ISSN 1514-3465
Futebol em Farias Brito/CE: a memória de seus sujeitos
Soccer in Farias Brito/CE: The Memory of its Protagonists
Fútbol en Farias Brito/CE: la memoria de sus protagonistas
Prof. Dr. Rogério Paes de Oliveira
*rogerio.paes@urca.br
Prof. Patrício Macedo Bezerra
**pcmacedo6@gmail.com
*Professor Adjunto na Universidade Regional do Cariri
Departamento de Educação Física, Líder do Grupo de Estudos
e Pesquisas Onto-Histórico em Educação Física e Esporte CNPQ
**Professor de Educação Física na Educação Básica de Farias Brito/CE
Graduado em Educação Física pela Universidade Regional do Cariri
(Brasil)
Recepción: 02/09/2022 - Aceptación: 24/10/2024
1ª Revisión: 20/12/2022 - 2ª Revisión: 17/10/2024
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0
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Cita sugerida
: Oliveira, R.P. de, e Bezerra, P.M. (2024). Futebol em Farias Brito-CE: a memória de seus sujeitos. Lecturas: Educación Física y Deportes, 29(319), 53-67. https://doi.org/10.46642/efd.v29i319.3666
Resumo
Vivenciado nos clubes profissionais, semiprofissionais, ou como recreação, lazer, o futebol é a prática esportiva mais popular do mundo. Em Farias Brito/CE, sua prática acontece desde os campeonatos amadores em campos de terra batido ou nos estádios municipais de grama, até nas ruas e em praças públicas como forma de jogo/brincadeira popular. Sua prática possui particularidades próprias, sentidos e significados dados pelos sujeitos que a praticam. Entretanto, possui como referência o esporte de alto rendimento, demostrando que, mesmo ao possuir sentidos e significados próprios, em última análise, sua prática é socialmente determinada pelo modelo social do esporte futebol, vinculado ao alto rendimento. A presente pesquisa possui como objetivo geral, compreender os elementos que tornam a prática do futebol no município, socialmente determinado pelo esporte de alto rendimento. O estudo se caracteriza como uma pesquisa de cunho qualitativo, de campo, no qual os dados provêm de entrevistas semiestruturadas. Podemos concluir que a prática do futebol no município, apresenta particularidades, mas não se opõe ao futebol de alto rendimento.
Unitermos:
Futebol. Futebol amador. História. Farias Brito/CE.
Abstract
Experienced in professional and semi-professional clubs, or as a leisure activity, soccer is the most popular sport in the world. In Farias Brito/CE, its practice takes place from amateur championships on dirt fields or in municipal grass stadiums, to the streets and in public squares as a form of popular game/play. Its practice has its own particularities, meanings and meanings given by the subjects involved in the practice. However, it has high-performance sport as a reference, demonstrating that, even though it has its own meanings and meanings, ultimately, its practice is socially determined by the social model of the sport of soccer, linked to high performance. The general objective of this research is to understand the elements that make the practice of soccer in the municipality socially specific to the high-performance sport. The Study is characterized as qualitative, field research, in which data is provided from semi-structured interviews. We can conclude that the practice of soccer in the municipality has particularities, but is not opposed to high-performance soccer.
Keywords:
Soccer. Amateur soccer. History. Farias Brito/CE.
Resumo
Vicenciado en clubes profesionales y semiprofesionales, o como recreación, ocio, el fútbol es el deporte más popular del mundo. En Farias Brito/CE su práctica se desarrolla desde campeonatos de aficionados en canchas de tierra o en estadios municipales de pasto, hasta en las calles y plazas públicas como forma de juego popular. Su práctica tiene particularidades, sentidos y significados propios dados por los sujetos que la practican. Sin embargo, tiene como referente el deporte de alto rendimiento, demostrando que, si bien tiene sentidos y significados propios, en definitiva, su práctica está socialmente determinada por el modelo social del deporte fútbol, vinculado al alto rendimiento. El objetivo general de esta investigación es comprender los elementos que hacen que la práctica del fútbol en el municipio esté socialmente determinada por el deporte de alto rendimiento. El estudio se caracteriza por ser una investigación cualitativa, de campo, en la que los datos provienen de entrevistas semiestructuradas. Podemos concluir que la práctica del fútbol en el municipio tiene particularidades, pero no se opone al fútbol de alto rendimiento.
