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ISSN 1514-3465

 

Periodização esportiva com pico de desempenho. Uma revisão sistemática

Sportive Periodization with Peak of Performance. A Systematic Review

Periodización deportiva con pico de rendimiento. Una revisión sistemática

 

Nelson Kautzner Marques Junior

kautzner123456789junior@gmail.com

 

Mestre em Ciência da Motricidade Humana

pela Universidade Castelo Branco (UCB)

Pós-Graduado Lato Sensu em Treinamento Desportivo

pela Universidade Gama Filho (UGF)

Pós-Graduado Lato Sensu em Musculação

e Treinamento de Força pela UGF

Pós-Graduado Lato Sensu em Fisiologia do Exercício

e Avaliação Morfofuncional pela UGF

Graduado em Educação Física

pela Universidade Estácio de Sá (UNESA)

(Brasil)

 

Recepción: 13/01/2024- Aceptación: 07/03/2024

1ª Revisión: 08/02/2024 - 2ª Revisión: 04/03/2024

 

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Cita sugerida: Marques Junior, N.K. (2024). Periodização esportiva com pico de desempenho. Uma revisão sistemática. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(312), 172-203. https://doi.org/10.46642/efd.v29i312.7423

 

Resumo

    Pico de desempenho é definido como o ótimo estado de preparação do atleta. O objetivo da revisão sistemática foi de apresentar os estudos relacionados ao desempenho esportivo que detectaram a quantidade de semanas que levaram ao pico de desempenho e a duração do pico. O autor selecionou 18 artigos científicos que identificaram o pico de desempenho. Após essa seleção de artigos, a revisão sistemática utilizou a escala de Galna et al. para estabelecer a qualidade dos estudos. Os resultados estabeleceram os dados conforme o tipo de periodização: periodização tradicional (PT) com 14,1±4,8 semanas de treino até o 1º pico de desempenho e 6±4,8 semanas de duração do 1º pico, PT com 6,5±4,7 semanas de treino até o 2º pico de desempenho e 5,07±4,28 semanas de duração do 2º pico, bloco ATR com 7±4,2 semanas de treino até o pico de desempenho e 2 semanas de duração do pico, periodização de Bompa com 18±2,82 semanas de treino até o pico de desempenho e o tempo do pico não foi mensurado, periodização em bloco (PB) com 12,7±5,8 semanas de treino até o 1º efeito posterior duradouro do treinamento (EPDT) e 9,5±4,9 semanas de duração do 1º EPDT, PB com 4 a 16 semanas de treino até o 2º EPDT e 1 a 6 semanas do 2º EPDT. Em conclusão, a periodização com pico de desempenho foi desenvolvida para modalidades, individuais mas conforme a disputa para os esportes coletivos, esse tipo de concepção pode ser utilizada.

    Unitermos: Treinamento. Atletismo. Natação. Fisiologia. Fadiga.

 

Abstract

    Peak of performance is defined as the athlete's optimal state of preparation. The objective of the systematic review was to present the studies related to sportive performance that detected the number of weeks that led to the peak of performance and the duration of the peak. The author selected 18 scientific articles that identified the peak of performance. After this selection of articles, the systematic review used the scale by Galna et al. to establish the quality of the studies. The results established the data according to the type of periodization: traditional periodization (TP) with 14.1±4.8 weeks of training until the 1st peak of performance and 6±4.8 weeks of duration of the 1st peak, TP with 6.5±4.7 weeks of training until the 2nd peak of performance and 5.07±4.28 weeks of duration of the 2nd peak, ATR block with 7±4.2 weeks of training to peak of performance and 2 weeks of duration of peak, Bompa periodization with 18±2.82 weeks of training until the peak of performance and the peak time was not measured, block periodization (BP) with 12.7±5.8 weeks of training until the 1st lasting training posterior effect (LTPE) and 9.5±4.9 weeks of duration of the 1st LTPE, BP with 4 to 16 weeks of training until the 2nd LTPE and 1 to 6 weeks of duration of the 2nd LTPE. In conclusion, peak periodization of performance was developed for individual modalities, but depending on the competition for team sports, this type of conception can be used.

    Keywords: Training. Track and field. Swimming. Physiology. Fatigue.

 

Resumen

    El máximo rendimiento se define como el estado óptimo de preparación del deportista. El objetivo de la revisión sistemática fue presentar estudios relacionados con el rendimiento deportivo que detectaron el número de semanas que llevaron al pico de rendimiento y la duración del pico. El autor seleccionó 18 artículos científicos que identificaron el máximo rendimiento. Tras esta selección de artículos, la revisión sistemática utilizó la escala de Galna et al. para establecer la calidad de los estudios. Los resultados establecieron los datos según el tipo de periodización: periodización tradicional (PT) con 14,1±4,8 semanas de entrenamiento hasta el primer pico de rendimiento y 6±4,8 semanas de duración del primer pico, PT con 6,5±4,7 semanas de entrenamiento. hasta el 2º pico de rendimiento y 5,07±4,28 semanas de duración del 2º pico, bloque ATR con 7±4,2 semanas de entrenamiento hasta el pico de rendimiento y 2 semanas de duración desde el pico, periodización Bompa con 18±2,82 semanas de entrenamiento hasta no se midió el rendimiento máximo ni el tiempo máximo, periodización en bloque (PB) con 12,7±5,8 semanas de entrenamiento hasta el primer efecto de duración posterior del entrenamiento (EPDT) y 9,5±4,9 semanas de duración del primer EPDT, PB con 4 a 16 semanas de entrenamiento hasta el 2º EPDT y de 1 a 6 semanas del 2º EPDT. En conclusión, la periodización con máximo rendimiento fue desarrollada para modalidades individuales, pero dependiendo de la competencia para deportes de equipo se puede utilizar este tipo de concepción.

    Palabras clave: Entrenamiento. Atletismo. Natación. Fisiología. Fatiga.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 312, May. (2024)


 

Introdução 

 

    A maioria dos tipos de periodizações esportivas foram originadas dos esportes individuais onde o atleta precisa estar preparado em condições máximas em um determinado momento do calendário esportivo, por esse motivo essas concepções estabelecem que o treinamento seja estruturado para o competidor atingir o pico da forma esportiva na disputa (Marques Junior, 2012, 2023a). Conforme a periodização que visa o pico de desempenho para determinado atleta, existe um tipo de carga de treino (Costa, 2022). Por exemplo, a periodização tradicional de Matveev e a periodização de Bompa a carga é diluída, a periodização do esquema estrutural de cargas de alta intensidade de Tschiene a carga é regular de alta intensificação, a periodização em bloco de Verkhoshanski a carga é concentrada de força e o pico é chamado de efeito posterior duradouro do treinamento (EPDT), a periodização em bloco ATR de Issurin e Kaverin a carga é o resíduo do treino (Marques Junior, 2022a, 2022b). Portanto, para o atleta atingir o pico de desempenho, o treinador deve estruturar adequadamente os microciclos e mesociclos para o competidor atingir o melhor desempenho na competição. (Marques Junior, 2019; Moura et al., 2023)

 

    O pico de desempenho é definido como o ótimo estado de preparação do atleta (Matveev, 1997). Quando o esportista atinge o pico da forma esportiva ele obteve adaptações fisiológicas crônicas que levam a supercompensação (Marques Junior, 2011, 2023a). Esse pico de desempenho está relacionado com o heterocronismo da adaptação, conforme o tipo de capacidade motora exercitada e das questões técnicas e táticas trabalhadas elas possuem um determinado tempo de treino e de recuperação para o desenvolvimento máximo (Matveev, 1991). Periodizando adequadamente o treinamento e sabendo o tempo ótimo para desenvolver cada capacidade motora o treinador pode ter um prognóstico quando o atleta vai atingir o pico da forma esportiva. Um aliado para monitorar se o treino vem sendo conduzido para o atleta atingir o pico de desempenho são os testes de controle. (Goto et al., 2022; Moura et al., 2021)

 

    Quantas semanas de treino é necessário para o atleta atingir o pico de desempenho e qual é a duração do pico de desempenho na periodização de Matveev, de Verkhoshanski, de Bompa, de Issurin, e Kaverin?

 

    A literatura da periodização não informou esse ocorrido (Costa, 2022; Matveev, 1997). Então, o objetivo da revisão sistemática foi de apresentar os estudos relacionados ao desempenho esportivo que detectaram a quantidade de semanas que levaram ao pico de desempenho e a duração do pico.

 

Método 

 

    Os artigos científicos foram identificados em onze base de dados eletrônicas (1. Google Acadêmico, 2. Research Gate, 3. PubMed, 4. Scielo, 5. Redalyc, 6. Scopus, 7. DOAJ, 8. ScienceDirect, 9. Semantic Scholar, 10. J-Stage e 11. Latindex) com onze palavras chaves em inglês (1. peak, periodization and Matveev, 2. Matveyev's periodization, 3. Tschiene's periodization, 4. sports periodization, 5. ATR block periodization, 6. block periodization, 7. peak in sports periodization, 8. individualized periodization of Bondarchuk, 9. pendular periodization, 10.Vorobiev's periodization e 11. weightlifting periodization) durante agosto a outubro de 2023.

 

    Os artigos incluídos tiveram as seguintes estratégias de pesquisa: 1) participantes (atletas do esporte de alto rendimento), 2) tipo de tarefa (os atletas praticaram um tipo de periodização esportiva por algumas semanas) e 3) dados coletados (ocorreu o pico de desempenho das capacidades motoras condicionantes e/ou técnica e tática com o uso da periodização que foram avaliados por testes de controle a melhora da performance). Por esse motivo só foram procurados nas bases de dados eletrônicas as concepções que visam o pico de desempenho, sendo algumas periodizações tradicionais (tradicional, esquema estrutural de cargas de alta intensidade, sistema de altas cargas e pendular) e contemporâneas (bloco, bloco ATR, individualizada e de Bompa) (Costa, 2022). Os artigos que não tiveram esses três critérios foram excluídos.

