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ISSN 1514-3465

 

Debates sobre critérios de avaliação na categoria Men's Physique da IFBB e NPC

Analysis about Evaluation Criteria at the IFBB and NPC Men's Physique Athletes

Debates sobre los criterios de evaluación en la categoría Men's Physique de la IFBB y NPC

 

Eduardo Pinto Machado*

eduardo.machado@ufrgs.br

Amanda Martins de Castro**

amandamcastro@yahoo.com

 

*Doutor em Ciências do Movimento Humano pela ESEFID/UFRGS

Treinador e atleta de fisiculturismo

**Licenciada e Bacharela em Educação Física pela ESEFID/UFRGS

Treinadora e atleta de fisiculturismo

(Brasil)

 

Recepción: 23/10/2023 - Aceptación: 13/04/2024

1ª Revisión: 17/03/2024 - 2ª Revisión: 10/04/2024

 

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Cita sugerida: Machado, E.P., e Castro, A.M. de (2024). Debates sobre critérios de avaliação na categoria Men's Physique da IFBB e NPC. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(313), 145-160. https://doi.org/10.46642/efd.v29i313.7288

 

Resumo

    Este estudo se propôs a problematizar os procedimentos avaliativos realizados pelas instituições de fisiculturismo (IFBB e NPC) no que se refere à avaliação das poses dos atletas na categoria Men's Physique, lançando luz sobre os fatores que orientam a decisão de um atleta ao escolher competir em uma federação em detrimento da outra. Utilizando uma abordagem baseada em análise documental e ancorada em um relato de experiência, este trabalho não apenas contribuiu para uma compreensão mais profunda das nuances do fisiculturismo competitivo, mas também ofereceu insights práticos e relevantes para atletas, treinadores e aficionados do esporte. Como horizonte futuro, sugere-se a expansão desta pesquisa para contemplar outras categorias do fisiculturismo, bem como a exploração de esportes que enfrentam desafios similares devido à divisão entre diferentes federações esportivas.

    Unitermos: Fisiculturismo. Critérios de avaliação. Atletas competitivos.

 

Abstract

    This study aimed to problematize the evaluative procedures conducted by bodybuilding institutions (IFBB and NPC) concerning the assessment of poses in the Men's Physique category, shedding light on the factors that guide an athlete's decision to compete in one federation over the other. Employing an approach grounded in documentary analysis and supported by an experiential account, this work not only contributed to a deeper understanding of the nuances of competitive bodybuilding but also provided practical and relevant insights for athletes, coaches, and enthusiasts of the sport. As a future prospect, the expansion of this research is suggested to encompass other bodybuilding categories, as well as the exploration of sports facing similar challenges due to the division among different sports federations.

    Keywords: Bodybuilding. Evaluation criteria. Competitive athletes.

 

Resumen

    Este estudio se propuso problematizar los procedimientos de evaluación realizados por las instituciones de fisicoculturismo (IFBB y NPC) en relación con la evaluación de las posturas de los atletas en la categoría Men's Physique, arrojando luz sobre los factores que guían la decisión de un atleta al elegir competir en una federación en detrimento de la otra. Utilizando un enfoque basado en el análisis documental y anclado en un relato de experiencia, este trabajo no sólo contribuyó a una comprensión más profunda de los matices del fisicoculturismo competitivo, sino que también ofreció conocimientos prácticos y relevantes para atletas, entrenadores y aficionados al deporte. Como horizonte futuro, se sugiere ampliar esta investigación para incluir otras categorías de fisicoculturismo, así como la exploración de deportes que enfrentan desafíos similares debido a la división entre diferentes federaciones deportivas.

    Palabras clave: Fisicoculturismo. Criterios de evaluación. Atletas competitivos.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 313, Jun. (2024)


 

Introdução 

 

    Este estudo se propõe a analisar em profundidade o processo de avaliação das poses dos atletas na categoria Men's Physique nas instituições de fisiculturismo IFBB (Federação Internacional de Fisiculturismo e Fitness) e NPC (National Physique Committee). A pesquisa lança luz sobre os fatores que orientam a decisão de um atleta ao escolher competir em uma federação em detrimento da outra.

 

Figura 1. O fisiculturismo experimentou um notável crescimento nos últimos anos

impulsionado pelas mídias sociais e pelo investimento financeiro de marcas e patrocinadores

Figura 1. O fisiculturismo experimentou um notável crescimento nos últimos anos impulsionado pelas mídias sociais e pelo investimento financeiro de marcas e patrocinadores

Fonte: Copilot Designer

 

    O fisiculturismo é um esporte de comparação que enfatiza a proporção, volume muscular, definição e simetria muscular, além da estética corporal dos competidores (Schwarzenegger, 2006; Marques, 2020; Aires, e Luiz, 2022). As categorias do fisiculturismo possuem critérios específicos que os atletas devem atender, e a categoria Men's Physique é notavelmente complexa e relevante no cenário competitivo.

