Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com

ISSN 1514-3465

 

Avaliação técnica dos fundamentos do andebol para atletas da cidade de Maputo

Technical Assessment of Handball Fundamentals for Athletes from the City of Maputo

Evaluación técnica de los fundamentos del balonmano en jugadoras de la ciudad de Maputo

 

Jossefa Fernando Macuácua*

jossefafernando7@gmail.com

Clemente Afonso Matsinhe**

drmatsinhe@gmail.com

 

*Licenciado em Ensino de Educação Física e Desporto

com habilitação em treino de crianças e jovens

pela Universidade Pedagógica de Maputo

Professor de Educação Física no Colégio Beth e na

Canadian Montessori Academy, Maputo

Treinador de Andebol no Clube Desportivo Macthedje de Maputo

Animador extracurricular na modalidade de Atletismo

Lycée Français International Gustave Eiffel, Maputo

**Licenciado em Educação Física e Desporto

Doutorado em Cultura Física e Desporto

na especialidade Didáctica de Educação Física e Treino Desportivo

Docente na Universidade Pedagógica de Maputo e Universidade Eduardo

Colaborador na Universidade Católica de Moçambique

Chefe de Departamento de Pesquisa em População

e Promoção da Actividade Física e Saúde

(Moçambique)

 

Recepción: 28/08/2023 - Aceptación: 21/10/2024

1ª Revisión: 05/02/2024 - 2ª Revisión: 16/10/2024

 

Level A conformance,
            W3C WAI Web Content Accessibility Guidelines 2.0
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0

 

Creative Commons

Este trabalho está sob uma licença Creative Commons

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Cita sugerida: Fernando Macuácua, J., e Afonso Matsinhe, C. (2024). Avaliação das habilidades técnicas dos jogadores de andebol do Clube Desportivo Macthedje de Maputo. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(319), 131-142. https://doi.org/10.46642/efd.v29i319.7190

 

Resumo

    O presente estudo teve como objetivo conhecer as competências técnicas das jogadoras de andebol do Clube Desportivo Matchedje de Maputo. Trata-se de um estudo descritivo transversal e quantitativo, composto por 16 jogadoras de andebol das categorias Juvenis e Juniores com idades compreendidas entre 12 e 19 anos. Foram avaliadas medidas antropométricas (peso e altura) e a avaliação técnica dos fundamentos do andebol foi realizada por meio de uma bateria de testes específicos realizados fora do contexto do jogo. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva (mediana, amplitude interquartil, valores mínimos e máximos) usando o programa IBM SPSS statistics v. 29. Para a comparação das categorias competitivas foi aplicado o teste não paramétrico de U de Mann-Whitney para amostras independentes, com nível de significância de 0,05. Os resultados não evidenciaram diferenças estatisticamente significativas em ambas as categorias em todas as medidas antropométricas. Relativamente a avaliação técnica dos fundamentos do andebol, os resultados demonstraram que não houve diferenças estatisticamente significativas nos testes de remate dos 9 metros e teste de precisão de passes.  Por outro lado, as jogadoras da categoria júnior obtiveram melhores resultados comparativamente aos da categoria juvenil no teste de Knox que avalia a velocidade do drible, do passe e do drible com remate, sedo observadas diferenças estatisticamente significativas nos três procedimentos. O estudo permitiu observar diferenças no domínio das habilidades técnicas dos jovens atletas considerando o nível de categoria competitiva.

    Unitermos: Andebol. Desempenho. Habilidades. Técnicas.

