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ISSN 1514-3465

 

Análise lexicográfica: uma pesquisa bibliométrica 

relacionada ao exercício físico e a reabilitação pós-COVID-19

Lexicographic Analysis: Bibliometric Research Related 

to Physical Exercise and Post-COVID-19 Rehabilitation

Análisis lexicográfico: una investigación bibliométrica 

relacionada con el ejercicio físico y la rehabilitación post-COVID-19

 

José Ricardo Lourenço de Oliveira*
ricardo@oliveiras.com.br

Silvia Regina Ribeiro**

sribeiro2908@gmail.com

Luiza Hermínia Gallo+

lhgallo@uepg.br

Heleise Faria dos Reis de Oliveira++

heleise@gmail.com

Ana Karoline Ligoski+++

analigoski@gmail.com

 

*Doutor pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP)

Mestrado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Engenheiro de Produção, Engenheiro de Segurança do Trabalho

Especialização em Treinamento, Professor Educação Física,

Coeditor e Parecerista ad hoc de Periódico Científico CPAQV

Membro pesquisador do Núcleo de Pesquisas

em Biomecânica Ocupacional e Qualidade de Vida

Membro pesquisador do Núcleo em Saúde

e Qualidade de Vida e Saúde Integrativa (UEPG)

**Graduada em Educação Física

pela Universidade de Mogi das Cruzes

Mestrado em Ciências Biológicas

pela Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP)

Mestrado em Semiótica, Tecnologias de Informação e Educação

pela Universidade Braz Cubas

Doutora em Engenharia Biomédica pela UNIVAP

Atualmente exerce a função como doutora adjunta da UEPG

Membro pesquisador do Núcleo em Saúde

e Qualidade de Vida e Saúde Integrativa (UEPG)

+Graduada em Licenciatura plena em Educação Física

Mestre em Ciências da Motricidade

pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP - Rio Claro)

Doutora na linha de pesquisa Atividade Física e Saúde

do programa de pós-graduação em Educação Física

pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Professora Adjunta do departamento de Educação Física da UEPG

Membro pesquisador do Núcleo em Saúde

e Qualidade de Vida e Saúde Integrativa (UEPG)

++Doutora em Ciências do Movimento Humano (UNIMEP)

Universidade Metodista de Piracicaba. Mestre em Educação (UNIMEP)

Graduada em Educação Física, Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Professora adjunta da UEPG

Membro pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Biomecânica Ocupacional

e Qualidade de Vida. Coordenadora do Núcleo em Saúde

e Qualidade de Vida e Saúde Integrativa

+++Pós-graduanda em Fisiologia do Exercício

Graduada em Educação Física Bacharel

na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Membro pesquisador estudante do Núcleo em Saúde

e Qualidade de Vida e Saúde Integrativa (UEPG)

(Brasil)

 

Recepção: 22/02/2023 - Aceitação: 05/08/2023

1ª Revisão: 19/07/2023 - 2ª Revisão: 02/08/2023

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Oliveira, J.R.L. de, Ribeiro, S.R., Gallo, L.H., Oliveira, H.F. dos R. de, e Ligoski, A.K. (2023). Análise lexicográfica: uma pesquisa bibliométrica relacionada ao exercício físico e a reabilitação pós-COVID-19. Lecturas: Educación Física y Deportes, 28(307), 191-203. https://doi.org/10.46642/efd.v28i307.3883

 