 

    A 1ª fase do estudo com as palavras chaves mencionadas anteriormente nas onze base de dados eletrônicas, o autor leu o título de 6000 artigos científicos relacionados ao tema periodização. Em seguida, na 2ª fase, foram selecionadas dessa base de dados eletrônicas 56 artigos científicos relacionados ao tema periodização. A 3ª fase, o autor leu o título e o resumo dos 56 artigos e 26 desses trabalhos foram selecionados. Na 4ª fase, os 26 artigos foram lidos durante novembro de 2023 e o total dos trabalhos foram reduzidos para 17 estudos porque somente essas pesquisas identificaram o pico da forma esportiva ou o EPDT, nomenclatura utilizada na periodização em bloco. Ainda foi selecionado 1 artigo impresso na Revista Treinamento Desportivo de Oliveira e Freire (2001) – total de 18 artigos científicos foram selecionados. Após essa seleção de artigos, a revisão sistemática utilizou a escala de Galna et al. (2009) para estabelecer a qualidade dos estudos. Essa escala tem perguntas sobre o artigo e o autor determinou o ponto (0 a 1) das 13 questões. Nessa escala a média da pontuação de 0 a 0,59 é considerada baixa, 0,60 a 0,80 é estabelecida como média e 0,81 a 1 é classificada como alta. O artigo com média da pontuação inferior a 0,60 foi considerado de baixa qualidade e acabou sendo excluído da revisão sistemática, entretanto isso não ocorreu com nenhum dos 18 artigos selecionados. Em dezembro de 2023, os dados dos 18 artigos científicos foram descritos na tabela 1. Em seguida, os dados da tabela 1 das semanas de treino antes do pico de desempenho e a duração do pico foram tratados pelo pacote estatístico BioEstat 5.0 para saber a média e o desvio padrão dessas variáveis que foram apresentadas na Tabela 2.

 

Resultados 

 

    Os artigos avaliados com a escala de Galna et al. (2009) seguiram as seguintes ordens: 1ª foram avaliadas dez referências sobre a periodização tradicional de Matveev e a média da pontuação ficou entre 0,73 a 0,92 – McGown et al. (1990) com 0,84, Häkkinen (1993) com 0,73, Neto et al. (2006) com 0,84, Regal et al. (2006) com 0,84, Da Silva et al. (2008) com 0,84, Simões et al. (2009) com 0,84, Franchini et al. (2015) com 0,92, Moura et al. (2021) com 0,84, Moura et al. (2023) com 0,84 e Ravé et al. (2022) com 0,76, depois foi avaliado o estudo de Joanella, e Rother (2022) com média da pontuação de 0,84 sobre a periodização em bloco ATR, 3º foi avaliada a pesquisa de Pallarés et al. (2010) com média da pontuação de 0,84 sobre a periodização tradicional de Matveev e a periodização em bloco ATR, 4º foram avaliadas duas referências sobre a periodização de Bompa – Lauria et al. (2019) com 0,76 e Lauria et al. (2021) com 0,76 e por último foram avaliados quatro artigos sobre a periodização em bloco – Oliveira e Freire (2001) com 0,80, Moreira et al. (2004) com 0,84, Souza et al. (2006) com 0,84 e Goto et al. (2022) com 0,76.

 

    A Tabela 1 apresenta o resumo dos artigos selecionados.

 

Tabela 1. Descrição dos artigos

Referência

Amostra

Estrutura da Periodização

Pico

McGown et al. (1990)

Seleção de voleibol masculina dos Estados Unidos da América de 25,7±2,5 anos e com 192,6±5,1 cm (EUA, n=18 até 1984 e n=14 na Olimpíada de 1984).

Periodização tradicional de Matveev. O treino dos EUA de 1981 a 1983 teve 67 semanas de treino no período preparatório de preparação especial (PPPE) e teve algumas disputas no período competitivo (PC). O treino foi de 5 dias na semana por 4 horas. O treino físico era realizado pela musculação por 2 vezes na semana e a pliometria foi iniciada em março de 1983, no PPPE aconteceram 200 saltos, o treino forte foi com 400 saltos no mesmo período e no PC foram praticados 250 a 300 saltos. O treino com bola foi praticado pelo jogo (J) por 60 a 90 minutos (min), o treino técnico (TT) e em situação de jogo (SJ) foram realizados por 90 a 120 min. O treino de 1981 a 1983 foi conduzido para a formação da equipe para os Jogos Olímpicos (JJOO) de 1984, alguns jogadores não foram os mesmos nesse período. Em 1984 aconteceram 14 semanas de treino no PPPE e o PC foi nos JO com 2 semanas. O treino foi similar ao anterior.

Aumentou antes dos JJOO o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) em ml/kg/min (48,6±2,8 em jan de 1982 e 52,3 antes dos JJOO de 84) e o salto do ataque em centímetros (cm) (83,57±5,7 em mar de 1982 e 93,63±6,1 em jul de 1984 antes dos JO, p0,05). A potência anaeróbia com bicicleta ergométrica pelo teste de Wingate em Watts/quilograma (W/kg) aumentou (7,7±1,4 em dez de 1982 e 9,4±0,5 em set de 1983). A quantidade de vitórias em jogos oficiais aumentou (p0,05), sendo incluído os JJOO de 1984 (1981 a 1983: 62 a 77% de vitórias e 23 a 38% de derrotas, 1984: 79% de vitórias e 21% de derrotas). O voleibol dos EUA atingiu o pico em 2 semanas de disputa nos JJOO de 1984 que culminou com a medalha de ouro. Outros acontecimentos confirmaram o pico, várias capacidades motoras condicionantes melhoraram antes dos JO de 1984 e o número de vitórias nas partidas aumentaram ao longo dos anos.

Häkkinen (1993)

Jogadoras de voleibol profissionais da Liga Finlandesa (n=9).

Periodização tradicional de Matveev. O período preparatório I (PPI) foi de 7 semanas, com 3 a 4 sessões de treino físico, uma de resistência aeróbia e duas a três de força máxima e/ou força rápida. O treino com bola foi praticado 2 a 3 sessões e/ou ocorreu jogo amistoso. O período competitivo I (PCI) foi de 10 semanas, com 2 a 3 sessões de treino físico, a ênfase foi na rápida e/ou na força de resistência, ocorrendo um pouco de força máxima e resistência aeróbia. O treino com bola foi praticado 4 a 5 sessões e ocorreu jogos da disputa.

O PPII foi de 3 semanas, a ênfase do treino foi a força de resistência e o treino com bola, seguido da força máxima e em menor quantidade a força rápida e a resistência aeróbia. O PCII foi de 11 semanas, sendo similar ao PCI, mas não ocorreu resistência aeróbia. Nas 5 últimas semanas do PCII não foi realizada a força máxima.

O percentual de gordura (%G) diminuiu no PCI (25,3±2,8% em ago e 25±2,8 em dez) e no PCII (24±2,5 em jan e 24,9±3,1 em mar, p≤0,05 dez x jan). A força máxima isométrica de extensão das pernas aumentou no PCI (2709±485 Newtons em ago e 2807±500 N em dez) e atingiu valor máximo no PCII e depois declinou (2944±578 N em jan e 2766±318 N em mar, p≤0,05). O salto do ataque aumentou até o PPII (PPI com 45 cm, PCI com 47 cm e PPII com 48 cm, p≤0,05 no PPI x PCI), vindo declinar no PCII (46 cm). Similar ocorreu com o salto do bloqueio (PPI com 35 cm, PCI com 38 cm, PPII com 37 cm e PCII com 36 cm, p≤0,05 no PPI x PCI). O VO2máx foi de 47,3±1,7 ml/kg/min no PPI e de 48,1±3,4 ml/kg/min após o PCII. Baseado nos testes, o 1º pico ocorreu no PCI (10 semanas) e o 2º pico foi em janeiro no PCII (jan tem 4,43 semanas, fev tem 4 semanas), e em março, no fim do PCII as atletas começaram a declinar nos testes.

Neto et al. (2006)

Jogadoras de voleibol de 14 (n=5) e 15 (n=4) anos de um clube de Piracicaba, em São Paulo (SP).

Periodização tradicional de Matveev. As jogadoras de 14 anos jogaram 35 jogos no campeonato e foram campeãs da série prata e as jogadoras de 15 anos, participaram de 20 jogos do campeonato e foram campeãs da série bronze. O treino realizado foi composto por musculação, pliometria, lançamento da medicinebol e treino técnico e tático. O PP de preparação geral (PG) foi de 14 semanas, o PP de preparação especial (PE) teve 11 semanas (ocorreu na 15ª a 25ª semana) e o PC foi realizado com 9 semanas (ocorreu na 26ª a 34ª semana).

