A inclusão nas aulas de Educação Física no ensino de jovens e adultos
La inclusión en las clases de Educación Física en la enseñanza de jóvenes y adultos
The inclusion in Physical Education classes in youth and adult education
Bruna Gisele Barbosa*
brunagisele20@yahoo.com
Khaled Omar Mohamad El Tassa**
khaledunicentro@hotmail.com
Gilmar de Carvalho Cruz***
gilmailcruz@gmail.com
*Mestranda no Programa regular do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
em Educação - Nível do Mestrado da Universidade Estadual do Centro-Oeste
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual
do Centro-Oeste, campus de Irati-PR
**Doutor em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná
Mestrado em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná
Graduação em Educação Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR
Professor Adjunto B da Universidade Estadual do Centro-Oeste atuando
no Curso de Licenciatura em Educação Física
e no Programa de Pós Graduação em Educação
***Graduado em Educação Física pela Universidade Gama Filho
Mestrado em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas
Pós-doutorado em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Professor associado da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação
da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
(Brasil)
Recepção: 21/06/2018 - Aceitação: 03/04/2019
1ª Revisão: 06/11/2018 - 2ª Revisão: 20/03/2019
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Resumo
O trabalho discute o conceito de inclusão escolar a partir da percepção dos professores atuantes no Centro Educacional de Jovens e Adultos da cidade de Irati-PR. O objetivo da pesquisa foi identificar como a inclusão escolar se operacionaliza nas aulas de Educação Física no contexto da educação dos jovens e adultos. Na realização desta pesquisa descritiva e qualitativa, utilizou-se para a coleta das informações, a conversa informal na forma de entrevista e registro em diário de campo dos aspectos relevantes acerca da inclusão escolar, no olhar dos professores sujeitos do estudo e atuantes no EJA. Os resultados indicaram que ambos os professores entrevistados têm como objetivo nas suas intervenções pedagógicas a aprendizagem, e se esforçam para que os alunos compreendam os conteúdos e consigam associar estes para além da sala de aula.
Unitermos: Inclusão. Educação de jovens e adultos. Educação Física.
Abstract
The paper discusses the concept of school inclusion from the perception two teachers in the Educational Center of Youths and Adults of the city of Irati-PR. The objective of the research was to identify how school inclusion is operationalized in Physical Education classes in the context of youth and adult education. In the accomplishment of this descriptive and qualitative research, it was used for the collection of the information, the informal conversation in the form of interview and recording in diary of the relevant aspects about the school inclusion, in the view of the professors subjects of the study and active in the EJA. The results indicated that both teachers interviewed are focused on their learning interventions and strive for students to understand the contents and to associate them beyond the classroom.
Keywords: Inclusion. Youth and adult education. Physical Education.
Resumen
El trabajo discute el concepto de inclusión escolar a partir de la percepción dos profesores actuantes en el Centro Educativo de Jóvenes y Adultos de la ciudad de Irati-PR. El objetivo de la investigación fue identificar cómo la inclusión escolar se opera en las clases de Educación Física en el contexto de la educación de los jóvenes y adultos. En la realización de esta investigación descriptiva y cualitativa, se utilizó para la recolección de las informaciones, la conversación informal en la forma de entrevista y registro en diario de campo de los aspectos relevantes acerca de la inclusión escolar, en la mirada de los profesores sujetos del estudio y actuantes en el EJA. Los resultados indicaron que ambos profesores entrevistados tienen como objetivo en sus intervenciones pedagógicas el aprendizaje, y se esfuerzan para que los alumnos entiendan los contenidos y consigan asociar estos más allá del aula
Palabras clave: Inclusión. Educación de jóvenes y adultos. Educación Física.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 24, Núm. 251, Abr. (2019)
Introdução
A educação inclusiva, concebida como modelo educacional pautado nos direitos humanos, aponta garantir o direito à educação de qualidade para todas as pessoas, conhecendo e valorizando a diversidade humana. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva Brasil (2008).
