Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com

ISSN 1514-3465

 

Prevalência de acometimentos na articulação do ombro em praticantes de voleibol

Prevalence of Shoulder Joint Disorders in Volleyball Players

Prevalencia de trastornos de la articulación del hombro en jugadores de voleibol

 

Lílian Tayná da Silva Raulino*

liliantayna13@gmail.com

Maria Vanessa dos Santos Costa**

vanessasantos00052@gmail.com

Francisco Sonyanderson da Silva***

sonyandersonss@gmail.com

Giovana Brena da Costa Paz****

giovanabrena03@gmail.com

Sérgio Antônio Silva Catarino Filho*****

sergiocatarinomb@gmail.com

Pedro Henrique Lopes Ferreira Medeiros+

prof.pedrohlfm@gmail.com

Kariza Lopes Barreto++

karizabarreto@gmail.com

Roque Ribeiro da Silva Júnior+++

roquejunior@alu.uern.br

Adalberto Veronese da Costa++++

adalbertoveronese@uern.br

Glêbia Alexa Cardoso+++++

glebiacardoso@uern.br

 

*Graduação em Fisioterapia

pelo Centro Universitário Unijaguaribe

Especialização em Fisioterapia do Esporte e traumato-ortopédica

com ênfase em terapias manuais e posturais

pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera.

**Graduação em Fisioterapia

pelo Centro Universitário Unijaguaribe

Especialização em Fisioterapia Traumato-Ortopédica e Esportiva

pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

***Graduação em Fisioterapia

pelo Centro Universitário Unijaguaribe

Especialização em Fisioterapia Respiratória e em Terapia Intensiva

Faculdade Metropolitana

****Graduação em Fisioterapia

pelo Centro Universitário Unijaguaribe

*****Graduação em Fisioterapia

pelo Centro Universitário Unijaguaribe.

Especialização em Fisioterapia Traumo-Ortopedia e Desportiva - Unichristus

+Possui graduação em Fisioterapia

pela Universidade Potiguar (UnP)

pós-graduação lato sensu em Ortopedia e Traumatologia

pela Faculdade do Vale do Jaguaribe (FVJ)

Pós-graduação lato sensu em Terapia Manual e Postura

aplicada à Ortopedia e Traumatologia pela UnP

++Especializada em Reabilitação do Assoalho Pélvico (UNIFESP)

Mestre em Fisioterapia pela Universidade del Pacífico, UDP, Paraguai.

+++Atualmente é Aluno Regular do Programa

de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade

Mestrado Acadêmico em Saúde e Sociedade - PPGSS

da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

Especialista em Fisiologia Humana pela Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Bacharel em Fisioterapia pela Faculdade do Vale Jaguaribe (FVJ)

++++Graduado em Licenciatura Plena em Educação Física

pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)

Doutor em Ciências do Desporto

pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, UTAD, Portugal

Mestre em Ciências da Saúde pela UFRN

Especialista em Pesquisa em Educação Física

pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

e em Recreação, Lazer a Animação Sociocultural

pela Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Atualmente é professor da (UERN)

Chefe do Departamento de Educação Física Pró Tempore

Coordenador do Laboratório de Avaliação do Desempenho Aquático

da Faculdade de Educação Física

Membro da base de pesquisa: Cultura Corporal, Educação e Desenvolvimento Humano

Professor colaborador do Programa de Mestrado em Saúde e Sociedade (PPGSS/UERN)

+++++Professora Doutora em Educação Física

pelo programa Associado de pós-graduação em Educação Física (UPE/UFPB)

Mestre em Ciências do Desporto com especialização

em Avaliação e prescrição na Atividade Física pela UTAD- Portugal

Possui graduação em Licenciatura em Educação Física pela UERN

Pós-graduação em Dança pela UFRGN

Pós-graduação em Fisiologia do Exercício

pela Faculdade Integrada do Ceará-FIC

Professora permanente do Programa de Mestrado

em Saúde e Sociedade, PPGSS/UERN

(Brasil)

 

Recepção: 02/03/2023 - Aceitação: 30/06/2023

1ª Revisão: 13/06/2023 - 2ª Revisão: 27/06/2023

 