Resumo

    A COVID-19 é uma doença de caráter infeccioso, com grande variedade de manifestações, desde casos assintomáticos a quadros clínicos leves a moderados, até a presença de casos graves e críticos, com infecções respiratórias agudas e disfunção de múltiplos órgãos com possível óbito. Após a alta hospitalar muitas vezes, os pacientes necessitam de reabilitação, em virtude da diminuição das funções físicas e sintomas persistentes, tais como: falta de ar e fadiga excessiva, de forma que o exercício físico tem sido utilizado como tratamento coadjuvante pelas equipes multiprofissionais. O objetivo deste estudo foi identificar na literatura as formas de reabilitação com a prática de exercícios físicos em pacientes pós- COVID-19. Para tanto inicialmente foi realizada uma revisão na literatura na base de dados PubMed no período de 2020 e 2021. Foram identificados 460 artigos e após os critérios de elegibilidade 30 artigos foram selecionados para análise bibliométrica e lexicográfica com o uso do software Iramuteq. É concluído que o exercício físico de alongamentos, exercícios aeróbios e resistidos, respeitando as condições físicas do paciente, deve ser utilizado dentro na reabilitação pós-COVID-19 como tratamento das sequelas em pacientes pós-internação pela doença contribuindo para melhoria de sua qualidade de vida.

    Unitermos: Reabilitação. COVID-19. Atividade física.

 

Abstract

    COVID-19 is an infectious disease, with a wide variety of manifestations, from asymptomatic cases to mild to moderate clinical conditions, to the presence of severe and critical cases, with acute respiratory infections and multiple organ dysfunction with possible death. After hospital discharge, patients often need rehabilitation, due to the decrease in physical functions and persistent symptoms, such as: shortness of breath and excessive fatigue, so that physical exercise has been used as an adjuvant treatment by multidisciplinary teams. The objective of this study was to identify in the literature the forms of rehabilitation with the practice of physical exercises in post-COVID-19 patients. For this purpose, a literature review was initially carried out in the PubMed database in the period 2020 and 2021. 460 articles were identified and, after the eligibility criteria were met, 30 articles were selected for bibliometric and lexicographic analysis using the Iramuteq software. It is concluded that the physical exercise of stretching, aerobic and resistance exercises, respecting the physical conditions of the patient, should be used within the post-COVID-19 rehabilitation as a treatment of sequelae in post-hospitalization patients for the disease, contributing to the improvement of their quality of life.

    Keywords: Rehabilitation. COVID-19. Physical activity.

 

Resumen

    La COVID-19 es una enfermedad infecciosa, con una amplia variedad de manifestaciones, desde casos asintomáticos hasta cuadros clínicos leves a moderados, hasta la presencia de casos graves y críticos, con infecciones respiratorias agudas y disfunción multiorgánica con posible muerte. Después del alta hospitalaria, los pacientes suelen requerir rehabilitación, debido a la disminución de las funciones físicas y síntomas persistentes, como dificultad para respirar y fatiga excesiva, por lo que el ejercicio físico ha sido utilizado como tratamiento coadyuvante por equipos multidisciplinarios. El objetivo de este estudio fue identificar en la literatura formas de rehabilitación con la práctica de ejercicios físicos en pacientes post-COVID-19. Para ello se realizó inicialmente una revisión de literatura en la base de datos PubMed en el período 2020 y 2021. Se identificaron 460 artículos y luego de los criterios de elegibilidad se seleccionaron 30 artículos para análisis bibliométrico y lexicográfico mediante el software Iramuteq. Se concluye que el ejercicio físico como estiramientos, ejercicios aeróbicos y de resistencia, respetando las condiciones físicas del paciente, deben ser utilizados en la rehabilitación post COVID-19 como tratamiento de secuelas en pacientes post hospitalización por la enfermedad, contribuyendo a mejorar su calidad de vida.

    Palabras clave: Rehabilitación. COVID-19. Actividad física.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 307, Dic. (2023)


 

Introdução 

 

    A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2), caracterizada como uma infecção respiratória aguda grave de elevada transmissibilidade e mortalidade, tais condições fizeram com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretasse estado pandêmico em março de 2020. Somente no Brasil, a doença afetou cerca de 34 milhões de pessoas, dentre os casos mais leves, hospitalizados e óbitos, chegou a mais de 686 mil. (Brasil, 2022)

 

