ISSN 1514-3465
Treinamento multicomponente e de força melhoram
saúde mental e qualidade de vida de idosos
Multicomponent and Strength Training Improve
Mental Health and Quality of Life in the Elderly
El entrenamiento multicomponente y de fuerza mejora la
salud mental y la calidad de vida de los adultos mayores
Paula Ferreira Mendes do Nascimento
*pmendees5@gmail.com
Rayanderson Salustiano da Silva
**rayandersons552@gmail.com
Gabriel Rodrigues Neto
+gabrielrodrigues_1988@hotmail.com
Leonardo dos Santos Oliveira
++leosoliveira@uol.com.br
*Especialista em Educação Física Adaptada à Inclusão
Graduada em Educação Física
pelas Faculdades Nova Esperança (FACENE)
**Graduado em Educação Física
pelas Faculdades Nova Esperança (FACENE)
+Doutor em Educação Física
pela Universidade Federal da Paraíba
Diretor da Faculdade Socorro Soares (FASS)
Docente do Ensino Superior
++Mestre em Educação Física
pela Universidade de Pernambuco/Universidade Federal da Paraíba
Docente do Ensino Superior
(Brasil)
Recepción: 03/02/2024 - Aceptación: 06/03/2024
1ª Revisión: 21/02/2024 - 2ª Revisión: 02/03/2024
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Cita sugerida
: Nascimento, P.F.M. do, Silva, R.S. da, Neto, G.R., y Oliveira, L. dos S. (2024). Treinamento multicomponente e de força melhoram saúde mental e qualidade de vida de idosos. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(311), 71-82. https://doi.org/10.46642/efd.v29i311.7460
Resumo
O objetivo deste estudo é comparar os efeitos de 6 semanas de treinamento multicomponente (TMC) e de força (TF) em índices de estresse, ansiedade, depressão e qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de idosos. Um estudo experimental não-randomizado (pré-pós teste) foi conduzido com idosos de ambos os sexos (65-79 anos) designados aos grupos: TMC (n=6, exercícios aeróbios, de amplitude de movimento e fortalecimento) ou TF (n=7, Exercícios de fortalecimento) durante 6 semanas. A saúde mental foi medida pela Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21), enquanto a QVRS foi medida pelo SF-36. Os dados foram reportados por média e erro padrão e a análise foi efetuada pelo modelo de Equações de Estimativas Generalizadas (GEE), cujo tamanho do efeito foi expresso pelo d de Cohen. Na análise por GEE, não foram observados efeitos estatisticamente significantes do grupo, momento ou interação para as variáveis analisadas (P>0,05). O tamanho do efeito foi ligeiramente favorável ao TMC para todos os escores saúde mental (0,14≤d≤0,53). Quanto à QVRS, efeitos favoráveis ao TMC foram verificados para os domínios Dor corporal (d=1,27), Vitalidade (d=0,34) e Aspectos sociais (d=0,22). Por sua vez, o TF foi favorável à melhoria dos domínios Aspectos físicos (d=0,85), Estado geral da saúde (d=2,46), Aspectos emocionais (d=1,29) e Saúde mental (d=0,35). Conclui-se que o TMC foi mais efetivo para a saúde mental e a QVRS de idosos parece ser treino-dependente. Tanto TMC quanto TF, realizados de forma progressiva, podem ser estratégias eficazes para melhoria da saúde mental e QVRS de idosos.
Unitermos:
Exercício físico. Transtornos mentais. Indicadores de qualidade de vida.
Abstract
The aim of this study is to compare the effects of 6 weeks of multicomponent training (MCT) and strength training (ST) on indices of stress, anxiety, depression and health-related quality of life (HRQoL) in the elderly. A non-randomized experimental study (pre-posttest) was conducted with elderly men and women (65-79 years) assigned to groups: MCT (n=6, aerobic, range of motion and strengthening exercises) or ST (n=7, strengthening exercises) for 6 weeks. Mental health was measured using the Depression Anxiety and Stress Scale (DASS-21), while HRQoL was measured using the SF-36. The data was reported by mean and standard error and the analysis was performed using the Generalized Estimating Equations (GEE) model, whose effect size was expressed by Cohen's d. In the GEE analysis, there were no statistically significant effects of group, time or interaction for the variables analyzed (P>0.05). The effect size was slightly in favor of MCT for all mental health scores (0.14≤d≤0.53). As for HRQoL, favorable effects for MCT were observed for the Bodily pain (d=.27), Vitality (d=0.34) and Social functioning (d=0.22) domains. In turn, ST was favorable for improving the Physical functioning (d=0.85), General health (d=2.46), Role emotional (d=.29) and Mental health (d=0.35) domains. It can be concluded that the mental health and HRQoL of the elderly may depend on their training. Both MT and ST, when performed progressively, can be effective strategies for improving the mental health and HRQoL of the elderly.
