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ISSN 1514-3465

 

O professor de Educação Física como interlocutor 

qualificado no paradigma da comunicação

The Physical Education Teacher as a Qualified Interlocutor in the Communication Paradigm

El docente de Educación Física como interlocutor calificado en el paradigma de la comunicación

 

Clovis Brito*

prof_clovis.brito@hotmail.com

Rui Trindade**

trindade@fpce.up.pt

 

*Mestre e Doutor em Educação

pela Universidade Tuiuti do Paraná

Pós-doutor em Educação

pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

da Universidade do Porto, Portugal

Licenciado em Educação Física e Filosofia

Professor Federal EBTT

Docente no Colégio Militar de Curitiba (Classe Titular)

**Mestre e Doutor em Educação

pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

da Universidade do Porto (FPCEUP)

Licenciado em Psicologia do Desenvolvimento

e da Educação da Criança.Docente da FPCEUP

Membro integrado do Centro de Intervenção

e Investigação Educativas (CIIE) da mesma instituição

Presidente do Conselho Científico-Pedagógico

da Formação Contínua de Portugal

Membro do Conselho de Gestão

do «Centre for Educational Research and Innovation» (CERI)

da OCDE

(Portugal)

 

Recepción: 13/02/2024 - Aceptación: 06/05/2024

1ª Revisión: 18/03/2024 - 2ª Revisión: 02/05/2024

 

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Cita sugerida: Brito, C., e Trindade, R. (2024). O professor de Educação Física como interlocutor qualificado no paradigma da comunicação. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(313), 19-32. https://doi.org/10.46642/efd.v29i313.7471

 

Resumo

    O presente artigo, realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica, teve como objetivo indicar o professor de Educação Física como Interlocutor Qualificado. Para alcançar tal propósito, o texto discorre e mostra algumas diferenças entre dois paradigmas pedagógicos: um tradicional, o da Instrução; e outro com uma perspectiva socioculturalista, o da Comunicação. Dentro de cada paradigma o professor, o aluno, o saber e o patrimônio cultural são percebidos de maneiras diferentes. No Paradigma da Instrução, com um viés normativo, o professor e o saber são os protagonistas, enquanto o aluno é coadjuvante no processo pedagógico. O professor de Educação Física, neste paradigma, além de ser aquele que julga, avalia, classifica, seleciona e pune, é um instrutor e transmissor do conhecimento, enfatizando gestos técnicos descontextualizados de uma prática não significativa para os alunos. No Paradigma da Comunicação o professor é um Interlocutor Qualificado e não existem protagonistas, mas coprotagonistas. Docente, aluno e saber realizam um movimento de interação e comunicação no qual os três são figuras essenciais no processo pedagógico. Conclui-se o texto indicando que o professor de Educação Física – que utiliza diferentes práticas corporais tematizadas tais como esportes, danças, lutas, entre outras – pode ser Interlocutor Qualificado desde que rompa com uma proposta autoritária, meritocrata, apenas organizando e mediando atividades que ignoram os alunos e o patrimônio cultural, e atue efetivamente como um professor democrático, reflexivo, colaborativo, incentivando, negociando e estabelecendo condições para que os estudantes ampliem suas capacidades de aprendizagem a nível motor, cognitivo, social e afetivo.

    Unitermos: Educação. Educação Física. Paradigma da Comunicação. Interlocutor Qualificado.

 

Abstract

    This article, based on a bibliographical survey, aims to indicate the Physical Education teacher as a Qualified Interlocutor. It explores differences between two pedagogical paradigms: the normative Instruction Paradigm and the socioculturalist Communication Paradigm. In the Instruction Paradigm, the teacher and knowledge are central, with the student playing a supporting role. The teacher assumes an authoritative role, focusing on judging, evaluating, and transmitting knowledge through decontextualized gestures. Conversely, the Communication Paradigm views the teacher, student, and knowledge as co-protagonists in an interactive and communicative process. The article advocates for a shift from an authoritarian, meritocratic approach in Physical Education teaching to a democratic, reflective, and collaborative one. By embracing diverse body practices such as sports and dance, the Physical Education teacher can be a Qualified Interlocutor, facilitating meaningful and inclusive pedagogical practices. This involves breaking away from organizing activities that neglect students and their cultural heritage, and instead, fostering an environment that encourages, negotiates, and establishes conditions for students to enhance their learning across motor, cognitive, social, and affective domains.