Os testes foram realizados nos seguintes momentos: 1º antes do treino, 2º no final do PPPG, 3º no final do PPPE e 4º no final do PC. O alcance do ataque em metros (m) (1º: 2,59±0,11, 2º: 2,64±0,11, 3º: 2,65±0,11 e 4º: 2,65±0,10) e do bloqueio em m (1º: 2,49±0,12, 2º: 2,54±0,10, 3º: 2,56±0,10 e 4º: 2,56±0,11, p≤0,05 entre 2ºx3º e 2ºx4º) melhorou a partir do 2º e 3º teste e se manteve no 4º teste. O VO2máx em ml/kg/min aumentou no 3º teste e se manteve similar 4º teste (1º: 48,2±2,4, 2º: 46,3±3,1, 3º: 49,2±4,4 e 4º: 49,2±3,1). Baseado nos resultados dos testes e no resultado do campeonato – venceu as disputas, o pico foi atingido no fim do PPPE (na 11ª semana que era a última, na 25ª semana) e se manteve no PC (com 9 semanas, na 26ª a 34ª semana). Embora a PE tenha sido de 11 semanas, para o pico continuar no PC o treino foi realizado nessa PE, então foi considerado 25 semanas de treino antes do pico.

Da Silva et al. (2008)

Jogadoras de voleibol de 23±2,49 anos e com 178,8±7,68 cm de estatura de uma equipe da Espanha (n=11).

Periodização tradicional de Matveev. O PPI foi de 6 semanas, ocorreu 2 semanas de musculação de adaptação, depois 2 semanas de musculação para melhorar a força e por último 2 semanas de musculação de força rápida e pliometria. O treino intervalado (TI) aeróbio com os fundamentos por 3 a 6 minutos (min) foi praticado por 5 semanas e teve treino técnico e tático (TT). O PCI foi de 11 semanas, ocorreu musculação de força rápida e pliometria, TI aeróbio com os fundamentos, treino TT e 11 jogos do 1º turno. O PPII foi de 3 semanas – 1 semana de férias e 2 semanas de treino, ocorreu 1 semana de musculação de adaptação e depois 1 semana de musculação para melhorar a força, 2 semanas do TI aeróbio com os fundamentos e o mesmo aconteceu com o TT. O PCII foi de 11 semanas, ocorreu o mesmo treino do PCI e a equipe jogou 11 partidas do 2º turno.

Velocidade em km/h no limiar anaeróbio (LAn) melhorou no PC (2ª semana do PPI: 10,7±0,5, 10ª semana do PCI: 11,4±0,7, 2ª semana do PPII: 10,6±0,8 e 11ª semana do PCII: 11,1±0,9, p≤0,05 entre PPI x PCI). A altura em cm do teste de salto em 15 segundos (seg) aumentou no PC (3ª semana do PPI: 24,8±1,1, 1ª semana do PCI: 27,6±1,8, 5ª semana do PCI: 28,2±2,2, 9ª semana do PCI: 29,3±2,4, 3ª semana do PPII: 28,2±2,8 e 8ª semana do PCII: 29,2±3, p≤0,05 entre 3ª semana do PPI x os outros testes). As jogadoras atingiram 2 picos, no PCI (teve 11 semanas) e no PCII (11 semanas), porque os testes tiveram melhores resultados nesse período.

Regal et al. (2006)

Jogadores de voleibol infanto juvenil de um clube de Americana, em SP.

Periodização tradicional de Matveev. O PPPG foi de 17 semanas e teve 15 partidas da disputa, tendo o treino TT, corrida contínua (CC) aeróbia, musculação de resistência muscular localizada (RML) e flexibilidade. A ênfase foi no volume e menor valor na intensidade. O PPPE foi de 12 semanas e teve 7 partidas da disputa, tendo TT, musculação de força máxima, pliometria, fartlek de velocidade e flexibilidade. O volume diminuiu e a intensidade aumentou. O PC foi de 8 semanas e teve 3 partidas da disputa, tendo TT, musculação de força rápida e TI de velocidade. A intensidade foi alta e com baixo volume.

O desempenho do bloqueio (PG: 31,74% de pontos e 40,51% de erros, PE: 41,53% pt e 34,33% er, PC: 36,68 pt e 35,72% er, p≤0,05 entre PExPC) e do ataque (PG: 55,44% pt e 19,47% er, PE: 55,52% pt e 18,40% er e PC: 62,59% pt e 13,08% er) melhorou da PG para a PE e PC. O alcance do bloqueio (b) e do ataque (a) em cm aumentou (antes do treino, AT: 3,01 do b e 3,20±0,01 do a, PG: 3,03±0,10 b e 3,23±0,16 a, PE: 3,04±0,07 b e 3,24±0,11 a e PC: 3,06±0,07 b e 3,26±0,12 a). Os voleibolistas atingiram o 1º pico no PPPE e o 2º pico no PC porque atingiram melhor desempenho nos testes nesses 2 períodos.

Simões et al. (2009)

Jogadoras de voleibol de um time paulista de 19,41±2,01 anos e com 1,77±0,07 m (n=11).

Periodização tradicional de Matveev. O PPPG foi de 2 semanas, com 4 sessões na musculação de RML e 5 sessões de TT. O PPPE foi de 10 semanas, com 2 sessões na musculação de força máxima e/ou força rápida, complementada pela pliometria. O TT teve 5 sessões por semana.

Os testes foram feitos antes e depois de 12 semanas de treino, a velocidade no LAn em km/h (7,73±0,75 antes e 8,91±0,16 depois, p0,05) e o %G (21,48±3,19 antes e 19,72±3,46 depois, p0,05 ) melhoraram. Após 12 semanas de treino no PP as voleibolistas atingiram o pico.

Franchini et al. (2015)

Judocas faixa pretas de 23±2 anos (n=10).

Periodização tradicional de Matveev. O PPPG foi de 7 semanas, com 3 sessões de musculação de hipertrofia, sessões de judô e 2 sessões de CC aeróbia. O PPPE foi de 11 semanas, com 3 sessões por 8 semanas de musculação de força rápida que depois foi substituído pelo treino complexo que foi realizado 3 sessões por 3 semanas, sessões de judô e 2 sessões de TI aeróbio de corrida.

Os testes foram praticados antes (pré-teste) e depois das 18 semanas de treino (pós-teste), com várias melhoras nos resultados: 1) 1RM no supino em kg (pré: 88±24, pós: 91±23), 2) puxão isométrico no quimono em segundos (pré: 31±17, pós: 43±15, p0,05), 3) escore do teste de condicionamento físico de judô (pré: 13,66±1,04, pós: 14,03±1,15) e 4) potência aeróbia máxima dos membros superiores (MS) em W (pré: 113±25, pós: 122±29, p0,05). Os judocas atingiram o pico após 18 semanas de treino no PP.

Moura et al. (2021)

Atleta brasileiro do salto em distância sub 18 de 16,7 anos com 1,74 m de estatura.

Periodização tradicional de Matveev. O PPPG foi de 8 semanas, tendo carga interna (CI) de 599,56±79,86 unidades arbitrárias (UA) e percepção da fadiga (PF) de 24,79±8,41. O treino visou a readaptação ao treino pela força rápida, velocidade e técnica básica. O PPPE foi de 5 semanas, tendo CI de 526,80±69,08 UA e PF de 34,61±15,58. O treino visou a força rápida e pliometria, a velocidade e a estabilização da técnica. Nesse período ocorreram duas competições e uma disputa em estádio coberto (indoor). O PC foi de 5 semanas, tendo CI de 529,18±106,82 UA e PF de 26,10±12,11. O treino do PC visou a manutenção das capacidades motoras especiais adquiridas na PE, ocorrendo treino similar ao anterior e possuindo o polimento antes das três competições.

As três competições preparatórias ocorreram na PE (7,40 m na 1ª disputa, 7,48 m na 2ª disputa e 7,25 m na 3ª disputa) e as três competições alvo foram realizadas no PC (7,48 m na 1ª disputa, 7,54 m na 2ª disputa e 7,51 m na 3ª disputa). Talvez a menor PF do PC esteja relacionada com a melhor marca do salto em distância quando comparado com a PF da PE. O saltador atingiu o pico nas duas últimas disputas do PC, quando obteve as duas melhores marcas que foram 7,54 m em 7 de março e 7,51 m em 14 março. Antes do pico o atleta praticou 13 semanas no PP (PG com 8 semanas e PE com 5 semanas) e ainda fez 3 semanas de treino no PC, atingindo o pico nas duas últimas semanas, na 17ª e 18ª semana do PC.

Moura et al. (2023)

Atleta de salto triplo da China de 1,92 m.

Periodização tradicional de Matveev. O PPPGI foi de 4 semanas, visou uma readaptação ao treino através da preparação geral. O PPPEI foi de 6 semanas, o treino ocorreu pela musculação de força rápida e/ou força máxima, corrida de velocidade e a melhora da técnica. O período da técnica I (PTEI) foi de 6 semanas, a ênfase foram os ajustes da técnica do salto triplo e tendo musculação de força rápida, pliometria e corrida de velocidade. O PCI foi de 4 semanas, aconteceu manutenção do treino em 3 semanas e a competição alvo indoor em 1 semana. O período de transição I (PTI) foi de 1 semana, visou a recuperação do atleta. O PPPEII que foi de 4 semanas, tendo trabalho similar ao 1º PPPE. O PTEII foi de 4 semanas, sendo similar ao PTEI onde ocorreu 3 semanas de treino e 1 semana de disputa. O PCII foi de 8 semanas, ocorrendo 1 semana de treino, 2 semanas de polimento e teve 1 semana de disputa como seletiva para os JO que o atleta se classificou. Depois o saltador realizou 4 semanas de treino como preparação para os JO. O período pré-competitivo (PPC) foi de 2 semanas, onde as capacidades motoras especiais e a técnica foram melhoradas para os JO, na 1ª semana ocorreu treino e na 2ª semana polimento. O PCIII foi de 2 semanas, na 1ª semana foi realizado o polimento e na 2ª semana o atleta competiu nos JJOO de Tóquio. O PTII de 1 semana com trabalho similar ao PTI.