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Citação sugerida: Raulino, LTS, Costa, MVS, Silva, FS, Paz, GVC, Catarino Filho, SAS, Medeiros, PHLF, Barreto, KL, Silva Júnior, RR, Costa, AV, e Cardoso, GA (2023). Prevalência de acometimentos na articulação do ombro em praticantes de voleibol. Lecturas: Educación Física y Deportes, 28(303), 75-87. https://doi.org/10.46642/efd.v28i303.3895

 

Resumo

    Introdução: O voleibol é amplamente popular e praticado em todo o mundo, com adeptos de ambos os sexos, diferentes idades e níveis competitivos. É um esporte visto como de grande dificuldade. Nota-se que, assim como outros esportes que dependem ou exigem fortemente da realização de gestos com os membros superiores, tais gestos são os responsáveis pela prevalência de lesão dessa região, tornando o ombro a parte mais acometida. Objetivo: Analisar a prevalência de lesões na articulação do ombro em praticantes de voleibol. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal, observacional, descritivo e com método quantitativo, com praticantes de voleibol com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, do município de Limoeiro do Norte, no estado do Ceará. Os dados da pesquisa foram coletados por um questionário eletrônico elaborado pelos autores da pesquisa e pelo questionário DASH avaliando a incapacidade funcional de membros superiores. Resultados: O surgimento de lesões e limitações no complexo do ombro em praticantes de voleibol está ligado aos gestos esportivos feitos repetidamente, gerando uma sobrecarga nessa articulação. Além disso, fatores como idade, sexo e tempo de prática influenciam para a maior prevalência de lesão. No entanto, não é possível identificar se existe correlação direta com a função desempenhada em quadra pelo desportista. Conclusão: É explícito o comprometimento da articulação do ombro nessa modalidade esportiva, ocasionando impactos na capacidade funcional, tanto durante sua prática esportiva, quanto nas atividades de vida diária.

    Unitermos: Lesões do ombro. Voleibol. Dor de ombro.

 

Abstract

    Introduction: Volleyball enjoys widespread popularity and global participation, captivating fans of all genders, ages, and skill levels. It is regarded as a sport of immense difficulty, particularly due to its reliance on upper limb movements. These repetitive gestures significantly contribute to the prevalence of injuries in the shoulder region, making it the most affected area. Objective: The objective of this study is to analyze the prevalence of shoulder joint injuries among volleyball players. Methodology: This research employed a cross-sectional, observational, descriptive, and quantitative approach, focusing on volleyball players aged 18 years or older, of both sexes, in the municipality of Limoeiro do Norte, in the state of Ceará. Data collection was conducted through an electronic questionnaire prepared by the researchers and by utilizing the DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder, and Hand) questionnaire to assess the functional incapacity of the upper limbs. Results: The occurrence of injuries and limitations in the shoulder complex among volleyball players is primarily associated with the repetitive execution of sports-related gestures, leading to overloading of this joint. Furthermore, factors such as age, gender, and years of practice contribute to a higher prevalence of injuries. However, it remains uncertain whether there is a direct correlation between the specific position played by the athlete on the court and the occurrence of injuries. Conclusion: The involvement of the shoulder joint in volleyball is evident, exerting a significant impact on the functional capacity of players during both sporting activities and daily life.

    Keywords: Shoulder injuries. Volleyball. Shoulder pain.

 

