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ISSN 1514-3465

 

Tolerância de dor à pressão, estresse e 

estilo de vida em docentes do ensino superior

Threshold Pain Pressure, Lifestyle, and Stress Level in Higher Education Teachers

Tolerancia al dolor ante la presión, el estrés y el estilo de vida en docentes de educación superior

 

Andressa Carolina Höring*

andressahoring@gmail.com

Bruna de Oliveira Lima*

brunaoliveyra14@gmail.com

Silvana Simão**

silvana-simao@hotmail.com

Fábio Marcon Alfieri***

fabiomarcon@bol.com.br

 

*Fisioterapeuta graduada pelo Centro Universitário

Adventista de São Paulo (UNASP)

**Graduação em Estética e Cosmetologia

Universidade Anhembi Morumbi (UAM)

Mestre em promoção da saúde pelo UNASP

***Graduação em Fisioterapia pela Universidade Metodista de Piracicaba

Especialista em Atividade Física e Qualidade de Vida pela UNICAMP

Mestre em Fisioterapia pela UNIMEP

Doutor em Ciências Médicas pela USP

Pós-Doutor pelo Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social

e do Trabalho da Faculdade de Medicina da USP

Livre-docente pelo Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social

e Do Trabalho (Disciplina de Tecnologias em Reabilitação e Produtos Assistivos)

da Faculdade de Medicina da USP

Atualmente é professor do UNASP

Atua como Professor e Coordenador do Curso de Mestrado Profissional

em Promoção da Saúde

Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP)

Curso de Fisioterapia e Mestrado em Promoção da Saúde, São Paulo, SP

(Brasil)

 

Recepção: 013/11/2023 - Aceitação: 27/01/2024

1ª Revisão: 23/12/2023 - 2ª Revisão: 24/01/2024

 

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Citação sugerida: Höring, A.C., Lima, B. de O., Simão, S., e Alfieri, F.M. (2024). Tolerância de dor à pressão, estresse e estilo de vida em docentes do ensino superior. Lecturas: Educación Física y Deportes, 28(309), 69-79. https://doi.org/10.46642/efd.v28i309.7329

 

Resumo

    Estresse, sobrecarga e estilo de vida dos docentes do ensino superior podem causar alterações na tolerância de dor à pressão, portanto, o objetivo deste estudo foi observar a relação entre o nível de estresse, estilo de vida e limiar de tolerância de dor à pressão em docentes do ensino superior. Este foi um estudo transversal observacional no qual participaram 28 indivíduos de ambos os sexos. Os voluntários responderam ao questionário EPS-10 para avaliar o estresse, Questionário Estilo de Vida Fantástico, para avaliar o estilo de vida e realizaram avaliação por meio da algometria para avaliar limiar de tolerância de dor à pressão no músculo trapézio superior, na espinha da escápula, músculo esternocleidomastóideo, músculos paravertebrais T6-T7, músculos paravertebrais L4-L5 e base do occipital. Foram estabelecidos os coeficientes de correlação de Pearson (r) ou Spearman entre as variáveis citadas. Apenas houve uma correlação moderada e estatisticamente significante entre o estilo de vida e o nível de estresse. As demais foram fracas ou muito fracas. Diante dos resultados obtidos neste estudo com docentes do ensino superior conclui-se que o estilo de vida está relacionado com o nível de estresse destes profissionais.

    Palavras-chave: Dor. Estresse. Estilo de vida. Docência.

 

Abstract

    Introduction: Stress and overload and lifestyle of higher education teachers can cause changes in pain tolerance to pressure. Objective: To observe the relationship between stress level, lifestyle and pressure pain tolerance threshold in higher education teachers. Methodology: This was an observational cross-sectional study in which 28 individuals of both sexes participated. The volunteers answered the EPS-10 questionnaire to assess stress, the Fantastic Lifestyle Questionnaire, to assess lifestyle and algometric assessment to assess pain tolerance threshold for upper trapezius, scapular spine, sternocleidomastoid, paravertebral T6-T7, paravertebral L4-L5 and occipital base. Pearson (r) or Spearman correlation coefficients were established between the cited variables. Results: There was only a moderate and statistically significant correlation between lifestyle and stress level. The others were weak or very weak. Conclusion: Based on the results obtained in this study with higher education teachers, it can be concluded that lifestyle is related to the stress level of these professionals.

