Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com

ISSN 1514-3465

 

Estilos de vida ativos e hábitos saudáveis em

crianças de 1º CEB. O papel da escola e da família

Active Lifestyles and Healthy Habits on Primary School Children. The Role of Family and School

Estilos de vida activos y hábitos saludables en niños de 1ª CEB. El papel de la escuela y la familia

 

Mariana Caramelo Duarte*

marianacarameloduarte@gmail.com

Rui Neves**

rneves@ua.pt

 

*Licenciada em Educação Básica

no Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Educação

Mestra na Universidade de Aveiro em Educação Pré-escolar

e Ensino no 1º Ciclo do Ensino Básico

Atualmente Educadora de Infância numa escola

de Pré-escolar na cidade de Aveiro

**Professor Auxiliar

Departamento de Educação e Psicologia. Universidade de Aveiro

Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores

Campus de Santiago

(Portugal)

 

Recepción: 06/12/2023 - Aceptación: 26/11/2024

1ª Revisión: 02/11/2024 - 2ª Revisión: 22/11/2024

 

Level A conformance,
            W3C WAI Web Content Accessibility Guidelines 2.0
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0

 

Creative Commons

Este trabalho está sob uma licença Creative Commons

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Cita sugerida: Duarte, M.C., e Neves, R. (2025). Estilos de vida ativos em crianças do 1º CEB. O papel da escola e da família. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(320), 159-175. https://doi.org/10.46642/efd.v29i320.7384

 

Resumo

    O presente estudo foi centrado nas relações entre o desempenho motor das crianças de 1.º Ciclo do Ensino Básico (1º CEB), os seus hábitos de estilos de vida e a influência do contexto familiar e escolar. Teve como objetivo principal caracterizar formas de promoção de estilos de vida mais ativos nos alunos do 1º CEB em contexto escolar e familiar, em função de um programa com várias atividades. O estudo envolveu como grupo de participantes 19 alunos do 2º ano e as respetivas famílias de uma Escola Básica do 1º Ciclo da região de Aveiro. Neste âmbito foram realizadas atividades com o objetivo de desenvolver competências motoras ligadas com a promoção de estilos de vida mais ativos em contexto familiar. Com uma abordagem quali-quântica, foram realizadas medições e pesagens dos alunos, bem como estes elaboraram um diário de bordo (registos descritivos de atividades, opiniões, desenhos, notas individuais) ao longo do programa. Os dados recolhidos foram analisados em termos de conteúdo, numa base interpretativa e holística. Destacaram-se a importância da escola e da família na promoção de estilos de vida mais ativos. Os resultados evidenciaram que a família e a escola podem influenciar o comportamento das crianças em relação a estilos de vida ativos, salientando-se a evolução das opções de lanches, e o gosto em participar nas diversas atividades físicas e desportivas envolvendo a família.

    Unitermos: Educação Física. Desenvolvimento motor. Estilos de vida ativos. Influência da família. Influência da escola. Diários de bordo.

 

Abstract

    The present study was centered on the relationships between the motor performance of primary school children, their lifestyle habits and the influence of the family and school context. This study had as main objective to characterize ways to promote active lifestyles on primary school children within their family and scholar contexts, following a dedicated program with several activities. The study involved 19 2nd grade students and their families, from a primary school in Aveiro region. In this context, activities were conducted with the aim of developing motor skills, linked to the promotion of more active lifestyles in a family context. With a qualitative-quantitative approach, measurements and weighings were carried out, as well as a logbook for each student. The data collected was analyzed in terms of content, on an interpretative and holistic basis. The importance of school and family in promoting more active lifestyles was emphasized. The results showed that family and school can influence children's behavior in relation to active lifestyles, highlighting the evolution of snack options, as well as the willingness to participate in various physical and sporting activities involving the family.

    Keywords: Physical Education. Motor development. Active lifestyles. Family influence. School influence. Logbooks.

 

Resumen

    El presente estudio se centró en las relaciones entre el desempeño motor de niños del Primer Ciclo de Educación Básica (1º CEB), sus hábitos de vida y la influencia del contexto familiar y escolar. Su objetivo principal fue caracterizar formas de promover estilos de vida más activos en estudiantes de 1º CEB en un contexto escolar y familiar, a partir de un programa con varias actividades. El estudio involucró como grupo de participantes a 19 estudiantes de 2º año y sus familias de una Escuela Básica de Primer Ciclo de la región de Aveiro. En este contexto, se realizaron actividades con el objetivo de desarrollar habilidades motoras vinculadas a la promoción de estilos de vida más activos en el contexto familiar. Con un enfoque cuali-cuantitativo se realizaron mediciones y pesajes a los estudiantes, así como también se elaboró ​​un cuaderno de bitácora (registros descriptivos de actividades, opiniones, dibujos, notas individuales) durante todo el programa. Los datos recopilados se analizaron en términos de contenido, sobre una base interpretativa y holística. Se destacó la importancia de la escuela y la familia en la promoción de estilos de vida más activos. Los resultados mostraron que la familia y la escuela pueden influir en el comportamiento de los niños en relación a estilos de vida activos, destacándose la evolución de las opciones de merienda y el disfrute de la participación en diversas actividades físicas y deportivas que involucran a la familia.