Aconteceram 2 competições preparatórias do salto triplo em 2021 - PCI com a marca de 17,32 m e PTEII com 16,84 m. Antes do 1º pico o atleta praticou 10 semanas de treino (PPPEII de 4 semanas, PTEII de 3 semanas e PCII de 3 semanas de treino) e na 4ª semana do PCII o atleta atingiu o pico quando se classificou para os JJOO de 2021 com a marca de 17,39 m. Após o 1º pico no PCII, o atleta praticou 7 semanas de treino (PCII de 4 semanas, PPC de 2 semanas e PCIII com 1 semana de polimento) e na 2ª semana do PCIII o atleta atingiu o 2º pico, mas agora foi nos JO que culminou com a medalha de prata com a marca de 17,57. Portanto, o 1º pico ocorreu em 11 de junho de 2021 no PCII, depois teve 7 semanas de treino e em seguida ocorreu o 2º pico que foi em 8 de agosto de 2021 no PCIII.

 

 

Ravé et al. (2022)

Nadador espanhol de elite da prova dos 400 m medley.

Periodização tradicional de Matveev. O 1º macrociclo não foi escrito porque o atleta não atingiu o pico. O PPPGII de 5 semanas, na 1ª semana ocorreu treino, na 2ª e 3ª semana aconteceu disputa, na 3ª semana ocorreu teste 3(8x100m) que não foi apresentado o resultado porque o atleta pouco melhorou, na 4ª semana aconteceu treino e teste de 5 repetições na barra fixa e na 5ª semana foi realizado disputa. Na PGII o nado aeróbio (aeróbio de manutenção ou A2 e limiar aeróbio ou LA), de velocidade de resistência (VR pela tolerância ao lactato ou TL) e de velocidade (V) foram treinados, ainda teve musculação de força máxima (FM) e/ou de força rápida (FR). O PPPEII foi de 7 semanas, ocorrendo 2 semanas de treino na altitude de 1.850 m em Font Romeu na França e mais 3 semanas de treino – total de 5 semanas de treino. Na 6ª semana foi realizada uma disputa, mas ocorreu treino em Font Romeu na 6ª e 7ª semana. Na PEII o nado aeróbio (A2, LA e sobrecarga aeróbia ou SA) e de VR pela TL foram treinadas, ainda teve musculação de FM e/ou de FR e/ou de força rápida de resistência (FRR). O PCII foi de 4 semanas, na 1ª semana ocorreu treino em Font Romeu e teste 3(8x100m), na 2ª semana foi feito treino e teste na barra fixa e na 3ª e 4ª semana aconteceu o campeonato nacional open. No PCII o nado aeróbio (A2 e SA) e de V foram treinados, ainda teve musculação de FR e/ou de FRR. O PPPGIII foi de 3 semanas de treino através do nado aeróbio (aeróbio de baixa intensidade ou A1 e A2) e de velocidade, ainda teve musculação de FM e/ou de FRR. O PPPEIII foi de 10 semanas, teve 2 semanas de treino, a 3ª semana foi uma disputa, a 4ª semana foi treino, a 5ª semana foi uma disputa, a 6ª a 10ª semana foi feito treino em Font Romeu e também ocorreram três disputas na 6ª, 7ª e 10ª semanas e ainda teve testes na 8ª (3(8x100m) e 9ª semana (barra fixa). Na PEIII o nado aeróbio (A2, LA e SA), de VR pela TL e de V foram treinados, ainda teve musculação de FM e/ou de FRR. O PCIII foi de 4 semanas, ocorrendo 2 semanas de treino e 2 semanas no campeonato europeu em Glasgow. No PCIII o nado aeróbio (A1, LA e SA), de VR pela TL e de V foram treinados, ainda teve musculação de FRR.

O macrociclo II o nadador praticou no PPII 10 semanas de treino (PG de 3 semanas e PE de 7 semanas) somado ao PCII com 2 semanas de treino, total de 12 semanas de treino. Após essas 12 semanas de treino ocorreu o pico no PCII, onde aconteceram 2 semanas de disputa no campeonato nacional open que o atleta foi 1º lugar com 4 minutos 18 segundos e 10 centésimos. O macrociclo III o nadador praticou no PPIII 11 semanas de treino (PG de 3 semanas e PE de 8 semanas) somado ao PCIII com 2 semanas de treino, total de 13 semanas de treino. Após essas 13 semanas de treino ocorreu o 2º pico no PCIII, onde aconteceram 2 semanas de disputa no campeonato europeu em Glasgow na Escócia que o atleta foi 3º lugar com 4 minutos 14 segundos e 26 centésimos. Outro achado que justifica o pico no PCII e no PCIII, foi a melhora de 4 a 8% da velocidade na barra fixa - 4ª semana da PGII (1º teste): velocidade de 0,79 metros por segundo (m/s), 2ª semana do PCII (2º teste): 0,83 m/s e 9ª semana da PEIII (3º teste): 0,88 m/s.

Joanella, e Rother (2022)

Equipe feminina de voleibol sub 18 que competiu no Rio Grande do Sul

Periodização em bloco ATR. Bloco de acumulação de 2 semanas (A, 1ª e 2ª semana) com 5 sessões semanais, tendo treino com bola (técnico, situacional e jogo) e musculação de força máxima. Bloco de transformação de 2 semanas (T, 3ª e 4ª semana) com 4 sessões semanais, tendo treino com bola (técnico, situacional e jogo) e musculação de força rápida. Ainda aconteceu um torneio preparatório de 4 jogos. Bloco de realização de 2 semanas (R, 5ª e 6ª semana) com 4 sessões semanais, tendo treino com bola (técnico, situacional e jogo), musculação de força rápida e pliometria, corrida de velocidade de 9 m e treino de velocidade praticando alguns fundamentos. Momento que ocorreu a competição alvo.

O teste de força máxima de agachamento no hack com 1 repetição máxima (1RM) foi efetuado no 1º dia de treino no bloco de acumulação (83,46±4,01 kg) e após 6 semanas de treino (144,58±16,80 kg, p≤0,05). O salto vertical (SV) com contramovimento em cm foi realizado no fim das semanas (42 cm no fim da 1ª semana, 45 cm no fim da 2ª semana, 45 cm no fim da 3ª semana, 46 cm no fim da 4ª semana, 45 cm no fim da 5ª semana e 46 cm no fim da 6ª semana, p≤0,05 da 2ª a 6ª semana x 1ª semana). A periodização em bloco ATR permitiu o pico no bloco de R porque os testes melhoraram e ocorreu a conquista do campeonato gaúcho e os Jogos Escolares da Juventude.

Pallarés et al. (2010)

Seleção masculina da Espanha de caiaque com 25,6±2,5 anos (n=10).

Periodização tradicional (PT) de Matveev iniciou o treino e depois foi aplicada a periodização em bloco ATR (PB). Em cada fase do treino, foi aplicado similar treinamento nos dois tipos de periodização. A fase A objetivou desenvolver a preparação básica através do treino de resistência no 2º limiar ventilatório (LV2), o treino de força pela hipertrofia e as habilidades gerais técnicas, isso ocorreu em 12 semanas na PT e em 5 semanas na PB. A fase B objetivou a preparação específica pelo treino de resistência no VO2máx, o treino de força pela força máxima e a técnica e tática específica – 6 semanas na PT e 5 semanas na PB. A fase C objetivou o polimento onde ocorreu uma redução gradual do volume para facilitar no processo de recuperação e visou maximizar a performance para a competição, que foi através de um treino para melhorar a velocidade da prova e com um treino de força rápida – 4 semanas na PT e 2 semanas na PB.

Os testes foram realizados na 1ª semana da fase A (T1), na 1ª semana da fase B, na 1ª semana da fase C pouco antes da disputa (T3) e na última semana da fase C, quando terminaram as competições (T4). A velocidade de pico em km/h foi mais elevada no T3 e T4 na PT (T1: 14,5±0,3, T2: 14,8±0,3, T3: 15±0,3 e T4: 15±0,5, p0,05 entre T1xT4) e na PB (T1: 14,5±0,3, T2: 14,8±0,3, T3: 15,1±0,4 e T4: 15,4±0,3, p0,05 entre T1xT4). A potência da remada no LV2 em Watts foi melhor no T3 e no T4 na PT (T1: 186±4, T2: 196±5, T3: 205±5 e T4: 207±5, p0,05 entre T1xT4) e na PB (T1: 191±6, T2: 202±7, T3: 207±4 e T4: 210±4, p0,05 entre T1xT4). Baseado nos resultados dos testes, a seleção espanhola de caiaque atingiu o pico na PT e na PB durante a disputa. Na PT, nenhum atleta se classificou para as Olimpíadas de Pequim durante o Mundial de 2007. Mas com a PB, quatro atletas se classificaram para a Olimpíada de 2008 e alguns meses depois, dois canoístas ganharam o ouro olímpico.

Lauria et al. (2019)

Jogadores de basquetebol do Colégio Militar de 15,5±1,5 anos com 1,80±0,08 m de estatura (n=16).

Periodização de Bompa. O PP na fase básica (FB) foi em 6 semanas (4 microciclos de desenvolvimento – D, 1 microciclo choque – Ch e 1 microciclo recuperativo - R) e o PP na fase específica (FE) foi em 10 semanas (6 microciclos de D, 3 microciclos Ch e 1 microciclo R). As sessões foram 2 vezes na semana por 2 h (120 min), ocorrendo musculação (3-4 séries, 6-12 repetições), pliometria (1-2 séries, 5-10 saltos e barreira de 35 cm) e treino técnico e tático.