    Keywords: Pain. Stress. Lifestyle. Teaching.

 

Resumen

    El estrés, la sobrecarga y el estilo de vida de los profesores de educación superior pueden provocar cambios en la tolerancia al dolor por presión, por lo que el objetivo de este estudio fue observar la relación entre el nivel de estrés, el estilo de vida y el umbral de tolerancia al dolor por presión en profesores de educación superior. Este fue un estudio observacional transversal en el que participaron 28 individuos de ambos sexos. Los voluntarios respondieron el cuestionario EPS-10 para evaluar el estrés, el Fantastic Lifestyle Questionnaire, para evaluar el estilo de vida y realizaron una evaluación mediante algometría para evaluar el umbral de tolerancia al dolor por presión en el músculo trapecio superior, en la columna de la escápula, músculo esternocleidomastoideo, músculos paraespinales T6-T7, músculos paraespinales L4-L5 y base del occipucio. Se establecieron coeficientes de correlación de Pearson (r) o Spearman entre las variables mencionadas. Sólo hubo una correlación moderada y estadísticamente significativa entre el estilo de vida y el nivel de estrés. El resto eran débiles o muy débiles. Dados los resultados obtenidos en este estudio con docentes de educación superior, se concluye que el estilo de vida está relacionado con el nivel de estrés de estos profesionales.

    Palabras clave: Dolor. Estrés. Estilo de vida. Docencia.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 309, Feb. (2024)


 

Introdução 

 

    O exercício da docência tem suas características e determinadas condições de trabalho que podem contribuir para o surgimento de doenças. Para Lima e Filho (2009), as leis e os parâmetros do mercado de trabalho estão cada vez mais presentes nas instituições educacionais, as ameaças de privatização, o ambiente de trabalho muitas vezes instável, com níveis insatisfatórios de iluminação e temperatura, além de violência nas salas de aula, são situações preponderantes de morbidades. Segundo Lima, e Filho (2009), essa situação ocasiona um expressivo desgaste biológico e psíquico no educador, que pode ser observado a partir da maior prevalência de determinadas doenças nesta categoria.

 

    Alguns dos fatores psicossociais de riscos de adoecimento em docentes podem ser elencados, a saber: sobrecarga, estresse, pressões psíquicas e mentais, acúmulo de cobranças (Collado et al., 2016). Uma pesquisa realizada com docentes da Universidade de Santa Catarina com jornada de trabalho de 44 horas (média de idade de 42, atuantes há, em média 17 anos) verificou que as três doenças mais prevalentes nessa população foram dorsalgia, hipertensão e cefaleia. Porém existiam outras condições, como ansiedade, depressão, estresse e distúrbio do sono. (Moreno et al., 2016)

 

    Estudos realizados com docentes tendem a apresentar diferentes problemas e dificuldade osteomusculares, e ainda, os níveis de estresse são em sua maioria altos e muito altos nesta população (Grisales, e Palacio, 2022). Neste estudo citado, observa-se relação positiva e associação significante entre distúrbios osteomusculares e sintomas de estresse e estresse em geral. Ainda, houve correlação e associação negativas entre distúrbios musculoesqueléticos e a maioria dos domínios da qualidade de vida e resultados semelhantes ao relacionar estresse com qualidade de vida.

 

    Sabe-se que o estresse em geral é uma condição que o ser humano sofre faz tempo, e este é uma resposta automática do organismo a qualquer evento que lhe é imposto, fazendo que o sistema nervoso seja estimulado e produzindo alterações psicológicas e fisiológicas (Alvites-Huamaní, 2019). O grau elevado de estresse em educadores tende a apontar um nível significativo e acentuado de tensão, propiciando a ocorrência de injúrias devido ao desequilíbrio do sistema imunológico.