De acordo com o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos a educação contribui para uma mudança de cultura, sobretudo, no que se refere aos direitos humanos Brasil (2007). Para que tal perspectiva se efetive é imprescindível que o professor esteja ciente do importante desafio a ser enfrentado neste contexto.
A educação inclusiva na perspectiva ampliada para a diversidade, é um conjunto de possibilidades e formas de estratégias metodológicas com o intuito de adequação no sistema educacional geral para além das deficiências, incluindo as habilidades, comportamentos, características físicas, anseios dos alunos com e sem deficiências, os quais deveriam ser aceitos com as quaisquer características individuais apresentadas Sassaki (1997).
Nessa perspectiva, de contextos educacionais inclusivos, é sugerido que o professor leve em consideração as habilidades individuais dos alunos, respeitando o ritmo da aprendizagem, e também os limites físicos e intelectuais. (Figueiredo 2002, p.68) ressalta que,
[...] efetivar a inclusão é preciso [...] transformar a escola, começando por desconstruir práticas segregacionistas. [...] a inclusão significa um avanço educacional com importantes repercussões políticas e sociais, visto que não se trata de adequar, mas de transformar a realidade das práticas educacionais.
Nesta formação, os sujeitos envolvidos no processo ensino e aprendizagem não desenvolvem somente a capacidade de respeitar os limites, mas também de transpô-los. A organização dos conteúdos torna-se um instrumento valioso para o trabalho na Educação de Jovens e Adultos (EJA)1, à medida em que incorporam essas prioridades permitindo-se discutir, investigar e participar da construção do próprio conhecimento, como enfatiza Oliveira (2007). De acordo com Gadotti (1995) a educação assume a importância de contribuir de forma significativa no processo de humanização e de transformação social, com vistas à formação do homem integral, ao desenvolvimento de suas potencialidades, para torná-lo sujeito de sua própria história e não objeto dela. Nesta mesma via de raciocínio, (Freitas, 2007a) aponta que o ensino na EJA mais do que a alfabetização, pretende ser um lugar de educação multicultural, capaz de desenvolver o conhecimento e a integração na diversidade cultural.
Na área da Educação Física (EF), Pires e colaboradores ressaltam, que no que tange ao trabalho da EF na EJA, necessário se faz tentar abranger e discutir a escola a partir das indicações de seus agentes e com isso, romper com propostas cristalizadas que historicamente foram planejadas para estudantes dessa modalidade de ensino. O desafio de extrapolar apenas o elementar, que exclui, consciente ou inconscientemente, vários conhecimentos de grande importância e relevância para o processo formativo demonstra um desejo de alcançar outra forma de atuação escolar. (Pires et al., 2009)
Nesse sentido, a EF poderia,vislumbrar aos alunos a vivência em espaços diversos que proporcionem novas reflexões, discussões, oportunidades de problematizar, na prática questões relacionadas à motricidade humana.2
Barros (2010) se posiciona afirmando que o trabalho pedagógico desenvolvido na EF pode estar voltado para a construção da cidadania dos sujeitos, formando pessoas críticas e participativas no meio social em que estão inseridos.
Nesse sentido, o aluno inserido na EJA, poderia ser estimulado a descobrir e explorar movimentos corporais, e com isso tornar eminente o significado para si e para os professores envolvidos no processo, instigando a todos a reflexão das atitudes enquanto ser construtor de conhecimento.
Com este entendimento, teve-se como objetivo de estudo, identificar como a inclusão escolar se operacionaliza nas aulas de EF no contexto da educação dos jovens e adultos.
Metodologia
A pesquisa qualitativa tem como foco de estudo o processo vivenciado pelos sujeitos, centrada na produção de um conhecimento capaz de compreender em profundidade alguns fenômenos que a pesquisa quantitativa não consegue atender Martin (2004). Neste sentido, o presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva. Este tipo de investigação consiste em estudar e descrever as características, as propriedades ou as relações ocorridas em uma comunidade, grupo ou realidade da pesquisa, além de buscar determinados status, opiniões ou projeções futuras (Gil, 2009).