Palabras clave
: Fútbol. Fútbol aficionado. Historia. Farías Brito/CE.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 29, Núm. 319, Dic. (2024)
Introdução
A prática corporal atlética é sem dúvida uma das atividades corporais mais antigas realizadas pela humanidade. Correr, saltar, andar, nadar, são elementos presente na cultura da humanidade, primeiramente, como uma necessidade de sobrevivência, e com o desenvolvimento da humanidade, passaram a ser elementos realizados fora da esfera primária de sobrevivência. Essas práticas corporais, que se complexificam na modernidade das relações capitalistas de produção, alcançando um patamar jamais presenciado em qualquer outra forma de organização social. (Oliveira, 2018)
Surgem na modernidade capitalista as transformações dessas práticas corporais em esporte, em comparação competitiva dos rendimentos dos atletas, que podem, com aparato industrial e tecnológico, serem medidos, mensurados, testados (Brohm 1982). O fenômeno social do futebol, aparece como sendo a prática corporal atlética de maior alcance, e sua disseminação é notada desde os números de campeonatos existentes em todo mundo, seja profissional ou amador, até as inúmeras horas destinadas semanalmente nas grades de TVs, ou ainda nas práticas de lazer e brincadeiras na/da rua. Sua disseminação mundial pode ser constatada por os, aproximadamente, meio bilhão de pessoas que tiram de forma direta ou indireta o seu passadio pelo futebol, correspondendo a aproximadamente 60% da população mundial. (Carvalho, 2012)
Desde sua origem até os dias atuais, o futebol faz parte da cultura e da identidade nacional de vários países (Caldas, e Abraão, 2021), entre eles o Brasil. Sua prática possui singularidades próprias, adaptando-se aos locais de jogo. Como brincadeira de/na rua, como esporte escolar, como os comuns “rachas” de final de tarde, que por sua vez, distintos das atualizações das regras oficiais da modalidade, produzidas pela International Football Association Board (IFAB, 2022), praticado como espetáculo nas grandes arenas esportivas, como competições de alto rendimento, sua prática possui sentidos e significados próprios atribuídos pelos sujeitos que a praticam.
O futebol profissional e seu conjunto de aparato midiático, econômico, político, é a maximização dessa prática corporal que tem servido de referência para as diferentes formas de manifestação de sua forma amadora. Concomitantemente, é com o desenvolvimento em escala cada vez mais ampliada da profissionalização do futebol, que a prática de bairro, popular, como é o caso da cidade de Farias Brito, passa a ser uma organização amadora.
Segundo Ribeiro (2021), ao analisar a história do futebol em Belo Horizonte, Minas Gerais, constata que houve uma maior organização das agremiações dos times profissionais em detrimento da prática do futebol de várzea. É notório, portanto, que a prática fenomênica do futebol na esfera do lazer, ou seja, no esporte realizado de forma amadora, como passatempo, ou como afirma Hobsbawm (2016), “ambiente convidativo”, traz com ele os sentidos e significados presentes, em regra, no futebol profissional. A própria manifestação do fenômeno esportivo em Farias Brito/CE, município localizado na Região do Cariri Cearense, está direta ou indiretamente subsumida aos sentidos e significados assumidos pelo futebol profissional, assim como, determinada, em última análise, pela forma de organização social capitalista na qual estamos inseridos e possui o futebol em seu bojo.