 

    Nos últimos anos, o fisiculturismo experimentou um notável crescimento, impulsionado pelas mídias sociais e pelo investimento financeiro de marcas e patrocinadores (Machado, 2020; Aires, e Luiz, 2022). No entanto, nas categorias amadoras, os vencedores não recebem prêmios em dinheiro, mas recompensas como patrocínios, o que exige dos atletas a habilidade de converter essas recompensas em recursos financeiros, muitas vezes por meio das redes sociais.

 

    Além disso, o papel do treinador no fisiculturismo é fundamental na preparação dos atletas (Machado, 2020). Os treinadores devem compreender as demandas específicas de cada competição e conhecer profundamente os aspectos físicos e psicológicos de seus atletas. (Aires, e Luiz, 2022)

 

    Este estudo origina-se da pergunta fundamental que norteia nossa pesquisa: "Quais são as discrepâncias na metodologia de avaliação aplicada aos atletas da categoria Men's Physique fitness do fisiculturismo, quando analisadas nas perspectivas das instituições IFBB e NPC?" A partir dessa questão, este estudo tem como objetivo primordial problematizar os procedimentos avaliativos realizados pelas instituições de fisiculturismo (IFBB e NPC) no que se refere à avaliação das poses dos atletas na categoria Men's Physique. Problematização essa que foi desenvolvida a partir da interpretação e comparação dos manuais de instruções e critérios de arbitragem fornecidos por ambas as instituições.

 

    Identificou-se a existência discrepâncias significativas no processo de competição entre as duas instituições organizadoras de campeonatos e espetáculos, IFBB e NPC. A análise minuciosa dessas diferenças tem o potencial de beneficiar tanto os atletas em atividade quanto aqueles que aspiram ingressar no cenário competitivo, uma vez que proporcionará insights valiosos sobre as estratégias a serem adotadas. Como desfecho deste estudo, vislumbra-se a criação de uma orientação tanto aos atletas quanto aos treinadores na identificação do ambiente institucional mais propício para o sucesso competitivo de cada atleta, de modo a permitir a compreensão das nuances de apresentação, bem como dos padrões físicos mais adequados, de acordo com a instituição escolhida, proporcionando uma valiosa ferramenta de orientação e planejamento.

 

Procedimentos metodológicos 

 

    A pesquisa adotou uma abordagem metodológica fundamentada na análise documental dos regulamentos estabelecidos pela IFBB (Federação Internacional de Fisiculturismo e Fitness) e pela NPC (National Physique Committee) nos anos de 2021 e 2022, respectivamente (IFBB Internacional, 2021; NPC, 2022). Esses documentos serviram como fonte primária para a investigação, uma vez que delineiam os critérios e as diretrizes específicas para a categoria Men's Physique.

 

    A análise documental, conforme definida por Cellard (2012), abrange registros diversos, correspondências, atas, diários, comunicados e outros elementos disponibilizados eletronicamente na internet, como foi o caso dos documentos utilizados neste estudo. Qualquer vestígio do passado que funcione como testemunho é considerado um documento ou "fonte", de acordo com essa definição. (Cellard, 2012, p. 296)

 

    Para a análise dos documentos, procedeu-se a uma leitura abrangente e minuciosa, com o objetivo de extrair informações relevantes relacionadas às poses da categoria Men's Physique e às expectativas de desempenho de cada instituição. Os dados obtidos a partir da análise documental foram organizados em um quadro, facilitando a sistematização e a identificação das principais discrepâncias entre as regulamentações da IFBB e da NPC.

 

    Além da análise documental, esta pesquisa incorporou uma abordagem de triangulação de dados (Flick, 2013). Essa abordagem considerou não apenas as perspectivas presentes nos documentos analisados, mas também a experiência cotidiana da pesquisadora com os atletas de fisiculturismo. A triangulação de fontes e perspectivas ao longo de todas as etapas do estudo atendeu aos princípios metodológicos defendidos por (Flick, 2013). e contribuiu para o aprimoramento do rigor metodológico da pesquisa qualitativa.

 

    A análise de conteúdo temática proposta por Turato (2003) foi aplicada para identificar e problematizar os elementos cruciais presentes nos documentos, especialmente aqueles que influenciam as decisões dos árbitros em cada uma das instituições. Essa abordagem permitiu uma compreensão aprofundada dos critérios de avaliação adotados pela IFBB e pela NPC e suas implicações para os atletas da categoria Men's Physique.

 

    Neste contexto metodológico, a pesquisa buscou oferecer uma análise robusta e abrangente das discrepâncias na metodologia de avaliação aplicada aos atletas da categoria Men's Physique fitness do fisiculturismo, contribuindo para uma compreensão mais completa das diferenças entre as instituições IFBB e NPC.