As informações foram obtidas por meio de uma entrevista aberta, que se propôs questões norteadores para a realização da entrevista, tais como tiveram como foco as questões de inclusão, de como os professores viam e realizavam essa temática durante as aulas, outro ponto que se destacou-se foi sobre a realidade do ensino do EJA, de que forma esse sistema educacional ocorre na escola onde os professores foram escolhidos para entrevista, os quais foram questionados também, de que formação possuíam e quanto tempo de experiência na inserção com essa prática de ensino. Segundo o autor (Minayo, 1993, p. 56) define, a entrevista aberta como sendo:
A entrevista aberta é utilizada quando o pesquisador deseja obter o maior número possível de informações sobre determinado tema, segundo a visão do entrevistado, e também para obter um maior detalhamento do assunto em questão. Ela é utilizada geralmente na descrição de casos individuais, na compreensão de especificidades culturais para determinados grupos e para comparabilidade de diversos casos.
Para coleta das informações, foi realizada por meio da entrevista aberta, por considerar que permite uma estruturação dos temas de interesses da investigação, ao mesmo tempo em que pode ser ampliada, na medida em que as informações obtidas, por meio do diálogo, sejam pertinentes à troca de experiências, referentes a práxis pedagógicas dos professores participantes, sendo a análise dos dados, realizada por meio das anotações registradas em diário de campo, dos aspectos relevantes acerca da inclusão escolar.
No transcurso do processo de análise desta pesquisa, houve a participação de dois professores atuantes no ensino do EJA, sendo que um professor é formado na área da EF e uma professora que é pedagoga no EJA e volta seu trabalho para sala de recurso, na qual atende todos os alunos que possuem algum tipo de peculiaridade no processo de ensino e aprendizagem. Como forma de manter o sigilo de identidade dos professores entrevistados, denominou-se Professor 1 (P1) o qual se remete ao professor da EF, e Professor 2 (P2 a qual denomina a professora pedagoga da sala de recursos.
O P1, é atuante a 21 anos na docência, com experiência nos contextos da rede da educação comum, educação especial e no ensino superior. No decorrer da entrevista aberta, o professor P1 no contexto do EJA, trabalhou com alunos do Ensino Médio e Ensino Fundamental.
Caracterização do ambiente
O colégio está localizado na área central da cidade de IRATI-PR, e consiste no Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Conta com cerca de 800 alunos matriculados, os quais estão distribuídos nos períodos matutino, vespertino e noturno. A instituição abrange o ensino fundamental e médio, sendo que a idade mínima para um aluno se matricular no Ensino Fundamental é 15 anos, e no Ensino Médio é 18 anos. Além desta escola, há existência de outros 10 polos que se encontram situados nas escolas das regiões da cidade e do interior do município.
A escola conta com um vasto material de apoio e recursos pedagógicos para o atendimento dos alunos que estão inseridos no ensino da modalidade de EJA, porém a questão de acessibilidade a pessoas com deficiência física, especificamente aos cadeirantes é realizada no piso inferior de sua estrutura física, pois não há rampas de acesso ao andar superior onde estão localizadas as salas de aulas. São 18 alunos que possuem um diagnóstico de algum tipo de deficiência, sendo que 15 deles possuem deficiência intelectual ou algum tipo de transtorno, como por exemplo, transtornos mentais, transtornos neurocognitivos, emocionais e externalizante, dois educandos com baixa visão e uma aluna com paralisia cerebral, além de utilizar cadeira de rodas. Esta aluna é quem apresenta o grau de deficiência mais severo nesta escola de EJA, possuindo uma professora a qual a acompanha em todas as disciplinas e outra funcionária que fornece apoio com os cuidados pessoais (levar ao banheiro, comida, locomoção nos ambientes etc.).