    Keywords: Education. Physical Education. Communication Paradigm. Qualified Interlocutor.

 

Resumen

    Este artículo, realizado a través de una investigación bibliográfica, tuvo como objetivo señalar al profesor de Educación Física como Interlocutor Calificado. Para esto, el texto discute y muestra algunas diferencias entre dos paradigmas pedagógicos: uno tradicional, el de Instrucción; y otro con una perspectiva socioculturalista, el de Comunicación. Dentro de cada paradigma, el docente, el alumno, el conocimiento y el patrimonio cultural son percibidos de diferentes maneras. En el Paradigma de Instrucción, con un sesgo normativo, docente y conocimiento son protagonistas, mientras que el estudiante es el apoyo en el proceso pedagógico. El docente de Educación Física, en este paradigma, además de ser quien juzga, evalúa, clasifica, selecciona y castiga, es instructor y transmisor de conocimientos, enfatizando gestos técnicos descontextualizados de una práctica que no resulta significativa para los estudiantes. En el Paradigma de la Comunicación el docente es un Interlocutor Calificado, no hay protagonistas, sino coprotagonistas. Maestro, alumno y conocimiento realizan un movimiento de interacción y comunicación en el que los tres son figuras esenciales en el proceso pedagógico. El texto concluye indicando que el docente de Educación Física –que utiliza diferentes prácticas corporales temáticas como deportes, bailes, luchas, entre otras– puede ser Interlocutor Calificado siempre y cuando rompa con una propuesta autoritaria, meritocrática, sólo organizando y mediando actividades, que ignoran a los estudiantes y al patrimonio cultural, y actúe eficazmente como un docente democrático, reflexivo y colaborativo, incentivando, negociando y estableciendo condiciones para que los estudiantes amplíen sus capacidades de aprendizaje a nivel motor, cognitivo, social y afectivo.

    Palabras clave: Educación. Educación Física. Paradigma de la Comunicación. Interlocutor Calificado.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 313, Jun. (2024)


 

Introdução 

 

    O presente texto que é a primeira aproximação desta possibilidade de docência com a área da Educação Física, foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica e tem como objetivo indicar o professor de Educação Física como Interlocutor Qualificado. Tal possibilidade de entendimento de docência está amparada nas teorias dos pesquisadores portugueses Trindade, e Cosme (2010) quando estes exploram o professor como Interlocutor Qualificado no Paradigma da Comunicação. Para eles, o professor, como Interlocutor Qualificado, consegue lidar melhor com algumas inquietudes, mudanças, complexidades – e mesmo com as discrepâncias e diversas informações oriundas da sociedade atual – que adentram o ambiente escolar, de maneira mais adequada que outras possibilidades de docência não conseguem contornar.

 

    Antes de trazer uma primeira abordagem sobre o conceito de Professor como Interlocutor Qualificado, apresentado por Rui Trindade e Ariana Cosme, e realizar uma conexão com o docente de Educação Física, optou-se em compreender o que os termos interlocutor e qualificado podem sugerir para enriquecer a compreensão sobre o conceito que será aprofundado neste texto.

 

    O termo interlocutor é composto pela junção do prefixo inter com a palavra locutor. O prefixo inter, de origem latina e que significa entre (Faria, 1962), pode ser definido, segundo Bechara (2009, p. 515), como um prefixo que exprime a noção de relação recíproca entre coisas ou pessoas. A palavra locutor – que é um substantivo masculino de origem latina (locuto) – está relacionada ao termo locução e pode ser definida como a “maneira de falar, a pessoa que fala, pessoa que formula um enunciado” (Bechara, 2009, p. 563). A palavra interlocutor pode ser definida, ainda de acordo com Bechara (2009, p. 517), como “cada uma das pessoas que toma parte de uma conversação ou uma pessoa que fala em nome de várias”.