Nesse interim, para melhor entendermos o futebol em Farias Brito/CE se faz necessário abranger os pormenores do futebol profissional, visto que, é o que temos de mais desenvolvido, para assimilarmos as singularidades do futebol nas outras esferas. Isso porque compreendemos que a chave do entendimento de um objeto está na sua versão mais desenvolvida.
Esto significa, efectivamente, que el estadio superior indica la vía a los estadios inferiores y les da un significado. En el caso que nos ocupa es el movimiento de contestación del deporte quien le da su significación y permite que esbocemos hoy una interpretación científica de conjunto. (Brohm, 1982, p. 5)
Destarte, possuímos como objetivo geral, compreender os elementos que tornam a prática do futebol no município, socialmente determinado pelo esporte de alto rendimento, além de três objetivos específicos, a saber: Entender a particularidade da prática do futebol em Farias Brito/CE; Identificar os principais acontecimentos futebolísticos e socioculturais constituintes da memória do futebol amador do município.
Metodologia
O presente estudo vincula-se a uma pesquisa intitulada: O futebol e suas dimensões históricas e ontológicas: a particularidade da prática esportiva na região do Cariri, realizada na Universidade Regional do Cariri, no período de 2020-2021, registrada e aprovada pelo Comitê de ética da Universidade.
Os procedimentos metodológicos sucederam de, inicialmente, uma revisão bibliográfica e documental (Severino, 2016) sobre as origens do esporte com foco, principalmente, ao desenvolvimento do futebol da gênese até à modernidade. Posteriormente, vasculhados o acervo de fotos, jornais, assim como, um rastreamento de publicações sobre a história do futebol no Brasil, em geral, e em Farias Brito, em particular.
A pesquisa caracteriza-se por ser um estudo de campo, no qual utilizamos do método de coleta de dados da história oral (Thompson, 1992). Para a coleta de dados, se utilizou como ferramenta de pesquisa, as entrevistas semiestruturadas (Minayo, 2015), com nove sujeitos, entre eles: quadro jogadores, dois técnicos e três dirigentes/organizadores de diferentes épocas.
A seleção desses sujeitos foi por julgamento (Cochran, 1965) dos pesquisadores, ao passo que foi identificado que os mesmos possuíam informações precisas sobre o assunto. As entrevistas foram realizadas nas residências dos sujeitos, mediante concordância do termo de consentimento livre esclarecido (TCLE), utilizando um aplicativo de gravação de áudio via celular. Incluímos como amostra, os sujeitos que se adequavam as três categorias supracitadas e aceitaram a participação voluntária na pesquisa. Foram excluídos da pesquisa, os sujeitos que não se encaixavam nas três categorias, e não se predispuseram a fazer parte da amostra.
A fins de considerações finais, rastreamos que a prática do futebol na cidade caririense, possui sua gênese nos jogos lazer entre amigos praticados em campos de várzea que na atual forma, socialmente determinado pelas influências do futebol profissional, possui como polo aglutinador, o campeonato de futebol amador do município que ocorre no estádio municipal anualmente.
A exposição do presente artigo está organizada em dois momentos. No primeiro momento será apresentada a forma como o jogo vai tomando forma, se distanciando das práticas lúdicas, para tornar-se um esporte, assim como, a gênese da prática do futebol em Farias Brito. O segundo momento, são apresentados à formatação dos primeiros torneios, os times e a relação social com as torcidas.
A gênese do futebol e a particularidade de sua prática em Farias Brito/CE
Segundo Collins (2018), já em 1842, eram poucos os resquícios do jogo de futebol anterior ao processo de revolução industrial. Demostrando assim, a influência social da sociabilidade capitalista em acessão, em consonância com o desenvolvimento dos esportes e da modalidade do futebol. Pois, o esporte tal qual conhecemos hoje é produto de relações histórico-concretas sob circunstâncias histórico-concretas produzidas pelas relações sociais e de produção. Nesse sentido, o esporte “uma vez estabelecido o modelo profissional burguês” (Giulianotti, 2010, p. 20) fez com que os jogos ditos “primitivos” praticamente desaparecessem frente à nova ordem social capitalista.