 

Apresentando o esporte fisiculturismo 

 

    No início, o fisiculturismo não era considerado um esporte, mas sim espetáculos apresentados em circos, onde os praticantes eram confundidos com basistas, indivíduos que exibiam sua extrema força (Goire, 2013). Os fisiculturistas da época tinham corpos diferentes dos atuais, com cinturas mais largas e um foco maior na força do que na estética (Chapman, 1994). No entanto, para atrair um público mais amplo e a atenção da mídia, surgiram as categorias fitness, como Bikini, Wellness e Men's Physique, que apresentam corpos mais acessíveis e esteticamente atraentes. Essas categorias reacenderam o interesse pelo esporte, à medida que os atletas passaram a dar espetáculos de poses, exibindo seus corpos e músculos de maneira coreografada e com critérios de avaliação. (IFBB Brasil, 2017; IFBB Internacional 2021)

 

    O documentário "Pumping Iron" (Pinho, 2021) desempenhou um papel fundamental na popularização do fisiculturismo, especialmente a partir da década de 1970. Esse filme permitiu que o público conhecesse o fisiculturismo e os próprios fisiculturistas, mudando a percepção sobre o esporte. A obra atraiu a atenção do público para um esporte que havia sido por muito tempo subestimado e mal compreendido, elevando o fisiculturismo ao status de um esporte legítimo. Esse marco levou o fisiculturismo a crescer e a sair dos ginásios e escolas para palácios culturais, como o Museu Whitney de Nova York. (Pinho, 2021)

 

    Os fisiculturistas, em contraste com a maioria das pessoas que treinam para ter um corpo saudável e esteticamente agradável, dedicam a maior parte do tempo à preparação para competições de fisiculturismo (Machado, 2020). A apresentação desempenha um papel crucial na pontuação final dos competidores, com critérios específicos para cada categoria, enfatizando a importância do conhecimento das poses e da capacidade de executá-las com perfeição. (IFBB Brasil, 2017; IFBB Internacional 2021)

 

Contextualizando as categorias do fisiculturismo 

 

    As categorias fitness dentro do fisiculturismo, incluindo a Men's Physique, foram introduzidas para acomodar diferentes tipos físicos, métodos de treinamento e preferências estéticas dos atletas. Antes da criação dessas categorias específicas, todos os fisiculturistas competiam em uma única categoria, onde a ênfase estava na obtenção de massa muscular substancial e simetria global do corpo (IFBB, 2017). No entanto, com o tempo, ficou claro que os fisiculturistas tinham objetivos e características físicas distintos. Alguns buscavam um físico mais magro, atlético e estilizado, enquanto outros almejavam a máxima hipertrofia muscular e definição. Isso levou à criação de categorias distintas, cada uma com diretrizes específicas para a aparência e apresentação. A Men's Physique é um exemplo dessa evolução.

 

    A Men's Physique foi projetada para atrair um público mais amplo e promover um visual atlético e estilizado. Ao contrário das categorias tradicionais do fisiculturismo, que enfatizam a hipertrofia muscular extrema, a Men's Physique foca em um físico menos volumoso, mas esteticamente "agradável". Os competidores nessa categoria exibem músculos bem definidos, porém, sem a mesma magnitude muscular dos fisiculturistas "clássicos". (Marques, 2020)

 

    Essa diversificação de categorias permitiu que indivíduos com diferentes biotipos e metas participassem ativamente das competições de fisiculturismo. Além da Men's Physique, outras categorias, como Classic Physique (que busca recriar a estética dos fisiculturistas de décadas anteriores) e Women's Physique (com foco mais atlético e muscular em relação ao fisiculturismo feminino convencional), também foram introduzidas para refletir a multiplicidade de abordagens e aparências no cenário do fisiculturismo. (Marques, 2020)

 

    Para entender como as diferentes categorias no fisiculturismo são avaliadas, é essencial analisar os critérios utilizados na avaliação dos competidores. A avaliação das poses compulsórias leva em consideração parâmetros como hipertrofia muscular, definição muscular e simetria, nos quais a proporção e a forma desempenham papéis cruciais. Esses critérios variam de categoria para categoria, e a apresentação é fundamental para realçar os pontos fortes e minimizar as fraquezas de cada atleta. Aqueles que conseguem demonstrar o melhor condicionamento, com maior hipertrofia muscular, definição muscular mais aparente, menor gordura corporal e uma presença de palco confiante, aumentam suas chances de obter uma classificação favorável. (IFBB Brasil, 2017; IFBB Internacional 2021)

 

    Os padrões estabelecidos pela Federação Internacional de Fisiculturismo (IFBB) desempenham um papel crucial ao fornecer diretrizes objetivas para a avaliação dos competidores em todas as categorias. Esses padrões garantem a equidade e a consistência nas competições, independentemente das diferentes metas estéticas e físicas dos fisiculturistas. É fundamental compreender esses critérios para apreciar as nuances do fisiculturismo competitivo.

 

    Em resumo, o fisiculturismo valoriza o desenvolvimento muscular, a definição corporal e a simetria, com a apresentação desempenhando um papel fundamental na pontuação final. As categorias fitness, incluindo a Men's Physique, foram introduzidas para acomodar uma variedade de abordagens estéticas e físicas, refletindo a diversidade dos praticantes deste esporte.