 

    Já a palavra qualificado, que é um adjetivo masculino, pode ser definida como “aquele que se qualificou” ou alguém “que tem certas qualidades ou atributos” (Bechara, 2009, p. 742). Pode-se pensar, como uma primeira aproximação, que a expressão interlocutor qualificado se refere a uma pessoa que durante uma relação com outro(s) tem condições (por estar qualificado) de possibilitar perspectivas diferenciadas que propiciem condições de avanço durante uma interação social.

 

    Tal percepção inicial propicia possibilidade para visualizar uma conexão com o que foi encontrado nas referências de Rui Trindade e Ariana Cosme (Trindade, e Cosme, 2010, p. 215), quando apontam que o papel do Professor como Interlocutor Qualificado, na relação com os alunos, “é como de alguém que tem condições pessoais e culturais para apoiar de forma ativa e intencional o processo de formação pessoal e social dos seus alunos”.

    Como Interlocutor Qualificado, o professor passa a ser entendido como alguém que estimula, negocia e cria as condições para que os seus alunos adquiram autonomia intelectual e sociomoral, tornando-se, assim, capazes de utilizar e de recriar os instrumentos, as informações e os procedimentos que lhes permitam pensar o mundo que os rodeia e agir aí de forma informada e eticamente congruente com os valores próprios de uma sociedade democrática. (Trindade, e Cosme, 2010, p. 215)

    O professor como Interlocutor Qualificado, referenciado pelos autores lusitanos, está inserido dentro do Paradigma da Comunicação que pode ser caracterizado por prestigiar diferentes interações que acontecem no espaço da sala de aula como fator que potencializa a aprendizagem dos alunos (Trindade, e Cosme, 2010, p. 59). Para eles o Paradigma Pedagógico da Comunicação responde a alguns dilemas pedagógicos que outros paradigmas tendem a ignorar, entre eles aqueles relacionados com a relação que se estabelece entre os alunos e o patrimônio culturalmente validado, ou seja:

    [...] os professores, caso se assumam como instrutores ou como organizadores e animadores de ambientes de aprendizagem, tendem a ignorar os alunos e o patrimônio cultural cuja apropriação compete à Escola promover como vértices decisivos e incontornáveis em processo de comunicação cuja importância decorre do fato de poder sustentar e potenciar um projeto de educação. (Trindade, e Cosme, 2010, p. 85)

    O patrimônio cultural, segundo Brayner (2012, p. 12), “é formado pelo conjunto dos saberes, fazeres, expressões, práticas e seus produtos que remetem à história, à memória e à identidade de um povo”, ou seja, um conjunto de bens (que não se restringe somente a questões materiais) que caracteriza uma determinada sociedade. Para Trindade, e Cosme (2010, p. 21), o patrimônio cultural pode ser “configurado como um conjunto de informações, instrumentos, procedimentos, atitudes e valores”, o qual é um objeto não só de consenso político, mas também de um “processo de validação cultural suficientemente exigente”. É esse patrimônio que está na origem da construção dos currículos escolares, que podem ser interpelados e questionados, mas, como patrimônio cultural, não podem ser recusados ou negados.

 

    Os apontamentos conceituais de Rui Trindade e Ariana Cosme, tanto sobre o Paradigma da Comunicação como o Professor como Interlocutor Qualificado, serão a base teórica que será utilizada para pensar como o professor de Educação Física – que estabelece condições para que os estudantes ampliem, além de suas capacidades de aprendizagem a nível motor, cognitivo, social e afetivo, o seu desenvolvimento em termos pessoais e sociais –, pode empoderar-se profissionalmente com tal possibilidade de entendimento de docência, a partir do momento em que as suas práticas pedagógicas são pensadas e estruturadas dentro do Paradigma da Comunicação, como Interlocutor Qualificado.