Os testes foram praticados antes e depois das 16 semanas de treino, ocorrendo melhora em todas as medidas (p≤0,05) (SV com contramovimento em cm: 39,1±5,9 antes e 44,7±5,9 depois, 10RM no supino em kg: 40,4±9,4 antes e 48±8,9 depois, VO2máx em ml/kg/min: 50,5±4,9 antes e 54±6,1 depois). Os basquetebolistas atingiram o pico depois de 16 semanas com uma carga ondulada.

Lauria et al. (2021)

Jogadores de basquetebol de jogos escolares com 15,4±1,3 anos de 172,88±7,90 m de estatura (n=19).

Periodização de Bompa com sessões de 2 vezes na semana. O PP na FB foi em 9 semanas (3 microciclos de D, 4 microciclos estabilizador – E, 1 microciclo Ch e 1 microciclo R). A musculação e o treino técnico e tático (TT) ocorreram da seguinte maneira: 1ª semana hipertrofia, 2ª e 3ª sem treino, 4ª hipertrofia, 5ª força máxima e rápida (lançamento da medicinebol e pliometria) e TT, 6ª RML e TT, 7ª hipertrofia, 8ª e 9ª sem treino. O PP na FE foi em 11 semanas (3 D, 4 E, 2 Ch e 2 R). A musculação e o treino TT ocorreram da seguinte maneira: 1ª hipetrofia, 2ª sem treino, 3ª força máxima e rápida (lançamento da medicinebol e pliometria) e TT, 4ª RML e TT, 5ª hipertrofia, 6ª e 7ª sem treino, 8ª hipertrofia, 9ª sem treino, 10ª força máxima e rápida (lançamento da medicinebol e pliometria) e TT, 11ª RML e TT.

Os testes foram efetuados antes (pré-teste) e depois (pós-teste) das 20 semanas, todas as avaliações melhoraram (SV com contramovimento em cm, p≤0,001: 34,02±5,99 no pré e 38,64±6,09 no pós; teste anaeróbio com exercício na linha em segundos - s, p≤0,001: 33,20±1,73 no pré e 31,73±1,67 no pós; drible em s, p≤0,001: 6,95±0,69 no pré e 6,66±0,61 no pós e pontos de arremesso, p≤0,001: 15,84±3,08 no pré e 17,95±3,42 no pós). Baseado nos resultados dos testes os basquetebolistas atingiram o pico depois de 20 semanas com uma carga ondulada.

Oliveira, e Freire (2001)

Jogadoras sub 20 de 18,1 anos da equipe Serra Negra Esporte Clube, Campinas, São Paulo.

Periodização em bloco com 22 semanas cada macrociclo. O bloco A teve 12 semanas de treino, onde cada microbloco (A1, A2 e A3) teve 4 semanas. O treino foi com a carga concentrada de força, sendo realizado trabalho de força máxima na musculação, pliometria no bloco A3 e treino TT. O bloco B teve 4 semanas, ocorrendo força rápida na musculação, corrida de velocidade, trabalho de agilidade e treino TT. O bloco C teve 6 semanas, com ênfase no treino TT e manutenção da força rápida. A 2ª periodização em bloco teve a mesma estrutura do 1º macrociclo.

No fim de cada bloco ocorreram os testes. No 1º e 2º macrociclo ocorreram resultados similares nos testes, as cargas concentradas de força do bloco A reduziu o desempenho dos testes, no bloco B o valor dos testes começaram a melhorar e no bloco C esses testes atingiram o EPDT que culminou com o título do campeonato paulista. Deslocamento lateral em 3 linhas de 1 m de distância em segundos – 1º macrociclo: A com 7,87±0,50, B com 7,31±0,50 e C com 7,28±0,48, 2º macrociclo: A com 6,75±0,59, B com 6,66±0,40 e C com 6,51±0,39. Salto do ataque em cm - 1º macrociclo os testes melhoraram 1,7%: A com 52±7, B com 54,7±7 e C com 55,1±6,3, 2º macrociclo os testes melhoraram 0,3%: A com 55,8±6,8, B com 56,7±6,9 e C com 57,5±7,4. A reserva atual de adaptação foi maior no 1º macrociclo porque as jogadoras estavam menos treinadas, mas os resultados dos testes foram maiores no 1º macrociclo. No bloco C de cada macrociclo as jogadoras atingiram o EPDT.

Moreira et al. (2004)

Jogadores de basquetebol da 1ª divisão do campeonato paulista (n=8, 23,5 anos, 98,75 kg e 198,5 cm de estatura).

Periodização em bloco. O 2º macrociclo iniciou com o bloco A de 3 semanas, ocorreu uma carga concentrada de força com ênfase na musculação de força máxima, também teve pliometria e treino TT. O bloco B teve 3 semanas com musculação de força rápida, pliometria e treino TT. O bloco C teve 13 semanas com manutenção dos níveis de força, teve treino TT e ocorreu a competição alvo. Os dados do 1º macrociclo não foram apresentados porque os atletas não atingiram o EPDT.

Os testes do 2º macrociclo ocorreram no início do bloco A (T0), no fim do bloco A (T1), no início do bloco C que foi no início da competição (T2), no bloco C no final do 1º turno (T3) e no bloco C no final do 2º turno (T4). Os testes praticados foram o SV com contramovimento em cm – T0: 40,75±5,02, T1: 43,10±3,92, T2: 42,25±5,75, T3: 47,70±6,40 e T4: 47,70±4,75, p≤0,05 entre T3 e T4 x T0 a T1 e o salto horizontal em m -T0: 2,53±0,11, T1: 2,51±0,23, T2: 2,52±0,14, T3: 2,58±0,16 e T4:2,55±0,22, p≤0,05 entre T3 e T4 x T0 e T2. O EPDT foi atingido na final do 1º e do 2º turno porque todos os testes (T3 e T4) tiveram melhores resultados.

Souza et al. (2006)

Jogadores de handebol de um clube de Londrina, Paraná (n=11, idade de 20 a 32 anos, 89,5±10,4 kg e 184,4±6,7 cm de estatura)

Periodização em bloco com 5 dias de treino na semana por 2 horas. O bloco A com carga concentrada de força foi de 9 semanas, onde teve três microblocos (A1 com 4 semanas, A2 com 3 semanas e A3 com 2 semanas). O treino no bloco A foi realizado pela musculação de RML, força máxima (FM) e hipertrofia, pela pliometria, pelo TI com tração na areia e na grama e treino TT. Após o bloco A, ocorreu uma semana de descanso. O bloco B foi de 7 semanas, onde teve dois microblocos (B1 com 4 semanas e B2 com 3 semanas). O treino no bloco B foi a musculação de FM seguido da força rápida, TI de velocidade e/ou de velocidade de resistência e treino TT.

Os testes foram realizados no início do bloco A e quando terminou o bloco B, pouco antes da competição que foi no bloco C. O SV com contramovimento com balanceio dos braços em cm melhorou 8,1% (45,2±9,4 do pré e 49,2±8,1 do pós), a agilidade em s melhorou 6,4% (19,7±0,9 do pré e 18,4±0,5 do pós, p≤0,05), a velocidade de 40 m em s melhorou 3,1% (5,47±0,29 do pré e 5,30±0,39 do pós) e o VO2máx em ml/kg/min no teste vai e vem de 20 m melhorou 8,1% (46,5±3,23 do pré e 50,6±4,22 do pós, p≤0,05). Portanto, após 16 semanas de treino (9 semanas do bloco A e 7 semanas do bloco B) os jogadores de handebol atingiram o EPDT.

Goto et al. (2022)

Ginasta artístico brasileiro das argolas de 22 anos.

Periodização em bloco. O bloco A foi de 8 semanas, tendo três microblocos (A1 com 3 semanas, A2 com 4 semanas e A3 recuperativo de 1 semana). O treino foi com uma carga concentrada de força, teve musculação de força máxima (FM), flexibilidade e algumas sessões de força rápida (FR) na musculação e nos aparelhos de ginástica artística e treino TT. O bloco B foi de 8 semanas, tendo três microblocos (B1 com 4 semanas, B2 com 3 semanas e B3 recuperativo de 1 semana). O treino foi na etapa pré-competitiva, teve musculação de FR, treino isométrico, um pouco de musculação de FM e de velocidade de resistência no aparelho de ginástica e teve três disputas em 2012.O bloco C foi de 12 semanas, na etapa competitiva e teve musculação de FR e de força de resistência estática no aparelho de ginástica, também aconteceu um pouco de musculação de FM e de força dinâmica de resistência nos aparelhos de ginástica e teve três disputas em 2012.

2ª semana do microbloco B1, ocorreu a Copa do Mundo de Cottbus (Alemanha, 22-25 de mar) e o ginasta foi 2º lugar nas argolas com uma pontuação final (PF) de 15.600 (6,5 do grau de dificuldade ou GD e 9.100 do escore de execução ou EE). 1ª semana no B2 teve o Meeting Internacional (Brasil, 13-15 de abr) e o ginasta foi 1º lugar nas argolas com uma PF de 15.825 (6,8 do GD e 9.025 do EE). 3ª semana no B2 ocorreu a Copa do Mundo de Osijek (Croácia, 27-29 de abr) e o ginasta foi 1º lugar nas argolas com uma PF de 15.875 (6,8 do GD e 9.075 do EE), ocorreu o EPDT – maior PF do bloco B. 4ª semana do bloco C teve a Copa Challenge em Maribor (Eslovênia, 1-3 de jun) e o ginasta foi 1º lugar nas argolas com uma PF de 15.575 (6,8 do GD e 8.775 do EE). 5ª semana do bloco C teve a Copa do Mundo de Ghent na (Bélgica, 9-10 de jun) e o ginasta foi 1º lugar nas argolas com uma PF de 15.925 (6,8 do GD e 9.125 do EE), ocorreu o EPDT – maior PF de 2012. 12ª semana do bloco C teve os Jogos Olímpicos de Londres (Inglaterra, 27-31 de jul) e o ginasta foi 1º lugar nas argolas com uma PF de 15.900 (6,8 do GD e 9.100 do EE), ocorreu o EPDT – 2ª maior PF de 2012 com medalha de ouro olímpica.