Keywords
: Physical exercise. Mental disorders. Indicators of quality of life.
Resumen
El objetivo es comparar los efectos de 6 semanas de entrenamiento multicomponente (MCT) y entrenamiento de fuerza (TF) sobre los índices de estrés, ansiedad, depresión y calidad de vida relacionada con la salud (CVRS) en personas mayores. Estudio experimental no aleatorizado (pre-post test) con adultos mayores de ambos sexos (65-79 años) asignados a grupos: TMC (n=6, ejercicios aeróbicos, de amplitud de movimiento y de fortalecimiento) o TF (n=7, Ejercicios de fortalecimiento) durante 6 semanas. La salud mental se midió mediante Escala de Ansiedad, Depresión y Estrés (EADS-21), y la CVRS mediante SF-36. Los datos se reportaron como media y error estándar y el análisis se realizó mediante el modelo de Ecuaciones de Estimación Generalizadas (GEE), cuyo tamaño del efecto fue expresado por la d de Cohen. En el análisis GEE no se observaron efectos estadísticamente significativos de grupo, momento o interacción para las variables analizadas (P>0,05). El tamaño del efecto estuvo ligeramente a favor de CMD para todas las puntuaciones de salud mental (0,14≤d≤0,53). En cuanto a la CVRS, se verificaron efectos favorables de DMC para los dominios Dolor corporal (d=1,27), Vitalidad (d=0,34) y Aspectos sociales (d=0,22). El TF fue favorable a la mejora de los dominios Aspectos físicos (d=0,85), Estado de salud general (d=2,46), Aspectos emocionales (d=1,29) y Salud mental (d=0,35). Se concluye que TMC fue eficaz para la salud mental y la CVRS parece depender del entrenamiento. La TMC como la PT, realizadas de forma progresiva, pueden ser estrategias efectivas para mejorar la salud mental y la CVRS.
Palabras clave
: Ejercicio físico. Trastornos mentales. Indicadores de calidad de vida.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 311, Abr. (2024)
Introdução
O envelhecimento está associado a um declínio no funcionamento cognitivo, bem como com um aumento na ocorrência de eventos adversos à saúde (Salthouse, 2019; Segal et al., 2018). Sabe-se que alterações fisiológicas podem levar a uma maior suscetibilidade de transtornos somáticos e mentais (Segal et al., 2018). Na população idosa, o transtorno depressivo (7%), seguido por ansiedade (3,8%) são os transtornos mentais mais prevalentes (World Health Organization, 2017). Esses transtornos mentais podem afetar as capacidades físicas com muita intensidade, tornando-se comum que idosos vivam socialmente isolados ou confinados em uma instituição especializada, em que seus principais vínculos sociais são apenas outros idosos reclusos e, igualmente, afetados.
Nesse cenário, o exercício físico surge como processo fundamental para mitigar os efeitos dos transtornos mentais, potencializados pela pandemia da COVID-19 (Cunningham et al., 2020; Meidutė, e Česnaitienė, 2020). Contudo, muitos idosos não atendem às recomendações mínimas acerca da prática de atividade física e, portanto, não obtém seus benefícios. Algumas evidências apontam que se a dose e a qualidade da prática forem planejadas adequadamente, podem-se obter vantagens não somente nas capacidades funcionais (Martínez-Velilla et al., 2019), mas, também, em aspectos emocionais (ex.: alívio do estresse, aumento do bem-estar, etc.). (Mikkelsen et al., 2017; Oliveira et al., 2019)
Um dos programas de treinamento físico com potencial eficácia para o cuidado dos transtornos mentais e melhoria da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) é o treinamento multicomponente (TMC). Baseado em movimentos humanos naturais (ex.: correr, arremessar, agachar etc.), o TMC inclui uma combinação de exercícios aeróbios, força, equilíbrio, coordenação e mobilidade articular. Sua dinâmica, aspectos metodológicos e sociabilidade no treino acabam se tornando fatores motivacionais para sua prática (Boyle, 2018). No geral, os estudos com TMC tem focado, especialmente, em desfechos metabólicos ou da aptidão física (Bouaziz et al., 2016; Jofré-Saldía et al., 2023; Monteagudo et al., 2021; Suzuki et al., 2018) e, portanto, os efeitos do TMC na saúde mental e na QVRS ainda não estão claros, sobretudo na população idosa.
