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ISSN 1514-3465

 

Relação entre intensidade do exercício físico e melhoria cognitiva em

adultos com transtornos do neurodesenvolvimento. Uma revisão integrativa

Relationship between Physical Exercise Intensity and Cognitive Improvement

in Adults with Neurodevelopmental Disorders. An Integrative Review

Relación entre la intensidad del ejercicio físico y la mejora cognitiva 

en adultos con trastornos del neurodesarrollo. Una revisión integradora

 

Verônica Santos da Hora*

veronicahora@hotmail.com

André Ribeiro da Silva**

andreribeiro@unb.br

Gleide Neves Cruz***

gleyde_neves@hotmail.com

Jitone Leônidas Soares+

jleonidas@unb.br

Jônatas de França Barros++

jonatas@unb.br

Vânia Moraes Ferreira+++

vmmf@unb.br

Cristiano André Hoppe Navarro++++

cristianohoppenavarro@gmail.com

 

*Educadora Física. Mestranda em Ciências do Comportamento

pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências do Comportamento

da Universidade de Brasília.

**Educador Físico. Pós-Doutor em Ciências do Comportamento

Professor de Educação Física na Secretaria de Estado

de Educação do Distrito Federal

Professor vinculado ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências do Comportamento da Universidade de Brasília

***Pedagoga. Mestra em Ciências do Comportamento

Professora vinculada à Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

+Educador Físico. Doutor em Ciências da Saúde

Professor de Educação Física na Secretaria de Estado

de Educação do Distrito Federal

Professor vinculado ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências do Comportamento da Universidade de Brasília

++Educador Físico. Pós-Doutor em Motricidade e Reabilitação

Professor vinculado ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências do Comportamento da Universidade de Brasília

+++Farmacêutica. Pós-Doutora em Psicofarmacologia

Professora vinculada aos Programas de Pós-Graduação

em Ciências Médicas (Faculdade de Medicina/UnB)

e Programa de Pós-Graduação em Ciências do Comportamento (PPGCdC)

++++Educador Físico. Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação
em Ciências do Comportamento
Técnico Desportivo na Universidade de Brasília
Professor no Núcleo de Estudos em Educação e Promoção da Saúde
do Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinares da Universidade de Brasília
(Brasil)

 

Recepción: 09/10/2023 - Aceptación: 26/09/2024

1ª Revisión: 30/07/2024 - 2ª Revisión: 23/09/2024

 

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Cita sugerida: Hora, VS, Silva, AR, Cruz, GN, Soares, JL, Barros, JF, Ferreira, VM, e Navarro, CAH (2024). Relação entre intensidade do exercício físico e melhoria cognitiva em adultos com transtornos do neurodesenvolvimento. Uma revisão integrativa. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(318), 203-219. https://doi.org/10.46642/efd.v29i318.7265

 

Resumo

    Introdução: Transtornos do neurodesenvolvimento, afetam funções cognitivas essenciais, impactando a qualidade de vida dos indivíduos. Como é visto no Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O exercício físico tem sido destacado como uma intervenção não farmacológica eficaz na melhoria das funções cognitivas, especialmente nas funções executivas. Objetivo: Este estudo tem como objetivo investigar a relação entre a intensidade do treinamento físico e as melhorias cognitivas em adultos com transtornos do neurodesenvolvimento. Metodologia: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura nas bases de dados PubMed, Scopus, e Web of Science, que incluíram estudos publicados entre 2010 e 2023, e que avaliaram a intensidade do treinamento físico e seus efeitos na cognição de adultos com transtornos do neurodesenvolvimento. Resultados: Os estudos revisados demonstraram que a intensidade do exercício físico influencia significativamente as funções executivas em adultos com transtornos do neurodesenvolvimento. Treinamentos de intensidade moderada a alta mostraram maior eficácia na melhoria das funções cognitivas, em comparação com exercícios de baixa intensidade. Conclusão: O treinamento físico, especialmente em intensidades moderadas a altas, pode ser uma intervenção eficaz para melhorar as funções cognitivas em adultos com transtornos do neurodesenvolvimento. No entanto, há necessidade de mais pesquisas para definir a intensidade ideal e entender melhor os mecanismos subjacentes.