 

Abstract

    The present study aimed to understand the technical skills of handball players at Clube Desportivo Matchedje de Maputo. This is a cross-sectional and quantitative descriptive study, composed of 16 female handball players from the Youth and Junior categories aged between 12 and 19 years old. Anthropometric measurements (weight and height) were evaluated and the technical assessment of the fundamentals of handball was carried out through a battery of specific tests carried out outside the context of the game. Data were analyzed using descriptive statistics (median, interquartile range, minimum and maximum values) using the IBM SPSS statistics v program. 29. To compare competitive categories, the non-parametric Mann-Whitney U test was applied for independent samples, with a significance level of 0.05. The results did not show statistically significant differences in both categories in all anthropometric measurements. Regarding the technical evaluation of the fundamentals of handball, the results demonstrated that there were no statistically significant differences in the 9-meter shot tests and passing accuracy tests. On the other hand, the players in the junior category obtained better results compared to those in the youth category in the Knox test that assesses the speed of dribbling, passing, and dribbling with a shot, with statistically significant differences observed in the three procedures. The study made it possible to observe differences in the mastery of technical skills of young athletes considering the level of competitive category.

    Keywords: Handball. Performance. Skills. Techniques.

 

Resumen

    El presente estudio tuvo como objetivo comprender las habilidades técnicas de los jugadores de balonmano del Clube Desportivo Matchedje de Maputo. Se trata de un estudio descriptivo transversal y cuantitativo, compuesto por 16 jugadores de balonmano de las categorías Juvenil y Junior con edades comprendidas entre 12 y 19 años. Se evaluaron medidas antropométricas (peso y talla) y se realizó la valoración técnica de los fundamentos del balonmano mediante una batería de pruebas específicas realizadas fuera del contexto del juego. Los datos se analizaron mediante estadística descriptiva (mediana, rango intercuartil, valores mínimo y máximo) mediante el programa IBM SPSS stats v. 29. Para comparar categorías competitivas se aplicó la prueba no paramétrica U de Mann-Whitney para muestras independientes, con un nivel de significancia de 0,05. Los resultados no mostraron diferencias estadísticamente significativas en ambas categorías en todas las medidas antropométricas. En cuanto a la evaluación técnica de los fundamentos del balonmano, los resultados demostraron que no hubo diferencias estadísticamente significativas en las pruebas de tiro de 9 metros y en las pruebas de precisión de pase. Por otro lado, los jugadores de la categoría junior obtuvieron mejores resultados respecto a los de la categoría juvenil en el test de Knox que evalúa la velocidad del regate, el pase y el regate con un tiro, observándose diferencias estadísticamente significativas en los tres procedimientos. El estudio permitió observar diferencias en el dominio de las habilidades técnicas de los jóvenes deportistas considerando el nivel de categoría competitiva.

    Palabras clave: Balonmano. Rendimiento. Habilidades. Técnicas.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 319, Dic. (2024)


 

Introdução 

 

    O Andebol é um desporto coletivo que envolve cooperação e oposição entre duas equipes, que disputam uma bola num espaço comum e tentam fazer mais golos que o adversário. É um jogo complexo e dinâmico, marcado pelo conflito gerado pelos objetivos opostos de cada equipe. (Prudente, 2006; Mendes et al., 2021)

 

    Desenvolvido a partir da situação de colaboração e oposição, o jogo de Andebol exige de cada jogador um amplo domínio das habilidades técnicas (HT) específicas, mas sempre de forma bastante flexível. Ou seja, a execução das habilidades técnicas deve estar perfeitamente adaptada às diferentes situações estratégico-tácticas do jogo. (Santos, 2004)

 

    Essas habilidades são essenciais para o desempenho dos jogadores e podem variar conforme o nível de competição, a posição em campo, a idade e o sexo dos atletas. Por isso, uma avaliação objetiva e sistemática das habilidades técnicas dos jogadores de andebol é essencial para reconhecer os seus pontos fortes e fracos, bem como as suas demandas de treino e desenvolvimento.