O treinamento de força (TF), por sua vez,tem sido consistentemente considerado como um modelo viável e eficaz para prover benefícios na QVRS, auxiliando, também, em diferentes aspectos da saúde do idoso (ex.: autonomia, capacidade funcional, aumento/manutenção de massa magra, óssea e força) (Bamgbade, e Dearmon, 2016; Fragala et al., 2019). Haraldstad et al. (2017) verificaram que um programa de TF (12 sem., 3x/sem.) parece ser uma intervenção benéfica para melhorar a QVRS, força muscular e hipertrofia de homens mais velhos. Uma metanálise recente evidenciou que o TF melhora diferentes componentes da QVRS em idosos, exceto Vitalidade, pontuação do componente físico e total da QVRS. (Kashi et al., 2023)
Outras evidências indicam que tanto o TF, quanto o TMC, podem melhorar não somente a aptidão física, mas, o funcionamento executivo, a retenção deliberada de respostas prepotentes ou automáticas, o que, por sua vez, implica em uma melhor qualidade de vida para o idoso (Forte et al., 2013; Kaushal et al., 2018). No entanto, esses achados são inconclusivos, visto que outros estudos reportam apenas efeitos crônicos na melhora da função física, em detrimento da cognição e dos sintomas depressivos (Ansai, e Rebelatto, 2015; Monteagudo et al., 2021). Assim, os efeitos de intervenções com TMC e TF em índices de estresse, ansiedade, depressão e na qualidade de vida em idosos são inconsistentes.
Ainda que diferentes métodos de treinamento físico sejam empregados com o objetivo de melhorar a saúde mental de idosos, é importante elucidar os efeitos do TMC e TF em índices de estresse, ansiedade e depressão, bem como na QVRS de idosos com mais de 65 anos. Portanto, o objetivo deste estudo é comparar os efeitos de 6 semanas de treinamento multicomponente (TMC) e de força (TF) em índices de estresse, ansiedade, depressão e qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de idosos. A hipótese é que o TMC e o TF apresentem efeitos diferentes na saúde mental e na QVRS de idosos. Investigações dessa natureza podem auxiliar profissionais do treinamento físico e outros terapeutas na elaboração de programas de TMC e TF adequados para auxiliar o tratamento de idosos com ênfase na melhoria da saúde mental e qualidade de vida.
Métodos
Desenho experimental, participantes e aspectos éticos
Este estudo foi delineado para comparar os efeitos de 6 semanas de TMC e TF em índices de estresse, ansiedade, depressão e na QVRS de idosos. Assim, um estudo experimental não-randomizado, com delineamento pré-pós teste (Creswell, e Creswell, 2017), foi conduzido para intervenção com esses métodos de treinamento. As medidas de estresse, ansiedade, depressão e QVRS foram efetuadas antes e após a aplicação da intervenção, sendo solicitado aos participantes a manterem suas rotinas normais durante o período do estudo.
Os voluntários foram recrutados em centros de treinamento físico a partir do método boca-a-boca (Van Hoye et al., 2016). Participaram do estudo 13 idosos, sendo sete do grupo TF [6 mulheres; idade: 68 (4) anos; massa corporal: 68,1 (11,0) kg; estatura: 1,62 (0,1) m] e seis do grupo TMC [3 mulheres; idade: 72 (4) anos; massa corporal: 72,9 (11,0) kg; estatura: 1,64 (0,1) m]. Os idosos foram designados logisticamente para os grupos TMC e TF por conveniência, conforme a preferência do local de treinamento (estrutura, proximidade da respectiva residência). Foram incluídos: a) homens e mulheres com idade entre 65 e 79 anos; b) praticantes de qualquer exercício físico regular por menos de 6 meses; c) alfabetizados; d) idosos que não faziam uso de medicamentos para transtornos mentais; e) idosos que não apresentaram diabetes ou hipertensão descompensadas; e f) que não faziam terapia cognitiva. Foram excluídos idosos: a) que não completaram 80% das sessões de treinamento; b) aderentes à terapia cognitiva durante o estudo; e c) que se engajaram em qualquer outro tipo de atividade física vigorosa ou esportes competitivos durante o estudo.