    Palabras clave: Educación Física. Desarrollo motor. Estilos de vida activos. Influencia familiar. Influencia de la escuela. Libros de registro.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 320, Ene. (2025)


 

Introdução 

 

    A área de Educação Física (EF) é tão importante quanto a Matemática, o Português ou o Estudo do Meio, assim sendo as suas aulas essenciais. Os sentimentos e a forma de pensar das crianças são também demonstrados através dos momentos e das ações ocorrentes, quando existe uma atividade motora. Torna-se necessário que a EF possa contribuir para contrariar o sedentarismo nas crianças, promovendo hábitos saudáveis e o gosto pela atividade física e pelo desporto. É importante e necessário existirem experiências de qualidade que motivem as crianças no seu envolvimento na Atividade Física (AF), de forma a facilitar aprendizagens significativas e por sua vez o gosto pela prática de AF (Perlman, 2024). Importa referir que no caso da escola do 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB), a monodocência acentua uma maior proximidade entre as crianças e o professor. Desta maneira é possível compreender a importância do papel do professor na vida e no desenvolvimento da criança neste ciclo de ensino, seja a nível cognitivo, afetivo, emocional e motor.

 

    Os estilos de vida são um conjunto de hábitos e comportamentos que dão respostas às situações do dia-a-dia, sendo que estes são assimilados através do processo de socialização e que ao longo da vida sofrem novas interpretações (WHO, 2004). Deste modo compreende-se que existem diversos fatores ligados ao estilo de vida e que os indivíduos têm a oportunidade de gerir as suas escolhas. São estas escolhas que dão a entender qual o estilo de vida de cada indivíduo, nesta linha de pensamento é essencial a promoção de Estilo de vida Ativos (EVA), não só a nível alimentar, mas também a nível da prática de AF, de forma a combater o sedentarismo que existe hoje nos indivíduos e particularmente nas crianças. A figura seguinte mostra quais os fatores, toda a envolvência e o que pode influenciar os estilos de vida.

 

Figura 1. Modelo de Dahlgren

Figura 1. Modelo de Dahlgren

Fuente: Morgan et al. (2004)

 

    Estes hábitos de EVA devem começar na infância, pois as crianças mais saudáveis aprendem de uma forma mais eficaz (DGS, 2021). Nesta linha de pensamento é fundamental promover EVA na área da Educação para que os estabelecimentos da educação e ensino, bem como as famílias promovam a saúde e a prática de hábitos saudáveis para EVA. (Teixeira et al., 2021)

 

    Para estilos de vida mais ativos a prática de AF é fundamental, trazendo consigo vários benefícios para a saúde e bem-estar. As crianças e adolescentes em idade escolar devem realizar AF pelo menos 60 minutos, em média, por dia, com uma intensidade moderada/vigorosa. (WHO, 2020)

 

    Os fatores que mais a influenciam são o suporte social e familiar, pelo que o apoio dos pais é fundamental, na medida em que estes poderão influenciar os filhos através do estímulo, exemplo e modelos de prática (Lemos et al., 2010). Existe uma enorme importância no papel e na influência dos pais nos padrões de EVA dos filhos, mas também nos comportamentos desenvolvidos em ambiente escolar (Rocha, 2017). Sendo a AF um agente importante na socialização tanto das crianças como adolescentes, na infância esta influência surge maioritariamente da família. (Marco, e Verardi, 2008)

 

    Existe uma relação direta entre os níveis de AF dos pais com a motivação para a prática desportiva dos filhos, pois perante os resultados do estudo, quanto maior o nível de AF dos pais, maior era a motivação dos alunos neste caso para a prática desportiva nas aulas de EF (Lemos et al., 2010). Aliada à prática de AF está uma alimentação saudável, sendo que esta também é fundamental para a existência de hábitos saudáveis, sendo conhecido que a prática de AF e uma boa alimentação estão correlacionadas para um estilo de vida saudável. É, portanto, importante que as crianças possam ter estes bons exemplos desde cedo, seja pelos pais, seja pela escola que frequentam. Os pais têm uma forte influência sobre os seus filhos no consumo de alimentos, sendo importante a participação dos filhos nessas escolhas (Rocha, 2017). Assim, é recomendado aos pais que preparem lanches saudáveis para os seus filhos, de forma que as crianças possam escolher a qualidade e a quantidade destes lanches equilibrados, desta forma estas irão desejar comer dessas escolhas saudáveis das quais foram participantes ativas.

 

    É difícil mudar hábitos alimentares, pois isso envolve mudanças em antigos padrões (Rocha, 2017 apud Barbosa et al., 2013). Esta tarefa da mudança de hábitos para EVA será tanto mais fácil quanto a cooperação entre a Família e a Escola. A mudança de antigos padrões ao ser implementada na escola e em casa, com o apoio de ambas as partes, tem tudo para ser um sucesso. Importa explorar a importância da cooperação entre família e escola, reforçando a compreensão de como pode influenciar a aprendizagem das crianças, bem como a adoção de novos hábitos. Deve existir uma valorização da participação dos pais pela escola e o seu interesse em participar. A compreensão entre o professor e a família é fundamental para que ocorra uma boa aprendizagem dos alunos.

 

    Os pais e os educadores/professores podem ajudar os seus educandos a mudarem hábitos e incentivá-los a optarem por praticar algum tipo de AF. A escola tem um papel a desempenhar na sociedade, de forma a poder complementar os valores e conhecimentos que por vezes não são desenvolvidos a nível familiar. (Rocha, 2017)

 

    Tendo em conta a realidade portuguesa, as crianças e adolescentes tendem cada vez mais a serem sedentários, é muito importante que as escolas em conjunto com os pais assumam um papel ativo para combater esta tendência crescente. O presente estudo teve como objetivo principal desenvolver competências a nível de promoção de estilos de vida mais ativos em contexto familiar, durante o período de um programa que incluía múltiplas atividades realizadas na escola e em autonomia.