Resumen

    Introducción: El voleibol es muy popular y practicado en todo el mundo, con aficionados de ambos sexos, diferentes edades y niveles competitivos. Es un deporte considerado de gran dificultad. Así como otros deportes dependen o requieren fuertemente la realización de gestos con los miembros superiores, tales gestos son responsables por la prevalencia de lesiones en esta región, siendo el hombro la parte más afectada. Objetivo: Analizar la prevalencia de lesiones en la articulación del hombro en jugadores de voleibol. Metodología: Se realizó un estudio transversal, observacional, descriptivo y cuantitativo con jugadores de voleibol de 18 años o más, de ambos sexos, en el estado de Ceará. Los datos de la investigación fueron recolectados a través de un cuestionario electrónico elaborado por los autores de la investigación y a través del cuestionario DASH que evalúa la incapacidad funcional de los miembros superiores. Resultados: La aparición de lesiones y limitaciones en el complejo del hombro en los jugadores de voleibol está ligada a los gestos deportivos realizados de forma reiterada, generando una sobrecarga sobre esta articulación. Además, factores como la edad, el sexo y el tiempo de práctica influyen en la mayor prevalencia de lesiones. Sin embargo, no es posible identificar si existe una correlación directa con la función desempeñada en la cancha por el jugador. Conclusión: El compromiso de la articulación del hombro en este deporte es explícito, provocando impactos en la capacidad funcional, tanto durante la práctica deportiva como en las actividades de la vida diaria.

    Palabras clave: Lesiones de hombro. Vóleibol. Dolor de hombro.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 303, Ago. (2023)


 

Introdução 

 

    O voleibol é amplamente popular e praticado em todo o mundo, com adeptos de ambos os sexos, diferentes idades e níveis competitivos (Shih, e Wang, 2019). Diferentemente de outros esportes importantes de prática coletiva, não existe um contato corporal direto entre os praticantes, sendo considerado um exercício seguro. (Cuñado-González, Martín-Pintado-Zugasti e Rodríguez-Fernández, 2019)

 

Imagem 1. As ações de saque e ataque no voleibol geram cargas importantes no ombro

Imagem 1. As ações de saque e ataque no voleibol geram cargas importantes no ombro

Fonte: Gerador de imagens de Bing (#Efdeportes)

 

    Salienta-se que o complexo do ombro nos esportes aéreos é a região mais acometida por lesões esportivas. O ombro é composto por várias articulações com notória complexidade anatômica em suas estruturas, sendo necessário atuar sincronizadamente para realização de um movimento de qualidade (Asker et al., 2018). Além disso, torna-se o principal elemento biomecânico para promover a execução de gestos esportivos, passando repetidas vezes por estresses específicos, principalmente de hipermobilidade. (Mizoguchi et al., 2022)

 

    A exemplo desses movimentos repetitivos no voleibol que geram cargas significativas ao ombro, temos o saque e o ataque. Ambos são movimentos aéreos de grande complexidade técnica e efetuados constantemente, no entanto, o movimento de ataque pode ser realizado com maior frequência por algumas posições (Zwierzchowska, Gaweł, e Rosołek, 2022). Dentre os modos de saques, o saque flutuante quanto a biomecânica do ombro consiste em uma menor aplicação de força para bater na bola e uma maior direção, já o saque ‘pulo’ ou viagem o praticante de voleibol precisa atingir a bola no ponto mais alto e com a maior potência possível semelhante ao gesto do ataque. (Challoumas, Stavrou, e Dimitrakakis 2017)

 

    Decerto, a maioria das lesões de ombro associadas a essa modalidade esportiva está ligada ao movimento de ataque, tendo como principal causa o uso excessivo, podendo provocar como consequência instabilidade articular e síndrome de colisão do ombro (Cuñado-González, Martín-Pintado-Zugasti e Rodríguez-Fernández, 2019). Logo, sabe-se que alguns fatores podem influenciar no aparecimento dessas patologias como: alterações na amplitude de movimento (ADM) existindo o ganho de ADM para rotação externa e déficit na rotação interna (GIRD), alterações na cinemática escapular e na função muscular no membro dominante. (Challoumas, Stavrou, e Dimitrakakis 2017)

 

    Apesar de a prática do voleibol ser bastante popular em todo o mundo, ainda existe carência de estudos que relatem sobre a cinemática desse esporte. No entanto, sabe-se da grande prevalência de lesões no ombro, principalmente, devido às adaptações que o ombro do praticante de voleibol de overhead sports possui, sendo um importante fator para o afastamento das atividades ou até mesmo a execução dos treinamentos, ou campeonatos com a presença de dor.