    Unitermos: Transtornos do neurodesenvolvimento. Treinamento físico. Intensidade do exercício. Funções cognitivas. Funções executivas.

 

Abstract

    Introduction: Neurodevelopmental disorders affect essential cognitive functions, impacting the quality of life of individuals, as seen in Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD). Physical exercise has been highlighted as an effective non-pharmacological intervention for improving cognitive functions, especially executive functions. Objective: This study aims to investigate the relationship between the intensity of physical training and cognitive improvements in adults with neurodevelopmental disorders. Methodology: An integrative literature review was conducted using the PubMed, Scopus, and Web of Science databases, studies published between 2010 and 2023 that evaluated the intensity of physical training and its effects on the cognition of adults with neurodevelopmental disorders were included. Results: The reviewed studies demonstrated that the intensity of physical training significantly influences executive functions in adults with neurodevelopmental disorders. Moderate to high-intensity training showed greater efficacy in improving cognitive functions compared to low-intensity exercises. Conclusion: Physical training, especially at moderate to high intensities, can be an effective intervention for improving cognitive functions in adults with neurodevelopmental disorders. However, further research is needed to define the ideal intensity and better understand the underlying mechanisms.

    Keywords: Neurodevelopmental disorders. Physical training. Exercise intensity. Cognitive functions. Executive functions.

 

Resumen

    Introducción: Los trastornos del neurodesarrollo afectan funciones cognitivas esenciales, impactando la calidad de vida de los individuos, como se observa en el Trastorno por Déficit de Atención e Hiperactividad (TDAH). El ejercicio físico ha sido destacado como una intervención no farmacológica eficaz para mejorar las funciones cognitivas, especialmente las funciones ejecutivas. Objetivo: Este estudio tiene como objetivo investigar la relación entre la intensidad del entrenamiento físico y las mejoras cognitivas en adultos con trastornos del neurodesarrollo. Metodología: Se realizó una revisión integrativa de la literatura en las bases de datos PubMed, Scopus y Web of Science, y se incluyeron estudios publicados entre 2010 y 2023 que evaluaron la intensidad del entrenamiento físico y sus efectos en la cognición de adultos con trastornos del neurodesarrollo. Resultados: Los estudios revisados demostraron que la intensidad del entrenamiento físico influye significativamente en las funciones ejecutivas en adultos con trastornos del neurodesarrollo. Los entrenamientos de intensidad moderada a alta mostraron una mayor eficacia en la mejora de las funciones cognitivas, en comparación con los ejercicios de baja intensidad. Conclusión: El entrenamiento físico, especialmente en intensidades moderadas a altas, puede ser una intervención eficaz para mejorar las funciones cognitivas en adultos con trastornos del neurodesarrollo. Sin embargo, se necesita más investigación para definir la intensidad ideal y comprender mejor los mecanismos subyacentes.

    Palabras clave: Trastornos del neurodesarrollo. Entrenamiento físico. Intensidad del ejercicio. Funciones cognitivas. Funciones ejecutivas.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 318, Nov. (2024)


 

Introdução 

 

    Os transtornos mentais do neurodesenvolvimento, incluindo alguns exemplos, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), são abordados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (APA, 2014). Esses transtornos afetam predominantemente indivíduos que apresentam dificuldades no desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida diária, interação social, bem como desempenho acadêmico ou profissional. Essas dificuldades costumam surgir durante as fases iniciais do crescimento até a infância, e tendem a persistir na vida adulta. Curiosamente, ao longo das últimas duas décadas, tem sido observado um aumento na incidência de distúrbios do neurodesenvolvimento, conforme mencionado em estudos realizados por Raine (2018). Esse cenário levanta preocupações sobre o impacto crescente desses transtornos na sociedade e na qualidade de vida dos afetados.