Fonte: Elaboração própria

 

    A Tabela 2 apresenta os dados extraídos da tabela 1 referente a quantidade de semanas de treino dos períodos que levaram o atleta ao pico de desempenho e a duração do pico da forma esportiva ou do EPDT conforme o tipo de periodização e esporte.

 

Tabela 2. Dados da periodização referente ao pico ou do EPDT ss

Periodização

Esporte

Semanas de Treino Antes do Pico de Desempenho

Referências das Semanas de Treino

Duração do Pico de Desempenho

Referências do Pico de Desempenho

Tradicional

Voleibol adulto

9,8±3,9 semanas do período preparatório até o 1º pico ou único

Da Silva et al. (2008), Häkkinen (1993), McGown et al. (1990), Simões et al. (2009)

7,7±4,9 semanas do 1º pico ou único no período competitivo

Da Silva et al. (2008), Häkkinen (1993), McGown et al. (1990)

Tradicional

Voleibol adulto

2,5±0,5 semanas do período preparatório até o 2º pico

Da Silva et al. (2008), Häkkinen (1993)

9,71±1,81 semanas do 2º pico no período competitivo

Da Silva et al. (2008), Häkkinen (1993)

Tradicional

Voleibol da iniciação

21±5,7 semanas do período preparatório até o 1º pico

Neto et al. (2006), Regal et al. (2006)

10,5±2,1 semanas do 1º pico ou único nos períodos

Neto et al. (2006), Regal et al. (2006)

Tradicional

Voleibol da iniciação

12 semanas do período preparatório de preparação especial até o 2º pico

Regal et al. (2006)

8 semanas do 2º pico no período competitivo

Regal et al. (2006)

Tradicional

Esportes individuais (judô, saltos do atletismo, caiaque e natação)

14,8±3,6 semanas dos períodos até o 1º pico ou único

Franchini et al. (2015), Moura et al. (2021, 2023), Pallarés et al. (2010), Ravé et al. (2022)

2±1,4 semanas do 1º pico ou único no período competitivo

Moura et al. (2021, 2023), Pallarés et al. (2010), Ravé et al. (2022)

Tradicional

Esportes individuais (atletismo e natação)

10±4,2 semanas dos períodos até o 2º pico

Moura et al. (2023), Ravé et al. (2022)

1,3±0,6 semanas do 2º pico no período competitivo

Moura et al. (2021, 2023), Ravé et al. (2022)

Tradicional

Todos esportes

14,1±5,5 semanas dos períodos até o 1º pico ou único

Da Silva et al. (2008), Franchini et al. (2015), Häkkinen (1993), McGown et al. (1990), Moura et al. (2021, 2023), Neto et al. (2006), Pallarés et al. (2010), Ravé et al. (2022), Regal et al. (2006), Simões et al. (2009)

5,8±4,6semanas do 1º pico ou único no período competitivo

Da Silva et al. (2008), Häkkinen (1993), McGown et al. (1990), Moura et al. (2021, 2023), Neto et al. (2006), Pallarés et al. (2010), Ravé et al. (2022), Regal et al. (2006)

Tradicional

Todos esportes

7,4±5 semanas dos períodos até o 2º pico

Da Silva et al. (2008), Häkkinen (1993), Moura et al. (2023), Ravé et al. (2022)

5,23±4,41 semanas do 2º pico no período competitivo

Da Silva et al. (2008), Häkkinen (1993), Moura et al. (2021, 2023), Ravé et al. (2022)

Bloco ATR

Voleibol da iniciação e caiaque

7±4,2 semanas dos blocos (acumulação e transformação) até o pico

Joanella, e Rother (2022), Pallarés et al. (2010)

2 semanas de pico no bloco de realização

Joanella, e Rother (2022), Pallarés et al. (2010)

de Bompa

Basquetebol da iniciação

18±2,8 semanas do período preparatório até o pico

Lauria et al. (2019, 2021)

O estudo foi encerrado um dia depois do pico, por esse motivo não detectou a duração desse ocorrido.

Lauria et al. (2019, 2021)

em Bloco

Esportes coletivos (voleibol, basquetebol e handebol)

12,7±5,8 semanas dos blocos (A e B) até o 1º EPDT ou único

Moreira et al. (2004), Oliveira e Freire (2001), Souza et al. (2006)

9,5±4,9 semanas do 1º EPDT ou único no bloco C

Moreira et al. (2004), Oliveira, e Freire (2001)

em Bloco

Voleibol

16 semanas dos blocos (A e B) até o 2º EPDT

Oliveira, e Freire (2001)

6 semanas do 2º EPDT no bloco C

Oliveira, e Freire (2001)

em Bloco

Argolas da ginástica artística

12 semanas dos blocos (bloco A com 8 semanas e microbloco B1 com 3 semanas e B2 com 1 semana) até o 1º EPDT

Goto et al. (2022)

1 semana do 1º EPDT no bloco B (3ª semana no microbloco B2)

Goto et al. (2022)

em Bloco

Argolas da ginástica artística

4 semanas dos blocos (microbloco B3 recuperativo de 1 semana e 3 semanas do bloco C) até o 2º EPDT

Goto et al. (2022)

1 semana do 2º EPDT no bloco C (5ª semana no bloco C)

Goto et al. (2022)

em Bloco

Argolas da ginástica artística

6 semanas do bloco C até o 3º EPDT

Goto et al. (2022)

1 semana do 3º EPDT no bloco C (12ª semana no bloco C)

Goto et al. (2022)

 Observação 1: Na parte três das semanas de treino antes do pico da periodização tradicional, em alguns quadros foram escritos semanas dos períodos, isso ocorreu nos esportes individuais e em todos os esportes. O motivo disso é que três artigos utilizaram outros períodos além do período preparatório (PP) para preparar o atleta para atingir o pico de desempenho, esses estudos foram os seguintes: Moura et al. (2021) usaram o PP preparação geral, o PP de preparação especial (PE) e o período competitivo (PC), Moura et al. (2023) usaram o PPPE, o período da técnica, o período pré-competitivo e o PC e Ravé et al. (2022) usaram o PPPG, o PPPE e o PC.

    Observação 2: Os estudos da tabela 2 de Franchini et al. (2015) e de Simões et al. (2009) identificaram o pico de desempenho na periodização tradicional, mas não foi possível detectar a duração do pico no período competitivo porque essas pesquisas foram conduzidas até um dia depois do período preparatório. O mesmo aconteceu na pesquisa de Souza et al. (2006), detectou o EPDT da periodização em bloco, mas o autor não deu continuidade no bloco C para identificar a duração do EPDT.

    Observação 3: Um dos motivos da menor duração do pico de desempenho dos esportes individuais é porque a competição nessas modalidades costuma ser em poucas semanas. Enquanto que nos esportes coletivos o pico teve maior duração por causa do tempo da disputa e devido o treino que foi executado para causar significativa adaptação fisiológica e melhora das condições técnica e táticas.

 Fonte: Elaboração própria.

 

Discussão 

 

    Todos os artigos incluídos nessa revisão sistemática sobre a periodização tradicional de Matveev (Da Silva et al., 2008; Franchini et al., 2015; Häkkinen, 1993; McGown et al., 1990; Moura et al., 2021, 2023; Neto et al., 2006; Pallarés et al., 2010; Ravé et al., 2022; Regal et al., 2006; Simões et al., 2009), sobre a periodização em bloco ATR (Joanella, e Rother, 2022; Pallarés et al., 2010), sobre a periodização de Bompa (Lauria et al., 2019, 2021) detectaram o pico da forma esportiva ou evidenciaram o EPDT pela periodização em bloco. (Goto et al., 2022; Moreira et al., 2004; Oliveira e Freire, 2001; Souza et al., 2006)

 

    Alguns artigos científicos (n=6) sobre a periodização tradicional de Matveev deram ênfase no treino de força e na sessão técnica e tática (Häkkinen, 1993; McGown et al., 1990; Moura et al., 2021, 2023; Neto et al., 2006; Simões et al., 2009) e outros estudos (n=5), ocorreu o treino aeróbio, de força e técnico e tático (Da Silva et al., 2008; Franchini et al., 2015; Pallarés et al., 2010; Ravé et al., 2022; Regal et al. 2006) - ver na Tabela 1. Essa estrutura do treino de alguns artigos (n=6) com a periodização tradicional diferiu do indicado por Matveev.

 

    O cientista russo recomendou no período preparatório de preparação geral o trabalho aeróbio porque o treino dessa capacidade motora condicionante cria pré-requisito para o atleta aguentar maiores cargas de treino e o treino aeróbio serve de base para melhorar outras capacidades motoras condicionantes (Matveev, 1991). Portanto, a carga diluída da periodização de Matveev costuma trabalhar simultaneamente várias capacidades motoras condicionantes, mas em alguns estudos selecionados nessa revisão sistemática (n=6) isso não aconteceu – ênfase na força e no técnico e tático.

