Laianne Brito e Silva*

laianne_britosal@hotmail.com

Rodrigo de Magalhães Vianna**

rodrigo.vianna@uniredentor.edu.br

*Graduada em Administração de Empresas pela Unopar

Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal de Juiz de Fora

Atualmente cursa Licenciatura em Pedagogia

pela Universidade Federal de Ouro Preto

Cursa Formação Inicial e Continuada de Eletricista

de Sistema de Energias Renováveis do Programa Qualifica Mais / Energife

*Graduado em Licenciatura Plena em Educação Física

pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Especialização em Atividades Motoras para Promoção da Saúde e Qualidade de Vida

Especialista em Aspectos Metodológicos e Conceituais da Pesquisa Cientifica pela UFJF

Mestre em Educação Física pela UFJF

Atualmente é professor Formador I

do curso de licenciatura em educação física EAD/Capes/FAEFID

Membro do grupo de pesquisa NGIME - Núcleo de Pesquisa

em Inclusão, Movimento e Ensino a Distância

(Brasil)

Recepção: 06/06/2023 - Aceitação: 31/08/2023

1ª Revisão: 07/07/2023 - 2ª Revisão: 28/08/2023

Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0

Citação sugerida: Silva, L.B. e, e Vianna, R. de M. (2024). Contribuições da Educação Física escolar em relação à obesidade infantil. Uma revisão de literatura. Lecturas: Educación Física y Deportes, 28(309), 167-179. https://doi.org/10.46642/efd.v28i309.7064

 

Resumo

    A obesidade na infância e na adolescência tem aumentado a prevalência e se tornado um problema de saúde pública no mundo, o que contribui para o aumento do risco de inúmeras doenças graves, que podem ter seu desfecho na vida adulta. Trata-se de um problema de saúde pública, que deve ser prevenido e tratado ainda na infância e adolescência. A escola instituição que oportuniza os alunos ao aprendizado, e deve possibilitar que os alunos se tornam conhecedores da importância de como deve ser a sua alimentação e também a relevância da atividade física frequente, no gasto de calorias necessárias para vida de uma criança saudável. As aulas de Educação Física, no ambiente escolar pode ser um dos momentos mais propícios para ressalvar a importância da prática da atividade física e a alimentação saudável para a promoção da saúde. Neste contexto, objetivou-se com essa pesquisa discutir as contribuições das aulas de educação física em relação a obesidade infantil. O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica exploratória e descritiva. A educação física pode contribuir sendo uma disciplina facilitadora nas mudanças de hábitos de vida, incentivando alunos e familiares a adotarem a prática de atividades físicas e hábitos alimentares saudáveis. Os professores podem assim gerar a conscientização da saúde, com intervenções acerca da necessidade de uma alimentação saudável aliada a práticas corporais; incentivo para mudança do estilo de vida sedentário para ativo; conscientização dos malefícios da obesidade, sobrepeso e comorbidades; inserção da família no processo de prevenção e tratamento da obesidade.

    Unitermos: Obesidade infantil. Educação Física. Atividade física. Comportamento alimentar.

 

Abstract

    Obesity in childhood and adolescence has increased in prevalence and become a public health problem in the world, which contributes to the increased risk of numerous serious diseases, which can have their outcome in adult life. It is a public health problem that must be prevented and treated in childhood and adolescence. The school is an institution that provides students with opportunities to learn, and should enable students to become aware of the importance of how their diet should be and also the relevance of frequent physical activity, in the expenditure of calories necessary for the life of a healthy child. Physical Education classes, in the school environment, can be one of the most favorable moments to highlight the importance of physical activity and healthy eating for health promotion. In this context, the objective of this research was to discuss the contributions of physical education classes in relation to childhood obesity. The present study is an exploratory and descriptive bibliographic research. Physical education can contribute by being a discipline that facilitates changes in life habits, encouraging students and their families to adopt the practice of physical activities and healthy eating habits. Teachers can thus generate health awareness, with interventions about the need for a healthy diet combined with body practices; encouragement to change from a sedentary to an active lifestyle; awareness of the harmful effects of obesity, overweight and comorbidities; insertion of the family in the process of prevention and treatment of obesity.

    Keywords: Childhood obesity. Physical Education. Physical activity. Eating behavior.