 

    O presente estudo torna-se relevante para os praticantes da modalidade de voleibol, pois a partir disso será possível compreender se os possíveis fatores de risco para lesão no complexo do ombro também poderão ser associados a função que o desportista desempenha em quadra. Além disso, servirá como subsídio para novos estudos que forneçam mais informações sobre essa relação e possíveis formas preventivas de lesão para serem desenvolvidas com os atacantes.

 

    Diante disso, a presente pesquisa visa analisar a prevalência de dor e incapacidade na articulação do ombro em praticantes de voleibol.

 

Metodologia 

 

    O presente trabalho trata-se de um estudo transversal, observacional, descritivo e com método quantitativo.

 

    A pesquisa foi realizada durante o mês de maio de 2022 com os praticantes de voleibol no município de Limoeiro do Norte, sendo esse localizado na região Vale do Jaguaribe no estado do Ceará. Foi realizada uma reunião em que aconteceu a explicação de como decorrerá a pesquisa e seus objetivos e possuiu um momento para esclarecimento de dúvidas e ao fim assinatura um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), deixando claro para os participantes todas as condições expostas e pesquisa.

 

    Após serem alinhadas as formas de interação com os praticantes de voleibol foi enviado o primeiro questionário para os jogadores de voleibol responderem remotamente para a coleta de dados pessoais e em relação à prática esportiva para a realização da primeira triagem. Após isso, foi imediatamente agendado dias e horários para a aplicação do questionário Disabilities of the Arm, Shouder and Hand (Orfale et al., 2005); os praticantes foram chamados para uma sala em seus locais de treino para realizar a coleta de dados.

 

    A pesquisa teve como critérios de inclusão: os praticantes de voleibol de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos. E os critérios de exclusão foram: tempo de prática inferior a 2 anos, frequência em competições inferior a 2 por ano, lesões traumáticas fora da prática esportiva do vôlei.

 

    O instrumento de coleta de dados deu-se por um questionário eletrônico, através do Google Forms, elaborado pelos pesquisadores. Além disso, realizou-se a aplicação do questionário Disabilities of the Arm, Shouder and Hand (Orfale et al., 2005) cujo objetivo é avaliar a incapacidade funcional e sintomas devido patologia única ou múltiplas dos membros superiores. Esse instrumento consiste em 30 questões e dois módulos opcionais, um para atividades esportivas e musicais e outro para atividades de trabalho. Os itens avaliados devem ter como referência a semana anterior ou estimando qual seria a resposta mais próxima à correta, visando identificar os sintomas e o desempenho para a realização de determinadas habilidades. Após a coleta e observação dos dados, estes serão organizados por tabelas e gráficos realizados no Microsoft Excel para a realização de comparativos de resultados entre os participantes incluídos na pesquisa.

 

    Este estudo atendeu às normas e parâmetros éticos em estudos com seres humanos, com aprovação no Comitê de Ética em pesquisas humanas da Faculdade do Vale do Jaguaribe - FVJ, sob o número de CAAE 55298822.6.0000.9431 e com parecer 5.363.976, com status de aprovado no dia 24 de abril de 2022.

 

Resultados 

 

    Em relação ao sexo, cerca de 42,9% eram do sexo masculino, apresentando como média de idade e desvio padrão 25,7±5,7, enquanto as participantes do sexo feminino representam 57,1% dos participantes com média de idade e desvio padrão 28,5±10,7.

 

    No que diz respeito a função que os praticantes desempenham em quadra em maior número estão os atacantes, dentre os participantes 12 são ponteiros que representa 42,8%, já os opostos e os meios são 5 cada, cada um representa 17,9%. Os levantadores representam 14,3% sendo 4 praticantes dessa função e os líberos foram apenas 2, sendo 7,1% da população pesquisada.

 

    A maioria dos jogadores participa em média de mais de duas competições por ano, representando o quantitativo de 78,6%. Diante dos dados referentes à lesão de ombro diagnosticada, apenas 17,9% relataram, dentre elas estão a Bursite/tendinite e a Distensão muscular, apenas 1 participante relatou que já sofreu alguma lesão de ombro fora da prática esportiva, conforme a Tabela 1.