Sua gênese está ligada as escolas da burguesia inglesa, como forma de ruptura com as antigas práticas de jogos do Rugby. Mas, logo alcançou as periferias londrinas e o norte industrial bretão, confrontando a parte Sul da Inglaterra. Sua prática em constante desenvolvimento, logo se colocou em confronto o Norte industrial contra o Sul monarca. Times de operários, muitos deles contratados pelas fábricas somente para jogar bola, começaram a ameaçar a hegemonia dos gentlemen do sul da Inglaterra, especialmente Londres (Proni, 2000). Os cavalheiros da burguesia inglesa se confrontaram com operários, trabalhadores –que eram fisicamente mais capacitados para suportar a carga física exigida nas partidas–, que possuíam atletas contratados para representar os times industriais que se localizavam no norte da Inglaterra, Manchester e Liverpool, assim como na Escócia. (Giulianotti, 2010)
No Brasil, como demostra Santos Neto (2002), mesmo antes de Charles Muller desembarcar no Brasil com uma bola, um livro de regras, essa prática já existia nos portos, por marinheiros, predominantemente ingleses, que se juntavam em momentos de folga em solo brasileiro, portanto, o futebol já estava sendo disseminado por trabalhadores das indústrias. Contudo, a chegada de Muller, coloca em evidência o futebol nos colégio na elite – econômica e política – brasileira da época, ao passo entre os pobres e, principalmente os negros, essa prática era negada, ou seja, a sua chegada ao Brasil está para “ser exclusivo da elite branca do país”. (Tostes, 2022)
No Estado do Ceará, o “mito de fundação” é atribuído a José Silveira, que assim como o sulista Muller, foi um jovem de classe alta que foi estudar na Suíça e, quando regressou ao Estado, trouxe com ele uma bola de couro, um livro de regras, e dois conjuntos de uniformes que possibilitou a organizar o primeiro jogo de futebol no ano de 1904 (Pinheiro et al., 2011). Todavia, antes mesmo do mito, uma partida de futebol teria sido jogada por ingleses residentes na capital cearense enfrentando marinheiros ingleses de um navio ancorado no porto de fortaleza. (Pinheiro et al., 2011)
Segundo Damasceno (2011), em 1925 já existia em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, vários times nos quais se reuniram e fundaram uma entidade que foi denominada de Liga Metropolitana de Foot-Ball, para organizar as competições.
Competições essa, que proibia a participação de negros e pobres, sendo um torneio para as elites da cidade, com times vinculados aos moradores de determinadas ruas e/ou estudantes de colégios frequentados pela burguesia local. Os dois grandes times da capital, Fortaleza e Ceara, são oriundos dessa formatação de um esporte bairrista de uma classe com alto poder aquisitivo. Em contraste, a terceira força da capital, a equipe do Ferroviário, como o próprio nome sugere, tem ligações com a classe operário das ferrovias. (Farias, 2005)
Já na cidade de Farias Brito/CE, não se tem ao certo quando o futebol começa a ser praticado. Com a pesquisa, não foi possível datar a primeira partida e/ou jogo com bola no município. Mas, a memória dos sujeitos nos coloca frente à década de 1970 como momento da prática já consolidada e com existência de organizações, times e campeonatos de futebol local.
Nota-se a presença de uma embrionária organização do futebol na década de 1970 na cidade de Farias Brita/CE (emancipada na década de 1950). Observa-se também que é o momento do apogeu do futebol brasileiro a nível internacional, quando a seleção masculina de futebol do Brasil, ganhava no México sua terceira copa mundial, criando na população uma memória afetiva com a seleção. Nesse sentido, além de contribuir para a popularização do espetáculo, o torcer pela seleção passa a ser algo da tradição.