Quanto ao cálculo amostral, provido pelo Power Analysis and Sample Size Software 2021 (PASS 21, NCSS, USA), observou-se que 11 indivíduos, cada um medido duas vezes, atinge um poder (1−β) de 0,82 quando se usa um teste Wald bilateral a partir de uma análise GEE para testar uma diferença média em função do tempo entre TMC e TF em mais de 1,5 a um nível de significância de 0,05. O desvio padrão é previsto em 1.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da faculdade local, seguindo os requisitos éticos do Conselho Nacional de Saúde, conforme a Resolução 466/12 (CAAE: 61239922.8.0000.5179). Todos os participantes assinaram um termo de consentimento esclarecido por escrito.
Avaliação dos sintomas de estresse, ansiedade e depressão
Os indicadores de estresse, ansiedade e depressão foram avaliados por meio da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21), validada para o Brasil com consistência interna adequada para as escalas de ansiedade (α= 0,86), depressão (α= 0,92) e estresse (α= 0,90) (Vignola, e Tucci, 2014). Essa escala apresenta 21 questões, em três subescalas avaliando um tipo de transtorno específico: ansiedade [Q2, Q4, Q7, Q9, Q15, Q19 e Q20], depressão [Q3, Q5, Q10, Q13, Q16, Q17 e Q21] e estresse [Q1, Q6, Q8, Q11, Q12, Q14 e Q18], no qual “0” é o escore mínimo e “21” é o máximo. Cada item corresponde a uma afirmação que remete para sintomas emocionais negativos em que o indivíduo identifica o seu estado emocional relativamente à semana anterior (Pais-Ribeiro et al., 2004). Os valores dos itens em cada subescala são somados (pontuação bruta) e o cálculo da pontuação final da EADS-21 é efetuado pelo escore multiplicado por dois para interpretação dos índices de gravidade (Lovibond, e Lovibond, 1995). Além disso, a soma dos escores foi calculada e registrada como medida da SM total.
Medida da qualidade de vida
A qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) foi medida por meio da versão brasileira do Questionário SF-36 (Ciconelli et al., 1999). O SF-36 avalia a qualidade de vida relacionada à saúde na semana anterior a aplicação do questionário. É composto por 36 questões autoadministradas. As 11 questões estão agrupadas em 36 componentes, com os devidos pesos, distribuídos em uma escala de 0 (zero) a 100 (cem). Os componentes são: Capacidade funcional, Aspectos físicos, Dor corporal, Estado geral da saúde, Vitalidade, Aspectos sociais, Aspectos emocionais, Saúde mental e duas pontuações resumidas: o resumo do componente físico (PCS) para saúde física e o resumo do componente mental (MCS) para saúde mental. As pontuações destes componentes são somadas para formação de um resultado total que varia de 0 a 100, em que, quanto maior a pontuação, melhor será a qualidade de vida relacionada a saúde.
Protocolo de treinamento multicomponente (TMC)
O TMC ocorreu 3x/sem., com intervalo de 48h entre as sessões. O protocolo de treinamento seguiu as recomendações do American College of Sports Medicine e da American Heart Association (Nelson et al., 2007). Cada sessão de TMC consistiu em: (a) uma fase de aquecimento (2 minutos) com corrida estacionária em skipping baixo; (b) treinamento de amplitude de movimento (20 minutos), com base em exercícios para cervical, ombros, punho, quadris e tornozelos, para aumentar a amplitude de movimento das articulações e melhorar coordenação motora; (c) treinamento de fortalecimento muscular (20 minutos), composto por dois exercícios para membros superiores (supino plano com barra e desenvolvimento de ombros) com pesos crescentes de 0,5 a 1,0 kg, dois exercícios para membros inferiores (agachamento e afundo) e um exercício para o tronco (extensão de tronco no solo).
O modelo de circuito foi empregado, com frequências variando entre dois circuitos (10 repetições na primeira sessão de treinamento) e quatro circuitos (oito repetições até o final do programa) com intervalos de 35-50 segundos. A escolha da carga inicial de 0,5 kg para os exercícios de membros superiores foi feita para permitir que todos os participantes completassem todo o conjunto de repetições; a progressão de peso foi decidida sessão por sessão em um nível individual pelo profissional. Antes do início do estudo, duas sessões foram realizadas para a familiarização com os exercícios (ajustes técnicos, intervalo entre os exercícios, velocidade de execução, contagem de repetições). A intensidade do treinamento sucedeu entre moderado e intenso (6-8), determinada pela percepção de esforço (PSE 0-10) de Borg, sua aplicação ocorreu após a primeira semana de treinamento.