 

    As pessoas que vivenciam distúrbios do neurodesenvolvimento apresentam déficits nas chamadas funções executivas (FE). Essas funções estão relacionadas à atividade do córtex frontal e desempenham um papel essencial em nossos comportamentos. Elas englobam três componentes principais: controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho. O controle inibitório refere-se à capacidade de inibir ou controlar respostas impulsivas. Já a flexibilidade cognitiva é a habilidade necessária para alternar entre diferentes tarefas ou estratégias mentais, permitindo-nos ver problemas sob múltiplas perspectivas e identificar diversas formas de resolvê-los. Enquanto isso, a memória de trabalho está associada à capacidade de reter e manipular informações de maneira acessível em nossa mente. (Diamond, 2013)

 

    Essas funções executivas desempenham um papel crítico em nossa saúde física e mental, na qualidade de nossas interações sociais e, quando essas funções são afetadas, é comum que os indivíduos também apresentem distúrbios de aprendizagem simultaneamente, conforme discutido por Reale e colaboradores (2017).

 

    O interesse em abordagens não farmacológicas para tratar indivíduos com transtornos do neurodesenvolvimento, por meio de treinamento cognitivo e exercício físico como tratamento adjuvante, tem despertado a atenção de pesquisadores. O exercício físico tem demonstrado resultados positivos no sistema nervoso, bem como no funcionamento neurocognitivo e executivo. De fato, a prática de exercício físico não fica atrás da medicação quando se trata de tratar comorbidades comuns em adultos com TDAH, como a depressão e ansiedade. Além disso, estudos sugerem que o exercício físico agudo de intensidade moderada pode proporcionar melhorias transitórias no desempenho das FE em jovens com transtornos (Soga, Kamijo, e Masaki, 2016). Essas descobertas ressaltam a relevância crescente do uso de intervenções baseadas no treinamento cognitivo e no exercício físico como alternativas ou complementos ao tratamento convencional com medicamentos. A evidência de que o exercício físico pode ter impactos benéficos no funcionamento neurocognitivo e executivo oferece novas perspectivas para abordar esses transtornos de maneira mais abrangente e integrativa.

 

    A prática regular de atividade física (AF) tem sido associada a diversos benefícios para a saúde mental. Uma meta-análise recente, envolvendo mais de 80.000 indivíduos, revelou uma associação prospectiva entre a prática de AF e menores chances de desenvolver sintomas de ansiedade elevados e transtornos de ansiedade (McDowell et al., 2019). Além disso, dados indicam uma relação dose-resposta entre maior AF e melhor funcionamento da saúde mental. (Kandola et al., 2019)

 

    Estudos recentes têm explorado os mecanismos pelos quais o exercício pode beneficiar a saúde mental, integrando domínios comportamentais e neurocomportamentais inter-relacionados (Dauwan, 2021; Landrigan, 2020). Essas pesquisas sugerem que o exercício pode melhorar sintomas depressivos, com efeitos dose-resposta fracos, além de promover melhorias nos marcadores comportamentais de controle cognitivo. (Dauwan et al., 2021)

 

    As melhorias neurocomportamentais após o exercício são particularmente observadas nas funções executivas, influenciadas pela perturbação dopaminérgica (Audiffren et al., 2019). Essas melhorias são atribuídas ao aprimoramento dos sistemas neurobiológicos críticos para a aprendizagem adaptativa e para os processos de controle afetivo e cognitivo. (Boat et al., 2019)

 

    O exercício físico também demonstrou impacto positivo na estrutura cerebral, com observações de alterações volumétricas no córtex pré-frontal, subcórtex e em outras regiões cerebrais (Haeger, 2019; Raichlen, 2020; Herold, 2019). Além disso, o exercício agudo mostrou aumentar a eficiência dentro do Default Mode Network (DMN) e melhorar a modulação funcional entre redes cerebrais. Ensaios clínicos randomizados sugerem que o treinamento físico pode melhorar a conectividade em neurocircuitos clinicamente importantes. (Voss et al., 2020)

 

