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ISSN 1514-3465

 

Análise da força muscular durante a elevação do ombro em jogadores de rugby

Analysis of Muscle Strength during Shoulder Rise in Rugby Players

Análisis de la fuerza muscular durante la elevación del hombro en jugadores de rugby

 

Heloisa dos Santos Superbia*

hsuperbia@hotmail.com

Maria Eduarda da Costa**

madu.costa0802@gmail.com

Prof. Dr. Oswaldo Luiz Stamato Taube***

stamatotaube@gmail.com

Profa. Dra. Selma Siessere+

selmas@forp.usp.br

Prof. Dr. Marcelo Palinkas++

palinkas@usp.br

Profa. Dra. Simone Cecilio Hallak Regalo+++

simone@forp.usp.br

Profa. Dra. Veridiana Wanshi Arnoni++++

vwanshi@icloud.com

 

*Graduada em Fisioterapia pelo Centro Universitário UNIFAFIBE

Pós graduanda em Fisioterapia Neurofuncional adulto e infantil

pelo Centro Universitário Barão de Mauá

**Graduada em Fisioterapia pelo Centro Universitário UNIFAFIBE

Pós graduanda em Fisioterapia Traumato-ortopédica

com ênfase em terapia manual ortopédica

pelo Centro Universitário Barão de Mauá

***Graduado em Fisioterapia pela Universidade de Marília UNIMAR

Mestre em Ergonomia pelo Programa

de Pós-Graduação da Engenharia de Produção

pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC

Doutor em Biologia Oral (FORP-USP)

+Graduada em Odontologia pela Universidade de São Paulo

Mestre e Doutora em Reabilitação Oral

pela Universidade de São Paulo (FORP/USP)

Professora Associada 2 do Departamento de Biologia Básica e Oral

da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto

da Universidade de São Paulo (FORP/USP). Ribeirão Preto

++Graduado em Odontologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP)

Mestrado em Biologia Oral (FORP/USP)

Doutorado em Odontologia Restauradora (FORP/USP)

Professor nível A da Faculdade Anhanguera de Ribeirão Preto

Pesquisador Colaborador do Departamento de Biologia Básica e Oral

da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto

da Universidade de São Paulo (FORP/USP), Ribeirão Preto

+++Graduada em Odontologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Mestre e Doutora em Biologia e Patologia Buco-Dental (FOP/UNICAMP)

Professora Titular do Departamento de Biologia Básica e Oral

da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto

da Universidade de São Paulo (FORP/USP). Ribeirão Preto

++++Graduada em Fisioterapia pelo Centro Universitário UNIFAFIBE

Mestre e Doutora em Ciências (FORP-USP). 

Professora do Centro Universitário UNIFAFIBE, Brasil. 

Pesquisador Colaborador do Departamento

de Biologia Básica e Oral da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto

da Universidade de São Paulo (FORP/USP), Ribeirão Preto

(Brasil)

 

Recepción: 08/01/2024 - Aceptación: 12/05/2024

1ª Revisión: 02/05/2024 - 2ª Revisión: 07/05/2024

 

Level A conformance,
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Cita sugerida: Superbia, HS, Costa, ME, Taube, OLS, Siéssere, S., Palinkas, M., Regalo, SCH, e Arnoni, VW (2024). Análise da força muscular durante a elevação do ombro em jogadores de rugby. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(315), 91-105. https://doi.org/10.46642/efd.v29i315.7418

 