 

Metodologia 

 

    Este estudo desenvolveu-se numa escola de 1.º CEB na periferia da cidade de Aveiro (Portugal), num contexto de estágio profissional e durante as atividades curriculares de uma turma do 2º ano de escolaridade de uma escola básica pública, com início em abril de 2021 e término em junho desse mesmo ano.

 

Participantes 

 

    O grupo participante envolveu 19 alunos de uma turma de 2º ano do 1º CEB (entre os 7 e 8 anos de idade) sendo que 10 eram do sexo feminino e 9 do sexo masculino, bem como as respetivas famílias. Os valores de IMC do grupo de alunos que participaram estão registados na Tabela 1.

 

Tabela 1. IMC dos alunos

Nome do aluno

Altura (A), em m

Peso (P), em kg

IMC= P/A2, em kg/m2

Aluno A

1,24

24,2

15,7

Aluno B

1,24

22,8

14,8

Aluno C

1,3

24,1

14,3

Aluno D

1,35

29,7

16,3

Aluno E

1,32

32,7

18,8

Aluno F

1,29

25,5

15,3

Aluno G

1,33

40,4

22,8

Aluno H

1,23

23,9

15,8

Aluno I

1,27

27,2

16,9

Aluno J

1,25

35,9

23,0

Aluno K

1,21

25,9

17,7

Aluno L

1,23

21,4

14,1

Aluno M

1,28

28,6

17,5

Aluno N

1,21

20,1

13,7

Aluno O

1,22

33,1

22,2

Aluno P

1,34

40,2

22,4

Aluno Q

1,24

23,2

15,1

Aluno R

1,25

25,3

16,2

Aluno S

1,33

47,1

26,6

Fonte: Autores

 

    Com base nos dados recolhidos junto dos pais, através dos questionários realizados, identificou-se que a grande maioria dos pais tinham idades compreendidas entre os 40 e 49 anos (58%), 30 e 39 anos (32%), 50 e 59 anos (5%) e do grupo de 20 a 29 anos (5%).

 

Gráfico 1. Distribuição etárias dos pais

Gráfico 1. Distribuição etárias dos pais

Fonte: Autores

 

Instrumentos e variáveis 

 

    A recolha de dados neste estudo decorreu ao longo de todo o projeto, durante as aulas de 1º CEB da turma de 2º ano, referida anteriormente, utilizando diversos instrumentos e técnicas de recolha de dados e da observação continuada. Os dados recolhidos focaram-se essencialmente nos lanches trazidos para a escola, nas atividades durante as aulas e nos registos das atividades realizadas em casa com a família. Em simultâneo, antes, durante e depois da recolha e análise de dados, a observação esteve sempre presente. Neste sentido, os instrumentos de recolha de dados surgiram pela seguinte ordem:

  1. Diários de bordo;

  2. Caraterização dos Lanches Saudáveis;

  3. Tarefas para Casa - AF em Família;

  4. Atividade que mais gostaram;

  5. Notas de campo;

  6. Registos fotográficos.

    Como técnicas de recolha de dados recorreu-se a diversos instrumentos. Os diários de bordo assumiram-se como centrais na recolha de dados, onde foram registadas através da descrição individual e subjetiva, desenhos, narrativas, opiniões e preferências sobre a maioria das atividades realizadas pelos alunos. Paralelamente recorreu-se à observação direta e participativa, sob a forma de notas de campo da nossa responsabilidade. Esta observação direta e participativa facilitou uma intervenção constante com os intervenientes do estudo, mais especificamente os alunos. Como forma complementar e ilustrativa do estudo, foram realizados registos fotográficos e pontualmente registos de vídeo. Estes registos permitiram tornar mais evidente as evoluções de participação e desempenho motor dos alunos. Todos estes instrumentos foram utilizados de forma que fosse possível observar, recolher e registar dados que futuramente possibilitasse uma análise criteriosa.

 

    Em simultâneo às aulas de EF decorreram diversas atividades promotoras de hábitos de EVA (atividade realizada em sala de aula e em casa, com a família), sendo que a grande maioria foram registadas pelos alunos no seu diário de bordo. Os alunos nesta fase registaram diariamente as suas refeições, desde o pequeno-almoço até ao jantar. O diário de bordo permitiu que os alunos pudessem registar as diferentes atividades desenvolvidas ao longo de todo o projeto, bem como partilhar o registo das atividades realizadas com a família. Importa referir que os alunos, com esta abordagem, conseguiram rever o que já foi feito, permitindo também refletir em casa com a família, bem como na escola em contexto de sala de aula e/ou com amigos sobre as atividades já desenvolvidas e consequencialmente sobre a sua evolução, sendo assim agentes participativos na sua prática de AF, esta participação ativa é fundamental na sua aprendizagem e prática de AF (Cardiff et al., 2023). Havendo assim um envolvimento no planeamento de novas atividades e em ajustamentos das mesmas, refletindo e analisando criticamente o seu desempenho e a sua evolução ao longo do projeto.

 

    Plano desenvolvido:

 

Tabela 2. Plano das atividades realizadas

Inicio: abril 2021

Atividades

Abril

14 Quarta-feira

Medições e pesagens

16 Sexta-feira

Teste da Transferência Lateral (KTK) + Salto à Corda

20 Terça-feira

Lançamento do questionário às famílias” família e AF”

28 Quarta-feira

Tarefa para casa- A: n. º1

Maio

03 Segunda-feira

Criação da Roda dos Jogos com as crianças

04 Terça-feira

Estabelecimento das regras da Roda dos Jogos

05 Quarta-feira

Execução da Roda dos Jogos

10 Segunda-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Tarefa para casa- A:  n. º2.

11 Terça-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Execução da Roda dos Jogos; Ser entrevistador por um dia.

12 Quarta-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Percurso de obstáculos + outras atividades.

17 Segunda-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Execução da Roda dos Jogos; Entrevista ao colega do lado sobre os seus hábitos alimentares, rotinas de sono, e AF.