    Mecanismos comportamentais específicos ligam as intervenções de exercício à saúde mental, incluindo habilidades de autorregulação para afetar a regulação e cognição (Hartman, 2019; Mehren, 2019). Esses mecanismos contribuem para o aumento da autoeficácia e para a melhoria do humor (Sprague et al., 2019) e aspectos fundamentais para a saúde mental (Zhang et al., 2019). Estratégias de mudança de comportamento, frequentemente incorporadas em programas de treino físico, são essenciais para promover a adesão e maximizar os benefícios à saúde mental. (Suls, 2020; Keller, 2019; Jacquart, 2019; Tang, 2019)

 

    Assim como é visto em um estudo com idosos, que a velocidade de marcha (intensidade da atividade física) influencia no maior risco de deficiência em comparação com aqueles que andam em velocidade normal. Idosos com uma marcha mais lenta por exemplo, tem uma maior probabilidade de comprometimento cognitivo. Trazendo a ideia de que a intensidade e velocidade está associada também ao risco de declínio cognitivo em idosos (Cigarroa et al., 2020). Outro estudo feito no processo de envelhecimento, mostrou o exercício físico como fundamental para manter bons níveis de comprometimento cognitivo e autopercepção de qualidade de vida em meio ao processo de envelhecimento. (Poblete et al., 2019)

 

    Em estudos realizados em camundongos, nos quais foram submetidos a testes envolvendo uma roda de atividade e a administração de metilfenidato (MPH) separadamente ou em combinação, buscando replicar comportamentos semelhantes aos observados em pessoas com transtornos mentais do neurodesenvolvimento, foram obtidos resultados significativos. Tanto o exercício quanto o MPH demonstraram reduzir a distração e o comportamento impulsivo de forma dependente da dose aplicada. Esses achados destacam a relevância do exercício físico como uma terapia adjuvante aos estimulantes no tratamento dessa população. Além disso, apontam para os efeitos benéficos do exercício na melhoria da atenção e na redução da capacidade de resposta a estímulos irrelevantes. A abordagem combinada de exercício físico e tratamento farmacológico com MPH pode se mostrar promissora para melhorar os resultados terapêuticos em indivíduos com transtornos mentais do neurodesenvolvimento.

 

    A diminuição da distração e do comportamento impulsivo é um passo importante no aprimoramento do funcionamento cognitivo e comportamental desses indivíduos, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. Com base nas conclusões de Robinson, e Bucci (2014), a investigação de estratégias de intervenção que incluam o exercício físico pode fornecer novas possibilidades para aprimorar os tratamentos e abordagens terapêuticas para essa população específica. E visto no estudo envolvendo adultos jovens saudáveis revelou que o condicionamento aeróbico contribui para o aumento do consumo máximo de oxigênio, o que, por sua vez, promove habilidades cerebrovasculares e cognitivas. A prática regular de AF e o aprimoramento da aptidão aeróbica foram positivamente associados ao aprimoramento do raciocínio fluido, bem como ao ganho de habilidades cognitivas, incluindo a resolução de problemas e a tomada de decisões mais eficientes. (Hwang et al., 2018)

 

    Durante atividades neuronais cognitivas intensas, a demanda por oxigênio aumenta significativamente. Esse aumento na atividade neuronal é acompanhado por uma elevação nos níveis de excitação, no fluxo sanguíneo cerebral e na secreção de neurotransmissores, como a dopamina, o que beneficia o desempenho cognitivo. Indivíduos que mantêm níveis mais elevados de atividade física podem desfrutar de melhor desempenho nas FE, com efeitos benéficos sobre a estrutura do cérebro tanto em curto quanto em longo prazo, influenciando positivamente o desenvolvimento neural e cognitivo. (Tsai et al., 2017)

 

    Estudos comparativos entre diferentes tipos de exercícios físicos, como treinamento perceptivo-motor e de flexibilidade em relação aos exercícios aeróbicos, revelaram que estes últimos apresentam benefícios cognitivos mais significativos (Fedewa, e Ahn, 2011). De fato, exercícios aeróbicos e esportes que envolvem maiores desafios cognitivos têm uma influência importante nas FE, promovendo melhorias no planejamento, autodisciplina e autorregulação.