 

    Então, o treino concorrente no qual uma capacidade motora condicionante costuma interferir em outra, como o treino simultâneo do trabalho aeróbio que prejudica na evolução da força, não ocorreram em alguns artigos dessa revisão sistemática (n=6) sobre a periodização tradicional de Matveev. (Marques Junior et al., 2019)

 

    Os estudos da periodização tradicional de Matveev (n=11 artigos) utilizaram muitas semanas de treino para o atleta atingir o pico da forma esportiva – ver na Tabela 2 e 3. Esse achado esteve conforme o que foi estabelecido por Matveev (1991), no período preparatório são necessários de 13 a 30 semanas de treino (de 3 a 7 meses foi o tempo do período preparatório indicado por Matveev e foi multiplicado por 4,345 semanas para transformar meses em semanas) para posteriormente o atleta atingir o pico de desempenho no período competitivo. O motivo dessas longas semanas de treino para o esportista atingir o pico não foi informado por Matveev (1997). Talvez essa longa preparação do atleta esteja relacionada com as adaptações fisiológicas adquiridas do treino físico e da evolução técnica e tática para o esportista alcançar o pico de desempenho na competição (Marques Junior, 2023b).

 

    Entretanto, Wilmore, e Costill (2001) informaram que as principais adaptações fisiológicas ocasionadas pelo treinamento costumam ocorrer nas primeiras 6 a 10 semanas. Então, parece que Matveev não estabeleceu a duração do período preparatório baseado na fisiologia do exercício, talvez foi baseado nas estações do ano da antiga União Soviética, ou seja, no inverno acontecia o período preparatório e no verão o período competitivo (Marques Junior, 2020a). Porém, já em 1965, Matveev informava sobre o heterocronismo da adaptação, então conforme o tipo de capacidade motora condicionante exercitada na preparação física existem diferentes durações em semanas para proporcionar significativas adaptações fisiológicas no indivíduo que ocasionam o pico de desempenho e o mesmo raciocínio serve para as questões técnicas e táticas. (Marques Junior, 2023a)

 

    Quantas semanas são necessárias para desenvolver a força, a flexibilidade e outras capacidades motoras? O treino de força pela musculação costuma aumentar a força predominantemente por adaptações neurais durante 2 a 10 semanas de treino (Bacuarau et al., 2001; Skarabot et al., 2021). Após esse período, em 12 semanas de treino ou mais com a musculação o aumento da força ocorre através dos aspectos hipertróficos (Deschenes, e Kraemer, 2002). As outras capacidades motoras, Marques Junior (2020b) identificou a duração das semanas de treino que ocasionam melhoras – força reativa pela pliometria com 8 a 26 semanas, aeróbio com 3 a 8 semanas, anaeróbio (alático e lático) com 6 a 13 semanas, flexibilidade com 8 a 13 semanas e técnica e tática com 2 a 4 semanas.

 

    Portanto, somente três capacidades motoras (força neural, aeróbio e técnica e tática) podem ser melhoradas com tempo menor do proposto por Matveev (1991), que foi de 13 a 30 semanas para o período preparatório, para depois o atleta atingir o pico de desempenho na disputa. Outras cinco capacidades motoras (força hipertrófica, força reativa, anaeróbio – alático e lático e flexibilidade) podem ser otimizadas com menos tempo ou com a duração estipulada por Matveev (1991) para o período preparatório. Logo, caso o treinador tenha tempo, parece ser mais adequado um período preparatório duradouro para desenvolver as capacidades motoras em condições ótimas para o esportista ter mais chance de atingir o pico de desempenho na competição.

 

    Os estudos científicos confirmaram essas informações sobre a duração para melhorar as capacidades motoras, ou seja, algumas capacidades motoras necessitam de menos de 13 a 30 semanas de treino no período preparatório pela concepção de Matveev (1991) e outras capacidades motoras precisam do tempo estabelecido por Matveev. Por exemplo, 4 a 12 semanas de treino com a pliometria ocasionou uma melhora da força rápida, podendo ser evidenciado com o aumento do salto vertical (Campillo et al., 2020). Em jogos esportivos coletivos, a pliometria foi mais eficaz com 9 semanas de treino para otimizar o salto vertical (Jiménez et al., 2018). Outra capacidade motora que necessita de um breve período preparatório, é o componente aeróbio, em 8 semanas de treino com ênfase no treino aeróbio possibilitou melhora da resistência aeróbia. (Tavakkoli et al., 2022)

 

    O desenvolvimento da força máxima pela musculação foi possível com um período preparatório duradouro, a força máxima isométrica de extensão do joelho era de 3168±741 Newtons (N) e após as 16 semanas de treino o valor aumentou para 38369±1020 N (Häkkinen, e Komi, 1983). O período preparatório longo foi utilizado para otimizar o componente anaeróbio alático através da velocidade, em 18 semanas de treino no período preparatório ocasionaram melhora da velocidade do nado crawl em 1,48±0,87% da competição treino para o Mundial, ambas disputas foram em piscina de 50 metros (Bonifazi et al., 2000) – esse período preparatório de 18 semanas foi praticado da seguinte maneira: 12 semanas de treino do período preparatório de preparação geral com alto volume aeróbio, em seguida aconteceu uma competição treino, depois ocorreu 6 semanas de treino do período preparatório de preparação especial com ênfase na alta intensidade através do nado crawl de velocidade e/ou de velocidade resistência e por último os nadadores competiram no Mundial. (Bonifazi et al., 2000)

 

    Esse mesmo problema aconteceu com a periodização de Bompa, um longo período preparatório de 18±2,82 semanas de treino para basquetebolistas da iniciação atingirem o pico de desempenho (Lauria et al., 2019; Lauria et al., 2021). Isso era esperado com a concepção de Bompa, essa periodização foi criada adaptada da periodização tradicional de Matveev (Marques Junior, 2023b). O mesmo ocorreu com a periodização em bloco, muitas semanas de treino no bloco A e B – 12 a 16 semanas de treino que prepara o atleta para alcançar o EPDT no bloco C que ocorre na competição alvo (Goto, 2022; Moreira et al., 2004; Oliveira, e Freire, 2001; Souza et al., 2006). Entretanto, esse extenso período preparatório está em desacordo com o esporte da atualidade. (Costa, 2022)

 

    Segundo Loturco, e Nakamura (2016), a periodização tradicional está obsoleta porque ela necessita de um longo período preparatório para o atleta ter êxito na disputa através do pico de desempenho, isso interfere no rendimento do esportista, atualmente o tempo para o período preparatório está cada vez menor porque o atleta precisa estar preparado para as muitas disputas na temporada. Um dos motivos desse problema foi o momento que Matveev criou a sua concepção, a maioria dos conteúdos da sua periodização foram elaborados no início dos anos 50 (Verkhoshanski, 2001). Logo, a maneira do treinador utilizar a periodização tradicional no esporte contemporâneo, é estruturar um breve período preparatório de preparação especial e o esportista efetua a sua preparação durante o período competitivo. (Marques Junior, 2022a; Oliveira, 2003)

 

    A periodização em bloco também tem esse problema, necessita de um longo período preparatório no bloco A e B, ainda no bloco A por causa das cargas concentradas de força o atleta tem um declínio das capacidades motoras condicionantes e das questões técnicas e táticas por causa do treino intenso, podendo interferir no desempenho competitivo do esportista que possui muitas disputas ao longo da temporada (Marques Junior, 2023b; Zakharov, 1992). O primeiro escrito sobre essa concepção foi em 1979 e vários atletas da antiga União Soviética utilizaram essa periodização para se preparar para os Jogos Olímpicos de 1980 (Dantas et al., 2022). Então, a maneira de usar a periodização em bloco no esporte da atualidade, é fazer adaptação dessa concepção, em alguns momentos torna necessário realizar uma menor duração do bloco A e B e com menor carga concentrada de força no bloco A para interferir menos no desempenho do atleta durante a disputa. (Oliveira, 2008)

 

    Uma alternativa é a periodização em bloco ATR, ela possui um breve período preparatório de no máximo 10 semanas de treino, que é através do bloco de acumulação e pelo bloco de transformação para depois o atleta atingir o pico de desempenho no bloco de realização (Issurin, 2008). Essas afirmações foram evidenciadas nessa revisão sistemática – ver Tabela 2, a periodização em bloco ATR teve um curto período preparatório de 7±4,2 semanas através do bloco de acumulação e de transformação, posteriormente os esportistas do voleibol da iniciação e do caiaque atingiram o pico por 2 semanas no bloco de realização. (Joanella, e Rother, 2022; Pallarés et al., 2010)

 

    Portanto, existem outras concepções de periodização que estão atendendo o esporte contemporâneo. Porém, torna importante investigar qual pico de desempenho é mais duradouro e tem mais qualidade na performance: o pico de desempenho que foi atingido com um período preparatório longo ou curto?

 

    Apesar de Matveev estabelecer um período preparatório de muitas semanas na sua concepção, dois estudos sobre o voleibol adulto feminino com a periodização tradicional atingiram o 2º pico de desempenho na temporada praticando um período preparatório de 2,5±0,5 semanas de treino – ver Tabela 2 (Da Silva et al., 2008; Häkkinen, 1993). Talvez esse 2º pico com um breve período preparatório esteja relacionado com o efeito acumulado das cargas de treino (Marques Junior, 2023c; Matveev, 1995), antes desse pico as jogadoras de voleibol praticaram o 1º macrociclo e depois fizeram o 2º macrociclo, ou seja, o treino anterior pode ter contribuído com o 2º pico que ocorreu no 2º macrociclo, por esse motivo aconteceu um breve período preparatório (Da Silva et al., 2008; Häkkinen, 1993) – ver Tabela 2.