Protocolo treinamento de força (TF)
Seguindo as recomendações do American College of Sports Medicine e da American Heart Association (Nelson et al., 2007), o grupo de TF realizou exercícios de fortalecimento muscular. As sessões ocorreram 3x/sem., com intervalo de 48 hs. entre elas. O treinamento incluiu dois exercícios para membros superiores (supino plano com barra, desenvolvimento de ombros), dois exercícios para membros inferiores (agachamento e afundo) e um exercício para o tronco (extensão de tronco no solo). A carga inicial variou de 1,0 a 5,0 kg nas primeiras 3 semanas de treinamento, cuja progressão da carga foi decidida individualmente a cada semana pelo profissional responsável com pesos livres ou máquinas. O modelo circuito foi adotado, sendo executado duas vezes com 10 repetições durante toda a intervenção, com intervalos de 40 segundos. A intensidade do treinamento ocorreu entre moderado e intenso (6-8), determinada pela percepção de esforço (PSE 0-10) de Borg, sua aplicação ocorreu após a primeira semana de treinamento.
Análise estatística
Média e erro padrão foram estimados pelo modelo de Equações de Estimativas Generalizadas (GEE) com distribuição gama e função de ligação log, que analisou os efeitos das intervenções em dois momentos distintos (pré × pós), com o ajuste de Bonferroni. Ademais, o tamanho do efeito (TE) foi estimado pelo d Cohen (desenhos pré-teste-pós-teste e pré-pós-controle) (Morris, 2008), usando a calculadora Psychometrica e interpretado como: d<0,20 trivial, d=0,20-0,59 pequeno, d=0,60-1,19 moderado, d=1,20-1,99 grande, d=2,00-3,99 muito grande e d≥4,0 quase perfeito (Hopkins et al., 2009). Os dados foram analisados por meio do programa IBM Statistical Package of the Social Sciences (SPSS), versão 25.0 (IBM corp., Armonk, EUA). Um valor-P foi considerado significante quando menor que 5%.
Resultados
O fluxograma amostral pode ser observado na Figura 1, em que dos 24 idosos inicialmente recrutados, somente 14 cumpriram os critérios de inclusão. Uma idosa do grupo TF não completou 80% das sessões de treinamento. Assim, a análise dos desfechos foi realizada com sete e seis idosos nos grupos TF e TMC, respectivamente. Quanto às características sociodemográficas, o grupo de idosos era, majoritariamente, composto por mulheres (70,0%) com experiência em treinamento de força (77,0%) e com escolaridade em nível médio (46,2%). Em relação a condição da saúde mental, nenhum idoso possuía uma triagem positiva para os níveis de estresse, ansiedade ou depressão e apenas um idoso deteve todo os seus escores aumentados após a intervenção.
As Tabelas 1 e 2 reportam a comparação entre as intervenções com TMC e TF para os componentes da saúde mental e QVRS, respectivamente. Na análise por GEE, não foram observados efeitos estatisticamente significantes do grupo, momento ou interação para as variáveis analisadas (P>0,05). Contudo, o TE foi ligeiramente favorável ao TMC para os escores de estresse (d=0,47; efeito pequeno), ansiedade (d=0,53; efeito pequeno), depressão (d=0,14; efeito pequeno) e para a SM geral (d=0,43; efeito pequeno). No que se refere à QVRS, efeitos favoráveis ao grupo TMC foram verificados para os domínios Dor corporal (d=1,27; efeito grande), Vitalidade (d=0,34; efeito pequeno)e Aspectos sociais (d=0,22; efeito pequeno). Por sua vez, o TF foi favorável à melhoria dos domínios Aspectos físicos (d=0,85; efeito moderado), Estado geral da saúde (d=2,46; efeito muito grande), Aspectos emocionais (d=1,29; efeito grande) e Saúde mental (d=0,35; efeito pequeno).