18 Terça-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Execução da Roda dos Jogos

19 Quarta-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Execução da Roda dos Jogos; Tarefa para casa- AF: n.º 1.

24 Segunda-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Execução da Roda dos Jogos; Sessão n. º1: Lanches saudáveis- PPT e jogos.

25 Terça-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Execução da Roda dos Jogos;

26 Quarta-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Execução da Roda dos Jogos; Jogo relacionado com hábitos de sono; Tarefa para casa- AF: n. º2. 

31 Segunda-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos; Execução da Roda dos Jogos

Junho

01 Terça-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Sessão n. º2: Lanches saudáveis- PPT e jogos

02 Quarta-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Execução da Roda dos Jogos; Tarefa para casa- AF:  n. º3.

07 Segunda-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Execução da Roda dos Jogos; Pequena sessão meditação.

08 Terça-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Execução da Roda dos Jogos.

09 Quarta-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Execução da Roda dos Jogos; Tarefa para casa- S: n. º1.

14 Segunda-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Execução da Roda dos Jogos.

15 Terça-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Execução da Roda dos Jogos;

16 Quarta-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Execução da Roda dos Jogos; Tarefa para casa- S:  n. º2.

21 Segunda-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia; Momento de EF (15 minutos); Execução da Roda dos Jogos; Repetição das Medições e pesagens.

22 Terça-feira

Partilha e registo ao longo do dia no diário de bordo sobre as refeições do dia.

23 Quarta-feira

Teste da Transferência Lateral (KTK) + Salto à Corda (PAEF).

Fim: junho 2021

 

Fonte: Autores

 

Procedimentos 

 

    O projeto partiu de um plano elaborado, visando desenvolver competências a nível do desempenho motor associado a comportamentos mais saudáveis, envolvendo também os pais e a escola nesta promoção de EVA. Neste sentido, procedeu-se à calendarização e planificação de 14 momentos de AF ao longo da semana, durante 6 semanas, associado também a outros momentos com os alunos em atividades relacionadas com a adoção de EVA. Estas atividades/momentos surgiram como blocos programáticos relativos aos Deslocamentos e Equilíbrios e aos Jogos, tendo em consideração também as Aprendizagens Essenciais do 2º ano de escolaridade da área de EF, interligadas com outras áreas de conteúdo.

 

Resultados e discussão 

 

Lanches saudáveis 

 

    Os lanches saudáveis vão ao encontro do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, nomeadamente na área de competência bem-estar, saúde e ambiente, onde a escola deve de preparar os alunos para que sejam capazes de “adotar comportamentos que promovem a saúde e o bem-estar, designadamente nos hábitos quotidianos, na alimentação, nos consumos, na prática de exercício físico, na sexualidade e nas suas relações com o ambiente e a sociedade” (Martins et al., 2017, p. 27). Nesta linha de pensamento e relacionando com os lanches saudáveis é importante que os alunos desenvolvam competências direcionadas com os seus consumos, tendo consciência das boas e menos boas escolhas. Assim, relativamente aos lanches saudáveis, estes foram analisados com base nos registos dos lanches de cada aluno. Ao analisar os registos presentes na Tabela 3 foi possível compreender que de uma forma geral os alunos mantiveram os lanches saudáveis ou melhoraram os mesmos. De uma forma mais específica os alunos C, D, I, J, L, M, N, P e O mantiveram os seus lanches saudáveis a nível da qualidade dos alimentos variando ao longo dos lanches, bem como mantendo a quantidade. No caso do dos alunos A, B e K houve uma boa evolução, retiraram ou substituíram os alimentos com chocolate, desde o pão com chocolate, o leite com chocolate e as bolachas de chocolate, dentro destes 3 alunos, 2 (B e K) reduziram a quantidade de lanche que traziam ao longo do desafio.

 

    Os lanches da aluna S também tiveram uma boa evolução, reduzindo a quantidade de açúcar processado, substituindo esse açúcar por fruta da época. Os alunos R e O tiveram uma evolução ao nível da redução da quantidade de alimentos que traziam para o lanche, no entanto mantiveram sempre lanches saudáveis. O aluno H fugiu um pouco a esta escala de evolução linear, pois o primeiro e o terceiro lanche foram mais saudáveis comparativamente com o segundo lanche, no entanto importa referir que este aluno substituiu o pão de forma por pão de padaria.

 

    A evolução que mais se destacou desta tabela foi a da aluna E, mostrando uma grande evolução do primeiro lanche para o terceiro, substituindo pãezinhos de chocolate por cenoura, e o sumo por iogurte. Dentro de todos os lanches analisados destacaram-se dois alunos pela igualdade dos seus três lanches, o aluno F manteve sempre pão com chocolate e uma banana, e o aluno G tendo uma evolução de leite com chocolate para iogurte, contudo o seu lanche também se manteve muito igual, um pão com iogurte.