 

    A avaliação da técnica desportiva, que permita uma descrição detalhada do movimento, assume diferentes papéis no processo de preparação. No caso dos desportos individuais, procura-se uma estabilidade funcional para formar uma estrutura, relativamente normalizada no espaço e no tempo. (Schmidt, 1985)

 

    No caso dos desportos coletivos, procura-se uma adaptação às novas situações mediante a aplicação das habilidades já adquiridas, modificando a estrutura das habilidades já adquiridas e a sua posterior reorganização num nível superior de complexidade. Algumas destas novas situações são facilmente integradas na estrutura adquirida, contudo, outras exigem uma reorganização da própria estrutura e uma mudança qualitativa do sistema. (Tani, 2000)

 

    Nos desportos individuais, a aprendizagem motora é vista mais como um processo de estabilização do desempenho, onde a aleatoriedade e a variabilidade necessitam ser reduzidas ou eliminadas. Neste sentido, o desempenho técnico é descrito a partir de procedimentos biomecânicos e fisiológicos.

 

    Nos desportos coletivos, a aprendizagem motora é vista mais como um processo adaptativo, em que esses fatores de desordem devem ser reconsiderados (Davids et al., 2003; Tani et al., 1992). Ou seja, a avaliação do desempenho da técnica é muito direcionada para a realização de testes que sejam válidos para medir ações técnicas entendidas como determinantes de uma atividade desportiva, através da utilização de indicadores de desempenho. (Kubatko et al., 2007)

 

    De acordo com Contreras, e Ortega (2000), e Méndez-Giménez (1998), a avaliação das habilidades técnicas (HT) nos jogos desportivos coletivos (JDC) pode ser realizada fora do contexto do jogo (através da realização de um conjunto de testes específicos da modalidade) ou em situação real de jogo.

 

    Os índices técnicos avaliados em contextos isolados do jogo permitem discriminar atletas com níveis de desempenho diferenciados, o que nos leva a afirmar que a técnica é, pelo menos, um pré-requisito importante para o rendimento no jogo (Cura, 2001). É neste contexto de argumentação que a avaliação das habilidades técnicas assume grande importância na análise do desempenho técnico dos atletas e do seu rendimento no jogo.

 

    O objetivo deste estudo foi, portanto, conhecer as competências técnicas das jogadoras de andebol do Clube Desportivo Matchedje de Maputo.

 

Métodos 

 

    Trata-se de um estudo descritivo, transversal e quantitativo. A amostra foi composta por 16 jogadoras juvenis e juniores de andebol do Clube Desportivo Matchedje de Maputo, com idades compreendidas entre 12 e 19 anos.

 

    Para compor a amostra deste estudo, foram selecionados atletas que atendiam aos seguintes critérios de inclusão: estar inseridos nas categorias competitivas analisadas, não ter sofrido nenhuma lesão nos últimos três meses que afetasse a realização dos testes ou estar em fase de recuperação adequada e possuir pelo menos um ano de prática na modalidade (período considerado suficiente para que as jogadoras tenham adquirido as habilidades básicas necessárias para a praticada modalidade). Esses critérios se seleção foram baseados nos estudos de Fonseca Junior et al. (2022), Silva (2024), e Toescher et al. (2022).

 

    A amostra foi dividida em dois grupos, conforme a categoria competitiva: 9 (56,25%) jogadoras da categoria juvenil e 7 (43,75%) da categoria júnior.

 

    A pesquisa foi aprovada pelo Conselho Científico da Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Pedagógica de Maputo. As atletas, pais ou responsáveis, tomaram conhecimento da pesquisa assinando o termo de consentimento livre e esclarecido.

 

Instrumentos 

 

    Avaliação antropométrica 

 

    Para avaliação antropométrica, foram selecionadas as medidas de Peso (kg) e Altura (cm), a partir das quais se calculou o Índice de Massa Corporal (IMC), dividindo-se a massa peso pelo quadrado da Altura em metros.

 

    A estatura dos atletas, foi aferida com uma fita métrica fixada na parede a 1metro do solo (distância do solo a fita) e estendida de baixo para cima, a leitura feita com uma régua de 50 cm colocada sobre o vértex comprimindo os cabelos.