 

    Se a Educação Física pode ser pensada como um componente curricular que, por meio da “cultura corporal do movimento” (Daolio, 2004; Moraes, e Ribeiro, 2010; González, e Bracht, 2012; Brasil, 2018, entre outros), propicia aos alunos convivência com a diversidade de manifestações corporais oriundas de diferentes culturas, o professor, ao ser Interlocutor Qualificado – que não idolatra mas não nega ou despreza o patrimônio cultural –, pode, por meio de suas práticas educativas,apresentar o que já se conhece historicamente sobre determinada manifestação corporal, uma vez que, segundo Brasil (2018):

    A Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história. [...] a Educação Física oferece uma série de possibilidades para enriquecer a experiência das crianças, jovens e adultos na Educação Básica, permitindo o acesso a um vasto universo cultural. Esse universo compreende saberes corporais, experiências estéticas, emotivas, lúdicas e agonistas, que se inscrevem, mas não se restringem, à racionalidade típica dos saberes científicos que, comumente, orienta as práticas pedagógicas na escola. (Brasil, 2018, p. 213)

    Para dar continuidade ao texto e discorrer sobre o tema proposto, optou-se, inicialmente, em visualizar o professor de Educação Física dentro do Paradigma Pedagógico da Instrução para perceber seus compromissos, responsabilidades e a natureza da ação do docente dentro daquele paradigma para posteriormente discorrer sobre o docente de Educação Física dentro do Paradigma da Comunicação como Interlocutor Qualificado, itens que serão realizados na sequência para atender o objetivo proposto para o artigo que é indicar o professor de Educação Física como Interlocutor Qualificado.

 

O professor de Educação Física como instrutor no Paradigma da Instrução 

 

    O Paradigma da Instrução que pode ser percebido como uma concepção de educação que teve forte aceitação em um tempo que a escola cumpria aquilo que prometia, ou como diz Canário (2005), num tempo das “verdades e das certezas” da escola, pode ser compreendido como:

    [...] uma concepção de educação que, ao assumir uma dimensão eminentemente prescritiva do ato educativo, tende a valorizar, sobretudo, a difusão da informação e a aquisição de aptidões específicas por parte dos alunos, por meio da utilização de metodologias que se caracterizam pela sua sistematicidade padronizada e se polarizam, sobretudo, nos conteúdos a apreender. (Trindade, e Cosme, 2010, p. 30)

    O Paradigma da Instrução surgiu concomitantemente com a implantação, na sociedade moderna, da escola como um local que propiciou uma situação privilegiada para os atores que ali se encontravam – alunos e professores –, a relação pedagógica. Esta relação social inédita até então, exercida num lugar e num tempo distintos das outras atividades sociais, segundo Canário (2005, p. 62), ao ser estabelecida, rompeu com os processos que naquele momento eram dominantes, propondo uma mudança dos “[...] modos de ensino individualizados (um mestre, um aluno) para modos de ensino simultâneo (um mestre, uma classe)”.

 

    Se os objetivos da escola, nos séculos XVIII e XIX, estavam relacionados com a manutenção e às verdades do período histórico emergente (a Modernidade), a escola implantada naquele período – na Europa –, segundo Sibilia (2012), visava formar não apenas uma mão de obra para servir as demandas de uma sociedade industrial, mas bons cidadãos, de acordo com os valores do período que estava emergindo. Sendo assim, a escola tradicional firma-se como uma escola autoritária na qual o professor era aquele que tudo sabia e deveria transmitir seus conhecimentos aos alunos que eram aqueles que, por não saberem, então deveriam receber o conhecimento.

 

    Apesar do Paradigma da Instrução estar presente na relação pedagógica desde sua implantação na Modernidade, esta concepção educativa teve sua base epistemológica atualizada com as teorias comportamentalistas que foram absorvidas e implantadas na educação a partir de meados do século XX (Trindade, e Cosme, 2010, p. 32). Dessa maneira, a concepção de educação no Paradigma da Instrução, com este upgrade torna-se, além de normativa, prescritiva mantendo-se autoritária, magistrocêntrica e acrescentando a meritocracia como um requisito aceitável dentro deste paradigma.

 

    O professor, no Paradigma da Instrução, almeja que o aluno funcione a sua semelhança e o conduz até onde ele quer que os discentes cheguem e determina o que deve fazer e como fazer. Sendo assim, os professores, como instrutores dentro do Paradigma da Instrução, segundo Trindade (2009a, p. 93), são “detentores de um saber tido como indiscutível e reconhecido como tal” e a sua função “é conduzir os seus alunos a transitar de um estado de ignorância inicial para um estado mais próximo daquele em que esses docentes se encontram”.