 

Tabela 3. Registos fotográficos de lanches dos alunos

Nome do aluno

1º lanche (15/06/2021)

2º lanche

3º lanche (22/06/2021)

Aluno A

Pão com chocolate + sumo

 Pão com doce + sumo + queijo

Pão com fiambre + iogurte líquido + pão de leite

Aluno B

Leite com chocolate + iogurte líquido + 2 peças de fruta

Leite com chocolate + iogurte líquido + 2 peças de fruta

Iogurte líquido + 3 peças de fruta

Aluno C

Pão de forma com manteiga e fiambre + uma peça de fruta

Pão de padaria + uma peça de fruta

Pão de padaria + uma peça de fruta

Aluno D

Pão de forma + iogurte líquido+ uma peça de fruta

Pão de padaria + iogurte líquido+ uma peça de fruta

Pão de padaria + iogurte líquido + uma peça de fruta

Aluno E

Pão de padaria + sumo+ bolo de chocolate

Pão de padaria + sumo + bolo de chocolate

Pão de padaria + iogurte + uma peça de fruta

Aluno F

Pão de padaria com chocolate + banana

Pão de padaria com chocolate + banana

Pão de padaria com chocolate + banana

Aluno G

Pão de padaria com manteiga + leite com chocolate

Pão de padaria com manteiga + iogurte líquido

Pão de padaria com manteiga + iogurte líquido

Aluno H

Pão de forma com fiambre + água

Pão de padaria com fiambre + sumo

Pão de padaria com fiambre + iogurte líquido

Aluno I

Pão de padaria com fiambre + uma peça de fruta

Pão de padaria com queijo + uma peça de fruta

Pão de padaria com queijo + uma peça de fruta

Aluno J

Uma peça de fruta

Uma peça de fruta

Uma peça de fruta

Aluno K

Pão de leite + bolachas de chocolate

Pão de padaria com fiambre + cereais

Pão de padaria com fiambre

Aluno L

Pão de padaria com fiambre + água + uma peça de fruta

Pão de padaria com fiambre + água + uma peça de fruta

Pão de padaria com fiambre + água + uma peça de fruta

Aluno M

Pão de padaria com fiambre + três peças de fruta

Pão de padaria com fiambre + três peças de fruta

Pão de padaria com fiambre + duas peças de fruta + água

Aluno N

Pão de padaria com fiambre + uma peça de fruta

Pão de padaria com fiambre + uma peça de fruta + água

Pão de padaria com fiambre + uma peça de fruta + queijo

Aluno O

Pão de padaria com queijo + água

Pão de padaria com queijo + duas peças de fruta

Duas peças de fruta

Aluno P

Pão de forma com fiambre + uma peça de fruta + água

Pão de forma com queijo + uma peça de fruta + sumo natural

Pão de forma com fiambre + uma peça de fruta + água

Aluno Q

Iogurte líquido + água + uma peça de fruta

Iogurte líquido + três peças de fruta

Iogurte líquido + queijo + uma peça de fruta

Aluno R

Pão de padaria com fiambre e alface + uma peça de fruta

Duas peças de fruta

Duas peças de fruta

Aluno S

Ovo + cerais açucarados

Bolachas açucaradas + uma peça de fruta

Bolachas integrais + duas peças de fruta

Fonte: Autores

 

    Foi um desafio que no geral teve sucesso, pois a maioria dos alunos levou lanches saudáveis, uns desde o primeiro dia (16/06/2021), outros foram evoluindo ao longo dos lanches, tirando raras exceções onde essa evolução não se verificou, como foi o caso do aluno F. Importa referir que a escola e a família tiveram um papel fundamental nesta adoção de lanches saudáveis. Hoje em dia existem muitos desafios que se colocam a uma alimentação saudável, sendo necessário capacitar particularmente as famílias perante a tarefa de educar os seus filhos para uma alimentação saudável. (DGS, 2021)

 

    Previamente ao lançamento do desafio “lanches saudáveis” explorou-se com os alunos, o que seria um lanche saudável e um lanche não tão saudável, bem como os seus benefícios e malefícios. Através de jogos e de apresentações de PowerPoint analisou-se com os alunos possíveis exemplos de lanches saudáveis que pudessem trazer para a escola. A escola teve aqui um papel fundamental na sensibilização da importância de trazer lanches saudáveis. Acredita-se que com este desafio, os lanches saudáveis tornaram-se um hábito e não uma exceção. Esta promoção da alimentação saudável em contexto escolar é uma prioridade. (DGS, 2021)

 

    Como já foi referido pelo autor, os pais têm uma forte influência sobre os alimentos consumidos pelos filhos, é importante que as crianças possam ter bons exemplos desde cedo, seja pelos pais, seja pela escola onde estão inseridos. (Rocha, 2017)

 

    Nesta sensibilização na escola, os pais desempenharam um papel importantíssimo, na medida que aceitaram o desafio e ouviram as sugestões dos filhos, mostrando também eles uma preocupação em melhorar os lanches, tornando-os mais saudáveis. As respostas perante algumas questões que foram enviadas no diário de bordo dos alunos direcionadas aos pais, demonstram o sucesso desta atividade, na medida em que houve um número elevado de pais que referiu evolução dos filhos ao nível da preocupação em levar um lanche saudável. À pergunta: “Têm notado alguma evolução/ alteração no dia-a-dia da vossa criança?” 5 famílias referiram que a evolução tinha sido a nível dos lanches. A família da aluna N respondeu: “- Sim, principalmente na escolha/ aceitação de lanche mais saudável, com menos chocolate e mais fruta. A nossa educanda entendeu bem a importância de optar por alimentos saudáveis”. A família do aluno F respondeu: “- A maior evolução foi o facto de ter pedido uma lancheira saudável”. A família do aluno L respondeu: “- A preocupação em levar lanche saudável para a escola.” A família do aluno R respondeu: “- Sim, o (…) tem insistido sempre em levar para os lanches comida saudável. Pergunta se faz melhor opção e já faz críticas construtivas à família mais alargada (primos, avós). Esforça-se sempre por comer legumes nas refeições, porque diz ser saudável.” Família do aluno P: “- Sim, o (…) já não come tanto pão de forma e passou a comer mais pão da padaria.