 

Resumen

    La obesidad en la infancia y la adolescencia ha aumentado su prevalencia y se ha convertido en un problema de salud pública a nivel mundial, lo que contribuye a un mayor riesgo de padecer numerosas enfermedades graves, que pueden desarrollarse en la edad adulta. Este es un problema de salud pública que se debe prevenir y tratar durante la infancia y la adolescencia. La escuela es una institución que brinda oportunidades de aprender, y debe permitir tomar conciencia de la importancia de cuál debe ser su alimentación y también de la relevancia de la actividad física frecuente, en el gasto de calorías necesarias para una vida saludable. Las clases de Educación Física en el ámbito escolar pueden ser momentos adecuados para resaltar la importancia de la actividad física y la alimentación saludable para la salud. En este contexto, el objetivo de esta investigación fue discutir los aportes de las clases de Educación Física en relación a la obesidad infantil. Es una investigación bibliográfica exploratoria y descriptiva. La Educación Física puede contribuir porque facilita cambios en hábitos de vida, incentivando a estudiantes y familias a adoptar actividades físicas y alimentación saludable. Los docentes pueden así generar conciencia sobre la salud, con intervenciones sobre la necesidad de una alimentación saludable combinada con prácticas corporales; estímulo para cambiar de un estilo de vida sedentario a uno activo; conciencia de los daños de la obesidad, el sobrepeso y las comorbilidades; inserción de la familia en el proceso de prevención y tratamiento de la obesidad.

    Palabras clave: Obesidad infantil. Educación Física. Actividad física. Conducta alimentaria.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 309, Feb. (2024)

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Introdução 

 

    A obesidade é conceituada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um acúmulo exagerado de gordura corporal que pode prejudicar a saúde dos indivíduos. Decorrente do desequilíbrio da ingestão de alimentos com altas taxas de calorias e o baixo uso energético (OMS, 2014). A obesidade é uma doença crônica não transmissível (DCNT). A OMS trata a obesidade como “a epidemia do século” e os números publicados são alarmantes um número de crianças e adolescentes com obesidade, e ainda, um rol de doenças são associadas à obesidade (OMS, 2014). Nos últimos anos, o sobrepeso e a obesidade infantil surgiram como um dos problemas de saúde mais graves. (OMS, 2014)

 

    No Brasil, observou-se, nos últimos 50 anos, um rápido declínio da desnutrição em crianças e um aumento em ritmo acelerado de sobrepeso e obesidade. De acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o porcentual de crianças entre 5 e 9 anos de idade com excesso de peso chega a 33,5% e quanto a adolescência, o quantitativo é de 20,5% (Barroso et al., 2017). Para Almeida et al. (2017), os fatores hereditários são uma das principais causas da obesidade. Sabe-se que pais com excesso de peso têm alta probabilidade de seus filhos serem obesos. No entanto, a herança biológica é difícil de entender porque pais e filhos têm hábitos alimentares e exercícios físicos semelhantes.

 

    A obesidade é um dos fatores mais relevantes para o desenvolvimento de doenças não transmissíveis. Crianças obesas são mais predispostas ao desenvolvimento de aterosclerose subclínica, intolerância à glicose e pré-diabetes que podem se ampliar na idade adulta. A obesidade abdominal está ligada a fatores de risco cardiovasculares e distúrbios metabólicos como Diabetes Mellitus, dislipidemia e hipertensão arterial sistêmica (Almeida et al., 2017; Baggio et al., 2021). As consequências da obesidade na saúde são inúmeras, desde o aumento do risco de morte a queixas debilitantes com efeitos na qualidade de vida. As comorbilidades associadas à obesidade mostram a gravidade desta doença. Diversas patologias podem ser prevenidas, tratadas ou pelo menos amenizadas se mantivermos um estilo de vida saudável com prática de atividades físicas e hábitos alimentares saudáveis. A atividade física tem sido tratada como instrumento de proteção para a saúde (Shiroma, e Lee, 2015). Pesquisas têm associado seus benefícios à redução de doenças crônicas (Harati, 2010). Consequentemente, a atividade física vem sendo crescentemente introduzida em programas que visam promover hábitos saudáveis, prevenção e controle de doenças. (Kayser et al., 2013)