Resumo

    O rugby, esporte coletivo com frequentes cenários de colisões entre os jogadores, demanda uma diversidade de movimentos que requisitam de habilidades dos membros superiores especialmente em arremessos e tackles. Em virtude da escassa literatura na investigação de aspectos de força relacionados aos membros superiores em jogadores de rugby, se faz necessário encontrar razões que sustentem a alta incidência de lesões na região do ombro. Este estudo tem como objetivo quantificar e analisar a força muscular gerada durante a elevação do ombro em contração isométrica máxima, comparando jogadores de rugby com indivíduos treinados em treinamento de força. Foi realizada a comparação de duas amostras contendo 12 jogadores de rugby e 12 indivíduos treinados em treinamento de força, sendo pareados por sexo, idade, peso, altura e membro dominante. Os dados das amostras foram coletados com o dinamômetro isométrico portátil. A análise da força máxima foi comparada entre os jogadores de rugby (experimental) com o grupo de indivíduos treinados em treinamento de força (controle) (p<0,05). Verificou-se que o grupo experimental demonstraram uma força maior em relação ao grupo controle (p<0,05) e quando se comparou o membro superior direito e esquerdo dentro do mesmo grupo encontrou-se um equilíbrio da força muscular. Concluiu-se que os resultados deste estudo indicam que os jogadores de rugby demonstraram valores superiores de força muscular isométrica em comparação com indivíduos treinados em treinamento de força.

    Unitermos: Dinamômetro de força muscular. Ombro. Rugby.

 

Abstract

    Rugby, a team sport with frequent collisions between players, demands a variety of movements that require upper limb skills, especially in throwing and tackling. Due to the scarcity of literature on the investigation of strength aspects related to the upper limbs in rugby players, it is necessary to find reasons that support the high incidence of injuries in the shoulder region. This study aims to quantify and analyze the muscular force generated during shoulder elevation in maximal isometric contraction, comparing rugby players with individuals trained in strength training. A comparison was made of two samples containing 12 rugby players and 12 individuals trained in strength training, matched by sex, age, weight, height and dominant limb. Sample data was collected with a portable isometric dynamometer. The analysis of maximum strength was compared between rugby players (experimental) and the group of individuals trained in strength training (control) (p<0.05). It was found that the experimental group demonstrated greater strength compared to the control group (p<0.05) and when comparing the right and left upper limb within the same group, a balance in muscular strength was found. It was concluded that the results of this study indicate that rugby players demonstrated superior values of isometric muscle strength compared to individuals trained in strength training.

    Keywords: Muscle strength dynamometer. Shoulder. Rugby.

 

Resumen

    El rugby, un deporte de equipo con frecuentes choques entre jugadores, exige una variedad de movimientos que requieren habilidades en las extremidades superiores, especialmente en lanzamientos y tackles. Debido a la escasez de literatura sobre la investigación de aspectos de fuerza relacionados con los miembros superiores en jugadores de rugby, es necesario encontrar razones que sustenten la alta incidencia de lesiones en la región del hombro. Este estudio tiene como objetivo cuantificar y analizar la fuerza muscular generada durante la elevación del hombro en contracción isométrica máxima, comparando jugadores de rugby con sujetos entrenados en entrenamiento de fuerza. Se realizó una comparación de dos muestras compuestas por 12 jugadores de rugby y 12 individuos entrenados en entrenamiento de fuerza, emparejados por sexo, edad, peso, altura y extremidad dominante. Los datos de la muestra se recolectaron con un dinamómetro isométrico portátil. Se comparó el análisis de fuerza máxima entre los jugadores de rugby (experimental) y el grupo de individuos entrenados en entrenamiento de fuerza (control) (p<0,05). Se encontró que el grupo experimental demostró mayor fuerza en comparación con el grupo control (p<0,05) y al comparar el miembro superior derecho e izquierdo dentro de un mismo grupo se encontró un equilibrio en la fuerza muscular. Se concluyó que los resultados de este estudio indican que los jugadores de rugby demostraron valores superiores de fuerza muscular isométrica en comparación con los individuos entrenados en entrenamiento de fuerza.