 

    Essas descobertas ressaltam a importância de considerar a natureza específica dos exercícios físicos praticados ao investigar os efeitos sobre as habilidades cognitivas. Os exercícios aeróbicos, ao exigirem maior esforço e envolvimento mental, parecem proporcionar vantagens mais notáveis quando se trata de aprimorar as funções executivas. A prática de exercícios dinâmicos, com variações de intensidade, tem sido associada a melhorias em diversos domínios cognitivos. Por exemplo, um estudo envolvendo adolescentes do ensino médio que realizaram um programa de treinamento de três meses mostrou melhora no aprendizado espacial de curto prazo e no controle inibitório, (Ben-Zeev et al., 2020)

 

    Esses exercícios dinâmicos também são responsáveis por induzir a secreção de fatores de crescimento, como o fator vascular pró-angiogênico (VEGF), que promove a formação de novos vasos sanguíneos, melhorando a disponibilidade de oxigênio e nutrientes no tecido neural. A secreção de VEGF induzida pelo exercício leva a vasodilatação dos vasos sanguíneos por meio do óxido nítrico (NO), resultando em uma remodelação vascular benéfica para o cérebro (Calverley et al., 2020). A prática desses exercícios libera de três fatores importantes: VEGF, fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e fator de crescimento de insulina-1 (IGF-1). O BDNF é especialmente relevante, pois promove a neurogênese, a sobrevivência neuronal, a neuroplasticidade e, portanto, é essencial para diversas funções cerebrais, incluindo habilidades cognitivas. E tendo aumentado por meio de exercícios aeróbicos, como caminhar em ritmo de intensidade moderada a alta, com frequência cardíaca entre 50% e 75%. (Tari et al., 2019)

 

    O objetivo principal deste estudo foi compilar e investigar intervenções de treinamento físico, com ênfase na intensidade dos exercícios, visando substancialmente aprimorar as funções cognitivas em adultos que enfrentam transtornos mentais do neurodesenvolvimento.

 

Metodologia 

 

    Este estudo realizou uma revisão integrativa da literatura, um tipo de pesquisa que visa compilar e analisar criticamente os resultados de estudos anteriores sobre um tema específico, combinando pesquisas com diversas metodologias. Com o objetivo de fornecer uma síntese abrangente do conhecimento existente, identificar lacunas na literatura e sugerir direções para futuras pesquisas. A revisão seguiu as diretrizes propostas por Mendes, Silveira, e Galvão (2008), que preveem uma abordagem sistemática e rigorosa na seleção, análise e síntese dos estudos incluídos.

 

    A revisão foi estruturada para investigar a relação entre a intensidade do treinamento físico e as melhorias cognitivas. A questão central desta revisão foi: "Qual é o impacto da intensidade do treinamento físico nas funções cognitivas de adultos com transtornos do neurodesenvolvimento?"

 

    A busca por estudos foi conduzida em quatro bases de dados: PubMed, Cochrane Library, NIH (National Library of Medicine) e Periódicos Capes. Essas bases foram escolhidas pela sua cobertura abrangente de pesquisas nas áreas de transtornos do neurodesenvolvimento, atividade física e cognição. Em cada base de dados, foram utilizados quatro grupos de palavras-chave, combinadas utilizando os operadores booleanos “AND” e “OR”, conforme descrito na Tabela 1.

 

Tabela 1. Resumo dos termos de pesquisa

Categoria

Termos de Pesquisa

Distúrbios do neurodesenvolvimento

(“neurodevelopmental disorders” OR “disorders”)

Intervenção de atividade Física 

(“physical activity” OR "resistence training")

Função Executiva 

(“executive function” OR “cognitive function”)

Indivíduos  

("adult" OR "young adult" OR "older adult")

Fonte: Dados de pesquisa

 

    A estratégia e o processo de pesquisa são descritos na Figura 1. A pesquisa inicial nas bases de dados identificou um total de 297 artigos em potencial. Depois de remover as duplicatas (n=3). Os títulos foram rastreados para palavras-chave relacionadas. Após a revisão do título, os resumos dos artigos restantes (n=168) foram selecionados pelos mesmos revisores, resultando em 14 artigos para revisão de texto completo. Foram examinados os textos completo de 14 artigos, dos quais 8 artigos foram determinados para atender aos critérios de inclusão, e 5 foram incluídos na discussão do trabalho e nas referências.