 

    A prática de atividades físicas e a alimentação equilibrada são essenciais para a vida do ser humano em qualquer etapa da vida para a manutenção da saúde, entre as crianças estes hábitos são determinantes para o seu desenvolvimento (Silva et al., 2018). Contudo, tem-se notado a tendência dos brasileiros em seguirem novos hábitos, instituídos pela indústria alimentar e marcados pelo consumo exagerado de produtos artificiais, em detrimento de produtos naturais. (Souza, 2015)

 

    A escola como instituição que oportuniza os alunos ao aprendizado, e deve possibilitar que os alunos se tornem conhecedores da importância de como deve ser a sua alimentação e também a relevância da atividade física frequente, no gasto de calorias necessárias para vida de uma criança saudável. As aulas de Educação Física, no ambiente escolar pode ser um dos momentos mais propícios para ressalvar a importância da prática da atividade física e a alimentação saudável para a promoção da saúde. (Araújo, Brito, e Silva, 2010)

 

    Os brasileiros tendem a adotar novos hábitos criados pela indústria alimentícia, que têm sido rotulados como consumo excessivo de produtos artificiais em detrimento dos alimentos naturais, junto do sedentarismo pode trazer riscos à saúde das pessoas. As aulas de Educação Física, no ambiente escolar pode ser um dos momentos mais aproveitáveis para ressaltar a importância da prática da atividade física e a alimentação saudável para promoção da saúde. O presente estudo é importante, pois o tema é relevante para a sociedade atual, visto que se trata da atividade física para a prevenção e tratamento da obesidade, e logo outras patologias. Neste contexto, objetivou-se com essa pesquisa discutir as contribuições das aulas de Educação Física em relação à obesidade infantil. O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica exploratória e descritiva sobre a temática.

 

Metodologia 

 

Tipo de pesquisa 

 

    O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, revisão narrativa descritiva e qualitativa. Segundo Almeida (2011), a pesquisa bibliográfica busca relações entre conceitos, características e ideias. Para Severino (2007), essa modalidade de pesquisa se caracteriza a partir do registro disponível, que decorre de pesquisas já realizadas, em livros, artigos, teses e documentos impressos.

 

Procedimentos 

 

    O processo de seleção dos artigos para esta revisão é demonstrado no Fluxograma 1. O total de documentos encontrados foi 16, mas 11 foram excluídos, pois, não atendiam aos critérios de inclusão, resultando em 05 artigos selecionados para esta revisão.

 

    Os critérios de inclusão para a seleção dos estudos foram artigos publicados nos últimos 5 anos (2017-2022), escritos em língua portuguesa, que atenderam a temática, sendo retirados artigos duplicados, excluídos ainda artigos de revisão, que o título não atendia o tema, que com a leitura do resumo não estavam de acordo e alguns que após leitura na íntegras e tratava de pesquisas experimentais.

 

Fonte: Dados da pesquisa

 

Amostra e instrumentos 

 

    Foram consultadas as bases de dados eletrônicos: Scientific Electronic Library Online (Scielo), Google Acadêmico e Pubmed. Os descritores da área de saúde utilizados para a busca foram: obesidade infantil, educação física, atividade física e comportamento alimentar, com suas combinações. As buscas dos artigos foram realizadas em outubro e dezembro de 2022.

 

Resultados e discussão 

 

    Foram selecionados 5 estudos, estes compuseram a amostra da discussão do presente pesquisa (Quadro1).

 