Essa memória eufórica se consolidou no senso comum brasileiro como uma espécie de tradição, pois em um curto intervalo de tempo a seleção brasileira venceria mais duas Copas do Mundo em 1962 e 70, tornando-se a primeira seleção a conquistar o título mundial por três vezes e teria a posse definitiva da cobiçada Taça Jules Rimet. (Abrantes et al., 2022, p. 317)
A nascente cidade “vê” pelo rádio o Brasil ganhar o bicampeonato de futebol, vencendo a anfitriã Suécia na final de 1958, e a Tchecoslaváquia – atualmente República Tcheca – no Chile em 1962. Não obstante, já durante seus torneios, a jovem cidade de Farias Brito/CE, também ouvia pelo rádio o Brasil ganhar o tricampeonato mundial de futebol, no México, ao derrotar a Itália em 1970. O historiador Airton de Farias relata sobre a primeira transmissão de um jogo realizado no rádio em Fortaleza.
A primeira transmissão de futebol no Estado, ocorrida em1939, foi inusitada: um dos funcionários da PRE-9, Rui Costa Souza, ficou no campo do Prado assistindo ao jogo e pelo telefone relatava todos os lances para o “locutor oficial” José Cabral de Araújo – ante a maestria do speaker, os ouvintes sequer desconfiaram do truque. (Farias, 2005, p. 45)
Influenciados pela paixão advinda do rádio, a prática do futebol local, realizada como diversão, poderia acontecer em qualquer espaço que seus praticantes julgassem como adequado. Campo a céu aberto, terreno não cercado, as ruas das vilas. Com bolas plásticas –canarinho– e fáceis de serem estouradas, meninos se reuniam para desfrutar dos prazeres de correr atrás de uma bola e chutá-la.
O motivo de encontros para as “peladas” passou pouco a pouco a ter outro foco. A céu aberto, meninos se dispunham a correr atrás de um brinquedo esférico, no qual o resultado valia muito mais que a pura diversão, assim, a competição passou a ser a prioridade nos jogos, tanto para os que estavam dentro do campo, como os que acompanhavam fora dele. Em outras palavras, enquanto uns corriam com os pés no chão, outros se aglomeravam para apostar em quem era melhor. A capacidade de um era confrontada com a capacidade do outro. O jogo valia dentro de campo e muito fora dele.
Segundo Brohm (1982) no início do desenvolvimento do esporte na Inglaterra, em especial o futebol, eram comuns as práticas de apostas, e bebedeiras em pubs. Como foi possível constatar nas falas dos sujeitos entrevistados, a prática do futebol começou a reunir adeptos que apostavam nas pequenas disputas que ocorriam. A conhecida e popular expressão “quem perder paga a coca”, já fazia parte do itinerário local.
A disputa do rendimento atlético de um time da cidade, contra um time do sítio, criou uma rivalidade urbana versus rural, de uma localidade contra outra, uma rivalidade de bairros, que culminou em uma necessidade de organização de competições. Uma demanda de organização de campeonatos para que os times recém-criados pudessem, sobretudo, performar. Os grandes idealizadores foram Milton Mila, Valderi e Luiz Carlos. E uma das primeiras equipes formadas foi batizada de Olímpio. Surgiram os times do River, Palmeiras, Confiança, Comercial, Alfa, Quixará, Betânia, Cariutaba, assim como, os jogadores que tiveram destaque no futebol da cidade.
Formou o Olímpio, aí não passou um ano, aí Alfredo foi e tomou de conta, que era até um ternozinho
[uniforme] amarelo. Isso o caba [pessoa] andava juntando camisa, daqui pra aculá pra poder fazer o material. Aí nós fizemos uma, uma... Um bingo, arrecadamo [sic] dinheiro. Aí Alfredim foi no [sic] Crato comprar esse material aí nós botamo [sic] o nome de Olímpio. Aí depois Alfredim passou um ano ainda na frente desse time, aí acabou-se [sic]. Aí a gente continuou treinando, mas sem ter o... O time sem ter nome. (Entrevistado 5)
Um elemento importante a se destacar é a dificuldade no acesso a materiais esportivos, que na sua grande maioria, eram comprados com as arrecadações, em um modelo de gestão autofinanciada pelos próprios jogadores e “donos” dos times, além da ajuda de amigos e familiares com compra de rifa, bingos, como evidenciado pela supracitada fala do entrevistado 5.