    Palabras clave: Dinamómetro de fuerza muscular. Hombro. Rugby.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 315, Ago. (2024)


 

Introdução 

 

    O rugby é um esporte coletivo com frequente cenário de colisões entre os jogadores, disputado entre duas equipes, buscando atingir o gol adversário através de passes com as mãos ou chutando a bola. A execução do esporte exige dos jogadores elevados níveis de força, potência muscular, agilidade, velocidade e capacidade aeróbia máxima (Alonso-Aubin et al., 2021). Assim como outras modalidades esportivas coletivas, o rugby é classificado como uma modalidade de esforço intermitente. Isso se deve à alternância entre períodos de alta e baixa intensidade, combinados com momentos de pausa estratégica durante o jogo. (Pinheiro et al., 2018)

 

    Durante a partida, os jogadores utilizam diversos movimentos, como arremessos e tackles (ato de derrubar o oponente), que demandam habilidades dos membros superiores. Essas habilidades incluem força, resistência, flexibilidade e coordenação. Nos arremessos, o ombro requer amplitude e biomecânica normal de movimento para que seja possível a execução dos gestos utilizados dentro do rugby. A força é essencial para realizar lançamentos potentes e tackles eficazes, enquanto a resistência permite que os jogadores mantenham o desempenho ao longo de toda a partida. A flexibilidade é crucial para prevenir lesões e permitir uma amplitude completa de movimentos, e a coordenação é fundamental para a precisão nos passes e na execução de técnicas complexas. Assim, a combinação dessas habilidades é vital para o desempenho eficaz dos jogadores em campo. (Alvarez e Bianchi, 2023)

 

    Considerando o elevado índice de contato físico inerente ao rugby, observa-se uma incidência notavelmente elevada de lesões, sendo mais proeminente nos membros inferiores (36,5%) em comparação aos membros superiores (24,6%) (Lynch et al., 2013). Estudos epidemiológicos documentam uma prevalência de 3,1 lesões por cada 1000 horas de treinamento, evidenciando os desafios substanciais associados à prática desse esporte de alto impacto (Rosende, 2023). No total, as lesões nos membros inferiores e superiores somam 61,1%, destacando a vulnerabilidade dessas áreas específicas durante a prática do rugby.

 

    O complexo do ombro possui como um de seus principais elementos a articulação glenoumeral. O acoplamento do úmero à cavidade glenóide depende de mecanismos tanto passivos quanto ativos, uma vez que a extensão da cavidade é inferior ao diâmetro da cabeça do úmero. (García, e Hernández, 2022)

 

    Os mecanismos passivos, como labrum, cápsula articular, ligamentos, tendões e articulações, são responsáveis por conter e orientar a estrutura do ombro para permitir movimentos sinergéticos. Por sua vez, os mecanismos ativos, como os músculos, a propriocepção e o controle neuromuscular, fornecem suporte adicional à articulação do ombro. Os músculos se contraem de maneira coordenada para comprimir a cabeça do úmero na glenóide. A propriocepção permite que o corpo perceba a posição, movimento e ação das articulações e músculos, enquanto o controle neuromuscular garante a ativação precisa e coordenada desses músculos. Dessa forma, a integração desses mecanismos ativos e passivos é essencial para evitar a translação do úmero e a formação de instabilidades clinicamente significativas. (Apostolakos et al., 2021)

 

    O movimento excessivo de elevação do ombro durante a prática esportiva pode acarretar desequilíbrios articulares, resultando em impacto patológico, conforme evidenciado por Gonçalves, e Gutierres (2017), que verificaram que o desequilíbrio muscular torna os indivíduos mais suscetíveis a danos musculares. Ademais, esse padrão de movimento pode propiciar lesões musculares nos músculos encarregados, tais como os levantadores das escápulas e os trapézios descendentes. Essa biomecânica vigorosamente empregada, notadamente durante as partidas de rugby, surge como um potencial contribuinte para o expressivo índice de lesões neste esporte. (Alvarez, e Bianchi, 2023)

 

    Em consequência da utilização da elevação do ombro durante os jogos de rugby, as fibras musculares necessitam ser constantemente recrutadas. Desta forma, mensurar a força de elevação do ombro desses jogadores é importante para obter um feedback na avaliação funcional e investigar a possibilidade da presença de instabilidade articular e desequilíbrio muscular na região do ombro. (Comel et al., 2018; Snodgrass et al., 2018)