 

IFBB E NPC: da cisão, às diferenças e similaridades entre as formas de avaliar os atletas 

 

    A cisão entre a International Federation of Bodybuilding and Fitness (IFBB) e o National Physique Committee (NPC) no contexto do fisiculturismo é uma complexa interseção de fatores que culminou na separação dessas duas organizações. A IFBB desempenhava historicamente o papel de principal órgão regulador internacional do fisiculturismo, mas ao longo do tempo, surgiram vozes críticas dentro da comunidade que argumentavam que a IFBB estava se tornando excessivamente centralizada, resultando em uma falta de representatividade e flexibilidade nas tomadas de decisão.

 

    Simultaneamente, nos Estados Unidos, o crescimento e a popularidade do fisiculturismo fortaleceram o NPC como uma organização nacional independente. À medida que a cena do fisiculturismo ganhava destaque nos EUA, o NPC começou a promover seus próprios eventos e a ganhar influência, criando assim tensões com a IFBB, que mantinha seu próprio calendário de competições internacionais. Além disso, conflitos políticos, divergências nas regras e critérios de julgamento e diferentes abordagens filosóficas em relação ao esporte contribuíram para o cenário de divisão entre as duas organizações.

 

    No entanto, para compreender completamente os bastidores dessa cisão, é necessário destacar que, até o momento presente, a IFBB é reconhecida como a entidade de caráter global, enquanto a NPC representa a liga da IFBB nos Estados Unidos, com sua influência agora se estendendo para além das fronteiras nacionais.

 

    Uma importante virada nessa narrativa ocorreu quando a IFBB Internacional "puniu" a NPC (que, na época, representava a IFBB nos Estados Unidos) devido a problemas relacionados à arbitragem durante o Olympia Amador. Vale ressaltar que Jim Manion era o dirigente tanto da NPC quanto da IFBB Pro League naquele momento. Os relatos de atletas e juízes de diferentes federações indicam que a IFBB Amadora expressou descontentamento em relação aos resultados desse campeonato, o que levou à decisão de desvincular a IFBB Pro League (NPC) e estabelecer sua própria liga profissional, mais tarde denominada IFBB Elite Pro.

 

    Essa divisão resultou na separação da IFBB e da NPC. No âmbito da NPC, os atletas participam de competições amadoras ligadas à empresa Muscle Contest, com o objetivo de obter o tão almejado Cartão Profissional. Simultaneamente, a IFBB desenvolveu uma liga amadora na qual os competidores buscam seu Cartão Profissional, conhecida como "Elite Pro". Portanto, a cisão levou à existência de duas ligas distintas, cada uma com suas próprias divisões amadoras e profissionais, cada qual caracterizada por abordagens e critérios de avaliação distintos.

 

    Vale ressaltar, inicialmente, que só é considerado fisiculturista profissional aquele atleta que possuir a carteira profissional de sua respectiva federação (procard), de modo que a maioria dos atletas não possui um cartão profissional (Mallmann, e Alves, 2018). Também é relevante salientar que atletas que anteriormente eram considerados profissionais pela IFBB Internacional (PRO LEAGUE) passaram a ser reconhecidos apenas como profissionais da NPC. Por outro lado, aqueles que optaram por permanecer na antiga IFBB Amadora, que agora também oferecia competições profissionais (ELITE PRO), tiveram que buscar o seu Cartão Profissional por meio dessa nova instituição. Portanto, a existência de duas organizações independentes implica que a obtenção de status profissional em uma não implica automaticamente em ser considerado profissional na outra. Além disso, essas entidades adotam abordagens distintas para avaliar e julgar os corpos dos atletas, mesmo quando as categorias são aparentemente semelhantes. Essas entidades adotam abordagens distintas para avaliar e julgar os corpos dos atletas, mesmo quando as categorias são aparentemente semelhantes. Essas diferenças no processo de avaliação das poses em cada uma das instituições serão minuciosamente exploradas na próxima seção.

 

O processo avaliativo das poses em cada uma das instituições  

 

    No que se refere ao fisiculturismo, os árbitros irão avaliar cada atleta em quão bem eles exibem seu físico frente à rotina de poses e à música a qual eles utilizam na coreografia. Cada árbitro avalia a rotina de poses com vista à exibição de muscularidade, definição, estilo, personalidade, coordenação atlética e desempenho geral (Marques, 2020). Os árbitros procuram uma rotina suave, artística e bem coreografada, que pode incluir qualquer número de poses; no entanto, as Poses compulsórias devem ser incluídas. O atleta também deve incluir poses intermitentes para mostrar o desenvolvimento muscular de seu físico. (Da Conceição, 2022)

 

    A avaliação é feita de diversas formas, porém, no processo avaliativo de poses do fisiculturismo, a avaliação acaba sendo subjetiva, ou seja, o árbitro avaliará qual atleta está mais perto do padrão da visão dele como corpo ideal para um fisiculturista daquela categoria. Cabe aos professores e técnicos do esporte ensinar e corrigir da melhor forma possível o atleta nas aulas de poses. 

 

    Desta forma tem-se a certeza de que o atleta terá maior possibilidade de ter um melhor desempenho no momento de expor sua rotina de poses frente aos árbitros, pois terá menor chance de cometer erros nas poses compulsórias.