 

    Dentro do Paradigma da Instrução o professor de Educação Física é entendido como um instrutor, e nesse sentido, como nos aponta Cosme (2009, p. 22) ao falar do docente dentro desta concepção, um professor cheio de poderes que pode julgar, avaliar, classificar, selecionar e punir. Para Mena, Bedoya, e Marin (2005, p. 95), este docente de Educação Física pode ser visualizado como um professor tradicional pois, na relação pedagógica, assume por geral um papel dominante e vertical com relação aos alunos, que, por sua vez, executam um papel passivo e receptivo tanto com relação a sua participação nas atividades práticas como na aquisição de novos conhecimentos a nível conceitual.

    

    Ao pesquisar a questão do professor de Educação Física tradicional, encontrou-se em Bessa et al. (2022), quando apontam algumas particularidades de um modelo de ensino para Educação Física tradicional e centrada no professor, itens que exemplificam algumas características tanto do docente como do aluno dentro do Paradigma da Instrução, são elas:

    (a) o professor assume o total controle e organização da aula; (b) o professor define regras e padrões de comportamento dos alunos, procurando potenciar a eficácia das tarefas e o tempo disponível para a prática; (c) a aula é estruturada em segmentos temporais, onde o professor apresenta de forma detalhada os padrões desejáveis de habilidades ou movimentos, uma vez que a prioridade é o desenvolvimento do domínio motor; (d) aos alunos cabe a tarefa de seguir as instruções e replicar movimento; e (e) o professor recorre frequentemente ao feedback positivo e corretivo para fomentar o encorajamento empenhamento motor dos alunos. (Bessa et al., 2022, p. 69)

    Embasado por alguns autores que foram consultados para entender o que é uma educação tradicional e, consequentemente, o que é uma Educação Física tradicional, entre eles Remonte (2014), Mesquita (2013), Trindade (2012), Mizukami (2009), Cosme (2006), Kunz (2006), Magalhães (2005), Libâneo (2004), Medina (1983), entre outros, é possível dizer que o modelo dito tradicional de Educação Física, o qual se enquadra no Paradigma da Instrução, trata de assuntos relacionados à prática de atividade física como algo conectado exclusivamente a um corpo (que não pensa, não questiona e não colabora na construção do conhecimento), enfatizando gestos motores e técnicos de maneira descontextualizada. O ensino é centrado no professor e o aluno apenas executa prescrições que por este lhe são determinadas. O professor tradicional entende que seus alunos não possuem conhecimentos significativos e relevantes acerca das temáticas em causa ou “não têm maturidade suficiente para participarem na construção e desenvolvimento de tais percursos, razão maior que justificaria, afinal, a necessidade de aqueles serem apoiados e orientados pelos respectivos docentes”. (Trindade, 2009a, p. 66)

 

    Para entender como é a relação que se estabelece entre os polos estruturantes de uma ação educativa (professor, aluno e saber) dentro dos paradigmas, será utilizado – assim como fizeram Trindade, e Cosme (2010), à teoria do Triângulo Pedagógico proposto pelo pedagogo francês Houssaye (1993). Segundo essa teoria, a ação pedagógica insere-se num triângulo constituído por três vértices ou polos: o saber, o professor e os alunos. Quando dois polos mantêm uma relação privilegiada tendem a excluir o terceiro, ou, como afirma Houssaye (1993), colocam o terceiro elemento em uma situação de passividade, de neutralidade, no lugar do morto.