    A infecção pelo SARS-CoV-2 pode variar de casos assintomáticos e manifestações clínicas no sistema respiratório de leves a moderadas, tais como: tosse, dor de garganta, coriza, mialgia, cefaleia, febre, congestão nasal, expectoração, dispneia, hemoptise, mialgia, fadiga e pneumonia (Paneroni et al., 2021). Também são observadas a presença de casos graves e críticos, com infecções respiratórias agudas e disfunção de múltiplos órgãos, exigindo internações em unidades de terapia intensiva, com possível óbito em casos mais graves (Li et al., 2020), sendo necessária atenção especial aos sinais e sintomas que indicam piora do quadro clínico que exijam a hospitalização do paciente. (OMS, 2022)

 

    Nos casos mais graves a hospitalização se torna o recurso mais viável para os pacientes acometidos pela doença, sendo que os indivíduos em alta hospitalar necessitam de acompanhamento e reabilitação profissional multidisciplinar devido as sequelas deixadas pela doença, em virtude do tempo que ficaram acamados, ocorrendo na maioria das vezes a perda da força a muscular. (Belli et al., 2020)

 

    As principais sequelas deixadas pela COVID-19 envolvem a fadiga respiratória ansiedade e/ou depressão (Huang et al., 2021); bem como a fraqueza muscular após a hospitalização com o comprometimento nas funções físicas e funcionais cotidianas (Humphreys et al., 2021), mesmo em indivíduos que não apresentaram alguma limitação motora prévia (Paneroni et al., 2021), sendo assim imprescindível a necessidade de programas de reabilitação para tais pacientes.

 

    Os programas multidisciplinares interventivos utilizados visam a reabilitação integral do indivíduo, com a recuperação de atividades funcionais locomotoras, cardiorrespiratórias, metabólicas e cognitivas; bem como o amparo psicoafetivo priorizando a melhoria do seu bem-estar. (Liska, e Andreansky, 2021; Arnold et al., 2021)

 

    Os programas de reabilitação devem contemplar a avaliação em todos os âmbitos em que o indivíduo pós-infecção se encontra, para que assim, possa ter uma recuperação satisfatória, com exercícios que sejam efetivos. (Rydwik et al., 2021)

 

    O cuidado com a prescrição do exercício físico para a reabilitação deve considerar as avaliações de mobilidade locomotora e funcionais, bem como todo o histórico do paciente, com os acometimentos patológicos adquiridos e/ou comorbidades preexistentes. (Calabrese et al., 2021; Paneroni; et al., 2021)

 

    As intervenções por meio de programas de exercícios e mobilização precoce têm mostrado melhoras na recuperação após a UTI podendo ser uma alternativa de reabilitação que deve ser abordada de maneira individual (Goodwin et al., 2021); tendo em vista que os pacientes ficam debilitados não apenas pela infecção, mas também, pelo processo de hospitalização, havendo perda de massa muscular.

 

    Estudos de Pancera et al. (2021) verificaram aumento da força muscular, da circunferência da coxa, redução da dispneia, aumento da independência funcional e melhora da qualidade de vida após a reabilitação multiprofissional que incluía exercícios físicos.

 

    Destaca-se a importância da utilização do exercício físico na reabilitação após a infecção por COVID-19, com atenção individual ao quadro clínico e eventuais barreiras físicas, para que se possa ter um retorno seguro ao exercício. (Halle et al., 2021)

 

    Além disso, os níveis de práticas de atividade física e programas de exercícios físicos são considerados moduladores nas manifestações clínicas e prognóstico em pacientes infectados (Jimeno-Almazán et al., 2021), promovendo o aumento da síntese de citocinas anti-inflamatórias e melhora da função imunológica em pacientes pós-COVID. (Goulart et al., 2021)

 

    Visto os benefícios apontados quanto aos exercícios físicos na reabilitação de pacientes pós COVID-19, se busca neste estudo apresentar as formas indicadas na literatura, utilizadas pelas equipes multiprofissionais da saúde, ressaltando a contribuição do profissional de Educação Física.