 

Tabela 1. Perfil dos praticantes de voleibol que participaram da pesquisa

Variáveis

Média ± Desvio Padrão

Número de indivíduos

(Percentual %)

Sexo

Feminino

28.5 ±10.7

16 (57,1%)

Masculino

25.7 ±5.7

12 (42,9%)

Função em Quadra?

Ponteiro(a)

12 (42,9%)

Libero

2 (7,1%)

Oposto(a)

5 (17,9%)

Meio

5 (17,9%)

Levantador(a)

4 (14,3%)

Número de Competições por ano?

> 2 Competições

22 (78,6%)

< 2 Competições

6 (21,4%)

Sofreu Alguma Lesão Diagnosticada

Sim

5 (17,9%)

Não

23 (82,1%)

Se Sim, qual?

Bursite / Tendinite

4 (14,3%)

Distensão Muscular

1 (3,6%)

Fonte: Autores

 

    Dos jogadores de voleibol que participaram da pesquisa, 67,9% relataram a presença de dor durante os treinos, no entanto, apenas 13 participantes, que equivale a 46,4% da população pesquisada, declara que essa dor se perdura no pós-treino. Mediante a média e desvio padrão referente à escala de dor escala visual analógica - EVA observou-se 3,5±3,7, sendo o sexo feminino acometido pelo quadro álgico com escore de 4±3,6 e no sexo masculino, 2.9±3,8, conforme a Tabela 2.

 

Tabela 2. Relação de dor

Variáveis

Média ± Desvio Padrão

Número de indivíduos 

(Percentual %)

Dor no ombro durante o treino?

Sim

19 (67,9%)

Não

9 (32,1%)

EVA

Score EVA

3,5 ± 3,7

Score EVA - Masculino

2,9 ± 3,8

Score EVA - Feminino

4 ± 3,6

Dor Pós-Treino?

Sim

13 (46,4%)

Não

15 (53,6%)

Já teve alguma lesão no ombro fora da prática?

Sim

1 (3,6%)

Não

15 (53,6%)

Legenda: A Escala Visual Analógica (EVA) é utilizada para medir a intensidade da dor em pacientes,

sendo uma ferramenta crucial para avaliar a progressão do tratamento e o estado do indivíduo. Fonte: Autores

 

    No grupo de indivíduos que apresentam dor, o escore médio e desvio padrão no questionário Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand (DASH) diante da realização das atividades corriqueiras foi de 25±19 que representa uma funcionalidade boa dos membros superiores, no domínio da atividade esportiva e do trabalho esse escore é 41±30 e 19±25, respectivamente, de forma que a funcionalidade no âmbito do esporte é considerada regular, já no trabalho por possuir um escore inferior a 20 pode ser considerada excelente. Por outro lado, os indivíduos que não foram classificados com dor, os escores em todos os domínios avaliados pelo DASH foi 0±0, conforme a Tabela 3.

 

Tabela 3. Escore DASH

Variáveis

Média ± Desvio Padrão

Indivíduos com Dor

DASH

25 ±19

DASH/Esporte

41 ±30

DASH/Trabalho

19 ±25

Legenda: O Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand (DASH) é um questionário que atribui uma pontuação de 0 a 100. Quanto mais próximo de 0, menor é a incapacidade, enquanto valores próximos de 100 indicam uma incapacidade total. Esse questionário tem como objetivo avaliar a funcionalidade comprometida dos membros superiores, abrangendo os principais conceitos de sintomas e função. 

Fonte: Autores

 

    Quando observado os escores do DASH em seus domínios, sendo considerado fator sexo, é notado que os valores são os mesmos nos indivíduos que não apresentam dor, sendo essa média e desvio padrão dos escores DASH: esporte e trabalho 0±0 em ambos os sexos. Já diante dos indivíduos que possuem dor do sexo feminino apontaram média e desvio padrão no escore DASH 27±20, no âmbito do esporte 47±32 e no trabalho 24±26 e nos indivíduos do sexo masculino esses valores são 25±19, 41±30 e 19±25, respectivamente, conforme a Tabela 4.