O desenvolvimento do futebol é acompanhado pela produção dos próprios espaços para a sua prática. A produção de campos sai do projeto logo fosse possível encontrar um terreno plano ou com poucas diferenças de níveis, no qual o dono do terreno autorizasse para a “construção” do campo, ou seja, para limpar o terreno e colocar as traves, geralmente com madeiras de arvores nativas como um formato de “v” em uma das extremidades e uma outra que se encaixe entre os “v” para ser o travessão. Dentre esses espaços para a prática, os sujeitos relatam o campo do fórum, o famoso Matião, que pelas suas características geográficas de relevo, conseguia reunir um alto número de espectadores que assistiam aos jogos nas barreiras e barrancos de terra nas proximidades. Todavia, o espaço estava disponível por tempo indeterminado pela vontade do dono e dos seus futuros empreendimentos. A esse respeito, na cidade de São Paulo, por exemplo, o desenvolvimento do “progresso” capitalista não tardou a chegar e eliminar mais de uma centena de campos de várzea a partir de 1950 (Seabra, 1987). No caso do Matião, foi substituído pelo Fórum da cidade.
Com a construção do fórum da cidade, e por isso o local ficou conhecido posteriormente como campo do fórum, os jogadores passaram a ir jogar nos campos localizados nas zonas rurais até a criação de um espaço destinado especificamente para a prática do futebol com o estádio municipal, conhecido popularmente como o Zezão. A construção de um estádio municipal, com iluminação, foi determinante para possibilitar a prática diária do futebol por parte dos trabalhadores que não podiam se predispor a treinos de times amadores durante o período diurno por conta de seus empregos.
Quando criaram o estádio né, a expectativa foi grande, porque como eu disse anteriormente, a gente treinava em campo de terra, a gente só treinava durante o período diurno, porque quando dava a noite não tinha iluminação, aí quando a gente viu que ia ter um campo gramado, ia ter um campo iluminado, e boa parte poderia treinar a noite, principalmente a turma que trabalha né, passa o dia todo trabalhando e não teria tempo de treinar durante o dia, ou praticar o esporte. Já à noite, com o campo iluminado, todo mundo tem acesso. Foi uma expectativa grande, foi bem recebido, foi ótimo né, a prova disso é que a gente vai no campo é sempre frequentado, todo dia, a semana inteira tem treino tem tudo, sem contar que é bem centralizado né, no centro da cidade, o acesso é fácil [sic].
(Entrevistado 7)
A construção desses espaços sociais, se demostraram limitados pela “chegada do progresso”, ou seja, com o desenvolvimento da cidade, os espaços tidos como bons para as práticas das “peladas”, tornaram-se raridade no centro da cidade e começaram a ser realizados nas redondezas. Acerca do crescimento das cidades e diminuição dos espaços para realização de práticas atléticas esportivas, Almeida nos ajuda a compreender que:
Atualmente o futebol amador praticado nas periferias e bairros vem perdendo espaço nas cidades devido a vários fatores, tais como, a corrida imobiliária, a urbanização das regiões (principalmente as metropolitanas), entre outros. Notamos uma diminuição dos locais existentes para a prática do futebol amador, seja por conta do poder público, que em prol de um crescimento no sentido de se melhorar as condições estruturais dos bairros, tais como, aumento no número de ruas asfaltadas, ou por uma necessidade de locais para construção de habitações para famílias de baixa renda. (Almeida, 2015, p. 17)
Com a organização cada vez mais desenvolvida na criação dos times locais, os famosos “rachas” perderam espaço para os “rígidos” treinamentos dos times. Assim, os aspectos sociais de caráter lúdico (Huizinga, 2010), foram se perdendo. A prática do futebol local segue as determinações do esporte de rendimento. A medida que o futebol se desenvolve, mais se afasta das barreiras do jogo lúdico, da pelada, do racha e mais se aproxima da competitividade, do rendimento da busca pela comparação entre as capacidades atléticas de um time contra outro. Ou seja, um sistema de competições físicas generalizadas e universais. Nas palavras de Brohm (1982, p. 11):
El deporte es, pues, un sistema de competiciones físicas generalizadas, universales, abierto por principio a todos, que se extiende en el espacio (todas las naciones, todos los grupos sociales, todos los individuos pueden participar) o en el tempo (comparación de los récords entre diversas generaciones sucesivas), y cuyo objetivo es el de medir y comparar las actuaciones del cuerpo humano concebido como potencia siempre perfectible.