 

    Os atletas foram orientados a ficar em pé, com os calcanhares e joelhos juntos, braços soltos e posicionados ao longo do corpo, com as palmas das mãos voltadas para as coxas. Manter as pernas retas, os ombros relaxados e a cabeça no plano horizontal de Frankfort, (olhando para frente em linha reta na altura dos olhos). Os calcanhares, a panturrilha, as nádegas, a escapula e a parte posterior da cabeça encostado à superfície vertical da parede.

 

    Para aferir a massa corporal das atletas, foi utilizada uma balança mecânica da marca Seca com capacidade mínima de 10 kg e precisão de 1 kg, e capacidade máxima de 150 kg. As atletas foram orientadas a permanecer de pé no centro da plataforma, com os pés unidos, com o menor número de roupas possíveis e desprovidos de qualquer objeto que interfira na medida.

 

    Avaliação das habilidades técnicas 

 

    Para avaliação técnica dos fundamentos do andebol foi aplicada uma bateria de testes proposta por Bastos (2010). Essa bateria consiste num conjunto de testes específicos para jogadores de andebol, realizados fora do contexto do jogo. A escolha destes testes, justifica-se, portanto, pelo facto de estes permitirem, em ambientes insoladas do jogo, distinguir atletas com diferentes níveis de desempenho. Os testes incluem:

Teste de remate dos 9 metros 

 

    Objetivo: Avaliar a habilidade das atletas no arremesso frontal.

 

    Material: Espaço livre com superfície plana, uma trave de andebol dividida em áreas de resultado com cordas colocadas conforme a Figura 1.

 

    Procedimento: As atletas foram instruídas a executar 10 remates a baliza, sendo 5 remates com salto e 5 remates parados. Podendo dar até 3 passos preparatórios, mas sem pisar sobre a linha dos 9 metros ou além dela. Para o resultado do teste, foi somado o total dos pontos ganhos (não contando com os que tocam no chão) para os 10 remates.

 

Figura 1. Demonstração das linhas e pontuações para o teste de remate dos 9 metros

Figura 1. Demonstração das linhas e pontuações para o teste de remate dos 9 metros

Fonte: Bastos (2010)

 

Teste de precisão de passes 

 

    Objetivo: Avaliar a habilidade das atletas com a mão dominante no passe em velocidade

 

    Material: Espaço livre com superfície plana, fita adesiva ou giz, bolas de andebol, cronometro, planilha e lápis

 

    Procedimento: Uma linha limite foi demarcada a 2,5 metros de uma superfície de parede regular e paralela ao chão. As atletas foram orientadas a se posicionar atrás da linha limite com a bola de andebol em mãos. Ao sinal do avaliador, eles deveriam lançar a bola para a parede usando a mão dominante e recuperá-la com ambas as mãos.

 

    O movimento foi repetido 10 vezes seguidas. O cronómetro foi acionado quando a bola atingiu a parede pela primeira vez e parado quando a bola bateu na parede pela décima vez. Foram executadas duas tentativas, registando-se o melhor resultado obtido.

 

Teste de Knox 

 

    Objetivo: Avaliar a velocidade da realização do drible, passe e remate.

 

    Material: Espaço livre com superfície plana, sete obstáculos, uma bola de andebol, um cronómetro, planilha e lápis.

 

    Procedimento: O teste contempla três procedimentos a destacar.

Procedimento 1: Velocidade do drible 

 

    No espaço livre, foi demarcada uma linha de partida e os cones foram distribuídos conforme a Figura 2. As atletas foram orientadas a colocar a bola na linha de partida e ficar de pé atrás da mesma com as mãos sobre os joelhos. Ao sinal do avaliador, o atleta deve pegar a bola, ir e voltar driblando ao longo dos obstáculos como indicado na Figura 2.

 

    O cronómetro foi acionado ao sinal do avaliador e parado após o atleta retornar à linha, sendo registado o tempo decorrido entre o início e o fim do teste.