 

    Em virtude da escassa literatura na investigação de aspectos de força relacionados aos membros superiores em jogadores de rugby, o objetivo desse estudo foi quantificar e analisar a força muscular gerada durante a elevação do ombro em contração isométrica máxima, com o intuito de comparar jogadores de rugby com indivíduos treinados em treinamento de força. Essa comparação foi escolhida, pois indivíduos treinados em treinamento de força apresentam níveis de força muscular mais elevados e semelhantes aos de jogadores de rugby, proporcionando assim uma base de comparação mais relevante e específica para o contexto esportivo analisado. Ressaltando a importância de analisar e observar a interação de fatores de riscos e características individuais, reconhecendo padrões de riscos que podem levar a uma lesão.Os resultados obtidos poderão colaborar no estabelecimento de um perfil epidemiológico das lesões no complexo do ombro, buscando meios de antecipar e mitigar as taxas de lesões no contexto esportivo. A avaliação dos níveis de força muscular permite identificar possíveis desequilíbrios e fraquezas que podem predispor os atletas a lesões. Dessa forma, o conhecimento detalhado da força muscular pode orientar a implementação de programas de prevenção e reabilitação mais específicos e eficazes, visando a fortalecer os grupos musculares vulneráveis e a melhorar a estabilidade articular. Consequentemente, a identificação de padrões de força e suas associações com lesões pode fornecer subsídios importantes para intervenções clínicas e estratégias de treinamento que visem a reduzir a incidência de lesões no ombro dos atletas.

 

Métodos 

 

Características da população e amostra 

 

    Os dados foram coletados do membro superior direito e esquerdo, em 24 indivíduos do sexo masculino, com faixa etária de 25 a 36 anos, divididos em dois grupos, sendo 12 jogadores de rugby (grupo rugby - experimental) e 12 indivíduos treinados em treinamento de força, no mínimo três vezes na semana, com uma frequência de treino há mais de um ano (grupo controle - treinado). Os integrantes foram pareados sujeito a sujeito por sexo, idade, peso, altura e membro dominante. Este experimento foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) – Ribeirão Preto. Todas as coletas foram realizadas no Laboratório de Eletromiografia “Prof. Dr. Mathias Vitti” do Departamento de Biologia Básica e Oral da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, em conjunto com a Clínica de Fisioterapia do Centro Universitário UNIFAFIBE. Os participantes antes de qualquer intervenção foram devidamente esclarecidos e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

 

Instrumento de coleta de dados 

 

    O dinamômetro isométrico portátil (Hand Held dynamometer - H.H.D) é um equipamento eficaz para mensurar em quilograma-força (kgf), sendo capaz de quantificar a força de grupos musculares específicos. Consiste em uma ferramenta de fácil acoplamento, custo reduzido, transporte manual e simples manuseio. (Grootswagers et al., 2022)

 

    Durante a coleta de dados, um examinador ficou responsável pela coleta do grupo rugby e outro examinador pela coleta do grupo controle - treinado, ambos capacitados e mantendo um padrão para coleta, utilizando o dinamômetro isométrico portátil (Hand Held Dynamometer manual Lafayette Instrument®, Lafayette, IN, Model 01165), duas faixas de contenção (uma na região toracoabdominal presa à cadeira e outra para estabilização do aparelho no membro testado). Além disso, foi necessário um step de madeira para apoio do pé do examinador que realizou o teste.