 

Figura 1. Seleção dos artigos nas bases de dados

Figura 1. Seleção dos artigos nas bases de dados

Fonte: Dados de pesquisa

 

    Os procedimentos adotados incluíram: (a) identificação clara do tema e da questão de pesquisa; (b) seleção de descritores relevantes para a busca de estudos; (c) estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; (d) organização e categorização dos estudos selecionados; (e) avaliação cuidadosa dos estudos; (f) interpretação dos resultados obtidos; e (g) síntese do conhecimento adquirido a partir dos estudos analisados.

 

    Essa abordagem permitiu uma análise abrangente e confiável da literatura disponível sobre o tema em questão, fornecendo uma visão clara das pesquisas existentes, suas limitações e oportunidades para futuras investigações. Nesta revisão de literatura, os estudos foram incluídos caso atendessem os seguintes critérios: (1) os participantes foram diagnosticados com transtornos do neurodesenvolvimento (TDAH), conforme descrito no DSM-V; (2) examinou-se os efeitos da intervenção do exercício físico sobre o desempenho cognitivo; (3) resultados do exercício físico medidos e avaliados; (4) publicação em periódicos revisados por pares e disponíveis em inglês, português e espanhol; (5) Exercícios físicos de média a alta intensidade sobre um indivíduo; (6) A combinação de dois ou mais tipos de modalidades de exercícios físicos; (7) Abordagem dos benefícios do treinamento de média a alta intensidade e (8) Publicação desses temas nos últimos 15 anos. Entre os critérios de exclusão estão: (1) Indivíduos com outros transtornos do neurodesenvolvimento; (2) Estudos que não fossem feitos com adultos; e (3) não abordar os efeitos do exercício físico fisiologicamente ou sobre a cognição.

 

Tabela 2. Síntese dos resultados da revisão sistemática

Título

Autores/Ano

Objetivos

Método

Resultados

Association between aerobic fitness and cerebrovascular function with neurocognitive functions in healthy, young adults

Hwang et al.

(2018)

Analisar se um aumento de fluxo sanguíneo resultado pelo exercício físico melhoraria aspectos cognitivos.

Pesquisa transversal

O alto condicionamento aeróbico pode promover habilidades de funcionamento cerebrovascular e cognitivo.

Improving fitness increases dentate gyrus/CA3 volume in the hippocampal head and enhances memory in young adults.

Nauer et al.

(2020)

Investigar a relação entre a mudança na aptidão cardiorrespiratória (CRF) e VO2 max., e a alteração no volume do subcampo do hipocampo.

Ensaio clínico randomizado

Melhora da CRF após o treinamento físico está associada a uma relação positiva entre a mudança no CRF e a mudança na precisão corrigida para tentativas que exigem o mais alto nível de discriminação em uma tarefa de separação de padrão comportamental putativa.

High‑Intensity Functional

Training: Molecular

Mechanisms and Benefits

Ben-Zeev et al.

(2021)

Observar mecanismos moleculares conhecidos que fundamentam os efeitos benéficos do HIFT sobre doenças cardiovasculares, metabólicas e funções cognitivas.

Pesquisa observacional

Mostrou melhora nos marcadores de saúde, como o cardiovascular saúde, saúde metabólica e função cognitiva.



Potential Social and Neurocognitive Benefits of Aerobic Exercise as Adjunct Treatment for Patients with ADHD

Klil-Drori et al.

(2020)

 

Revisar evidências de que o exercício aeróbico pode ser um tratamento adjuvante útil para o TDAH.

Pesquisa observacional

O exercício aeróbico demonstrou ser benéficos como tratamento adjunto à medicação.

The Effect of Physical Activity Interventions on Executive Function Among People with Neurodevelopmental Disorders: A Meta-Analysis.

Sung et al.