 

Figura 2. Representação da demarcação e trajecto do teste drible de Knox

Figura 2. Representação da demarcação e trajecto do teste drible de Knox

Fonte: Bastos (2010)

 

Procedimento 2: Velocidade do passe 

 

    No espaço livre, foi demarcada uma linha limite no solo a 1,50 metros da parede e paralela a esta. As atletas foram orientadas a se posicionar de pé atrás da linha, lançar e recuperar a bola 15 vezes da parede o mais rápido possível, utilizando o passe do peito. O teste foi repetido caso qualquer uma das recuperações exigisse mais de um passe para recuperar a bola, sendo registado o tempo decorrido entre o início e o fim do teste.

 

Procedimento 3: Drible com remate 

 

    Foi seguido o mesmo procedimento do teste de velocidade de drible, mas utilizando-se apenas 3 obstáculos. As atletas foram orientadas a fazer um golo antes de voltar. Caso o atleta falhe na marcação do golo na sua primeira tentativa, deverá continuar até que tenha sucesso, podendo utilizar qualquer tipo de arremesso. O tempo necessário para realização do teste foi registado.

Análise de dados 

 

    Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva (mediana, amplitude interquartil, valores mínimos e máximos) usando o programa IBM SPSS statistics v. 29. Devido ao tamanho da amostra e os resultados dos testes de normalidade de Kolmogorov-Smirnov, optou-se por comparar as duas categorias competitivas pelo teste não paramétrico de U de Mann-Whitney para amostras independentes, com nível de significância de 0,05. Nas medidas antropométricas, foi observado um tamanho de efeito de magnitude pequena nas medidas de peso e altura e um tamanho de efeito de magnitude médio para o IMC. Nos testes técnicos, foi observado um tamanho de efeito de magnitude Irrisório no teste de remate de 9 metros e um tamanho de efeito de magnitude médio no de precisão de passes. No teste de teste Knox, foi observado no procedimento 1 (velocidade de drible) e no procedimento 3 (Drible com remate) um tamanho de efeito de magnitude grande e no procedimento 2 (velocidade do passe) foi observado um tamanho efeito de magnitude médio.

 

Resultados 

 

Tabela 1. Dados descritivos e comparação das categorias Juvenis e Juniores nas medidas da antropométricas

 

Juvenis

Juniores

U

P-valor

Md (IQR)

mín -máx

Md (IQR)

mín - máx

Peso

50 (6)

42 - 60

54,0 (10)

49 - 60

22,00

0,351

Altura

1,60 (0,1)

1,50 - 1,70

1,57 (0,1)

1,50 - 1,70

27,50

0,671

IMC

20,45 (2)

18 - 24

21,26 (2)

19 - 24

19,50

0,204

Legenda: Md = Media; IQR = Amplitude Interquartil; min = Mínimo; máx = Máximo; U = valor do U de Mann-Whitney. 

Fonte: Autores

 

    A Tabela 1 apresenta os resultados da análise estatística que permitem descrever e comparar as jogadoras das categorias Juvenis e Juniores nas medidas antropométricas. Observa-se que não houve diferenças estatisticamente significativas em ambas categorias (U = 22,00; P > 0,05).

 

Tabela 2. Dados descritivos e comparação das categorias Juvenis e Juniores nas habilidades técnicas

 

Juvenis

Juniores

 

U

 

P-valor

Md (IQR)

mín - máx

Md (IQR)

mín - máx

Remate dos 9 metros

16,0 (7)

13 - 24

18,0 (6)

12 - 20

31,00

0,958

Teste de precisão de passes

0,13 (0)

0 - 0

0,14 (0)

0 - 0

24,50

0,452

Velocidade do drible

0,17 (0)

0 - 0

0,12 (0)

0 - 0

10,0

0,021

Velocidade do passe

0,16 (0)

0 - 0

0,13 (0)

0 - 0

3,50

0,003

Drible remate

0,05 (0)

0 - 0

0,03 (0)

0 - 0

2,00

0,001

Legenda: Md = Media; IQR = Amplitude Interquartil; min = Mínimo; máx = Máximo; U = valor do U de Mann-Whitney. 