 

    Dentro do Paradigma da Instrução, segundo a teoria do Triângulo Pedagógico e respaldado pelos apontamentos de Trindade, e Cosme (2010), a relação entre o professor e o saber ocupa uma posição privilegiada enquanto o aluno ocupa o lugar do passivo (aquele que executa as atividades da aula sem ser consultado e/ou ouvido. O professor é o que define e determina o que acontecerá). “É que, de acordo com o Paradigma da Instrução, cabe aos professores redimirem os alunos da sua ignorância e incompetência” (Trindade, 2009a; p. 36), ou seja, é entre o polo do professor e do saber que se estabelece a relação de destaque enquanto o aluno ocupa, no Triângulo Pedagógico, a posição do morto. É obvio que os discentes estão presentes na relação, mas, como nos mostra Nóvoa (1995, p. 7), são elementos do jogo, “mas a sua voz não é essencial para fixar o desfecho dos acontecimentos". Desta maneira, a relação pedagógica constrói-se “como um acto de subordinação dos alunos quer face à informação que se difunde no âmbito dos contextos escolares, quer face àqueles, os professores, cuja missão passa por garantir essa difusão e assegurar o sucesso da mesma”, (Trindade, 2009a, p. 36)

 

    O patrimônio cultural, item determinante na diferenciação dos paradigmas, dentro do Paradigma da Instrução é percebido, segundo Trindade (2009a), como um conjunto de informações e de procedimentos pré-organizado, completo e acabado que não admite discussões, pois é produzido por especialistas. Se constitui, ainda conforme Trindade (2009a), como um objeto epistemológico indiscutível dentro deste paradigma, sendo a sua divulgação suficiente para moldar os alunos dentro do que a sociedade espera para eles.

 

    Diante da complexidade da sociedade atual, que pode ser percebida de diferentes maneiras, inclusive como sociedade do conhecimento (Hargreaves, 2003), visualiza-se que o professor de Educação Física como um instrutor, mediador ou mesmo organizador e facilitador não consegue dar conta de todos os desafios que entrelaçam uma relação pedagógica dentro das escolas atuais e os autores do texto concordam com Rui Trindade e Ariana Cosme quando afirmam que somente um professor como interlocutor qualificado consegue contornar tal situação, item que será abordado no próximo tópico.

 

O professor de Educação Física como Interlocutor Qualificado no Paradigma da Comunicação 

 

    O Paradigma da Comunicação surge, assim como outros paradigmas – como por exemplo o da Aprendizagem –, com o intuito de se contrapor ao Paradigma da Instrução e teve nas práticas pedagógicas enfatizadas pelos educadores que atuavam, segundo Trindade (2009b) no âmbito do Movimento da Educação Nova, sua gênese, ainda que a partir de pressupostos e concepções diferentes.Trindade e Cosme (2010, p. 59), ao discorrerem sobre os autores que respaldam o Paradigma da Comunicação, elencam algumas obras do americano John Dewey (1859-1952) e do francês Célestin Freinet (1896-1966), apesar dos vínculos que os relacionam com o Paradigma da Aprendizagem, como “contributos matriciais para a construção do Paradigma Pedagógico da Comunicação” no que tange aos temas do patrimônio cultural como fator decisivo de qualquer processo educativo (Dewey) e nas questões relativas à organização, partilha, cooperação e interlocução dentro do processo educativo (Freinet).

 

    Se no Paradigma da Aprendizagem a base teórica teve uma vertente psicológica construtivista, no Paradigma da Comunicação – que teve um conjunto variado de contributos que passam pelo campo da Pedagogia, Sociologia e Didática – sua vertente psicológica é impregnada pelas abordagens socioculturalistas (Trindade, e Cosme, 2010), embasamentos que amparam a valorização no quesito do patrimônio cultural dentro deste paradigma.

 

    O patrimônio cultural no Paradigma da Comunicação não é intocável, desvalorizado ou negado, pelo contrário, ele é um “instrumento decisivo de interlocução” dentro da relação pedagógica (Trindade, 2009, p. 100). Com isso, a escola por esta perspectiva educacional tem como finalidade contribuir para apropriação, por parte dos alunos, de uma fatia decisiva do patrimônio cultural enquanto condição do processo de afirmação e desenvolvimento pessoal e social dos alunos no seio da sociedade em que estão inseridos (Trindade, e Cosme, 2010, p. 27). A função da escola, então, é:

    [...] promover a socialização de um determinado tipo de patrimônio cultural, consubstanciado num conjunto de informações explicitamente validadas, de instrumentos, de procedimentos e de atitudes que são entendidos como necessários à vida nas sociedades e no mundo contemporâneo, pelo fato de poderem contribuir para o desenvolvimento do processo de formação pessoal e social das gerações mais jovens. (Cosme, 2009, p. 52)

