 0,003 0,005 -0,005 0,023 0,002 r2
= 0,48 |
0,129 0,169 0,658 0,483 0,841 0,013 0,862 |
Legenda: Testes de resistência muscular localizada (TRML): B.S.: Teste de Biering-Sorensen, F.T: Teste de Flexão do tronco,
P.D.: Ponte lateral direita, P.E.: Ponte lateral esquerda; Testes de força muscular (TFM): E.T: Extensão do tronco,
F.T.: Flexão do tronco, F.L.D.: Flexão lateral direita, F.L.E.: Flexão lateral esquerda. *p<0,05Fonte: Elaboração própria
Discussão
A pesquisa realizada proporcionou uma análise abrangente da interconexão entre o fortalecimento muscular e a predição do CORE em atletas amadores de corrida em Porto Velho-RO. O CORE, compreendendo a região lombar, pelve e quadril, desempenha um papel essencial na estabilidade do tronco e na transferência eficiente de forças durante atividades físicas, especialmente a corrida (Saeterbakken et al., 2022). Esta pesquisa se baseou em estudos anteriores que destacaram a importância do fortalecimento do CORE na prevenção de lesões e no aprimoramento do desempenho atlético. (De Blaiser et al., 2018)
A crescente popularidade da corrida de rua, notadamente no Brasil, onde o número de praticantes aumentou consideravelmente, levanta a necessidade de uma análise aprofundada dos benefícios e desafios associados a essa modalidade esportiva. Estudos prévios, como o de Kakouris, Yener, e Fong (2021), sublinham o aumento da incidência de lesões musculoesqueléticas em corredores, evidenciando a importância de uma abordagem multidisciplinar para oferecer suporte adequado a essa população.
Os resultados da pesquisa revelaram uma prevalência considerável de atletas que praticam fortalecimento muscular de forma ocasional, indicando uma lacuna na incorporação consistente de programas de treinamento específicos para o CORE. Este achado é particularmente relevante, pois, a falta de fortalecimento adequado pode contribuir para disfunções na coluna vertebral, especialmente na região lombar, aumentando o risco de lesões decorrentes da repetição, duração prolongada e impacto associados à corrida de rua. (Hespanhol Junior et al., 2015)
Ao analisar a relação entre o fortalecimento muscular e os testes de resistência e força muscular específicos do CORE, observou-se uma correlação significativa entre o fortalecimento e os testes de flexão do tronco, ponte lateral direita e esquerda. Essa associação destaca a importância desses testes como indicadores relevantes da condição do CORE em corredores amadores. (Petrič, Zaletel-Kragelj, e Vauhnik, 2022)
A correlação positiva entre o tempo de prática, volume de treino e a frequência de provas-alvo com o fortalecimento muscular sugere que atletas mais experientes e envolvidos em uma prática mais intensa podem ter uma consciência maior da importância do fortalecimento do CORE, incorporando-o de maneira mais regular em suas rotinas de treino. (Hespanhol Junior et al., 2015)
Os modelos de regressão linear indicam que os testes de flexão do tronco, ponte lateral direita e esquerda têm um poder explicativo significativo na variação do fortalecimento muscular. Esses resultados reforçam a validade desses testes como ferramentas eficazes na avaliação da condição do CORE em corredores amadores. (Teyhen et al., 2014)
Assim, os achados desta pesquisa destacam a necessidade premente de programas de treinamento específicos para o fortalecimento do CORE em corredores amadores, com foco nos testes de flexão do tronco, ponte lateral direita e esquerda. Essas intervenções podem desempenhar um papel crucial na prevenção de lesões e no aprimoramento do desempenho atlético, contribuindo para uma prática mais saudável e sustentável da corrida de rua. Essa abordagem holística pode ter implicações significativas na promoção da saúde musculoesquelética e no desenvolvimento de estratégias de treinamento personalizadas para essa população específica.
Conclusão
Os resultados indicaram uma correlação significativa entre o fortalecimento muscular e os testes de flexão do tronco (FT), ponte lateral direita (PD) e ponte lateral esquerda (PE). O modelo de regressão linear múltipla revelou que o teste de FT, PD e PE explica até 31% da variação no fortalecimento muscular. Assim, a avaliação desses testes pode ser útil na predição do fortalecimento muscular em corredores amadores, fornecendo informações importantes para o desenvolvimento de programas de treinamento mais eficazes.
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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 316, Sep. (2024)