Tabela 1. Efeito do treinamento multicomponente (TMC) e de força (TF) na saúde mental de idosos
Variável |
Momento |
Intervenção |
GEE Efeitos |
χ2Wald |
P |
|
TMC
(n=6) |
TF
(n=7) |
|||||
Estresse |
Pré |
3,87 (1,6) |
2,17 (0,8) |
Grupo |
0,720 |
0,396 |
6 semanas |
2,20 (0,9) |
2,03 (0,8) |
Momento |
0,658 |
0,417 |
|
|
|
|
Grupo × Momento |
0,406 |
0,524 |
|
TE Pré vs. 6 semanas |
1,74 |
0,05 |
TE TMC vs. TF |
0,466 |
||
Ansiedade |
Pré |
1,37 (0,8) |
0,79 (0,5) |
Grupo |
0,039 |
0,843 |
6 semanas |
0,88 (0,6) |
1,21 (0,7) |
Momento |
0,000 |
0,999 |
|
|
|
|
Grupo × Momento |
0,532 |
0,466 |
|
TE Pré vs. 6 semanas |
0,33 |
−0,26 |
TE TMC vs. TF |
0,529 |
||
Depressão |
Pré |
0,88 (0,5) |
2,61 (1,4) |
Grupo |
4,365 |
0,037 |
6 semanas |
0,73 (0,4) |
2,88 (1,6) |
Momento |
0,006 |
0,938 |
|
|
|
|
Grupo × Momento |
0,064 |
0,800 |
|
TE Pré vs. 6 semanas |
0,10 |
−0,14 |
TE TMC vs. TF |
0,137 |
||
Saúde Mental |
Pré |
6,00 (2,5) |
5,60 (2,2) |
Grupo |
0,272 |
0,602 |
6 semanas |
3,68 (1,5) |
6,01 (2,3) |
Momento |
0,267 |
0,605 |
|
|
|
|
Grupo × Momento |
0,481 |
0,488 |
|
TE Pré vs. 6 semanas |
0,71 |
−0,08 |
TE TMC vs. TF |
0,426 |
Legenda: TMC, Treinamento multicomponente. TF, Treinamento de força. Fonte: Elaboração própria
Tabela 2. Efeito do treinamento multicomponente (TMC) e
de força (TF) na qualidade de vida relacionada à saúde de idosos.
Variável |
Momento |
Intervenção |
GEE Efeitos |
χ2Wald |
P |
|
TMC (n=6) |
TF (n=7) |
|||||
CF |
Pré |
80,7
(3,2) |
79,1
(5,4) |
Grupo |
0,142 |
0,707 |
6
semanas |
90,7
(1,5) |
89,1
(2,4) |
Momento |
10,188 |
0,001 |
|
|
|
|
Grupo
× Momento |
0,001 |
0,977 |
|
TE
Pré vs. 6 semanas |
1,23 |
0,55 |
TE
TMC vs. TF |
0,00 |
||
AF |
Pré |
85,7
(13,2) |
58,3
(17,3) |
Grupo |
0,468 |
0,494 |
6
semanas |
74,0
(15,1) |
83,3
(7,6) |
Momento |
0,319 |
0,572 |
|
|
|
|
Grupo
× Momento |
1,543 |
0,214 |
|
TE
Pré vs. 6 semanas |
−0,36 |
0,55 |
TE
TMC vs. TF |
−0,85 |
||
DOR |
Pré |
40,2
(2,2) |
43,0
(4,2) |
Grupo |
0,365 |
0,546 |
6
semanas |
50,4
(3,8) |
41
,0 (4,7) |
Momento |
2,058 |
0,151 |
|
|
|
|
Grupo
× Momento |
3,894 |
0,048 |
|
TE
Pré vs. 6 semanas |
2,83 |
−0,16 |
TE
TMC vs. TF |
1,27 |
||
SG |
Pré |
88,4
(2,4) |
72,5
(4,6) |
Grupo |
0,158 |
0,691 |
6
semanas |
72,7
(6,5) |
82,8
(6,1) |
Momento |
0,507 |
0,476 |
|
|
|
|
Grupo
× Momento |
14,09 |
0,000 |
|
TE
Pré vs. 6 semanas |
−5,90 |
0,82 |
TE
TMC vs. TF |
−2,46 |
||
VIT |
Pré |
69,1
(4,2) |
69,1
(5,0) |
Grupo |
0,122 |
0727 |
6
semanas |
78,5
(3,4) |
74,1
(5,1) |
Momento |
13,43 |
0,000 |
|
|
|
|
Grupo
× Momento |
1,100 |
0,2
94 |
|
TE
Pré vs. 6 semanas |
1,98 |
0,51 |
TE
TMC vs. TF |
0,34 |
||
AS |
Pré |
76,7
(9,5) |
95,8
(2,4) |
Grupo |
2,879 |
0,090 |
6
semanas |
78,5
(9,0) |
93,7
(2,5) |
Momento |
0,000 |
0,989 |
|
|
|
|
Grupo
× Momento |
0,394 |
0,530 |
|
TE
Pré vs. 6 semanas |
0,10 |
0,59 |
TE
TMC vs. TF |
0,22 |
||
AE |
Pré |
71,4
(12,4) |
61,1
(16,5) |
Grupo |
0,682 |
0,409 |
6
semanas |
57,1
(14,6) |
100,0
(0,0) |
Momento |
0,734 |
0,392 |
|
|
|
|
Grupo
× Momento |
5,170 |
0,023 |
|
TE
Pré vs. 6 semanas |
−0,33 |
1,34 |
TE
TMC vs. TF |
−1,29 |
||
SM |
Pré |
76,0
(6,2) |