 

Tabela 4. Escore DASH domínios opcionais

Variáveis

Média ± Desvio Padrão

Masc

Fem

Indivíduos com Dor

DASH

25±19

27±20

DASH/Esporte

41±30

47±32

DASH/Trabalho

19±25

24 ±26

Legenda: O Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand (DASH) é um questionário que atribui uma pontuação de 0 a 100. Quanto mais próximo de 0, menor é a incapacidade, enquanto valores próximos de 100 indicam uma incapacidade total. Esse questionário tem como objetivo avaliar a funcionalidade comprometida dos membros superiores, abrangendo os principais conceitos de sintomas e função. 

Fonte: Autores

 

Discussões 

 

    É notório que os participantes apresentaram dor com a qualificação de leve e moderado, e é evidente que a maioria dos praticantes apresentaram dor; esse contexto observamos o estudo transversal conduzidos por Frisch et al. (2017). O objetivo deste estudo epidemiológico descritivo foi investigar a prevalência de dor no ombro em jogadores de vôlei do ensino médio. Para isso, foi realizada uma pesquisa de autorrelato focada na dor não associada a um evento traumático em jogadoras de vôlei do sexo feminino. A pesquisa contou com a participação de 175 jogadores de vôlei saudáveis e ativos do ensino médio em Iowa, Dakota do Sul e Minnesota. Os jogadores preencheram a pesquisa, na qual relataram a ocorrência de dor no ombro não relacionada a lesões traumáticas. Os resultados revelaram que 40% dos jogadores ativos de vôlei do ensino médio (70/175) lembraram-se de sentir dor no ombro não associada a uma lesão traumática. No entanto, apenas 33% desses jogadores (23/70) relataram ter tirado uma folga para se recuperar da dor. Esses achados indicam uma alta prevalência de dor no ombro em jogadoras de vôlei do ensino médio, com uma proporção significativa delas relatando sentir dor sem a ocorrência de uma lesão traumática específica.

 

    Ratificando a devidas informações, o estudo conduzidos por Skazalski et al. (2023) teve como objetivo obter uma compreensão mais precisa e completa sobre a prevalência de dor semanal e a carga de problemas no joelho, lombar e ombro em níveis mais altos do voleibol masculino. Foram avaliados quatro times profissionais de vôlei que competem na primeira liga de seus respectivos países: Japão, Catar, Turquia e Estados Unidos. Ao longo de três temporadas, 75 jogadores masculinos de vôlei participaram do estudo. Os jogadores preencheram um questionário semanal chamado Oslo Sports Trauma Research Center Overuse Injury Questionnaire (OSTRC-O), no qual relataram a dor relacionada ao esporte e o impacto dos problemas no joelho, lombar e ombro na participação, volume de treinamento e desempenho. Os resultados mostraram que a maioria dos jogadores, cerca de 58% dos jogadores tiveram pelo menos um episódio de dor substancial ao longo das três temporadas, com as seguintes proporções para cada região: joelho (33%), lombar (27%) e ombro (27%).

 

    Corroborando com os dados encontrados sobre a dor e com autor supracitado, o objetivo o estudo transversal conduzido por Barros et al. (2022) foi investigar a correlação entre o desempenho funcional e a função autorreferida do membro superior em atletas de sobrecarga com dor no ombro. Além disso, também foi analisada a correlação entre essas duas medidas funcionais e medidas clínicas do ombro e tronco. Participaram do estudo vinte e uma atletas de vôlei e handebol, com idade média de 23,6±3,7 anos. A função autorreferida do membro superior dominante foi avaliada utilizando-se o Penn Shoulder Score e o questionário de Incapacidades do Braço, Ombro e Mão. Foram realizadas medidas de dor, amplitude de movimento do ombro e do tronco, força isométrica dos músculos do ombro, periescapulares e do tronco, tempo de resistência dos músculos do tronco e desempenho funcional do membro superior utilizando o teste Upper Quarter Y-Balance Test (UQYBT). Os resultados mostraram uma correlação significativa entre o desempenho do UQYBT e a dor no ombro devido à sobrecarga. Além disso, sugere-se que a avaliação da função musculoesquelética e a intervenção terapêutica nesses grupos musculares podem ser relevantes no tratamento e reabilitação desses atletas.