 

    Em relação a tensão musculoesquelética fisiologicamente, durante a contração muscular, ocorrem processos químicos os quais provêm energia para a execução dos movimentos. Após a contração (durante o relaxamento do músculo), as reservas de energia são novamente renovadas. Segundo o grau de exigência, há diminuição das reservas de energia (açúcar e ligações de fósforo) e aumento de resíduos (entre eles, ácido láctico e ácido carbônico), ocorrendo acidificação do tecido muscular, o que pode gerar diminuição da sua função. O aumento da tensão muscular expressa uma forma do corpo demonstrar a alteração de determinado segmento corporal. Isso leva a compensações e sobrecargas que geram prejuízos na funcionalidade corporal. (Cielo et al., 2014)

 

    Uma forma de combate ao estresse e as tensões musculares pode ser o estilo de vida saudável. Chalapud-Narváez et al. (2022) citam que o estilo de vida saudável segundo a Organização Mundial de Saúde é uma conduta que se relaciona com a interação do indivíduo com a sociedade e o meio ambiente e que podem gerar benefícios físicos, mentais e sociais.

 

    Condutas sobre o estilo de vida saudável devem conter incentivo a um viver saudável como abstinência a tabagismo, álcool e drogas, prevenção da violência e cultura de paz. Ainda, segundo Chalapud-Narváez et al. (2022), em seu estudo realizado com docentes e discentes universitários, o estilo de vida destes indivíduos devem potencializar principalmente com programas que permitam uma educação em nutrição e responsabilidade em saúde, e fomento a realização de atividade física.

 

    Estilo de vida adotado pelo indivíduo pode estar relacionado ao estresse e estas duas variáveis podem estar associadas em diversos tipos de profissionais, sendo um deles o docente universitário. Por isto, investigar estas relações se torna um problema a ser investigado.

 

    O objetivo do presente estudo foi analisar a relação entre o nível de estresse, estilo de vida e limiar de tolerância de dor à pressão em docentes do ensino superior.

 

Metodologia 

 

    Este é um estudo transversal observacional com intuito de observar o perfil em relação ao limiar de dor e nível de estresse e em seguida relacionar as variáveis assim como proposto em estudo observacionais (Silva, e Borges, 2021) no qual participaram 28 indivíduos docentes. Todas as etapas do estudo foram realizadas em sala fechada para privacidade do paciente, nas dependências do Prédio Universitário do Centro Universitário Adventista de São Paulo, UNASP-SP. O recrutamento dos sujeitos da pesquisa foi feito por meio de contato direto com os indivíduos que ministram aulas nos variados cursos de nível superior no UNASP-SP. Os voluntários consentiram a participação na pesquisa por escrito por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do estudo que foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do UNASP sob parecer número 2.958.907.

 

    Participaram da pesquisa os profissionais que concordaram em preencher os instrumentos por completo e corretamente e que atuavam como docentes com idade de profissão superior ou igual a 3 anos e com carga horária superior ou igual a 20 horas semanais, que se encontravam em uma faixa etária de 20 a 59 anos.

 

    Não participaram da amostra os profissionais que estivessem gestantes, com lesão recente na coluna, com e doença de pele, gânglios inchados, tumores, estado febril devido a infecção viral ou bacteriana, e os que estivessem fazendo ou tivessem feito uso de analgésicos nas últimas 48 horas.

 

    Todos os voluntários foram inicialmente submetidos à uma ficha de avaliação individual em local reservado nas dependências do Prédio Universitário, composta pelos seguintes dados: idade, sexo, peso e altura, anos de trabalho, limiar de tolerância de dor à pressão, estresse e estilo de vida.

 

    O limiar de tolerância de dor à pressão foi avaliado por meio do algômetro do modelo: (Wagner Force Dial FDK/FDN Series Push Pull Force Gaga, P.O.B. 1217 Greenwich CT 06836 USA). O algômetro é um dispositivo de mão formado por um pistão que contém em sua extremidade uma borracha de 1 cm² de diâmetro, capaz de registrar através do dispositivo manual a pressão aplicada sobre uma superfície. Sua confiabilidade tem sido previamente demonstrada. (Ylinen et al., 2007)

 