 

Como são avaliadas as poses compulsórias da categoria Men's Physique na IFBB 

 

    Com exceção das coxas, que são cobertas por bermudas, a avaliação deve levar em consideração todo o físico. A avaliação, começa com uma impressão geral do físico, deve levar em consideração o cabelo; o desenvolvimento e a forma geral do corpo; a apresentação de um físico equilibrado, proporcional e simetricamente desenvolvido (Marques, 2020); o estado da pele e o tom da pele; e a capacidade do atleta de se apresentar com confiança e elegância. (Santoja, 2021)

 

    Os Árbitros devem favorecer atletas com um físico harmonioso, proporcional e clássico masculino, boa postura, estrutura anatômica correta (incluindo estrutura corporal, curvas espinhais corretas, membros e tronco em boas proporções, pernas retas, não arqueadas ou com joelhos tortos). As proporções verticais (comprimento das pernas à parte superior do corpo) e horizontais (quadris e cintura à largura dos ombros) são alguns dos fatores-chave. (Santoja, 2021)

 

    O físico deve ser avaliado quanto ao seu nível de densidade corporal geral, alcançado por meio de atividades físicas e dieta. As partes do corpo devem ter uma aparência agradável e firme com uma quantidade reduzida de gordura corporal, mas devem ter uma aparência “mais macia” e “mais lisa” do que no Bodybuilding. O físico não deve ser excessivamente musculoso nem excessivamente magro e deve estar livre de separações musculares profundas e / ou estrias agudas. Físicos considerados muito musculosos, muito duros, muito secos ou muito magros devem ter descontos na pontuação final.

 

    A avaliação também deve levar em consideração o tom da pele. O tom da pele deve ser suave e de aparência saudável. O cabelo deve complementar o “Pacote Total” apresentado pelo atleta.

 

    A avaliação do físico do atleta pelo árbitro deve incluir toda a apresentação do atleta, desde o momento em que ele entra no palco até o momento em que sai do palco. Em todos os momentos, o atleta Men’s Physique deve ser visto com ênfase em um físico "saudável e em forma", em um "Pacote Total" impressionante e atraente. (Santoja, 2021)

 

Como são avaliadas as poses compulsórias da categoria Men's Physique na NPC 

 

    Com exceção das coxas, que são cobertas por bermudas, a avaliação deve levar em consideração todo o físico. A avaliação, começa com uma impressão geral do físico, deve levar em consideração o cabelo; o desenvolvimento e a forma geral do corpo; a apresentação de um físico equilibrado, proporcional e simetricamente desenvolvido; o estado da pele e o tom da pele; e a capacidade do atleta de se apresentar com confiança e elegância. (Santoja, 2021)

 

    Os juízes estarão à procura de competidores aptos que exibam a forma e a simetria adequadas, combinadas com a musculatura e a condição geral. Esta não é a categoria de bodybuilding, de modo que a musculatura extrema será pontuada. Os juízes estão à procura do competidor com a melhor presença no palco e equilíbrio que pode transmitir com sucesso sua personalidade ao público.

 

    Os competidores caminharão para o centro do palco sozinhos e realizarão sua rotina (realizando a volta completa com a pose opcional de mão no quadril ou mão no bolso), terminando de frente para os juízes, conforme indicado, em seguida, irão para o lado do palco. (NPC, 2022)

 

Estereótipos e escolhas de competição: um relato de experiência na IFBB na NPC e na categoria Men's Physique 

 

    Ao vislumbrar a maneira como os atletas da categoria Men's Physique se apresentam no palco, é evidente uma diferença significativa entre as abordagens adotadas pelas duas principais instituições esportivas. A IFBB Elite Pro, por exemplo, impõe rigorosas diretrizes aos seus atletas Men's Physique, exigindo que executem um quarto de volta, que compreende poses de frente, perfil direito, costas e perfil esquerdo. A instituição até mesmo disponibiliza cartões com fotografias ilustrativas e regras específicas que os atletas devem seguir estritamente, como, por exemplo, manter uma das mãos na cintura durante todas as poses no quarto de volta ou a proibição completa de expansão dorsal na pose de costas (IFBB Internacional, 2021). Diante desse cenário, surge uma indagação pertinente: mesmo quando um atleta apresenta um físico que se enquadra nos padrões da categoria, seria justo que ele recebesse uma pontuação reduzida simplesmente por não cumprir uma "regra" específica de poses?

 

    Nos campeonatos, um fenômeno que tem sido observado e amplamente debatido entre os atletas é o descumprimento das regras previamente estabelecidas nos manuais e cursos de arbitragem, tornando a competição consideravelmente subjetiva, sujeita à interpretação individual dos árbitros que avaliam o evento. Essa situação tem gerado críticas por parte dos entusiastas do fisiculturismo, que argumentam que em outros esportes o critério subjetivo não desempenha um papel tão predominante nas decisões da arbitragem.