    Entende-se que para essa escola, onde deve prevalecer uma relação de comunicação entre os envolvidos sem a qual não acontece aprendizagem, o ato de educar tem o poder de impulsionar o progresso social e individual do estudante quando os obstáculos culturais ou – como diz Trindade (2009a, p. 112) – os “constrangimentos culturais”, se convertam em elementos que fortaleçam sua capacidade de se afirmar de maneira inteligente e solidária no mundo que o cerca. Sendo assim, educar é permitir que o aluno “se reconheça e afirme como um sujeito no seio da comunidade humana, tendo como referência o patrimônio cultural que essa comunidade disponibiliza". (Trindade, e Cosme, 2010, p. 84-85)

 

    Dentro do Paradigma da Comunicação, os alunos, apesar de serem personagens ativos e solidários no âmbito do processo de aprendizagem em que se encontram envolvidos são, junto com os professores, coprotagonistas no projeto educacional, e devem ser percebidos como sujeitos que estão em formação e ainda não possuem autonomia cultural, necessitando ser expostos a diferentes perspectivas e abordagens do mundo a fim de poderem desenvolver uma compreensão mais ampla do ambiente que os cercam.

    Em suma, para o Paradigma da Comunicação, o protagonismo dos sujeitos é possível e, sobretudo, é necessário [...]. Em rigor, este protagonismo trata-se mais de um co-protagonismo porque depende do modo como os outros o potenciam, apoiando, discutindo, desafiando, propondo, discordando, confrontando e avaliando as atividades, do ponto de vista dos procedimentos e dos produtos que se dinamizaram e construíram para que tais atividades suscitassem as aprendizagens dos alunos. (Trindade, e Cosme, 2016, p. 1049)

    Na relação que se estabelece entre os polos estruturantes da ação educativa (professor, aluno e saber) – utilizando o Triângulo Pedagógico de Houssaye (1993) –, percebe-se que não existe um vértice privilegiado. No Paradigma da Comunicação acontece numa conversação e interação constante entre os vértices daquele triângulo (professor, aluno e o saber), nesse sentido, alunos e professores, como coprotagonistas, têm acesso ao vértice do saber sem destaque para nenhum dos lados. Face ao exposto, o Paradigma da Comunicação pode ser identificado como:

    [...] um paradigma através do qual seja possível superar as abordagens pedagógicas que se desenvolvem a partir da valorização de um dos pólos nucleares da relação educativa, de forma a conferir [...] centralidade às relações que se estabelecem entre pólos e ao modo como tais relações se estabelecem. (Fernandes, 2003, p. 646)

    Na relação pedagógica sociocêntrica que se estabelece no Paradigma da Comunicação, os professores como Interlocutores Qualificados não devem renunciar, nessa concepção de educação, ao poder que efetivamente possuem (Trindade, 2009a, p. 101) – um poder definido por via de uma autoridade que se legitima pela sua dialogicidade e não por via do autoritarismo, como acontece no caso do Paradigma da Instrução. Um poder que possibilita condições de interação na relação professor x aluno, instigando uma comunicação de via dupla, tanto entre eles (professor e aluno) como entre eles o conhecimento.

 

    Tal interação, especificamente nas aulas de Educação Física, também deve ser de mão dupla, mas o docente – por ser um Interlocutor Qualificado – deve assumir-se como aquele que está preparado na relação pedagógica para exercer a função de ser professor, tendo consciência explicita acerca de suas funções e atribulações, sabendo que não poderá fazer pelo aluno coisas que só a ele cabe fazer, mas não o deixando, também, entregue a si mesmo e à sua sorte. O professor de Educação Física, por esse viés, não é apenas instrutor, transmissor de informações e avaliador, como no Paradigma da Instrução, mas desempenha um papel de Interlocutor Qualificado, no sentido apresentado por Trindade, e Cosme (2010, p. 215):

    [...] de alguém que tem condições pessoais e culturais para apoiar de forma ativa e intencional o processo de formação pessoal e social dos seus alunos, não fazendo por eles o que só a eles compete fazer, mas não os deixando entregues a si próprios sem rumo e sem apoio. Nesta perspectiva, o professor não é um pastor, mas também não se limita a ser um uma espécie de anjo da guarda.