Resultados e discussão
Ao longo da conversa comentou três aspectos, que consideramos relevantes a serem analisados e refletidos na pesquisa por se tratar de pontos que se tornam repetentes, sendo o primeiro aspecto destacado: “O EJA é um local de ensino, constantemente em transformação de adaptação” (P1). O que afirma, no trabalho de autora Nascimento (2013), a qual descreveu sobre, a educação de jovens e adultos EJA, na visão de Paulo Freire, comenta-se sobre a transformação que ocorre nesse ambiente de ensino, “A EJA tem a função reparadora e equalizadora, traz os reflexos da transformação social, na possibilidade de construir uma sociedade emancipada” (Nascimento, 2013, p. 36).
O professor P1 destacou que em suas aulas, seu trabalho está em busca trazer os conteúdos estruturantes da EF para as aulas, de forma adaptada. Neste sentido, no momento das atividades propostas o P1 busca tornar o aluno cada vez mais reflexivo e participativo, pois, através de sua metodologia de ensino, o P1 entende está trazendo os alunos de forma eminente nas aulas e transformando a realidade que os cerca, além de estar sincronizado com a sua própria adaptação e transformação da prática de ensino. Corroborando (Costa, 2007, p. 8) ressalta que,
As pesquisas relacionadas ao cotidiano escolar, as quais são usadas no decorrer desse texto, como referencial teórico, aproximam de docentes e estudantes, bem como as expectativas sociais com relação à escola, apontam para o fato de que as pessoas não pensam a escola todos da mesma maneira, mas sim a partir de posicionamentos discrepantes, pois, enfim, “vivemos, experimentamos e sentimos distintamente nossa aproximação com a escola.
Em continuação da entrevista, outro aspecto que coube destacar na fala do P1, refere-se à afirmação de que: “É necessário haver repetição dos conteúdos no EJA” (P1). Pensando nisso Souza (2011, p. 117), afirma,
Numa concepção instrumental de educação, a preocupação central é que o aluno domine os conhecimentos escolares tradicionais. Na concepção dialógica, a preocupação central é que os alunos possam trabalhar com os conhecimentos que tenham significado sociocultural, e dessa lógica os conteúdos emergiram do mundo cotidiano e ganharam complexidade à medida que forem debatidos no grupo.
A educação, a participação efetiva dos alunos durante as aulas, o processo de ensino e a aprendizagem no processo de alfabetização, a socialização dos educandos com os demais colegas, com os professores e equipe pedagógica, possibilitam, portanto, o ato de conhecimento que emancipa e que motiva para realização de ações modificadoras do meio.
O P1 afirma, que é de suma importância que durante a explicação dos conteúdos propostos nas aulas, ocorra essa repetição, destacando principalmente os alunos do ensino médio do EJA, por serem alunos que precisam e tem a necessidade que se explique o passo a passo da realização da tarefa, pois os mesmo possuem fragilidades no desenvolvimento de aprendizagem, por acarretarem dificuldades de acompanhamento do ensino, serem um público de alunos trabalhadores, entre outros fatores, não se eximindo de que qualquer público alvo na modalidade de ensino, o professor deve estar atento às dificuldades e peculiaridades dos educandos, para a realização da insistência na retomada dos conteúdos que foram propostos. Nesse mesmo contexto, destacamos outro ponto importante a salientar desta conversa que está atrelada a preocupação de feedback durante as atividades é que “A prática pedagógica deve ser em conjunto entre professor e aluno” (P1). Freire (2005, p.80) salienta que,
Quanto mais se problematizam os educandos, como seres no mundo e com o mundo, tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais desafiados, quanto mais obrigados a responder ao desafio. Desafiados, compreendem o desafio na própria ação de captá-lo. Mas, precisamente porque captam o desafio como um problema em suas conexões com outros, num plano de totalidade e não como algo petrificado, a compreensão resultante tende a tornar-se crescentemente crítica, por isto, cada vez mais desalinhada.