 

    O objetivo deste estudo foi de identificar na literatura as formas de reabilitação com o uso do exercício físico em pacientes pós-COVID-19.

 

Métodos 

 

    Inicialmente foi realizada uma revisão na literatura na base de dados PubMed com os seguintes descritores: rehabilitation, COVID-19 e physical activity na língua inglesa utilizando-se todos os termos ao mesmo tempo, incluindo o operador booleano and no período de 2020 e 2021, resultando em 460 artigos que foram analisados a partir dos critérios de elegibilidade.

 

    Para inclusão no estudo foram estabelecidos os seguintes critérios: “artigos originais que mencionavam em seus títulos ao menos dois descritores”; “textos completos disponíveis”; e/ou “resumos contendo a associação do exercício físico para a reabilitação de pacientes pós-COVID-19”; totalizando 26 artigos.

 

Figura 1. Fluxograma da busca de dados

Figura 1. Fluxograma da busca de dados

Fonte: Autores (2022)

 

    Em seguida foi realizada a análise bibliométrica e lexicográfica, com o Software IRAMUTEQ -Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires- afim de identificar no texto as formas de reabilitação, com o uso do exercício físico utilizadas pelas equipes multiprofissionais com pacientes pós-COVID-19.

 

    O software IRAMUTEQ (Ratinaud, 2009) permite a análise qualitativa e estatística da revisão bibliográfica, por meio do resumo dos artigos selecionados (Manual do IRAMUTEQ, 2017, p. 10), além de ser uma ferramenta gratuita e de fácil acesso.

 

    Entre os recursos do software foi utilizada neste estudo a análise da nuvem de palavras que possuí a função de agrupar e organizar graficamente, em função da sua frequência; de forma a ser considerada uma análise lexical simples, e graficamente interessante, pois possibilita uma rápida identificação das palavras-chaves de um texto. (Camargo, e Justo, 2013)

 

    A análise de nuvem de palavras permite observar um número expressivo de palavras que possuem variedade de tamanhos e estão relacionadas a quantidade de vezes que determinada palavra aparece indicando a relevância presente no corpus textual analisado.

 

    Dessa forma, as palavras são agrupadas e organizadas graficamente de acordo com a sua frequência, o que possibilita facilmente a sua identificação, a partir de um único arquivo, denominado corpus. A partir das palavras mais frequentes fornecidas nos segmentos de texto, foi realizada a análise lexical. Essa análise supera a dicotomia entre a pesquisa quantitativa e qualitativa, pois permite empregar cálculos estatísticos sobre dados qualitativos, os textos. O vocabulário é identificado e quantificado em relação à frequência e, em alguns casos, também, em relação à sua posição no texto, ou seja, é submetido à cálculos estatísticos para posterior interpretação sendo uma das diferenças da análise de conteúdo, no qual o pesquisador interpreta para depois sistematizar.

 

Resultados 

 

Figura 1. Nuvem de palavras formada pelo Software IRAMUTEQ,a partir da análise textual

Figura 1. Nuvem de palavras formada pelo Software IRAMUTEQ,a partir da análise textual

Fonte: Autores (2022)

 

    A análise da nuvem de palavras, enfatiza a relação entre os vocábulos: COVIDpatientsphysical- rehabilitation- exercise, estando mais destacadas e com proximidade e proporções semelhantes, demonstrando relevância no corpus textual dos 26 artigos analisados, conforme a Figura 1.

 

    Ou seja, sugerem a importância da reabilitação pós-COVID-19, corroborando com os estudos de McGregor et al. (2021), Paneroni et al. (2021), Calabrese et al. (2021), Goulart et al. (2021), Hekmatikar et al. (2021), Luken et al. (2021), Postigo-Martin et al. (2021), Rydwik et al. (2021), Uddin et al. (2021), Islam et al. (2021), Udina et al. (2021), e Zampogna et al. (2021).

 

    Cada autor supracitado, enfatiza em seus trabalhos a relevância da reabilitação pós-COVID-19 com trabalhos respiratórios e exercício físico.