 

    Por outro lado, a NPC adota uma abordagem diferenciada, não impondo poses compulsórias aos seus atletas Men's Physique. Nesse contexto, os competidores têm a liberdade de se apresentar de maneira mais espontânea e natural, explorando seus pontos fortes e minimizando seus pontos fracos. A NPC acredita no julgamento que valoriza a individualidade de cada atleta, permitindo que eles escolham as poses que melhor realcem as características de seus físicos. Essa abordagem contrastante coloca em evidência a diversidade de critérios adotados pelas diferentes instituições esportivas, suscitando debates sobre a justiça e a objetividade nas competições de fisiculturismo.

 

    Quando se refere à forma que um atleta irá se apresentar no palco, há uma diferença significativa quando se comparam atletas da categoria Men's Physique das duas instituições. A IFBB Elite Pro, cobra dos seus atletas Men's Physique um quarto de volta (pose totalmente de frente, perfil direito, costas, perfil esquerdo). A instituição chega a publicar card’s com foto/barra regra, nas quais o atleta deve seguir, por exemplo, uma das mãos na cintura em todas as poses no quarto de volta, ou a total proibição de expansão de dorsais na pose de costas (IFBB Internacional, 2021). Sendo há essa “regra”, fica dúvida: mesmo o atleta tendo um físico dentro do padrão da categoria, ele não deveria ter uma pontuação reduzida se existe uma “regra” de poses a qual ele não cumpre? 

 

    O que se observa nos campeonatos (e é reclamado pelos atletas) é um descumprimento das regras que estão previamente estipuladas nos manuais e nos cursos de arbitragem, tornando a competição totalmente subjetiva, subordinada a decisão dos árbitros que estão avaliando aquele campeonato. Isso levanta o clamor entre os entusiastas do fisiculturismo, pois, eles mencionam que nos outros esportes esse critério subjetivo não predomina nas decisões da arbitragem.

 

    Em contrapartida, a NPC não cobra poses compulsórias de seus atletas. Eles podem apresentar-se aos jurados de forma mais livre e natural. Devem eles, desta forma, descobrirem seus pontos fortes para exibi-los na pose que julgam ficarem mais belos e esconderem da mesma forma seus pontos fracos. A NPC acredita no julgamento em que cada atleta tem a sua maneira de posar que o seu físico seja melhor avaliado.

 

    Na categoria Men's Physique IFBB Elite Pro, os competidores devem realizar as seguintes poses: de frente, com a mão na cintura; perfil direito com a mão na cintura; costas sem expansão com a mão na cintura; perfil esquerdo com a mão na cintura. (IFBB Internacional, 2021)

 

    Na categoria Men's Physique NPC, os atletas serão avaliados ao posar de frente e de costas, de maneira livre, de modo a demonstrar seu melhor físico para a arbitragem. (NPC, 2022)

 

    Considerando as informações apresentadas até aqui, fica evidente que a trajetória de um atleta é profundamente influenciada pela escolha da instituição à qual pretende se filiar. Essa decisão é de extrema importância, pois afeta não apenas a busca pelo sucesso e pela excelência física do atleta, mas também seu potencial para firmar parcerias e obter patrocínios que garantam sua permanência no esporte e sua profissionalização.

 

    É notável que a preferência por uma das duas principais instituições esportivas, IFBB Elite Pro ou Pró League NPC, varia significativamente de acordo com a região geográfica. Países da América do Sul, como Equador, Bolívia, Peru, Venezuela e Paraguai, bem como países europeus e asiáticos, encontram maior sustentação na IFBB Elite Pro. Por outro lado, países da América Central, América do Norte, Oceania e Emirados Árabes tendem a se alinhar mais com a Pro League NPC. No entanto, no Brasil e na Argentina, essa escolha fica em um ponto intermediário, com predominância da IFBB ou da NPC, dependendo do estado em questão (IFBB Internacional, 2021; NPC, 2022). Assim, cabe ao atleta compreender a influência da instituição em sua região para otimizar seu percurso esportivo.

 

    É crucial enfatizar que ambas as instituições esportivas possuem vantagens e desvantagens, e não se trata de determinar qual delas é "melhor" do que a outra (apesar de que esse não é o objetivo deste estudo), mas sim de identificar qual delas é mais benéfica para o atleta e o treinador em determinado momento de suas vidas, considerando fatores como seu físico atual, condições de vida e tempo dedicado ao esporte. Além disso, o treinador desempenha um papel fundamental ao analisar o perfil do atleta e entender os critérios, os padrões e a mentalidade dos jurados de cada instituição (Machado, 2015), a fim de direcionar adequadamente o competidor.

 

    A experiência pessoal dos pesquisadores deste estudo, que também são treinadores de fisiculturismo, exemplifica a importância dessa escolha. Embora esse atleta tenha conquistado repetidamente o título de Campeão Overall na NPC, ainda havia um déficit em seu desenvolvimento muscular na região das costas que o impedia de se tornar um atleta profissional e, assim, de obter um salário para sustentar sua carreira no esporte. Foi nesse momento que a decisão de qual instituição ele deveria estar filiado se tornou crucial.