Fonte: Autores

 

    Os resultados da Tabela 2 indicam que não houve diferenças estatisticamente significativas em ambas as categorias no teste de remate dos 9 metros (U = 31,00; P > 0,05) e no teste de precisão de passes (U = 24,50; P > 0,05).

 

    No teste de Knox, as jogadoras da categoria júnior apresentaram melhor resultado comparativamente aos da categoria juvenil, necessitando estes de menos tempo para realização do teste. Neste teste, os tempos mais curtos revelam o domínio da habilidade técnica específica. No entanto, esta diferença revela-se estatisticamente significativa em todos os três procedimentos: velocidade do drible (U = 10,00; P < 0,05); velocidade do passe (U = 3,50; P < 0,05) e drible, remate (U = 2,00; P < 0,05).

 

Discussão 

 

    As características morfológicas dos atletas são de muita importância para a prática do andebol, uma vez que são elas que dão as condições para o treino das qualidades físicas necessárias para um bom desempenho. (Eleno et al., 2002)

 

    A literatura aponta que, os praticantes de nível competitivo mais alto apresentaram-se mais altos e pesados comparativamente aos seus colegas de nível competitivo mais baixo. (Fernández-Romero et al., 2010; Matthys et al., 2011; Campos et al., 2021)

 

    No entanto, na presente pesquisa, não foram evidenciadas diferenças estatisticamente significativas para mediadas antropométricas em ambas categorias.

 

    De acordo com Malina et al. (2003) as meninas abrangem o seu pico de velocidade de aumento anual de estatura em torno dos 11 anos, a partir daí, ao atingirem as idades entre 13 e 16 anos, o crescimento é mais lento e estável.

 

    Portanto, acredita-se que a idade da amostra em estudo pode ter influenciado na ausência de diferenças estatisticamente significativas para as medidas antropométricas, considerando que 56,25% pertenciam às idades de crescimento estável.

 

    Resultados similares aos desta pesquisa foram encontrados por Fonseca Junior et al. (2022) num estudo realizado com 39 atletas de andebol feminino, com média de idade cronológica de 15,85±1,22 das categorias cadente e juvenil. Os resultados alcançados por estes autores também não evidenciaram diferenças estatisticamente significativas em grupos nas medidas antropométricas, considerando que pertencem a níveis de rendimento diferentes.

 

    Outro estudo realizado por Paes (2010) com 34 jogadores de basquetebol do sexo feminino com idades compreendidas entre os 14 a 17 anos de duas categorias competitivas diferentes (iniciados e infanto-juvenis) também não evidenciou diferenças estatisticamente significativas em ambas as categorias competitivas para variáveis antropométricas.

 

    Relativamente aos testes dos fundamentos técnicos, as jogadoras da categoria júnior obtiveram melhores resultados comparativamente aos da categoria juvenil no teste de Knox que avalia a velocidade do drible, do passe e do drible com remate. Essa diferença foi estatisticamente significativa nos três procedimentos.

 

    De acordo com Vieira, e Freitas (2007), a técnica no andebol é um elemento que possibilita a realização do jogo, por servir de base para a táctica. A técnica consiste na execução dos movimentos ou dos fundamentos do andebol, ou seja, no “como fazer” e depende de vários fatores pessoais, como as capacidades físicas e as habilidades motoras gerais e específicas que o praticante possui, além de aspectos cognitivos essenciais para a compreensão do jogo. Além disso, fatores como a experiência de jogo e a qualidade do treino podem ter influenciado nos melhores resultados obtidos pelas atletas da categoria júnior, considerando que elas já competem num nível mais alto de rendimento.