 

    A duração do pico costuma não ser documentada na literatura do treinamento esportivo (Issurin, 2008; Matveev, 1997). Mas para Bondarchuk, se o treinamento periodizado for bem conduzido o pico de desempenho pode ter um tempo de 6 a 7 semanas (Costa, 2022). Duração similar ao pico de desempenho de Bondarchuk foram encontrados nos estudos do voleibol adulto com 7,7±4,9 semanas (Da Silva et al., 2008; Häkkinen, 1993; McGown et al., 1990), e pouco mais no voleibol da iniciação com 8 a 10,5±2,1 semanas (Neto et al., 2006; Regal et al., 2006) - ver Tabela 3. Ambas pesquisas foram conduzidas com a periodização tradicional de Matveev. Dantas (1995) chamou atenção, o pico de desempenho de poucas semanas, de 1 semana e 3 dias a 2 semanas e 1 dia (10 a 15 dias), costuma proporcionar melhor performance na disputa do que o pico de desempenho de muitas semanas, que possui 2 semanas e 2 dias a 6 semanas e 3 dias (16 a 45 dias). Porém, essas afirmações foram estabelecidas empiricamente, o autor não informou quais mecanismos fisiológicos e questões técnicas e táticas proporcionaram o pico de desempenho curto melhor do que o pico de desempenho longo. Logo, essa questão merece estudo científico.

 

    Em Bompa (2002), a duração do pico difere de Bondarchuk, esse estado ótimo do atleta acontece durante 1 semana até mais 3 dias (de 7 a 10 dias) porque o sistema nervoso central só pode se manter com essas adaptações do treinamento durante esse período. O estudo de Moura et al. (2021) evidenciaram o pico de desempenho de um saltador em distância com a duração indicada por Bompa (2002) com o uso da periodização tradicional de Matveev. O saltador praticou 16 semanas de treino, nas duas últimas semanas do período competitivo, na 17ª e 18ª semana, o atleta atingiu o pico em cada semana. O 1º pico da 17ª semana, o esportista saltou 7,54 metros (m) no dia 7 de março e o 2º pico que aconteceu na 18ª semana, o atleta teve o resultado de 7,51 m no dia 14 de março. O momento do 1º pico para o 2º pico foi de 8 dias, isso ocorreu em disputas diferentes com a duração dessa forma esportiva ótima do competidor conforme o tempo proposto por Bompa (2002).

 

    Matveev, Kalinen, e Ozolin (1974 em Maglischo, 1999) afirmaram que 2 ou 3 picos podem ser atingidos em 1 a 2 meses (4 a 8 semanas) consecutivos quando existe possibilidade para treinar entre os dois picos de desempenho. As afirmações de Matveev et al. (1974 em Maglischo, 1999) foram evidenciadas no estudo de Moura et al. (2023) que foi selecionado nessa revisão sistemática – ver Tabela 1. O saltador de triplo usou a periodização tradicional de Matveev, ele efetuou 10 semanas de treino, em seguida ocorreu o 1º pico de desempenho no período competitivo II durante a seletiva para os Jogos Olímpicos – foi no dia 11 de junho de 2021 com a marca de 17,39 m. Após a classificação para a Olimpíada, o atleta realizou 7 semanas e no período competitivo III, o saltador atingiu o 2º pico desempenho do ano, isso aconteceu na Olimpíada com a conquista da medalha de prata – foi no dia 8 de agosto de 2021 com a marca de 17,57 m.

 

    Essas afirmações de Matveev et al. (1974 em Maglischo, 1999) também foram detectados no estudo de Goto et al. (2022), isso aconteceu na periodização em bloco de um ginasta das argolas. Esse atleta fez 12 semanas de treino (no bloco A e B) e depois ele atingiu o 1º EPDT na 3ª semana do microbloco B2 (bloco B). Em seguida, ocorreram 4 semanas de treino (no bloco B e C) e depois o ginasta alcançou o 2º EPDT na 5ª semana do bloco C. Imediatamente aconteceram 6 semanas de treino (no bloco C) e depois o atleta atingiu o 3º EPDT na 12ª semana, a última, do bloco C – ver Tabelas 1 e 2.

 

    Os dois picos de desempenho ocorridos no salto em distância (Moura et al., 2021) e no salto triplo (Moura et al., 2023) ocorreram conforme Matveev informou empiricamente com o uso da sua periodização, esses esportes de velocidade com alto componente técnico os atletas costumam atingir no ano de 1 a 4 picos de desempenho ou mais (Barbanti, 1997; Dantas, 1995; Marques Junior, 2022a). O estudo utilizado nessa revisão sistemática sobre o nadador espanhol dos 400 m medley que obteve 2 picos de desempenho (Ravé et al., 2022), teve esse acontecimento de acordo com a afirmação de Matveev, quando uma modalidade de resistência aeróbia é estruturada com sua periodização, geralmente no ano esses esportes alcançam de 1 a 2 picos de desempenho na temporada (Barbanti, 1997; Marques Junior et al., 2019). Quanto ao voleibol, os 2 picos de desempenho atingidos com a concepção de Matveev (Da Silva et al., 2008; Häkkinen, 1993; Regal et al., 2006) a literatura não tem informação sobre a quantidade de picos que essa modalidade atinge no ano (Costa, 2022; Matveev, 1997). Porém, são necessários estudos embasados na fisiologia do exercício, na aprendizagem motora e na biomecânica para saber o motivo que determinados esportes com a periodização tradicional de Matveev conseguem mais picos de desempenho e outros menos.

Em geral, os artigos científicos sobre periodização possuem uma certa limitação, a duração do treino periodizado costuma ser menor do que 13 semanas (Matomäki, e Räntilä, 2022). Isso só ocorreu em uma pesquisa da periodização tradicional de Matveev (12 semanas em Simões et al., 2009) e em um estudo da periodização em bloco ATR (6 semanas em Joanella, e Rother, 2022), mas nos demais artigos sobre a periodização o tempo da investigação ficou entre 16 a 81 semanas – veja na Tabela 1.

 

    Outra limitação, nenhum estudo sobre a periodização tradicional apresentou a estrutura dos mesociclos e microciclos que levaram o atleta até o pico de desempenho. A periodização em bloco ATR, os dois estudos sobre essa concepção apresentaram os mesociclos que são os blocos (Joanella, e Rother, 2022; Pallarés et al., 2010), mas não foram expostos quais microciclos foram utilizados. Joanella, e Rother (2022) estruturaram 2 semanas para cada bloco da periodização em bloco ATR (acumulação, transformação e realização) para o voleibol feminino da iniciação. Enquanto que Pallarés et al. (2010) elaboraram a periodização em bloco ATR para a seleção masculina espanhola de caiaque com 5 semanas no bloco de acumulação e de transformação e 2 semanas no bloco de realização.

 

    Porém, na periodização de Bompa isso não aconteceu, a estrutura dos microciclos foi na seguinte sequência: fase básica de 6 semanas com 4 microciclos de desenvolvimento (D), 1 microciclo choque (Ch) e 1 microciclo de recuperação (R) e na fase específica de 10 semanas com 4 D, 2 Ch, 1 R, 2 D e 1 Ch (Lauria et al., 2019). O leitor pôde observar na fase específica um maior estresse da carga de treino, aumentaram a quantidade de microciclos de D e de Ch para os atletas de basquetebol atingirem o pico de desempenho (Bompa, 2002). No outro estudo de Lauria et al. (2021) com a periodização de Bompa, a disposição dos microciclos teve similar organização ao da sua 1ª pesquisa (Lauria et al., 2019), a única diferença foi o uso do microciclo estabilizador.

 

    Na periodização em bloco a estrutura dos mesociclos que são os blocos, foram apresentadas pelos quatro estudos dessa concepção, por exemplo, na pesquisa de voleibol de Oliveira, e Freire (2001) teve o bloco A de 12 semanas que foi composto por três microblocos de 4 semanas (A1, A2 e A3), o bloco B foi de 4 semanas e o bloco C teve 6 semanas. As demais investigações da periodização em bloco tiveram estrutura similar ao da pesquisa mencionada (Goto et al., 2022; Moreira et al., 2004; Souza et al., 2006) - veja na Tabela 1.

 

Conclusões 

 

    O estudo sobre o pico de desempenho é antigo na literatura do treinamento esportivo, foi desenvolvido pelos cientistas do esporte da antiga escola socialista do treinamento esportivo. Após a investigação dos autores da escola socialista do treinamento esportivo, pouco se pesquisou sobre esse tema. A revisão sistemática detectou que a periodização tradicional, a periodização de Bompa e a periodização em bloco precisam de muitas semanas de treino para o atleta atingir o pico de desempenho, mas isso é diferente com a periodização em bloco ATR, são necessárias poucas semanas de treino. Então, baseado nessa questão, conforme a necessidade do atleta e conforme o calendário esportivo o treinador pode usar uma dessas concepções. A duração do pico de desempenho dos esportes individuais foi breve, esteve relacionada com a duração da disputa, sendo de 1 a 2±1,4 semanas. Enquanto que o pico de desempenho dos esportes coletivos teve maior duração, ficou entre 2 a 10,5±2,1 semanas. Porém, esses resultados não podem ser conclusivos, a revisão sistemática achou poucos estudos com pico de desempenho, somente 18 artigos originais. Em conclusão, a periodização com pico de desempenho foi desenvolvida para modalidades individuais, mas conforme a disputa para os esportes coletivos, esse tipo de concepção pode ser utilizada.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 312, May. (2024)