 

    A avaliação iniciou com o participante executando um aquecimento com movimentos circulares de ombro durante 2 minutos. Durante a coleta o participante permaneceu sentado em uma cadeira com encosto próxima a parede de forma que o indivíduo encostasse o membro não testado na superfície, com o intuito de estabilizá-lo evitando compensações. Os pés do indivíduo estavam apoiados ao chão, e o plano oclusal paralelo ao solo. Além disso, foi colocada uma faixa de velcro não elástica ao nível do processo xifóide e abaixo do ângulo inferior da escápula presa envolta da cadeira. Paralelamente utilizou-se uma segunda faixa de velcro não elástica para estabilização do aparelho no membro testado, a faixa passou sobre a superfície posterior do aparelho, descendeu pela região lateral do tronco, medial do braço e fixou-se pelo pé do examinador em cima do step.

 

    Em seguida realizou-se uma familiarização com contração submáxima de 5 segundos no movimento de elevação escapular com o examinador aplicando resistência manual, o individuo manteve-se em descanso durante 1 minuto antes da coleta da força máxima.

O dinamômetro permaneceu posicionado sobre o acrômio do membro avaliado, instruiu-se o participante a realizar uma elevação de ombro gradativa contra a resistência do aparelho. Cada movimento foi testado três vezes com contração voluntária isométrica máxima mantida por 5 segundos cada, com um intervalo de 30 segundos de descanso entre cada mensuração. (Williams et al., 2009)

 

    Durante cada movimento um examinador concedeu estímulos verbais (“força, força, força, mantém”) ao participante durante os cinco segundos de contração (Michener et al., 2016). O segundo examinador auxiliou durante o teste mantendo o posicionamento da faixa de contenção, evitando o descolamento do velcro e anotando os resultados obtidos

 

Análise estatística dos dados 

 

    Os valores obtidos por meio da média das três coletas de força máxima foram utilizados na análise estatística. A distribuição do desfecho ocorreu de acordo com as variáveis preditoras para amostras (p<0,05), onde foram obtidas análises descritivas (médias e desvios-padrão), para cada variável do estudo, sendo submetidas à análise estatística utilizando o software Graph Pad Prism,versão 6.0. Os valores analisados foram comparados pelo teste t para amostras independentes, para comparação entre os grupos e membros superiores.

 

Resultados 

 

Resultados da força isométrica da elevação de ombro comparando os grupos avaliados 

 

    Na análise da força muscular isométrica avaliada em quilograma-força foram comparados a elevação de ombro dos membros superior direito (M.S.D.) e esquerdo (M.S.E.) do grupo experimental e do grupo controle, (Tabela 1 e 2; Figura 1), onde foram verificadas diferenças estatísticas com o grupo experimental apresentando maiores valores (p<0,05).

 

Tabela 1. Resultados das médias e desvio padrão da força isométrica na 

elevação de ombro M.S.D. comparando grupo controle e grupo experimental

Grupos

Médias

Desvio-Padrão

p

Controle

30,86

5,111

<0,0001

Experimental

46,91

8,358

Fonte: Acervo próprio

 

Tabela 2. Resultados das médias e desvio padrão da força isométrica na 

elevação de ombro M.S.E. comparando grupo controle e grupo experimental

Grupos

Médias

Desvio-Padrão

p

Controle

30,72

5,747

<0,0001

Experimental

46,03

8,649

Fonte: Acervo próprio

 

Figura 1. Representação gráfica dos valores da força isométrica de elevação 

de ombro do M.S.E. e M.S.D. do grupo controle com o grupo experimental

Figura 1. Representação gráfica dos valores da força isométrica de elevação de ombro do M.S.E. e M.S.D. do grupo controle com o grupo experimental

****significante para p<0,0001

 

Resultados da força isométrica da elevação de ombro comparando os lados direito e esquerdo dos grupos avaliados 

 

    Na análise da força máxima foi comparada a elevação de ombro do lado direto e esquerdo do grupo experimental (Tabela 3 e Figura 2) e grupo controle (Tabela 4 e Figura 3). Após a análise estatística não foi identificado diferença em ambos os grupos (p>0,05).