(2022)

Revisar evidências de que o exercício aeróbico pode ser um tratamento adjuvante útil para o TDAH.

Pesquisa observacional

O exercício aeróbico demonstrou ser benéficos em modelos animais de TDAH, e em ensaios clínicos de crianças com TDAH, como tratamento adjunto à medicação.

Fonte: Dados de pesquisa

 

    Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, os estudos foram selecionados em um processo de triagem em duas etapas: inicialmente pela leitura dos títulos e resumos, seguida da leitura completa dos artigos potencialmente elegíveis. A qualidade metodológica dos estudos selecionados foi avaliada utilizando ferramentas apropriadas para revisão integrativa, considerando a clareza dos objetivos, adequação das metodologias e consistência dos resultados apresentados.

 

    Os dados extraídos dos estudos incluídos foram organizados em categorias temáticas, focando nas variáveis relacionadas à intensidade do treinamento físico e aos impactos nas funções cognitivas. A análise crítica envolveu a comparação entre os estudos, destacando convergências, divergências e limitações metodológicas. Os resultados foram então sintetizados para fornecer uma visão geral do estado atual do conhecimento sobre o tema.

 

    Os resultados foram interpretados à luz da literatura existente, buscando identificar padrões e tendências nos efeitos da intensidade do treinamento físico sobre a cognição. A síntese final integrou os achados principais, destacando as implicações práticas e teóricas, bem como sugerindo direções para futuras pesquisas.

 

Resultados e discussões 

 

    É visto pelos estudos citados nessa revisão de literatura, a importância da compreensão dos transtornos do neurodesenvolvimento e a necessidade urgente de desenvolver abordagens eficazes para o diagnóstico e tratamento precoce. É essencial direcionar intervenções apropriadas para oferecer o suporte necessário aos indivíduos afetados, permitindo que superem os desafios associados a esses transtornos e alcancem seu potencial máximo de desenvolvimento pessoal e social.

 

    A compreensão das funções executivas e seu papel fundamental em vários aspectos da vida é crucial para orientar abordagens terapêuticas eficazes. Além de focar na redução de sintomas, é fundamental promover o bem-estar geral e a melhoria da qualidade de vida para essa população. Nesse contexto, o exercício físico regular surge como uma promissora abordagem complementar para apoiar o desenvolvimento e funcionamento das funções executivas em indivíduos com transtornos do neurodesenvolvimento.

 

    A pesquisa ressalta a importância de explorar alternativas terapêuticas, visando maximizar os benefícios no tratamento dos transtornos mentais do neurodesenvolvimento e melhorar o bem-estar geral dos indivíduos afetados. O exercício físico regular, especialmente o de condicionamento aeróbico, demonstrou contribuir para o aprimoramento das capacidades cerebrais e cognitivas em adultos jovens. Além de proporcionar benefícios físicos, o exercício também apresenta melhorias significativas no funcionamento mental e no desempenho de tarefas que demandam habilidades cognitivas mais complexas.

 

    A relação entre exercícios físicos desafiadores cognitivamente e o aprimoramento das funções executivas é de grande relevância para promover um estilo de vida saudável e desenvolver estratégias de intervenção otimizadas para o funcionamento cognitivo. Ao considerar o aprimoramento de capacidades como planejamento, autodisciplina e autorregulação, a inclusão de exercícios aeróbicos e esportes que estimulem o cérebro de forma abrangente é recomendada.

 

    As evidências destacam a importância de incorporar exercícios dinâmicos e aeróbicos na rotina diária para promover o aprimoramento cognitivo e o bem-estar cerebral. O estímulo proporcionado pelo exercício físico intenso desencadeia respostas benéficas no cérebro, incluindo o aumento de fatores de crescimento como o BDNF (Leckie et al., 2014), que são essenciais para o adequado funcionamento do sistema nervoso e das habilidades cognitivas (Lambourne, e Tomporowski, 2010). Portanto, investir em um estilo de vida ativo com exercício físico desafiadores pode contribuir significativamente para a saúde mental e cognitiva ao longo da vida.