Título	Autor/Ano	Objetivo	Síntese das conclusões
A obesidade infantil no Brasil e fatores associados: desafios para os professores de educação física	Nogueira et al. 2020	Contribuir para que o discente obtenha conhecimentos substanciais sobre Epidemiologia em Educação Física e fatores determinantes para a saúde, e sobre o aumento da prevalência da obesidade infantil.	É de grande valia o papel do professor de Educação Física e suas muitas responsabilidades, dentre elas a de educar e incentivar os alunos na prática esportiva, tratar sobre os riscos da obesidade, mostrando para eles a importância de permanecer ativo desde a infância. Porém para um melhor resultado é preciso repensar a carga horária de Educação Física nas escolas, pois atualmente apresenta uma carga horária insuficiente para desenvolver um trabalho específico com os alunos.
Benefícios da atividade física no controle da obesidade infantil	Silva, e Bezerra 2017	Avaliar, com base na literatura, os benefícios da atividade física no controle da obesidade infantil	Esse profissional através do seu conhecimento na atividade física contribui para o desenvolvimento de uma sociedade saudável. Os benefícios da atividade física no controle da obesidade infantil são inúmeros, sendo eles a prevenção de alterações metabólicas, prevenção de doenças crônicas cardiovasculares, a melhora na qualidade do sono, desenvolvimento intelectual, controle de estresse e bem-estar com a estética corporal.
Prevenção da obesidade infantil na escola: o papel da educação física	Barbosa et al. 2019	Avaliar as causas e consequências da obesidade infantil, apontando, por conseguinte, uma proposta de prevenção e intervenção da Educação Física escolar.	O papel do professor de Educação Física é de fundamental importância no processo, desde que haja profissionalismo e estrutura de ensino, capazes de fornecer os meios necessários para o exercício do conhecimento teórico e prático da área.A prevenção da obesidade infantil resulta uma tarefa difícil, visto que o professor de Educação Física joga apenas com uma parte do processo, isto é, como mediador, sendo necessária a união dos seus interesses com os da família.
Intervenções de atividade física e educação nutricional para combater a obesidade infantil na escola: revisão sistemática	Serra et al. 2018	Identificar quais são as propostas de Intervenções de Promoção da Saúde no contexto Escolar e analisar a respectiva efetividade no combate a obesidade infantil	Entre as intervenções que apresentam resultados positivos, os autores salientam a importância de uma proposta a longo prazo com o envolvimento dos familiares objetivando a perpetuação dos efeitos. As intervenções a longo prazo com o envolvimento dos familiares obtiveram os resultados mais satisfatórios com relação a saúde dos escolares.
A importância da educação física na vida de crianças obesas	Silva, e Veneziano 2021	Analisar, por meio de uma revisão de literatura, a importância da educação física escolar e suas contribuições no controle da obesidade infantil	A Educação Física, voltada para uma proposta de educação que influencie na prevenção por meio da informação e do incentivo, a fim de buscar estilos de vida saudáveis, se apresenta como meio bastante eficaz na ação de combate a obesidade infantil, uma vez que um dos maiores causadores do excesso de peso é a inatividade física.

Fonte: Próprios autores

 

    A obesidade infantil em nossa sociedade tem se desenvolvido de forma significativa e assustadora. Caracterizando um problema de saúde pública que envolve vários aspectos relevantes, decorrente de sua manifestação lenta tornando-se muito perigosa, além de desencadear outras doenças metabólicas e cardiovasculares (Nogueira et al., 2020). Contudo, há alternativas para prevenção e tratamento desse problema, conforme apontam os estudos.

 

    Para Nogueira et al. (2020) a Educação Física escolar é uma interessante oportunidade para despertar e esclarecer novos conhecimentos aos educandos e seus familiares esclarecendo sobre os hábitos alimentares mais saudáveis, o estilo de vida adequado e incentivo a prática de atividades físicas. Corroborando com Nogueira et al. (2020), o estudo de Silva e Bezerra (2017) concorda com a necessidade de prevenção e dos riscos da criança obesa e com sobrepeso, e asseguram que o professor de Educação Física tende a interagir não apenas durante a aplicação de atividades físicas durante as suas aulas, mas também na detecção da obesidade, incentivando hábitos saudáveis, destacando os benefícios proporcionados pela atividade física. No entanto, existe também a necessidade do acompanhamento nutricional e apoio da família.

 

    Barbosa et al. (2020) asseguram que a Educação Física proporciona vários benefícios aos alunos, desde o momento em que incentivam o desenvolvimento das práticas corporais a fim de adquirir melhorias na saúde, e no próprio um estilo de vida saúde. Os autores afirmam que a prevenção da obesidade infantil resulta uma tarefa difícil, visto que o professor de Educação Física joga apenas com uma parte do processo, isto é, como mediador, sendo necessária a união dos seus interesses com os da família.