 

    Como mencionado anteriormente, na NPC, os atletas das categorias fitness são avaliados apenas de frente e de costas. Portanto, mesmo que esse atleta tenha um físico excepcional na parte anterior do corpo, ele sofreria uma penalização significativa de 50% de sua pontuação devido à deficiência em sua região dorsal. Portanto, optou-se por migrar esse atleta para a IFBB, onde ele seria julgado em quatro poses distintas, o que lhe proporcionaria quatro oportunidades de pontuação. Assim, mesmo com suas dorsais não estando em um nível profissional de hipertrofia e definição muscular, ele teria chances de vencer outros competidores com três quartos de sua pontuação.

 

    Nesse momento, a escolha de competir pela IFBB provou ser a mais acertada, uma vez que o atleta conquistou inúmeras vitórias, tornando-se o melhor atleta do Brasil e ganhando reconhecimento em competições internacionais, sendo considerado o melhor da América e do mundo em sua categoria, Men's Physique. Durante esse período, a equipe do atleta concentrou seus esforços no desenvolvimento da região dorsal do atleta, de modo que seus músculos evoluíssem. Eventualmente, chegou o momento de seu retorno à NPC, pois ele já havia alcançado o físico necessário para ser bem avaliado nas duas posições, já havia conquistado notoriedade no esporte, e estava associado a grandes patrocinadores, preparado para sua reestreia na NPC.

 

    Tudo isso que aqui pode ser caracterizado como expertise (Machado, 2020), conforme mencionado nos parágrafos anteriores. Em um cenário de alta competição, com um grande número de atletas, apenas aqueles que tomam as decisões corretas e utilizam a inteligência a seu favor alcançam o ápice de suas carreiras.

 

    Como já mencionado, a divisão entre IFBB Elite Pro e IFBB Pro League (NPC) trouxe uma diversificação significativa quanto ao padrão de corpo que os treinadores devem buscar para seus atletas. Anteriormente à cisão, a IFBB Pro League ditava o "padrão de corpo" a ser alcançado, uma vez que controlava tanto a liga profissional quanto a amadora do fisiculturismo. Naquela época, os atletas precisavam desenvolver seus físicos na liga amadora para obter seu Pro Card e, posteriormente, moldar seus corpos para competir na liga profissional. Isso resultava em atletas profissionais com físicos mais volumosos, densos, definidos e hipertrofiados, enquanto os atletas da liga amadora exibiam físicos com características semelhantes, mas mais suaves, com menos hipertrofia.

 

    Esse cenário gerava conflitos internos na federação, pois alguns atletas já possuíam físicos profissionais, mas ainda não tinham obtido o Pro Card, o que os obrigava a "regredir" seus físicos para alcançar a profissionalização. Da mesma forma, os atletas que conquistavam o Pró Card na liga amadora precisavam de anos de treinamento para serem competitivos na liga profissional, enfrentando uma série de derrotas e perdendo patrocínios e visibilidade durante esse processo de adaptação.

 

    A atual IFBB Pro League segue essa abordagem, resultando em muitos atletas que já se assemelham aos atletas da liga profissional (Elite Pro) ficando fora do pódio por não atenderem ao "padrão". Isso é visto por muitos como absurdo. Por outro lado, a Pro League NPC inovou em relação a essas características de julgamento. Os atletas da liga amadora já devem apresentar um físico semelhante ao dos atletas profissionais e, ao receberem seu Pró Card, são convidados a competir no mesmo evento que os atletas profissionais. Isso significa que os atletas profissionalizados estão a apenas um pequeno passo de serem competitivos ao lado dos atletas profissionais, eliminando a necessidade de anos de adaptação. Como resultado, esses atletas atraem a atenção de patrocinadores e grandes marcas, pois é questão de tempo para que se tornem competitivos na liga profissional.

 

    Nos dias de hoje, em países como Brasil, Estados Unidos e Emirados Árabes, atletas vinculados à Pro League NPC recebem salários que variam de 5 mil a 300 mil reais por mês. Além disso, os shows da Pro League NPC, por serem uma liga independente, também premiam os campeões com valores significativos. Essa dinâmica contrasta com a situação dos atletas da "concorrente" IFBB Elite Pro, que estão vinculados a uma federação esportiva amadora que não permite remuneração financeira (IFBB Internacional, 2021). É importante destacar que, curiosamente, em países europeus, atletas da IFBB Elite Pro recebem prêmios em dinheiro e salários esportivos elevados, demonstrando a diversidade de cenários em diferentes regiões.

 

    Diante de tudo isso, cabe ao atleta pesquisar e avaliar a instituição que melhor atende às suas necessidades e aspirações em sua região. É fundamental que o atleta compreenda as características físicas e o padrão exigido no palco, considerando como exemplo a categoria Men's Physique. Atletas dessa categoria que desejam conquistar o Pró Card NPC devem apresentar um físico consideravelmente mais volumoso e agressivo em comparação com os atletas Men's Physique da IFBB Elite Pro. Portanto, é possível que um atleta utilize a transição de um físico da IFBB para um físico da NPC a seu favor, conquistando diversos campeonatos e ganhando reconhecimento no mercado fitness. É essencial que esses passos sejam cuidadosamente planejados e executados por uma equipe multidisciplinar, incluindo aspectos físicos, administrativos e de publicidade, a fim de maximizar as chances de sucesso.