 

    Os achados desta revisão indicam que a intensidade do exercício físico é um fator determinante na eficácia das intervenções para melhorar as funções cognitivas em adultos com transtornos do neurodesenvolvimento. A literatura sugere que a prática de exercícios físicos de moderada a alta intensidade tem o potencial de otimizar funções executivas, proporcionando benefícios que vão além dos observados com exercícios de baixa intensidade.

 

Implicações práticas 

 

    Para profissionais de saúde e treinadores que trabalham com populações com transtornos do neurodesenvolvimento, é importante considerar a intensidade do treinamento físico como um componente crítico na elaboração de programas de intervenção. Recomenda-se que futuros estudos explorem com mais profundidade as intensidades ideais de exercício físico e suas aplicações práticas.

 

Limitações 

 

    Uma limitação desta revisão é a heterogeneidade dos estudos analisados, segundo Dhollande et al. (2021), tanto em termos de metodologia quanto de intervenções. As diferenças nos critérios de inclusão, nos métodos de avaliação cognitiva e nos parâmetros de exercício físico dificultam a comparação direta entre os estudos.

 

Conclusão 

 

    A revisão da literatura evidencia que exercícios físicos aeróbicos, particularmente aqueles que se enquadram na faixa de intensidade moderada a alta (50% a 75% da frequência cardíaca máxima), têm efeitos positivos significativos sobre as funções cognitivas. Esses benefícios são especialmente relevantes para populações com déficits cognitivos, como indivíduos com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e outros transtornos do neurodesenvolvimento. A melhora nas funções executivas, memória de trabalho e atenção sustentada destaca o potencial do exercício físico como uma intervenção não farmacológica eficaz.

 

    No entanto, a literatura atual apresenta lacunas consideráveis. Embora haja consenso sobre os benefícios gerais do exercício físico, ainda falta uma compreensão detalhada sobre quais modalidades de exercício, durações, frequências e combinações de treinamento são mais eficazes para populações específicas dentro do espectro dos transtornos do neurodesenvolvimento. Além disso, os estudos raramente exploram os mecanismos neurobiológicos subjacentes que mediam os efeitos do exercício na cognição, o que é crucial para a personalização das intervenções.

 

    Portanto, recomenda-se que futuras pesquisas se concentrem em delinear protocolos de treinamento mais precisos e específicos, considerando as particularidades de cada grupo dentro dos transtornos do neurodesenvolvimento. Além disso, é imperativo investigar os mecanismos neurofisiológicos e psicológicos que explicam como e por que o exercício físico em diferentes intensidades pode modificar as funções cognitivas. Compreender esses mecanismos não apenas aprimorará a eficácia das intervenções, mas também contribuirá para a criação de diretrizes clínicas mais robustas e direcionadas para essa população.

 

Recomendações para pesquisas futuras 

 

    Futuros estudos devem focar em definir parâmetros mais precisos de intensidade do treinamento físico, explorar a resposta cognitiva a diferentes tipos de exercício, e investigar a aplicação dessas intervenções em subgrupos específicos dentro da população com transtornos do neurodesenvolvimento.

 

    Estudos futuros devem explorar também como a intensidade do exercício afeta indivíduos de diferentes faixas etárias (incluindo idosos) e considerar possíveis diferenças de gênero nas respostas ao treinamento físico, considerando também indivíduos com comorbidades (como ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais) pode oferecer insights mais abrangentes sobre como o exercício físico de diferentes intensidades pode impactar funções cognitivas em contextos complexos.

 

Referências 

 

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Audiffren, M., e André, N. (2019). The exercise-cognition relationship: A virtuous circle. Journal of sport and health science, 8(4), 339-347. https://doi.org/10.1016/j.jshs.2019.03.001

 

Ben-Zeev, T., Hirsh, T., Weiss, I., Gornstein, M., e Okun, E. (2020). The Effects of High-intensity Functional Training (HIFT) on Spatial Learning, Visual Pattern Separation and Attention Span in Adolescents. Frontiers in behavioral neuroscience, 14, 577390. https://doi.org/10.3389/fnbeh.2020.577390

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 318, Nov. (2024)