69,3
(5,8) |
Grupo |
0,284 |
0,594 |
6
semanas |
82,2
(5,7) |
81,3
(4,5) |
Momento |
9,259 |
0,002 |
|
|
|
|
Grupo
× Momento |
1,041 |
0,308 |
|
TE
Pré vs. 6 semanas |
0,42 |
2,13 |
TE
TMC vs. TF |
−0,35 |
Legenda: TMC, Treinamento multicomponente. TF, Treinamento de força. GEE, Generalized Estimation Equations. TE, Tamanho do efeito (d de Cohen). CF, Capacidade funcional. AF, Aspectos físicos. DOR, Dor corporal. SG Estado geral da saúde. VIT, Vitalidade. AS, Aspectos sociais. AE, Aspectos emocionais. SM, Saúde mental. Fonte: Elaboração própria
Discussão
Os resultados desta pesquisa indicam que, ao longo de 6 semanas, o TMC demonstrou efeitos levemente mais benéficos em todos os indicadores de saúde mental, enquanto o TF foi efetivo, mas em menor escala. Além disso, destaca-se a influência expressiva do método de treinamento nos diferentes domínios da QVRS dos idosos. Os achados apoiam parcialmente a hipótese inicial sobre os efeitos distintos do TMC e TF na saúde mental e na QVRS de idosos. Estas descobertas contribuem para uma compreensão mais aprofundada dos benefícios específicos de cada abordagem, oferecendo insights valiosos para o desenvolvimento de estratégias de intervenção mais eficazes no cuidado da saúde mental e na promoção da qualidade de vida em idosos.
Investigações que compararam os efeitos do TMC e TF na população idosa são raras. O presente estudo apresenta uma referência inicial dos diferentes efeitos que esses métodos de treinamento têm na saúde mental e QVRS de idosos com mais de 65 anos. Nossos resultados apontam que a participação de idosos em programas dessa natureza beneficiam seus estados de saúde geral. Estes achados são relevantes porque esse grupo etário pode enfrentar obstáculos em promover sua QVRS. Portanto, parece racional recomendar intervenções por meio do TMC e TF que além de atenuar as vulnerabilidades próprias do envelhecimento, podem promover uma vida longeva de qualidade. Reforça-se que os profissionais habilitados devem selecionar um programa de exercício físico compatível com as condições de saúde, considerando a motivação e a afetividade pela modalidade, de modo a potencializar a aderência.
Sabe-se que a qualidade de vida está intimamente relacionada à saúde mental da pessoa idosa (Andreas et al., 2017). Especialmente nos estágios finais da vida, há significativa prevalência de transtornos de ansiedade e depressão,somada a diferentes agentes estressores (ex.: invalidez, isolamento social, solidão, mudança de papéis sociais etc.), o que eleva o risco de morte associado a várias comorbidades. Além disso, esses desfechos foram potencializados com o advento da COVID-19 (Grolli et al., 2021; Kasar, e Karaman, 2021; Sepúlveda-Loyola et al., 2020), levando a um cenário ainda mais desafiador para as autoridades de saúde. Dessa forma, ao reconhecer a complexidade desses desafios, os profissionais de saúde e as autoridades competentes podem orientar suas ações para proporcionar um suporte integral e personalizado aos idosos, contribuindo assim para a construção de um ambiente propício ao bem-estar mental e ao envelhecimento saudável.