    A pressão foi aplicada a uma velocidade constante de 1 kg/seg até o nível em que foi relatado dor ou desconforto pelo voluntário. A leitura é expressa em kg/cm². Durante a avaliação o voluntário foi orientado para dizer “pare” tão logo a sensação de pressão passasse de desagradável para dolorosa e a quantidade final de pressão aplicada era registrada. Os pontos da algometria foram: nos músculos trapézio superior, espinha da escapula, esternocleidomastóideo, paravertebral T6-T7, paravertebral L4-L5, base do occipital. Para a mensuração da algometria o indivíduo permaneceu em sedestação em uma cadeira de Quick Massage e com a parte do corpo a ser avaliada exposta, ambos os lados foram avaliados. O posicionamento adequado na cadeira de Quick Massage é apoiar a cabeça na parte superior, membros superiores apoiados à frente, membros inferiores flexionados para obter uma posição mais relaxada. Esta avaliação já realizada e descrita em estudo prévio. (Simão et al., 2021)

 

    Para a avaliação, os indivíduos foram submetidos a dois questionários: Escala de Percepção de Estresse-10 (EPS-10) que avalia os sentimentos e pensamentos do indivíduo em relação aos últimos 30 dias. (Reis et al., 2010, Silva et al., 2018)

 

    Para avaliar o estilo de vida, foi aplicado o questionário Estilo de Vida Fantástico que é um instrumento que considera o comportamento dos indivíduos no último mês, e cujos resultados permitem determinar a associação entre o estilo de vida e a saúde. O instrumento possui 25 questões distribuídas em nove domínios que são: 1) família e amigos; 2) atividade física; 3) nutrição; 4) cigarro e drogas; 5) álcool; 6) sono, cinto de segurança, estresse e sexo seguro; 7) tipo de comportamento; 8) introspecção; 9) trabalho. As questões estão dispostas na forma de escala Likert, 23 possuem cinco alternativas de resposta e duas são dicotômicas. As alternativas estão dispostas na forma de colunas, e a alternativa da esquerda é sempre a de menor valor ou de menor relação com um estilo de vida saudável. A codificação das questões é realizada por pontos, da seguinte maneira: zero para a primeira coluna, 1 para a segunda coluna, 2 para a terceira coluna, 3 para a quarta coluna e 4 para a quinta coluna. As questões que só possuem duas alternativas pontuam: zero para a primeira coluna e 4 pontos para a última coluna. (Anez et al., 2008)

 

    Para calcular o índice de massa corporal (IMC) foi dividido o peso em quilogramas pelo quadrado da estatura em metros. (Centros para el Control y la Prevención de Enfermedades, 2021)

 

    As avaliações foram feitas individualmente, em ambiente reservado nas dependências do Prédio Universitário do UNASP-SP. Os docentes tiveram uma única avaliação.

 

Análise dos dados 

 

    A análise dos dados foi feita em pacote estatístico SigmaStat 3.5. Os dados estão apresentados em média ± desvio-padrão. Foram estabelecidos os coeficientes de correlação de Pearson (r) ou Spearman de acordo com a normalidade ou não dos dados segundo o teste de Kolmogorov-Smirnov, seguindo os seguintes critérios: 0,0 < r < 0,2: muito fraca correlação, 0,2 < r < 0,4: fraca correlação, 0,4 < r < 0,6: moderada correlação, 0,6 < r < 0,8: forte correlação, 0,8 < r ≤ 1,0: muito forte correlação. Em todos os casos, o nível descritivo α estabelecido foi de 5% (α < 0,05).

 

Resultados 

 

    Participaram deste estudo 28 docentes universitários considerados saudáveis. As características dos voluntários em relação a média de díade e do Índice de Massa Corporal, bem como a pontuação relacionada ao estresse, estilo de vida e do limiar de tolerância a dor estão dispostas na Tabela 1.