 

    Assim, a preparação dos lanches em casa pode ser a oportunidade para reduzir os lanches com pouco valor nutricional. (DGS, 2021).

Segundo um estudo analisado, as crianças melhoraram os resultados, ao nível da avaliação do consumo de alimentos mais saudáveis ao longo do segundo e terceiro dia, face ao primeiro, tendo apresentado piores resultados durante o fim-de-semana (Perazi et al., 2020). De acordo com vários autores é difícil mudar hábitos alimentares, esta mudança de hábitos será tanto mais fácil quanto a cooperação entre escola e família (Rocha, 2017 apud Barbosa et al., 2013). Está novamente presente a importância de a escola estar em conformidade com as famílias, para que em conjunto consigam criar hábitos mais saudáveis nas crianças.

 

Tarefas para Casa - AF em Família 

 

    Após a realização da tarefa para casa “a placa de equilíbrio” e sua posterior apreciação, foi possível compreender através do registo efetuado em cada diário de bordo das crianças, que a maioria referiu que foi bom ou que gostaram pelo fato de terem realizado a AF com a família, como foi o caso da aluna C e do aluno que I, referindo que se divertiram ao fazer a atividade com a família, como é verificado na Tabela 4. O fato de ser algo que se possa fazer com a família e ser divertido, para além de incentivar as crianças a fazer mais exercícios de forma divertida, vai indiretamente criar ligações entre a família e momentos divertidos. Estes momentos são fundamentais para que as crianças ganhem gosto pela prática de AF. Assim, os pais são um elemento fundamental para o desenvolvimento do gosto pela prática de AF, pois podem proporcionar um momento divertido com os filhos.

 

    Através do registo do aluno O é possível identificar que o fato de ter esta atividade para fazer com a família, fez com que o aluno pudesse estar com a mãe a fazer uma atividade em conjunto, pois o aluno não referiu que foi divertido, referiu apenas que foi, porque estava com a mãe.

 

    Outros alunos referiram que foi bom terem realizado a atividade com a família, porque o pai ou a mãe os ajudaram, como foi o caso da aluna J, M, bem como o aluno R.

 

    Por fim, e ainda dentro da importância que a família teve na realização desta atividade, dois dos alunos, Aluno H e P, referiram que foi bom fazer com a família justificando que ajudaram a filmar.

 

Tabela 4. Apreciação "A placa de equilíbrio"

Nome do aluno

Apreciação da atividade “a placa de equilíbrio”

Aluno A

Em branco

Aluno B

“Gostei, foi fácil,10 passos. Não, porque foi fácil. Sim, foi divertido.”

Aluno C

“Eu gostei porque era divertido. Eu dei 10 passos com a placa na cabeça. Sim, eu senti dificuldade porque não. Foi bom fazer com a família porque nós dávamos ideias para o trabalho.”

Aluno D

“Eu gostei da atividade, foi divertida e engraçada. Eu dei 15 passos com a placa na cabeça. Eu não senti muita dificuldade. Foi bom fazer com a minha mãe demos gargalhadas. Para fazer melhor tenho que olhar para um foco.”

Aluno E

Em branco

Aluno F

Em branco

Aluno G

“Eu gostei muito porque eu gostei muito de fazer o exercício. Eu dei 8 passos. Eu não senti dificuldades. Eu gosto muito de fazer exercício com a minha família.”

Aluno H

“Eu gostei porque foi divertido porque foi fácil. Eu dei 31 passos. Foi bom fazer com a família porque ela me ajudou a filmar.”

Aluno I

“Eu gostei de realizar esta atividade porque foi muito divertido. Eu dei 20 passos com a placa na cabeça. Senti algumas dificuldade ao realizar a atividade porque a placa escorregava. Foi bom fazer esta atividade com a família porque rimos muito ao gravar o vídeo.”

Aluno J

“Eu não senti dificuldades. Eu adorei porque é divertido. Eu dei 10 passos. Foi muito divertido fazer com a família, porque a minha família ajudou-me e foi divertido.”

Aluno K

“Eu gostei porque foi divertido, foi fácil realizar. Demos 10 passos. Eu não senti dificuldade.”

Aluno L

“10 passos,1 cartolina em cima da cabeça com 20 cm de lado, 3 agachamentos. Gostei”

Aluno M

“Eu achei divertido porque eu estava a equilibrar-me e foi divertido. Eu dei 10 passos, eu senti dificuldade porque estava distraída, mas depois consegui. Foi bom fazerem com a família, porque o meu pai ajudou-me a fazer e aprendi muito.”

Aluno N

“Gostei, porque era divertido. Porque era muito bom. Porque eu dei 5 passos e foi maravilhoso, para mim foi divertido.”

Aluno O

“Gostei, porque foi divertido e consegui. Dei 20 passos. Gostei, porque estive com a mãe.”

Aluno P

“Eu gostei porque eu me diverti. Eu dei 40 passos. Eu não tive dificuldades. Foi a minha mãe que me filmou, foi bom.”

Aluno Q

“Eu gostei porque fiz em família. Dei treze passos. Não senti dificuldade. Foi em família, foi bom.”

Aluno R

“Eu gostei da atividade porque é engraçada. Eu dei 10 passos. Eu não tive dificuldade. Foi muito bom fazer com a família porque a família ajudou.”

Aluno S

“Gostei porque estive com a minha família, eu dei 10 passos. Foi bom porque estive concentrada.”