 

    O apoio no ambiente familiar, por sua vez, depende muito da participação dos pais, que devem estimular a alimentação saudável e a prática de esportes, sendo, portanto, de forma prazerosa, de modo a extinguir o sedentarismo da rotina familiar. Já o apoio da obesidade no ambiente escolar, foco do presente estudo, torna-se papel fundamental da educação física, pois, por meio do ensino-aprendizagem, o aluno pode ser incentivado a adotar para o resto da vida hábitos saudáveis como a ingestão de alimentos de caráter nutritivo e atividades que desenvolvam o gosto pela atividade física, de forma disciplinada e constante. (Silva, e Bezerra, 2017)

 

    No contexto escolar, acompanhar o estado de saúde em alunos é necessário, pois nessa fase da vida as crianças e adolescentes passam por diversas transformações, resultantes do processo de crescimento e desenvolvimento e é neste período que se incorporam muitos hábitos, que geralmente se perpetuam por toda a vida adulta. (Silva, e Bezerra, 2017)

 

    Conforme Serra et al. (2018) a aquisição de hábitos saudáveis na infância deve ser prioridade para os setores políticos, educacionais e sociais, principalmente nas escolas, por serem espaços que podem ser usados para elaboração de iniciativas educacionais voltados para a saúde reunindo parte da comunidade, como: alunos, familiares, professores e funcionários. A Educação Física está incluída como disciplina dos currículos de educação básica na maioria dos países do mundo, e grande parte desses países o objetivo das aulas é proporcionar ao educando a compreensão do próprio corpo e das diversas manifestações de movimento, associando esses aspectos a saúde e contribuindo para melhoria de qualidade de vida do indivíduo. Diante dos altos índices de obesidade e sobrepeso de crianças em idade escolar, “educar para a saúde” tem sido um tema proposto nos currículos educacionais de diversos países.

 

    Os autores Silva, e Veneziano (2021) afirmam que quando os alunos entendem a importância da luta ao sedentarismo e que esse é uma das causas mais relevantes da obesidade, os professores conseguem atingir esses alunos na prática de atividade física, gerando a conscientização da saúde. Com a interação da teoria e prática da atividade física sobre a obesidade infantil, o professor de educação física desenvolve um trabalho de conhecimento, vivência e conscientização desse problema que atinge crianças e adolescentes no Brasil e no mundo. O trabalho de orientação e prevenção, pode ser feito pelo professor de educação física e também trabalhando de forma interdisciplinar com outros professores.

 

    Barbosa et al. (2020) afirmam que a disciplina deve ultrapassar os limites da sala de aula e alcançar a vida da comunidade escolar, por meio de atividades variadas que estimulem o gosto pela alimentação adequada e, principalmente, pela prática da atividade física de forma constante. Silva, e Veneziano (2021) sugerem que o professor de Educação Física deve também orientar os pais a serem modelos de um estilo de vida saudável para seus filhos e reduzir o tempo de “tela”: televisão, videogames, computador e celulares a menos de duas horas ao dia nos períodos em que a criança ou o adolescente não está na escola e tem por dever acompanhar o desenvolvimento dos escolares através de seus métodos de avaliação física, buscando encorajar os alunos a realizarem os exercícios físicos e compromisso com hábitos alimentares saudáveis, buscando beneficiar sua saúde.

 

    Segundo Nogueira et al. (2020) a disciplina de Educação Física na escola e o professor dessa disciplina assumem um papel fundamental na prevenção e no apoio de obesos além dos predispostos a obesidade, para esse feito é preciso oferecer m ambiente propício aos alunos e acessível a práticas esportivas, aumentando os níveis de atividades relacionadas ao esporte, diariamente para as crianças, jovens e adolescentes. Associar temas de saúde e obesidade e relacioná-los a atitudes e mudanças de hábitos alimentares, atividade física e reformulação de valores.

 

    Barbosa et al. (2020) afirmam que a Educação Física, enquanto mediadora na prevenção, demanda planejamento adequado à manutenção da saúde das crianças, algo que exige esforços significativos da parte do professor e da instituição de ensino. O papel do professor de Educação Física e suas muitas responsabilidades, dentre elas a de educar e incentivar os alunos na prática esportiva, mostrando para eles a importância de permanecer ativo desde a infância, mas é preciso também uma preparação do educando sobre a temática da obesidade e seus efeitos na sociedade e na vida dos alunos, porém para um melhor resultado é preciso repensar a carga horária de Educação Física nas escolas, pois atualmente apresenta uma carga horária insuficiente para desenvolver um trabalho específico com os alunos. (Nogueira et al., 2020)

 

    Barbosa et al. (2020) corroborando com Nogueira et al. (2020) afirmam que a Educação Física é sim uma aliada à prevenção, sendo pouco o tempo a se trabalhar na escola, devido à carga horária, e ainda, se o professor instigar seus alunos a encarar uma postura mais ativa, contribuirá assim com a melhoria de sua qualidade de vida.