 

    Por fim, todo esse contexto reforça a ideia de que, em um esporte altamente competitivo como o fisiculturismo, somente os atletas que tomam decisões estratégicas e inteligentes conseguem alcançar o topo de suas carreiras, destacando-se em um cenário dinâmico e diversificado.

 

As diferenças entre os padrões de corpo das categorias Men's Physique na IFBB e na NPC 

 

    As diferenças entre a IFBB Elite Pro e a Pró League NPC não apenas moldam o modo como os competidores se apresentam no palco, mas também têm um impacto significativo em suas trajetórias e perspectivas de carreira no fisiculturismo.

 

    O "V-shape" ou "formato de V," é uma referência ao ideal de corpo desejado em muitos esportes de musculação e fisiculturismo. Especificamente, no contexto do fisiculturismo e das categorias Men's Physique, o "V-shape" se concentra na aparência da parte superior do corpo dos atletas, particularmente na região do tronco e dos ombros. (Reinaldo, 2020; Moraes et al., 2019)

 

    O "V-shape" ideal representa um corpo em que os ombros são mais largos do que a cintura, criando a forma de um "V" quando visto de frente. Isso geralmente é acompanhado por uma cintura estreita e bem definida. Os atletas buscam alcançar essa proporção através do desenvolvimento muscular dos ombros, deltóides, trapézios e das costas, criando uma aparência mais ampla na parte superior do corpo.

 

    Essa estética é valorizada em muitas categorias de fisiculturismo, incluindo Men's Physique, porque é considerada esteticamente atraente e simboliza força e poder. No entanto, a intensidade desse "V-shape" pode variar de acordo com as categorias e as diferentes federações esportivas, como a IFBB e a NPC, que podem ter critérios ligeiramente diferentes para a aparência desejada. Portanto, os atletas geralmente se esforçam para desenvolver essa proporção e simetria, adaptando-se aos padrões específicos de cada categoria e organização.

 

    A categoria Men's Physique - Padrão IFBB é caracterizada por um padrão "V-shape" com definição de hipertrofia muscular média, criando um corpo com uma aparência fitness. Os competidores devem posar de quatro maneiras: de frente, com uma mão na cintura, sem expansão das dorsais. Essa categoria é destinada a homens com um físico menos agressivo, menos enfatizado em termos de fitness, resultando em uma aparência mais suave em relação à hipertrofia muscular.

 

    Por outro lado, na categoria Men's Physique - Padrão NPC, os competidores devem atender a um padrão "V-shape" com definição de hipertrofia muscular agressiva, o que resulta em um físico mais próximo da categoria Classic Physique. É enfatizada a acentuada relação entre ombros e cintura. Nesta categoria, os atletas têm a flexibilidade de posar de diversas maneiras, seja de frente (reto ou lateralizado), com ou sem a mão na cintura, ou de costas, com a expansão das dorsais ao máximo possível. Os homens que competem nesta categoria exibem um físico mais agressivo, caracterizado por maior profundidade de corte e hipertrofia muscular.

 

Conclusões 

 

    Este estudo proporcionou uma análise aprofundada do fisiculturismo competitivo, com foco nas categorias Men's Physique da IFBB e da NPC. Ao longo dessa investigação, buscou-se analisar de forma crítica dos procedimentos avaliativos referentes às poses adotadas pelos atletas na categoria, a partir da interpretação e comparação dos manuais de instruções e critérios de arbitragem fornecidos por ambas as instituições, de modo que se identificou claramente as divergências nos critérios de avaliação, nas regras de poses compulsórias e nos ideais de corpo almejados por ambas as instituições.

 

    Demonstra-se como a decisão de filiação a uma dessas organizações esportivas pode ter um impacto substancial na trajetória de um atleta, influenciando desde suas oportunidades de competição até suas perspectivas de patrocínio e ganhos financeiros.

 

    Destaca-se que, enquanto a IFBB Elite Pro estabelece diretrizes rígidas para as poses dos atletas, a NPC concede maior liberdade de apresentação. Isso levanta questões importantes sobre a subjetividade na avaliação das poses e como as escolhas dos árbitros podem influenciar o resultado das competições. Além disso, percebe-se que a escolha entre essas instituições pode ser influenciada por fatores geográficos e de mercado, tornando-a ainda mais complexa e multifacetada.

 

    Por fim, também em outra futura pesquisa, pode-se problematizar acerca do cotidiano das competições propriamente ditas (bastidores, backstage), bem como das regras que foram elaboradas para o esporte, as quais se orientam com base na construção de corpo “ideal” norteadas pelos processos de disciplina e individualização do sujeito, e adequadas às convenções sociais de gênero da cultura ocidental, tal qual Oliveira, Silva, e Almeida (2019) mencionam.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 313, Jun. (2024)