 

    No entanto, é importante notar que a literatura existente sobre o assunto é limitada. Um estudo realizado por Paes (2010) teve o objetivo de verificar o efeito das categorias competitivas sobre os fundamentos técnicos de 34 atletas de basquetebol feminino das categorias iniciadas e infanto-juvenil, com idades entre 14 e 17 anos.

 

    Os resultados encontrados neste estudo mostram que as atletas da categoria infanto-juvenil apresentaram melhores resultados relativamente à categoria iniciadas na maioria dos testes técnicos realizados, sendo evidenciadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Segundo o autor, esses resultados poderiam estar relacionados ao tempo de prática na modalidade, apesar de não ter sido controlada a quantidade de treino técnico aplicado durante os treinos. Segundo o mesmo autor, o fato de as atletas da categoria infanto-juvenil serem mais experientes poderia contribuir para os melhores resultados em testes técnicos que exigem precisão com a bola.

 

    Em resumo, os resultados do estudo em questão estão alinhados com os achados da literatura existente, que sugerem que os jogadores de nível competitivo mais alto têm um desempenho superior em testes de habilidades técnicas, em comparação com os jogadores de nível completivo baixo.

 

Conclusão 

 

    O estudo não demonstrou diferenças estatisticamente significativas nas variáveis antropométricas em ambas categorias. No entanto, as jogadoras da categoria júnior apresentaram maior eficácia na execução dos fundamentos técnicos do andebol, visto que esses apresentaram valores estatisticamente significativos na maioria dos testes realizados. Esses resultados indicam que o nível de categoria competitiva influência no domínio dos fundamentos técnicas das jovens atletas, possivelmente devido à maior experiência e a qualidade treino. Portanto, recomenda-se que os treinadores e os profissionais da área de andebol invistam em programas de treino específicos para cada categoria, visando o desenvolvimento integral dos atletas.

 

Referencias 

 

Bastos, L.A.N. (2010). Proposta de testes para a avaliação de praticantes de handebol [Trabalho de conclusão. Licenciatura em Educação Física. Instituto de Biociências de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista]. http://hdl.handle.net/11449/118237

 

Campos, R.R.D.O., Volossovitch, A., e Ferreira, A.P.P. (2021). Atributos morfológicos, características funcionais e desempenho competitivo em jovens jogadores de andebol. Revista de Ciencias del Deporte - Journal of Sport Science, 17(2) 1885-7019. http://hdl.handle.net/10662/13104

 

Contreras, M., e Ortega, J. (2000). La observación en los deportes de equipo. Lecturas: Educación Física y Deportes, 18. http://www.efdeportes.com/efd18a/dequipo.htm

 

Cura, J.J.A.A. (2001). Avaliação das habilidades técnicas em jovens basquetebolistas: níveis de associação entre o desempenho em situação analítica e o desempenho em situação de jogo [Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto]. https://hdl.handle.net/10216/9575

 

Davids, K., Glazier, P., Araújo, D., e Bartlett, R. (2003). Movement systems as dynamical systems: the functional role of variability and its implications for sports medicine. Sports medicine, 33, 245-260. https://doi.org/10.2165/00007256-200333040-00001

 

Eleno, T.G., Barela, J.A., e Kokubun, E. (2002). Tipos de esforço e qualidades físicas do handebol. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 24(1). http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/343

 

Fernández-Romero, J.J., Suárez, M.E.V., e Rodríguez, F.A. (2010). Modelo de estudio de la estructura condicional a través de un análisis multivariante enfocado a la detección de talentos en jugadores de balonmano. European Journal of Human Movement, 12. https://www.researchgate.net/publication/49604827

 

Fonseca Junior, S.J.F., Souza, J.R. de, Oliveira, Y.G. de, Salloto, G.R.B., e Gama, C.O. da (2022) Características antropométricas e de aptidão física de atletas cadete e juvenil de handebol feminino. Coleção Pesquisa em Educação Física, 21(1), 981-4313. https://www.researchgate.net/publication/359515532

 

Kubatko, J., Oliver, D., Pelton, K., e Rosenbaum, D.T. (2007). A starting point for analyzing basketball statistics. Journal of quantitative analysis in sports, 3(3). https://doi.org/10.2202/1559-0410.1070

 

Malina, R.M., Bouchard, C., e Bar-Or, O. (2003). Growth, maturation and physical activity. Human Kinetics.