Fonte: Autores

 

Atividade que mais gostaram 

 

    Perante todas as atividades desenvolvidas ao longo do projeto importou compreender junto das crianças qual a sua atividade preferida e as suas razões, a tabela seguinte (Tabela 5) apresenta os registos no diário de bordo relativamente à sua atividade preferida e quais as suas motivações. Relativamente à atividade preferida dos alunos, foi construída a Tabela 5, de forma a sistematizar os registos de todos os alunos.

 

Tabela 5. Atividade que mais gostaram – visão dos alunos

Nome do aluno

Atividade que mais gostaram

Aluno A

“A minha atividade preferida foi a caminhada porque eu vi muitos animais e ficar ao ar livre é bom.”

Aluno B

“A minha atividade favorita foram todas porque aprendi muito e fiz com a família.”

Aluno C

“A minha atividade preferida foi a da placa quadrada, porque foi divertido, porque foi feita com a minha família. Também porque senti-me calma, relaxada e tranquila. E eu adoro fazer exercício físico.”

Aluno D

“A minha atividade preferida foi quando fomos tirar a fotografia ao espaço de física, porque foi divertido e engraçado e fiz com a família e porque enquanto a mãe estava a fotografar eu estava brincar nos escorregas e o meu pai estava a dizer para eu ficar parada quando a minha mãe estava a fotografar e rimos muito nessa parte e a minha irmã estava a fazer palhaçadas para eu me rir nas fotos e caí enquanto estava a correr.”

Aluno E

“A minha atividade preferida foi a da placa porque eu fiz com a família, pintei, andei com a placa, agachei-me e fui para a escola”

Aluno F

“A tarefa preferida foi o puzzle dos alimentos, fizemos um puzzle de uma nabiça que estava a sorrir.”

Aluno G

“É a da carta que tinha de balançar a carta e foi porque eu gosto de fazer ginástica e fazer com a minha família.”

Aluno H

“O desafio da placa, porque foi divertido e eu senti-me bem e porque fiz com a família.”

Aluno I

“Eu gostei da atividade das cordas”

Aluno J

Em branco

Aluno K

Em branco

Aluno L

“Eu gostei de tirar fotografias na nossa zona.”

Aluno M

“A minha atividade preferida foi a da placa porque fiz com a minha família e gostei.”

Aluno N

“Para mim a atividade preferida foi ir ver os locais perto de casa, porque eu gostei muito porque foi divertido e inteligente, porque eu fiz com a família.”

Aluno O

“A minha atividade preferida foi saltar à corda porque aprendi, gostei, foi divertido.”

Aluno P

“Eu gostei de fazer a  atividade da placa porque fiz com a minha família e adorei.”

Aluno Q

“A minha atividade preferida foram os agachamentos porque gostei de fazer com a família.”

Aluno R

“A minha atividade preferida foi a dos passos com a placa porque me senti feliz e divertido.”

Aluno S

“A minha atividade preferida foi o agachamento porque fiz com a minha família e treinei a educação física.”

Fonte: Autores

 

    Ao analisar os vários registos, é possível identificar que a atividade mais referida foi “A placa de equilíbrio”, seguindo-se pela atividade “Registo fotográfico dos espaços próximos da sua residência”, a terceira mais referida foram os momentos de EF, seguindo-se a caminhada e o puzzle.

 

Tabela 6. Atividades realizadas com família / na escola

Atividades

Com família

Na escola

A Placa de equilibrio

x

 

Registo fotográfico dos espaços próximos da sua residência

x

 

Momentos de EF

 

x

Caminhada

x

 

Puzzle

 

x

Fonte: Autores

 

Gráfico 2. Atividade que mais gostaram

Gráfico 2. Atividade que mais gostaram

Fonte: Autores

 

    Considerando globalmente os resultados, (dados da Tabela 6 e Gráfico 2 - Atividade que mais gostaram), apesar da variedade de atividades escolhidas como preferidas, duas delas foram as atividades realizadas com a família. Dos 17 alunos que responderam à questão, 11 fizeram referência ao envolvimento das famílias como o motivo da sua preferência. Como já foi referido pelo autor os fatores que mais influenciam este gosto pela prática de AF são o suporte familiar e o exemplo dado pelos pais (Lemos et al., 2010). Assim é possível interpretar que as crianças dão importância ao acompanhamento dos pais nas suas atividades, sendo aqui a família responsável pela satisfação das crianças para com a atividade. Estes resultados demonstram a importância que a família tem para estes alunos na prática de AF e de outras atividades, o que leva a querer que a família pode ser uma boa influência para a criação de hábitos de AF nos filhos, praticando com eles e dando o seu exemplo. Segundo um estudo analisado esta ideia é reforçada, mostrando o papel bi-lateral dos pais, como agentes promotores ou dissuasores da prática de AF nos seus filhos (Porcuna et al., 2021). Este também ressalta a importância dos pares e apoio dos professores e por conseguinte da escola. Importa cada vez mais conhecer e analisar o significado das atividades físicas e desportivas para as crianças. Bem como potenciar a carga afetiva da AF conjunta realizada com elementos do agregado familiar.

 

    Realçando que estes significados e experiências não se fecham sobre si próprios, antes se podem constituir referência da relação da criança com a AF nestas idades. Os pais são fundamentais para encorajar os filhos na prática de AF, e que estes devem de ser modelos de um estilo de vida ativo para os filhos. (Sallis et al., 2000)

 

Conclusões 

 

    O objetivo principal deste estudo foi a promoção de EVA em contexto familiar e escolar. O foco foram as atividades realizadas com os pais e os lanches saudáveis. Relativamente à questão da alimentação, a tarefa dos lanches envolveu alunos, pais e professoras, que em conjunto conseguiram criar um novo hábito: as crianças começaram a levar para a escola lanches mais saudáveis diariamente, ao contrário do que inicialmente acontecia. Foi possível realizar alterações dos padrões alimentares das crianças na escola.