Pode-se perceber que no contexto educacional do EJA, o P1, tem as concepções sobre a temática inclusão definidas, e está em trabalho constante para que de fato ocorra a inclusão de todos os alunos em suas aulas de EF. É importante salientar, que o professor não teve nenhum fator de “exclusão” de algum aluno devido alguma deficiência ou peculiaridades de aprendizagem, destacando que os conteúdos trabalhados trazem pontos para a inclusão, como foi dado o exemplo dos esportes adaptados, os quais foram desenvolvidos em sua aula.
Nessa perspectiva Pich e Fontoura (2013, p 1) destacam sobre:
A relevância na constituição da identidade docente na configuração da cultura escolar da educação física, bem como que a oferta meramente teórica da disciplina nos coloca frente a um paradoxo: por um lado nos sinaliza a necessidade de rompermos com a tradição da Educação Física enquanto “atividade”, mas também revela a necessidade da experiência corporal como substrato necessário para a elaboração teórica.
Ao continuar a entrevista, houve a participação da P2 a qual tem a sua formação na pedagogia, atuante a 30 anos como pedagoga e 10 anos especificamente atende na sala de recurso atendendo os alunos com algum tipo de deficiência.
No decorrer da conversa a P2 comentou quatro pontos, os quais consideramos importantes identificar nessa pesquisa por se comparar com as falas do P1.
Primeiro ponto que cabe destacar, “A EF é uma disciplina obrigatória, porém a sua atividade prática se torna opcional ao aluno” (P2). Essa fala vai de encontro ao que diz a lei nº 10793, de 2003 no artigo 26 em seu parágrafo terceiro que:
A EF integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas. II – Maior de trinta anos de idade; III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969; V – Vetado; VI – que tenha prole.
O que torna as aulas de EF mais teóricas, principalmente no ensino noturno, é o fato de que são alunos de idades maiores de 18 anos e a maioria trabalhadores, possuem uma jornada de trabalho cansativa, a prática de algumas propostas de cunho mais prático, afastam a participação dos alunos do EJA, pois na maioria das vezes os conteúdos propostos não condizem com a realidade social as quais estão inseridos, demonstrando assim a falta de interesse pelas atividades.
Ao pensar que a EF é uma disciplina que envolve em seus conteúdos básicos, as oportunidades de atividades práticas para os alunos, nesse contexto do EJA, ela se limitaria em alguns casos, sendo assim, segundo Machado (2008, p, 197) salienta a importância dos movimentos em prol da sua afirmação como modalidade educativa e como direito social, enfocando, sobretudo, o campo da formação.
Outro ponto de destaque na fala de P2 é que a maior problemática de inclusão dos alunos seria a “Dificuldade de Socialização” com os colegas que possuem alguma deficiência, e que “É por meio da EF a primeira disciplina que ocorre essa socialização dos alunos com os demais”.
Dessa maneira, em estudo pertinente, específica sobre a EF, é destacado que, segundo (Souza & Pich, 2013, pp. 152-153) destacam
A inclusão se refere a uma Educação Física com o significado de educar para a diferença, para a convivência e a aceitação das diferentes configurações possíveis da corporeidade3 humana. Assim, a prática pedagógica dos professores de Educação Física está substantivada pelos fundamentos da pedagogia de rendimento, por um lado, e tensionada pelo contexto da inclusão.
Sendo assim, cabe ao professor de EF, analisar e propor continuamente em adequar os procedimentos das suas práxis pedagógica para efetivar uma aula realmente inclusiva, pois em uma maioria das vezes o professor de EF está apenas preocupado em salientar as capacidades físicas dos alunos durante as atividades que são propostas durante as aulas.
Ao especificarmos sobre os pontos da inclusão, a P2 comenta, que é necessário ter um laudo médico para que possa utilizar da sala de recursos. Há existência de características dos alunos que apresentarem “naturalmente uma exclusão” por questões sociais, um exemplo dessa situação são pessoas encostadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que seriam os educandos que são afastados por invalidez, aposentados, com alguma deficiência, os quais estão matriculados obrigatoriamente para o recebimento do seu benefício. Mas dentre todas as diversidades encontradas, os professores que desenvolvem seu trabalho no contexto do EJA, procuram estar discutindo suas metodologias de ensino, para que ocorra de certa maneira o ensino e aprendizagem dos alunos.