 

Matthys, SP, Vaeyens, R., Vandendriessche, J., Vandorpe, B., Pion, J., Coutts, AJ, Lenoir, M., e Philippaerts, RM (2011). Um modelo de identificação multidisciplinar para o handebol juvenil. Jornal Europeu de Ciência do Esporte, 11(5), 355-363. https://doi.org/10.1080/17461391.2010.523850

 

Méndez-Giménez, A. (1998). La observación in vivo del rendimiento deportivo. Un instrumento de análisis en iniciación al baloncesto. Lecturas: Educación Física y Deportes, 12(3). https://www.efdeportes.com/efd12/amendez.htm

 

Mendes, J.C., Greco, J.P., Ibáñez, S.J., e Nascimento, J.V. (2021). Construção do modelo de jogo no andebol. Pensar em movimento: Revista de Ciências do Exercício e da Saúde, 19(1), 1-25. https://doi.org/10.15517/pensarmov.v19i1.42052

 

Prudente, J.F.P.N. (2006). Análise da performance táctico-técnica no andebol de alto nível: Estudo das acções ofensivas com recurso à análise sequencial. [Dissertação de doutoramento. Universidade da Madeira]. http://hdl.handle.net/10400.13/123

 

Santos, L.R. (2004). Tendências evolutivas do jogo de Andebol: Estudo centrado na análise da performance táctica de equipas finalistas em campeonatos do mundo e jogos olímpicos. [Tese de Doutoramento em Ciências do Desporto, FCDEF, Universidade de Porto]. http://hdl.handle.net/10216/9589

 

Schmidt, R.A. (1985). A palestra de pesquisa de CH McCloy de 1984: A busca pela invariância no comportamento de movimento qualificado. Pesquisa trimestral para exercício e esporte, 56(2), 188-200. https://doi.org/10.1080/02701367.1985.10608457

 

Silva, N.C.P.D. (2024). Relação entre a antropometria, aptidão física e pliometria com o desempenho de acertos de gols em arremessos de 9 metros no handebol [Dissertação de Mestrado em Educação Física. Universidade Federal de Sergipe]. https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/19503

 

Paes, F.D.O. (2010). Antropometria e desempenho técnico de jovens atletas de basquetebol do sexo feminino [Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo]. https://doi.org/10.11606/D.39.2010.tde-19082010-174656

 

Tani, G. (2000). Processo adaptativo em aprendizagem motora: o papel da variabilidade. Rev. paul. educ. fís, Supl. 3, 55-61. https://doi.org/10.11606/issn.2594-5904.rpef.2000.139613

 

Tani, G., Bastos, F. da C., Castro, I.J. de, Jesus, J.F. de, Sacay, R. de C., e Passos, S. de C.E. (1992). Variabilidade de resposta e processo adaptativo em aprendizagem motora. Revista Paulista de Educação Física, 6(1), 16-25. https://doi.org/10.11606/issn.2594-5904.rpef.1992.138056

 

Toescher, G.K., Marcon, L.G., Marques, L.R., Silva, F.A. da, e Mainenti, M.R.M. (2022). Antropometria e aptidão física em atletas de handebol masculino regional por posição de jogo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 36, e36174212. https://doi.org/10.11606/issn.1981-4690.2022e36174212

 

Vieira, S., e Freitas, A. (2007). O que é handebol. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, COB.


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 319, Dic. (2024)