    Respaldado nas diversas referências de Rui Trindade e Ariana Cosme que embasaram a escrita deste texto é possível dizer que o professor de Educação Física como Interlocutor Qualificado pode ser entendido como aquele docente que, por meio de diferentes práticas educativas próprias da sua área e conectadas a um patrimônio cultural e com uma comunicação e intervenção pedagógica deliberada e adequada, incentiva, negocia e estabelece condições para que os estudantes ampliem suas capacidades de aprendizagem a nível motor, cognitivo, social e afetivo, capacitando-os a utilizar e reinventar ferramentas, informações e métodos que lhes permitam, além de uma autonomia sobre os temas da Educação Física, refletir sobre o mundo ao seu redor e agir de maneira consciente e ética, em coerência com os valores próprios de uma sociedade democrática.

 

Conclusão 

 

    Neste texto, que teve como objetivo indicar o professor de Educação Física como um Interlocutor Qualificado, navegou pelas teorias de Rui Trindade e Ariana Cosme quando estes indicam caminhos para entender o Paradigma da Comunicação.Um paradigma que os autores portugueses, defendem ser adequado para confrontar e superar o Paradigma da Instrução, pois coloca o professor e alunos como atores coprotagonistas que coexistem no mesmo espaço.

 

    A Educação Física no Paradigma da Comunicação, inserida em um contexto público ou privado – e, dessa maneira, sujeita aos constrangimentos que um sistema educacional lhe impõe – deve ser entendida como um componente curricular que, através de práticas corporais tematizadas – tais como as Brincadeiras, Jogos, Esportes, Ginásticas, Danças, Lutas, Práticas corporais de aventura, entre outras – propicia condições para que os discentes ampliem suas capacidades de aprendizagem a nível motor, cognitivo, social e afetivo com ênfase na relação linear entre professor, aluno e saber, realizando uma conexão na qual a comunicação, além de propiciar acesso ao patrimônio cultural, prestigia o desenvolvimento social do educando. Os professores de Educação Física, como Interlocutores Qualificados, devem assumir, como nos mostra Rui Trindade:

    [...] o seu dever de intervir como educadores, não deixando, assim, alunos entregues à sua sorte, eventualmente como reféns dos seus mundos, estimulando-os com outras perspectivas, outros saberes e outras atitudes que possam contribuir para que os alunos encontrem novas respostas e novas explicações, bem como um relacionamento mais exigente com o mundo que os rodeia. (Trindade, 2009a, p. 112)

    Conclui-se o presente texto, que é uma primeira aproximação ao tema proposto, afirmando que o professor de Educação Física – que segundo Moraes, e Ribeiro (2010), consegue construir uma relação pedagógica diferente da relação que acontece nos outros componentes da Educação Básica–, pode empoderar-se com tal possibilidade de entendimento de docência desde que se perceba e se assuma como tal, respeitando as características de seu componente curricular, realizando a comunicação adequada com seus discentes e com suas intenções docentes voltadas para uma ação de interlocução qualificada, ou seja, rompendo com uma proposta autoritária, meritocrata, puramente mediadora e atue como um professor democrático, reflexivo, colaborativo e não apenas organizador e mediador de atividades que tendam a ignorar os alunos e o patrimônio cultural cuja apropriação cabe a escola assegurar.

 

    Por se tratar de uma primeira aproximação com esta possibilidade de docência na Educação Física, tal tema necessita de aprofundamentos acadêmicos que exemplifiquem como pode ser uma intervenção pedagógica adequada para um professor de Educação Física reconhecer-se como Interlocutor Qualificado; ou qual modelo pedagógico este docente pode utilizar para auxiliar em sua prática; ou ainda como proceder avaliações dentro deste viés pedagógico; entre outros aprofundamentos. Tais possibilidades ficam como sugestões para estudos futuros.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 313, Jun. (2024)