 

    Devido a diminuição da força muscular esquelética e no desempenho físico em pacientes que foram hospitalizados em recuperação de pneumonia por COVID-19, e que antes do acometimento da infecção, não possuíam limitações locomotoras, sugere-se a participação dos pacientes, em programas de reabilitação, logo após a alta hospitalar, a fim de que os pacientes possam voltar rapidamente, as suas atividades de vida diária, resgatando sua autonomia e independência. (Paneroni et al., 2021)

 

    Em consequência da pandemia de COVID-19, houve e há um aumento expressivo de deficiências pós-agudas e crônicas, que requerem prudência, em relação aos serviços de Reabilitação. (Uddin et al., 2021)

 

    Sendo assim, destaca-se a necessidade de estabelecer maneiras estratégicas de reabilitação, a fim de reduzir os resultados funcionais negativos, causados pela infecção. (UDINA et al., 2021)

 

    Anterior à aplicabilidade da sessão de reabilitação pós COVID -19 foram identificados 4 protocolos de avaliações: Six Minute Walk Test (TC6), Timed Up and Go Test (TUG), The Chair Stand Test (TCS), Step Test (ST); afim de identificar o atual estado físico do paciente como um parâmetro básico (baselines) para planejamento dos programas de treinamento físico nos protocolos de reabilitação, conforme Tabela 1. 

 

Tabela 1. Avaliações antes da reabilitação

Teste

Função

Autores

TC6

Avaliação da capacidade aeróbica e resistência, e comparar as alterações na capacidade funcional dos pacientes.

Liska et al. (2021)

TUG

Avaliação da mobilidade funcional do paciente.

Liska, e Andreansky (2021), Pancera et al. (2021), Solon et al. (2021)

THS

Avaliação da força de membros inferiores.

Liska; Andreansky (2021), Pancera et al. (2021), Paneroni et al. (2021), Rodriguez-Blanco et al. (2021)

ST

Avaliação da aptidão aeróbica.

Liska, e Andreansky (2021)

Fonte: Autores (2022)

 

    Os testes descritos na Tabela 1 devem ser decorrentes de uma prescrição de exercícios individuais, visando as alterações físicas funcionais, como a recuperação motora e cognitiva de pacientes pós-internação pela COVID-19, respeitando sempre as sequelas e possíveis comorbidades. Os testes possuem cada qual, objetivos específicos para sua aplicação, além de possuírem baixo custo, facilidade na aplicação e execução rápida.

 

    O teste Timed Up and Go (TUG), avalia o equilíbrio dinâmico e a mobilidade funcional, pois indivíduos que perderam a massa muscular e se encontram em estado de sarcopenia, necessitam de intervenções capazes melhorar a musculatura perdida, pelo tempo de internação e consequentemente o equilíbrio dinâmico.

 

    A utilização do teste Six Minute Walk (TC6), é para a redução da tolerância do exercício, o teste avalia a aptidão cardiorrespiratória pacientes que possuem patologias como doença pulmonar obstrutiva crônica, síndrome do desconforto respiratório agudo. (Solon, Larson, Ronnebaum, e Stevermer, 2021)

 

    O teste The Chair Stand Test, é aplicado com a finalidade de avaliar a força muscular de membros inferiores, tendo duas principais variações, a de 30 segundo que foi utilizado pela maioria dos pesquisadores. A única exceção foi o estudo de Paneroni et al. (2021), que utilizou a variação Teste de Sentar-Levantar Cinco Vezes (TSLCV), neste caso, o indivíduo deve sentar-se e levantar-se cinco vezes seguidas, e o tempo é cronometrado. Neste estudo foi dessa maneira, pois foi realizado na telereabilitação.