 

    Barbosa et al. (2020) expressam que a prática do professor deve ser planejada de forma que os conteúdos trabalhados possam ser colocados em práticas pelos alunos além da sala de aula, não impondo aos alunos, mas fornecendo-lhes subsídios para efetivar a prática e teoria em suas atitudes para além do espaço escolar.

 

    Conforme Serra et al. (2018), no entanto, a escola enfrenta obstáculos, os mais comumente citados são as limitações nas instalações escolares. Em países em desenvolvimento, o apoio financeiro as aulas de Educação Física, intervalos e playgrounds normalmente não é a prioridade e as condições críticas das instalações limitam a frequência de aulas de Educação Física quando chove ou faz frio. Isso sugere que as intervenções podem incluir atividades físicas organizadas durante os intervalos, ou antes e depois das aulas; maior disponibilidade de oportunidades de atividade física no ambiente escolar e maior tempo de aula de educação física; sem esquecer as intervenções de opções de alimentos saudáveis.

 

Conclusão 

 

    As discussões acerca da obesidade infantil têm crescido significativamente nos últimos anos. A obesidade na infância e na adolescência tem aumentado a prevalência e se tornado um problema de saúde pública no mundo, o que contribui para o aumento do risco de inúmeras doenças graves, que podem ter seu desfecho na vida adulta. Trata-se de um problema de saúde pública, que deve ser prevenido e tratado ainda na infância e adolescência.

 

    As mudanças nos padrões de atividade física e nutrição de hoje são os principais responsáveis pelo crescimento da obesidade em níveis alarmantes. A prevenção e o tratamento da obesidade infantil devem partir de uma modificação comportamental, que propicie uma vida mais saudável, com uma alimentação de qualidade e atividade física.

 

    Considerando-se que a pergunta que norteou esta pesquisa buscava entender de que modo a educação física escolar poderia contribuir contra a obesidade infantil na educação básica, foi possível responder tal questionamento: a educação física pode contribuir sendo uma disciplina facilitadora nas mudanças de hábitos de vida, incentivando alunos e familiares a adotarem a prática de atividades físicas e hábitos alimentares saudáveis. Os professores podem assim gerar a conscientização da saúde, com intervenções acerca da necessidade de uma alimentação saudável aliada a práticas corporais; incentivo para mudança do estilo de vida sedentário para um ativo; conscientização acerca dos malefícios da obesidade e sobrepeso e comorbidades; inserção da família no processo de prevenção e tratamento da obesidade. O professor de educação física desenvolve um trabalho de conscientização desse problema que atinge crianças e adolescentes de todo o mundo.

 

    A Educação Física para crianças pode ser estimulada através da utilização de jogo, esportes, danças, ginásticas, exercícios aeróbicos, visando a melhoria da saúde, e da sensação de bem-estar, promovendo a interação social com os colegas, e a qualidade de vida. Por fim, aponta-se necessidade de ações integradas entre profissionais da saúde e da educação, que incluam crianças e familiares, a fim de planejar e implementar estratégias de prevenção em relação à obesidade infantil, ancoradas principalmente na mudança de hábitos de vida.

 

    O estudo realizado encontrou limitações, dentre essas está o número de estudos atualizados sobre a temática, grande parte das pesquisas atuais sobre obesidade infantil estão voltadas para o viés médico e nutricional. Sugere-se que mais pesquisas voltadas para as intervenções da educação física escolar e a obesidade infantil sejam desenvolvidas, a fim de amenizar tal lacuna na literatura brasileira e contribuir para o melhoramento da prática profissional e para sejam desenvolvidas mais estratégias visando reduzir os alarmantes índices de obesidade infantil.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 309, Feb. (2024)