 

Tabela 1. Caracterização dos indivíduos em relação as variáveis 

antropométricas, limiar de tolerância de dor à pressão, estilo de vida e nível de estresse

Variáveis

Resultados

N

Idade (anos)

IMC (Kg/m²)

Trapézio D kg /cm²

Trapézio E kg /cm²

Espinha da Escápula D kg /cm²

Espinha da Escápula E kg /cm²

Esternocleidomastoideo D kg /cm²

Esternocleidomastoideo E kg /cm²

Paravertebral T6-T7 D kg /cm²

Paravertebral T6-T7 E kg /cm²

Paravertebral L4-L5 D kg /cm²

Paravertebral L4-L5 E kg /cm²

Base do occipital D kg /cm²

Base do occipital E kg /cm²

Estilo de Vida Fantástico (EVF)

Escala de Percepção de Estresse-10 (EPS-10)

28

43±8,25

24,35±4,43

2,95±1,43

2,85±1,41

3,85±1,96

3,85±1,92

2,65±1,28

2,6±1,48

5±2,69

4,85±2,17

5,9±3,27

6,25±2,95

2,95±1,78

3,05±1,43

78±6,81

15,5±5,68

Nota: IMC- Índice de Massa Corporal, Kg- quilogramas, m- metros, 

Kg- quilogramas, D-direito, E-esquerdo, T- torácica, L-lombar.

 

    A Tabela 2 mostra as correlações entre as variáveis. Houve correlações fracas e muito fracas entre os pontos da algometria e Estilo de vida e também entre o nível de estresse. As correlações muito fracas foram entre: LTDP-Trapézio x EVF, LTDP-Trapézio X EPS-10, LTDP-Espinha escápula x EVF, LTDP-Espinha escápula x EPS-10, LTDP-Esternocleidomastoideo x EPS-10, LTDP-Paravertebral T6-T7 x EPS-10, LTDP-Paravertebral L4-L5 x EPS-10 e LTDP-Base occipital x EPS-10. As correlações fracas foram: LTDP-Esternocleidomastoideo x EVF, LTDP-Paravertebral T6-T7 x EVF, LTDP-Paravertebral L4-L5 x EVF, LTDP-Base occipital x EVF.

 

    Apenas houve uma correlação moderada e estatisticamente significante entre o estilo de vida e o nível de estresse.

 

Tabela 2. Correlações entre as variáveis de limiar de 

tolerância de dor á pressão, estilo de vida e nível de estresse

Variáveis

R

P

LTDP-Trapézio x EVF

LTDP-Trapézio X EPS-10

LTDP-Espinha escápula x EVF

LTDP-Espinha escápula x EPS-10

LTDP-Esternocleidomastoideo x EVF

LTDP-Esternocleidomastoideo x EPS-10

LTDP-Paravertebral T6-T7 x EVF

LTDP-Paravertebral T6-T7 x EPS-10

LTDP-Paravertebral L4-L5 x EVF

LTDP-Paravertebral L4-L5 x EPS-10

LTDP-Base occipital x EVF

LTDP-Base occipital x EPS-10

EVF x EPS-10

0,135*

0,103*

0,186*

-0,06*

0,201**

0,06**

0,247*

-0,006*

0,272*

-0,119*

0,309*

-0,02**

-0,57*

0,49

0,60

0,34

0,75

0,30

0,75

0,20

0,97

0,16

0,54

0,109

0,91

0,001

Nota: EVF-Estilo de Vida Fantástico, EPS-10-Escala de Percepção de Estresse, r-Correlação,

P-Significância, *Pearson, **Spearman, LTDP- limiar de tolerância de dor à pressão.

 

Discussão 

 

    O objetivo desse estudo foi observar a relação entre o nível de estresse, estilo de vida e limiar de tolerância de dor à pressão em docentes do ensino superior. Através dos dados coletados, pôde-se observar que dentre as variáveis avaliadas não houve relação entre os pontos de tensão, estilo de vida e estresse. De fato, apenas houve uma correlação moderada e estatisticamente significante entre o estilo de vida e o nível de estresse, indicando que quanto melhor o estilo de vida, menor o nível de estresse. Os dados do presente estudo vão ao encontro com o estudo de Bautista-Coaquira, e Rodriguez-Quiroz (2023) que também encontraram que quanto melhor o estilo de vida menor o nível de estresse, porém estes autores observaram estas relações em estudantes de enfermagem.