 

    O Step Test foi utilizado em apenas um estudo, com o objetivo de fazer a relação direta proporcionalmente entre a aptidão cardiovascular e a taxa de recuperação do coração para os valores iniciais após um exercício extenuante. (Liska, e Andreansky, 2021)

 

    Todos os testes foram importantes para determinar dados palpáveis no início, e após os exercícios realizados na reabilitação.

Em relação aos tipos de exercícios, intensidade, volume. Os autores descreveram as seguintes informações, conforme a Tabela 2.

 

Tabela 2. Sessões de treinamento conforme autores

Exercício

Intensidade/ Volume

Autores

Alongamento

Leve. De acordo com as sessões.

Gao et al. (2021), Liska, e Andreansky (2021)

Exercícios Aeróbicos: caminhada, ciclismo e natação

Moderado: de 40% a 50% da frequência cardíaca máxima/ aumento gradual. 5 vezes na semana; com 30 minutos cada sessão.

Gao et al. (2021), Liska, e Andreansky (2021), Pancera et al. (2021)

Intervalado com ciclo ergômetro

20 watts/ 30 minutos, 10 watts/sessão, considerando a Escala de Borg.

Gao et al. (2021), Liska, e Andreansky (2021)

Resistido

50% da carga máxima; 6-12 rp. Depende de cada indivíduo.

Gao et al. (2021), Liska, e Andreansky (2021), Pancera et al. (2021), Szczegielniak et al. (2021)

Fonte: Os autores (2022)

 

    Os exercícios realizados na reabilitação englobaram uma grande variedade, sendo que as principais categorias: alongamentos, exercícios aeróbios, exercícios intervalados e exercícios resistidos.

 

    Os alongamentos podem ser utilizados antes da sessão de treinamento, com movimentos dinâmicos a fim de melhora na mobilidade articular, ou após exercícios para relaxamento musculo-articular de leve intensidade. (Gao et al., 2021; Liska, e Andreansky, 2021)

 

    Os treinos com exercícios aeróbios, objetiva-se a melhora da dispneia, sendo realizado com uma intensidade moderada, em torno de 40% a 50% da frequência cardíaca máxima, e levando em consideração, o aumento gradual da intensidade. Os exercícios que englobam essa categoria são: caminhada, ciclismo e natação. (Gao et al., 2021; Liska, e Andreansky, 2021; Pancera et al., 2021)

 

    Nos treinos intervalados, pode-se usar o ciclo ergômetro, e sua intensidade deve ser aumentada de acordo com cada paciente, que indica seu nível de percepção de esforço através a escala de Borg (Borg, e Borg, 2001), com sessões de 10 a 30 minutos, sempre levando em consideração o bem-estar do paciente. (Gao et al., 2021; Liska, e Andreansky, 2021)

 

    Por fim, os exercícios resistidos possuem a finalidade de aumento da força muscular, com a intensidade média 50% do esforço percebido com o aumento gradativo de carga. (Gao et al., 2021; Liska, e Andreansky, 2021; Pancera et al., 2021; Szczegielniak et al., 2021)

 

    Desta maneira, pode-se dizer que o exercício físico na reabilitação pode ser benéfico, a fim melhorar a saúde do indivíduo (Hekmatikar et al., 2021), pois o mesmo, possuí a capacidade de aumentar a síntese de citocinas anti-inflamatórias, sendo peça chave, na reabilitação pós-COVID-19, ao melhorar a disposição física e mental, além do humor, prevenção de doenças e melhora na sensação de bem-estar. (Goulart et al., 2021)

 

Conclusões 

 

    É concluído neste estudo que o exercício físico deve ser utilizado dentro da reabilitação pós-COVID-19 como tratamento das sequelas em pacientes, pós-internação pela doença.Exercícios de alongamento, aeróbios e resistidos respeitando as condições físicas do paciente devem serem realizados para sua melhoria da qualidade de vida.

 

    Ressalta-se a necessidade de maiores estudos na área da Educação Física afim de contribuir para o estado da arte de reabilitação pós COVID-19 que vem sendo efetuada nos últimos anos.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 307, Dic. (2023)