O EJA, não se trata de uma simples modalidade de ensino que venha apenas alfabetizar o aluno, é importante superar esse conceito, sendo fundamental alfabetizar de forma crítica, possibilitando que esse aluno dê significado para o que está aprendendo, quanto a realidade que o cerca, alguns autores, dedicaram-se seus estudos, entres eles, (Santos, 2003); (Barcelos, 2006); (Oliveira, 2010); entre outros, os quais são descritos, no decorrer do texto.
Foi notado em ambos os discursos dos docentes, a preocupação (tanto para P1 especificamente nas aulas da EF e P2 que acompanha os alunos na sala de recurso da escola), de conciliar as dificuldades dos alunos, uma inclusão possível de todos, e destacou que a formação é importante para adquirir conhecimento e atuar no contexto, porém não a única forma, mas a prática diária e sempre estar constante transformação, cabendo ao professor o papel de conhecer a realidade desses alunos, refletir e analisar os conteúdos a serem propostos, criando metodologias e estratégias de ensino para cada faixa etária, anseios, dificuldades, e dessa forma proporcionar os conteúdos que venham estimular os alunos a pensar de forma crítica, dialogando nesse contato professor e alunos para que possam ser atendidas ambas as necessidades educativas.
Conclusões
Conclui-se através do relato dos professores, que a escola consegue trabalhar com seus alunos de forma inclusiva. Porém, cabe destacar que mesmo assim possui algumas peculiaridades em relação a sua estrutura física, pois, nem todos os alunos possuem as condições necessárias de se locomover às salas de aula que ficam situadas no andar de cima do prédio.
Além destes fatores, os professores destacaram a importância de estudos que abordam a temática inclusiva, porém, não enfatizaram autores ou diretrizes nessas considerações. Outro aspecto a ser destacado, é que os professores enfatizaram às suas práticas pedagógicas como o principal meio de conseguir trabalhar com as diferenças encontradas na sala de aula.
Por fim vale ressaltar a preocupação da instituição de ensino com alunos que possuem alguma deficiência (intelectual, física, etc.), pois apesar das dificuldades encontradas em suas dependências, buscam formas (materiais de apoio) para que os alunos possam aprender os conteúdos das disciplinas seja de maneira individual ou coletiva.
Notas
Nascimento (2013, p,13) define: A educação de jovens e adultos, EJA, é uma modalidade do ensino fundamental e do ensino médio, que possibilita a oportunidade para muitas pessoas que não tiveram acesso ao conhecimento científico em idade própria dando oportunidade para jovens e adultos iniciar e /ou dar continuidade aos seus estudos, é, portanto, uma modalidade de ensino que visa garantir um direito aqueles que foram excluídos dos bancos escolares ou que não tiveram oportunidade de acessá-los.
O pesquisador Sérgio (1987, 1989) defende que: a Motricidade Humana como verdadeiro objeto de estudo da Educação Física. Para ele, a Educação Física deve tornar-se a Ciência da Motricidade Humana, ser definida como a ciência da compreensão e da explicação das condutas motoras, visando ao estudo das constantes tendenciais de motricidade humana, em ordem ao desenvolvimento global de indivíduo e de sociedade, e tendo como base, simultaneamente, o físico, o biológico e o antropossociológico.
Segundo Freitas (1999, p.57): 17 A corporeidade implica (...) a inserção de um corpo humano em um mundo significativo, a relação dialética do corpo consigo mesmo, com outros corpos expressivos e com os objetos do seu mundo (ou as coisas que se elevam no horizonte de sua percepção). (...), mas ele (o corpo), como corporeidade, como corpo vivenciado, não é o início nem o fim: ele é sempre o meio, no qual e por meio do qual o processo da vida se perpetua.
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