A literatura tem evidenciado uma poderosa relação entre exercício físico/atividade física e sintomas de ansiedade e depressão (Lange et al., 2023; Mikkelsen et al., 2017; Oliveira et al., 2019; Park et al., 2014; Schuch et al., 2016). Por exemplo, grandes efeitos antidepressivos do exercício, em comparação com condições controle, foram verificados, particularmente, em estudos que incluíram pessoas com perturbação depressiva maior (Schuch et al., 2016). Diante da redução dos índices de ansiedade, depressão e estresse promovidos pelo TMC, corrobora-se com a premissa de que a saúde mental pode ser melhorada com essa modalidade de treinamento. Nessa direção, reforça-se que a prática de exercício físico, com a sua acessibilidade global e eficácia clinicamente significativa, constitui uma estratégia prudente para a promoção da saúde mental, incluindo a prevenção e o tratamento de transtornos mentais comuns. (Lange et al., 2023; Park et al., 2014)
Diferentes estudos têm reportado efeitos benéficos tanto do TMC (Jofré-Saldía et al., 2023; Kaushal et al., 2018; Suzuki et al., 2018), quanto do TF (Haraldstad et al., 2017; Leitão et al., 2022) na QVRS de idosos. Nossos achados fornecem suporte de que ambos os métodos de treinamento são efetivos para a melhoria de diferentes domínios da QVRS em idosos treinados. Jofré-Saldía et al. (2023) observaram efeitos do TMC (45 min., 2x/sem.) em todas as dimensões da QVRS de idosos comparado a um grupo controle. O menor e o maior efeito observado ocorreram, respectivamente, para os componentes Aspectos sociais e Capacidade funcional. Os efeitos do presente estudo para Aspectos sociais foram semelhantes, contudo, para Capacidade funcional, o efeito foi, aproximadamente, quatro vezes maior. Essa diferença pode estar relacionada a uma maior frequência semanal em nossa intervenção.
A National Strength and Conditioning Association tem recomendado o TF como uma intervenção poderosa para prover melhoras no bem-estar psicológico e qualidade de vida (Fragala et al., 2019). Além disso, uma metanálise recente confirmou a eficácia do TF para os domínios Funcionamento físico, Saúde mental, Dor corporal e Saúde geral, contudo, não foram encontrados benefícios para Vitalidade, escore de componente físico, ou escore total de QV (Kashi et al., 2023). Dessa forma, o presente estudo fornece uma evidência inicial de que um programa de TF moderado a intenso (6 sem., 3x/sem., 8-12 repetições, cinco exercícios) pode melhorar o domínio da Vitalidade em idosos mais velhos.
Outro fato importante no presente estudo decorre da ligeira vantagem da prática do TMC nos índices de saúde mental e alguns domínios da QVRS, particularmente Dor corporal, Saúde geral e Aspectos sociais. Antes da intervenção, os idosos apresentaram valores da saúde geral da QV maiores que congêneres na população brasileira (Miranda et al., 2016; Tavares, e Dias, 2012). Esse evento, por si, já limita alguns ganhos que poderiam ser observados como efeitos dos métodos de treinamento aplicados. Ainda assim, a abordagem integrada do TMC pode ter contribuído para a integração do grupo, o que repercute na motivação e, por conseguinte, justifica os estes achados.
A piora nos índices de ansiedade e depressão dos idosos que realizaram o TF é contraintuitiva. Além de favorecer o tamanho do efeito quando comparado ao TMC, esses resultados sugerem que os idosos que praticaram o TF poderiam estar experimentando estados depressivos. Em contrapartida, muitos domínios da QVRS nesse grupo melhoraram em resposta ao TF. Ainda que tenha sido solicitada a manutenção de rotina para os participantes, variáveis intervenientes não-controladas (ex.: alimentação, solidão, mudança de papéis sociais) poderiam esclarecer esse resultado inesperado. Logo, recomendam-se estudos randomizados e controlados para confirmar essas particularidades.
Conclusões
O TMC demonstrou efeitos levemente mais benéficos em todos os indicadores de saúde mental, enquanto o TF foi efetivo, mas em menor escala. Além disso, os domínios da QVRS em idosos parecem ser treino-dependentes. Tanto TMC como TF realizado de forma progressiva podem ser estratégias eficazes para melhoria da saúde mental e QVRS de idosos.
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