 

Tabela 3. Resultados das médias e desvio padrão da força isométrica 

na elevação de ombro, comparando M.S.D. e M.S.E. do grupo experimental

Membros

Médias

Desvio-Padrão

p

Direito

46,91

8,358

<0,8034

Esquerdo

46,03

8,649

Fonte: Acervo próprio

 

Figura 2. Representação gráfica dos valores da força isométrica de 

elevação de ombro comparando o M.S.D. e M.S.E. do grupo experimental

Figura 2. Representação gráfica dos valores da força isométrica de elevação de ombro comparando o M.S.D. e M.S.E. do grupo experimental

 

Tabela 4. Resultados das médias e desvio padrão da força isométrica 

na elevação de ombro, comparando M.S.D. e M.S.E. do grupo controle

Membros

Médias

Desvio-Padrão

p

Direito

30,86

5,111

<0,9497

Esquerdo

30,72

5,747

Fonte: Acervo próprio

 

Figura 3. Representação gráfica dos valores da força isométrica de 

elevação de ombro comparando o M.S.D. e M.S.E. do grupo controle

Figura 3. Representação gráfica dos valores da força isométrica de elevação de ombro comparando o M.S.D. e M.S.E. do grupo controle

 

Discussão 

 

    No presente estudo analisou-se a força isométrica da elevação de ombro dos jogadores de rugby comparando com indivíduos treinados em treinamento de força, por meio do dinamômetro isométrico portátil, a fim de mensurar as possíveis variáveis entre os grupos.

 

    O principal achado da pesquisa revelou que os jogadores de rugby demonstraram uma diferença estatisticamente significativa na força isométrica dos ombros, tanto do lado direito quanto do esquerdo, em comparação com pessoas envolvidas em treinamento de força. Essa descoberta sugere um aprimoramento notável das capacidades biomotoras entre os jogadores de rugby, conforme discutido por Spineti (2015). Chaves et al. (2023) também observaram que a força, velocidade, resistência, coordenação, flexibilidade, agilidade e equilíbrio são componentes físicos que o corpo pode desenvolver, e sua interdependência é fundamental para performance do atleta.

 

    Os jogadores de esporte coletivo executam uma periodização criando uma rotina de treino com estímulos diversos que reúnem todas as capacidades biomotoras, combinando principalmente agilidade, força máxima e velocidade máxima que resulta na potência dos movimentos. Já indivíduos exercitados em academias planejam seu treino baseado predominantemente na força e resistência (Roschel, Tricol, e Ugrinowitsch, 2011; Almeida e Teixeira, 2013).

 

    A semelhança de força muscular encontrada nos indivíduos treinados em treinamento de força (média = 30,86 ± 5,111 para o lado direito e média = 30,72 ± 5,747 para o lado esquerdo, p<0,9497) indica que, independentemente de qual seja o membro dominante, os mesmos realizam o treinamento bilateralmente aplicando cargas equivalentes.

 

    No estudo de Hirashima et al. (2003) eles observaram que atletas praticantes de esporte de arremesso podem apresentar diferenças de força entre os membros, pelo fato que o arremesso é resultado de uma sequência de movimentos coordenados que iniciam nos membros inferiores e tronco, e encerram no membro superior. Neste mesmo contexto, Jové et al. (2023) examinaram a força dos rotadores de ombro nos membros dominante e não dominante de tenistas amadores, revelando uma notável discrepância na força de rotação interna isométrica máxima entre o membro dominante e o não dominante. Esses resultados contrastam com descobertas anteriores, destacando a variabilidade nas demandas físicas entre diferentes modalidades esportivas. Enquanto esses estudos anteriores indicaram diferenças significativas de força entre os membros em atletas praticantes de esportes de arremesso, os jogadores de rugby avaliados neste estudo não demonstraram uma disparidade estatisticamente significativa ao comparar os lados direito e esquerdo (p<0,8034), observando um equilíbrio na força muscular isométrica.