 

    Já em relação às tarefas para casa realizadas com a família, foi evidente o prazer que as crianças apresentaram na prática de AF com a família, o que fez compreender a valorização por parte das crianças em relação à presença e ao incentivo da família para a prática de AF. Neste sentido, importa referir que estes momentos de interação entre as crianças e pais na prática de AF são fundamentais para que estas desenvolvam o gosto pela prática da AF, vendo estes momentos com potencial para criar ligações com as famílias, traduzindo-se também em momentos divertidos.

 

    Nesta linha de pensamento é importante referir que ao analisar os registos efetuados pelas crianças sobre a atividade que mais gostaram, o papel da família voltou a estar subjacente.

 

    Os pais e os educadores/professores foram fundamentais na criação de hábitos saudáveis nas crianças, pois foi possível levar até às famílias atividades de AF sugeridas durante as aulas. A escola tem um papel fundamental de forma a complementar os valores, hábitos e conhecimentos que por vezes não são desenvolvidos no ambiente familiar (Rocha 2017).

 

    Assim, tal como esperado, os resultados obtidos demonstraram que a família e a escola podem influenciar no comportamento das crianças em relação a EVA.

 

    Nesta linha de pensamento é fundamental que os professores e a família assumam responsabilidade como promotores de saúde e de EVA, sensibilizando os alunos/ filhos.

 

    De uma forma geral é possível concluir que todas as atividades contribuíram para EVA, sensibilizando tanto os alunos como as famílias para a sua importância, permitindo que as famílias reflitam sobre o seu papel na influência da vida dos filhos. Destaca-se a importância da escola e da família na promoção de EVA.

 

Referências 

 

Cardiff, G., Beni, S., Fletcher, T., Bowles, R., e Chróinín, D. (2023). Learning to facilitate student voice in primary physical education. European Physical Education Review, 30(3), 381-396. https://doi.org/10.1177/1356336X231209687

 

DGS (2021). Guia para Lanches Escolares Saudáveis. https://nutrimento.pt/activeapp/wp-content/uploads/2021/04/GuiaLanchesEscolarespdf.pdf

 

Lemos, N., Nakamura, P., Grisi, R., e Kokubun, E. (2010). Associação entre nível de atividade física de lazer dos pais com o nível de atividade física dos filhos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 15(6), 96-100. https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/703

 

Marco, A., e Verardi, C. (2008). Inciação esportiva: Influência de pais, professores e técnicos. Revista eletrônica da Escola de Educação Física e Desportos, 4(2), 102-123. https://revistas.ufrj.br/index.php/am/article/view/9126

 

Martins, G., Gomes, C., Brocardo, J., Pedroso, J., Carrillo, J., Silva, L., Encarnação, M., Horta, M., Calçada, M., Nery, R., e Rodrigues, S. (2017). Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Ministério da Educação. https://dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/Projeto_Autonomia_e_Flexibilidade/perfil_dos_alunos.pdf

 

Morgan, A. (2004). Life circumstances of young people. WHO. Young people’s health in contexto, 9-52. https://www.who.int/immunization/hpv/target/young_peoples_health_in_context_who_2011_2012.pdf

 

Perazi, F. Kupek, E. Assis, M. Pereira, L. Cezimbra, V. Oliveira, M. Vieira, F. Pietro, P., e Hinnig, P. (2020). Efeito do dia e do número de dias de aplicação na reprodutibilidade de um questionário de avaliação do consumo alimentar de escolares. Revista Brasileira de Epidemiologia, 23.  https://doi.org/10.1590/1980-549720200084

 

Perlman, D.J. (2024). A New Model for Teaching and Learning: The Informed Learner in Physical Education Model. Journal of Physical Education, Recreation & Dance, 95(3), 13-19. https://doi.org/10.1080/07303084.2023.2299866

 

Porcuna, V., López, M., Vizcaíno, V., Andrés, M., Hermosa, A., e Martín, B. (2021). Parents’ Perception on Barriers and Facilitators of Physical Activity among Schoolchildren: A Qualitative Study. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18(6), 3086. https://doi.org/10.3390/ijerph18063086

 

Rocha, R. (2017). Análise de Atividade Física e Hábitos Alimentares na Educação Física Infantil: Escola Balão Mágico em Uruana de Minas-MG [Trabalho de Conclusão de Curso, Licenciatura em Educação Física. Universidade de Brasília, Universidade Aberta do Brasil]. http://bdm.unb.br/handle/10483/20376

 

Sallis, J.F., Prochaska, J.J., e Taylor, W.C. (2000). A review of correlates of physical activity of children and adolescents. Medicine e Science in Sports e Exercise, 32(5), 963-975. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10795788/

 

Teixeira, J., Pereira, A., e Fernandes, A. (2021). Análise do impacto da exposição televisiva e das características sociodemográficas no Índice de Massa Corporal, nas crianças dos 6 aos 11 anos. Rev SALUS, 3(1), 17-28. https://doi.org/10.51126/revsalus.v3i1.81

 

WHO (2004). A Glossary of terms for community health care and services for older persons. Centre for Health Development, Ageing and Health Technical Report 5. https://apps.who.int/iris/handle/10665/68896

 

WHO (2020). Childhood Obesity Surveillance Initiative. INSA, IP. Lisboa. https://nutrimento.pt/activeapp/wp-content/uploads/2015/09/Relat%c3%b3rio_COSI_PT_2013.pdf


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 320, Ene. (2025)