 

    Quantos aos índices do DASH que tem o intuito de avaliar a incapacidade funcional do ombro. Observamos em nossa pesquisa que a incapacidade de ombro voltado para o esporte se apresentou de forma moderada com score de 41±30, já quanto o DASH relacionado ao trabalho observamos uma incapacidade leve com score de 19±25. Ratificando as informações, nos estudos observacionais conduzidos por Miranda et al. (2022) o objetivo foi avaliar e correlacionar a presença de dor e incapacidade funcional do membro superior em atletas de voleibol feminino. Participaram do estudo 30 atletas de voleibol feminino. A incapacidade funcional foi avaliada utilizando o Questionário de Incapacidades do Braço, Ombro e Mão (DASH), enquanto a intensidade da dor foi avaliada por meio da Escala Numérica Visual (VNS). Os resultados mostraram que 19 atletas relataram dor leve a moderada ao realizar atividades trabalho, enquanto 21 atletas relataram dor nas atividades esportivos. A dor foi significativamente mais intensa no ombro dominante. Em relação à incapacidade funcional, o DASH apresentou limitações leves a moderada na subdivisão de esporte. Os resultados indicaram a presença de dor no ombro em atletas de voleibol feminino, com maior incapacidade funcional relacionada à prática esportiva. Além disso, observou-se uma correlação positiva entre a intensidade da dor e a incapacidade funcional.

 

Conclusões 

 

    A presente pesquisa apresentou que os praticantes da modalidade de voleibol estão mais suscetíveis ao aparecimento de dor e incapacidade no complexo do ombro durante a prática esportiva, podendo se perdurar após a prática. Portanto, ainda é notório a escassez de literatura relacionada a modalidade de voleibol, sendo necessário acompanhamento mais próximo para os praticantes dessa modalidade. Pois, é explicito os comprometimentos da articulação do ombro em praticantes dessa modalidade esportiva, ocasionando impactos na capacidade funcional tanto durante a sua prática esportiva quanto nas atividades de vida diária.

 

Referências 

 

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Barros, B.R.S., Cavalcanti, I.B.S., Júnior, N.S, e Sousa, C. de O. (2022). Correlation between upper limb function and clinical measures of shoulder and trunk mobility and strength in overhead athletes with shoulder pain. Physical Therapy in Sport, 55(1), 12-20. https://doi.org/10.1016/j.ptsp.2022.02.001

 

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Cuñado-González, Á., Martín-Pintado-Zugasti, A., e Rodríguez-Fernández, Á.L. (2019). Prevalence and Factors Associated With Injuries in Elite Spanish Volleyball. Journal of sport rehabilitation, 28(8), 796-802. https://doi.org/10.1123/jsr.2018-0044

 

Frisch, K.E., Clark, J., Hanson, C., Fagerness, C., Conway, A., e Hoogendoorn, L. (2017). High Prevalence of Nontraumatic Shoulder Pain in a Regional Sample of Female High School Volleyball Athletes. Orthopaedic journal of sports medicine, 5(6),1-7. https://doi.org/10.1177/2325967117712236

 

Miranda, E.C.O., Ramos, I.A., D’Oliveira, G.D.F., Gomes, E.B., e Leite, C.D. (2022) Incapacidade funcional de membros superiores e intensidade da dor em atletas de voleibol feminino: estudo transversal. BrJP, 5(3), 213-221. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20220046-pt

 

Mizoguchi, Y., Suzuki, K., Shimada, N., Naka, H., Kimura, F., e Akasaka, K. (2022). Prevalence of Glenohumeral Internal Rotation Deficit and Sex Differences in Range of Motion of Adolescent Volleyball Players: A Case-Control Study. Healthcare (Basel, Switzerland), 10(11), 2263-2275. https://doi.org/10.3390/healthcare10112263

 

Orfale, A.G., Araújo, P.M.P., Ferraz, M.B., e Natour, J. (2005). Translation into Brazilian Portuguese, cultural adaptation and evaluation of the reliability of the Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand Questionnaire. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 38(2), 293-302. https://doi.org/10.1590/S0100-879X2005000200018

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 303, Ago. (2023)