 

    De Lang et al. (2017), realizaram um estudo com jogadores de futebol no qual foi avaliado a força isométrica com dinamômetro manual dos músculos do membro inferior direito e esquerdo, e como resultado não foram observadas diferença estatística entre os lados, no movimento do chute. A corrida e a troca de passes foram indicadas como gestos predominantes durante a partida superando a frequência de utilização do movimento repetitivo unilateral, dessa forma as fibras musculares em ambos os membros são uniformemente recrutadas.

 

    Os resultados do presente estudo demonstraram que o mesmo ocorre no rugby, sendo que os gestos dominantes são a corrida e a troca de passes entre os jogadores, salientando que o arremesso tem a mesma finalidade que o chute no futebol. Diante ao exposto, fundamenta-se a presença de simetria da força muscular isométrica encontrada nos jogadores deste estudo.

 

    Na visão de Bittencourt et al. (2016), os autores propuseram uma reflexão sobre as correlações entre as determinantes que contribuem para a previsão de lesões, afirmando que o controle neuromuscular, o alinhamento anatômico e a força muscular são variáveis determinantes que, dependendo da forma como interagem, influenciam na ocorrência de lesões. O desequilíbrio dessas variáveis cria um perfil de risco específico para prever as possíveis lesões. Além disso, a abordagem tradicional de identificar fatores de risco isolados para prever lesões esportivas tem se mostrado limitada. Em vez disso, destaca-se a importância de reconhecer a complexa interação entre múltiplos fatores de risco em diferentes níveis (biomecânicos, características de treinamento, psicológicos, fisiológicos, etc.). Essa abordagem permite a identificação de padrões de risco específicos e dinâmicos, oferecendo uma visão mais abrangente e detalhada sobre a prevenção de lesões esportivas.

 

    Durante a condução deste estudo, observou-se uma notável disparidade na literatura científica, com uma predominância de trabalhos voltados para a avaliação da força muscular nos membros inferiores, em contraste com uma escassez de investigações relacionadas à análise da força muscular nos membros superiores. Essa observação destaca a singularidade e a importância desta pesquisa, que contribui de maneira significativa para o panorama clínico e acadêmico.

 

    A pesquisa assume uma relevância clínica substancial ao fornecer uma análise detalhada da força isométrica em diferentes contextos de atividade física, notadamente entre os grupos treinados em treinamento de força e praticantes de rugby. Os resultados não apenas preenchem uma lacuna no entendimento atual, mas também oferecem entendimentos cruciais para investigações posteriores na área. Ao compreender as demandas específicas de força muscular associadas a essas atividades, o estudo estabelece uma base sólida para estratégias de prevenção de lesões e otimização do treinamento. Essa compreensão refinada permitirá o desenvolvimento de protocolos de treinamento individualizados, destacando áreas de deficiência muscular e desequilíbrios, com vistas a reduzir o risco de lesões esportivas. Além disso, ao identificar padrões de força específicos necessários para atividades como treinamento de força e rugby, os profissionais de saúde poderão ajustar os programas de treinamento dos atletas de forma mais precisa, visando não apenas melhorar o desempenho, mas também mitigar o risco de lesões relacionadas à prática esportiva.

 

Conclusão 

 

    Os resultados deste estudo indicam que os jogadores de rugby demonstraram valores superiores de força muscular isométrica em comparação com indivíduos treinados em força. Esta considerável força muscular pode contribuir significativamente para o elevado índice de lesões no ombro observado nesses atletas. O excesso de força pode desencadear desequilíbrios musculares ou sobrecargas que excedem a capacidade de adaptação dos tecidos moles, aumentando assim o risco de lesões. A interação complexa entre fatores como a alta força muscular e os movimentos repetitivos e intensos pode criar condições que tornam os jogadores de rugby mais suscetíveis a lesões no ombro. Diante desses achados recomenda-se que outros estudos sejam realizados na tentativa de elucidar os diferentes fatores de risco nos atletas de rugby, o que visa auxiliar os profissionais do esporte.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 315, Ago. (2024)