 

    A questão do estilo de vida é muito importante de ser avaliada no contexto do trabalho, pois o nível de satisfação no trabalho acarreta uma grande influência no cotidiano dos trabalhadores, de forma que profissionais motivados e que possuem um estilo de vida saudável apresentam fatores importantes para a manutenção da saúde. A profissão pode ser vista, então, como fundamental e grande influenciadora no estilo e na qualidade de vida das pessoas, pois dedicam-se grande parte das horas do dia às atividades laborais (Teixeira et al., 2015). Neste estudo, verificou-se que a média da pontuação foi de 78 pontos o que segundo Anez et al. (2008) está classificado como estilo de vida considerado muito bom.

 

    Em relação ao estresse, sabe-se que este pode desencadear exaustão emocional, cansaço mental, esquecimento, insônia dentre outros sintomas como tensões musculares. No presente estudo, buscou-se relacionar a tensão músculo esquelética com a rotina estressante dos docentes, todavia não foi encontrada relação significante entre fator musculoesquelético (avaliado pelo limiar de tolerância a dor e o nível de estresse dos indivíduos). Talvez esta relação não tenha sido encontrada pois a pontuação atingida pelos docentes seja compatível com a classificação de estresse regular (Silva et al., 2018).

 

    Contudo, a despeito de não apresentarem altos índices de estresse, cabe ressaltar, que sempre há espaço para a melhora. Isto, pois se sabe que a reorientação do modo de vida, ou seja, do estilo de vida, do próprio trabalho e do lazer, tem um significativo impacto sobre a saúde das pessoas. Como salienta Amim et al. (2020), o trabalho e lazer devem ser fonte de saúde para as pessoas, tendo a organização do trabalho com fato que pode contribuir para uma sociedade mais saudável. Então, acredita-se não apenas o próprio indivíduo deva tomar atitudes em prol de mudança de certos comportamentos de estilo de vida, mas também a própria escola e/ou universidade deve favorecer que hábitos saudáveis sejam incorporados. Um exemplo seria o de favorecer a prática de atividade física pelos funcionários (professores e demais empregados), como incentivo a adoção de estilo de vida mais ativo.

 

    Ainda, deve haver conscientização dos docentes a fim de que tenham equilíbrio em sua vida, isto pois como reporta Antonini et al. (2022), o equilíbrio entre o trabalho e vida pessoal associados à carga física, emociona e excesso de trabalhos e atividades burocráticas e administrativas e condições inadequadas às quais os professores estão dispostos, pode afetar não apenas a qualidade do trabalho, mas ao bem-estar do indivíduo.

 

    Por fim, ressalta-se que o tamanho reduzido da amostra é um fator limitante do presente estudo, bem como o excesso de peso presente em 46,4% (aproximadamente 13 indivíduos dos avaliados que pode influenciar na mensuração da algometria. Contudo, acredita-se que estes fatores não invalidem os resultados obtidos neste estudo, uma vez que os instrumentos empregados são validados e de fácil compreensão por parte dos voluntários. Ademais, os critérios de inclusão e exclusão buscaram excluir da pesquisa docentes com outras comorbidades que pudessem afetar os dados analisados no estudo.

 

Conclusão 

 

    Em conclusão, a análise da tolerância à dor, níveis de estresse e estilos de vida entre os docentes do ensino superior revela a complexidade e interconexão desses fatores em suas vidas. A capacidade de lidar com a dor à pressão e o estresse está intrinsecamente ligada às escolhas de estilo de vida, destacando a importância de estratégias de autocuidado e suporte institucional.

 

    Estabelecer ambientes de trabalho saudáveis e promover práticas que favoreçam a tolerância à pressão pode não apenas beneficiar individualmente os docentes, mas também impactar positivamente o ambiente acadêmico como um todo. A promoção da saúde mental, a implementação de programas de gerenciamento de estresse e o reconhecimento das diferentes formas de suporte são cruciais para garantir que os docentes do ensino superior possam continuar a desempenhar um papel vital na formação acadêmica, sem comprometer seu próprio bem-estar. Em última análise, a compreensão e a abordagem compassiva dessas questões contribuem para um ambiente educacional mais sustentável e saudável.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 309, Feb. (2024)