A consolidação do futebol, enquanto modalidade esportiva na década de 1970 pode ser verificada com a organização dos primeiros campeonatos. Contudo, a prática de amistosos para “testar” os times, era realizada de forma corriqueira na cidade. Torneios na região rural como na Canabrava, Betânia e Cariutaba, em tempos festivos religiosos de padroeiros, antecederam a organização de campeonatos. A data do primeiro registro de campeonato é de 1974, quando João Matias ocupava o cargo de prefeito municipal.
[...] campeonato veio existir aqui nas eras de João Matias pra cá, nas eras de setenta e quatro, que foi o ano de João Matias, foi o ano que foi criado aqueles campeonatos, depois passaram a criar o do município, que é hoje né, ai ainda hoje existe, foi criado na época de João Matias o do município... [sic].
(Entrevistado 6)
Naquele momento, não existia uma associação ou órgão competente para criação das regras. Porém, existia um grupo que tomava para si essa tarefa e criavam os regulamentos da competição, números de inscritos, forma de competição, dias, horários e locais dos jogos.
A criação dos torneios, os times, as rivalidades e as torcidas
Um fator inegável que serviu de combustível para o desenvolvimento do futebol em Farias Brito/CE está certamente ligado à rivalidade criada entre os times, sobretudo entre as equipes da cidade versus as equipes do campo. Inúmeros são os relatos de uma hegemonia dos times da zona urbana em relação aos times da zona rural. Uma prevalência de domínio do lugar de maior desenvolvimento econômico.
Na Inglaterra, essa relação de superioridade foi exposta pelos times desenvolvidos do norte industrial da Inglaterra, em relação aos times do sul (Brohm, 1982). Na Argentina, os times da metrópole Buenos Aires, tinham vantagens sobre seus rivais interioranos (Giulianotti, 2010). No Rio de Janeiro, os times da elite fluminense, Fluminense e Flamengo só começaram a ser ameaçado quando o negro, o pobre, com a possibilidade de profissionalização, estivesse presentes em outros times com Vasco da Gama e do operário time do Bangu (Rodrigues Filho, 2003). No Ceará, até os dias atuais, nenhum time fora na região metropolitana, venceu um campeonato estadual. Demostrando que mesmo a prática esportiva possua certo grau de autonomia em relação às questões sociais e económicas, esta possui uma determinação ontológica. Portanto, a capacidades de desenvolvimento econômico de uma determinada região, possibilita um maior grau de desenvolvimento nos demais complexos da vida social e, portanto, no complexo esportivo e neste caso, na particularidade do futebol.
Desde sua origem no país bretão, os adeptos e espectadores do passa tempo tornaram-se grandes torcidas. Rodrigues Filho (2003) relata que uma multidão se reunia em torno dos cercados para acompanhar os jogos dos campeonatos amadores metropolitanos do Rio de Janeiro. Em Farias Brito/CE, o desenvolvimento de times de bairros, cria uma enorme rivalidade em campo e cria uma proporcional torcida fora dele. De acordo com as entrevistas realizadas, foi relatada a presença constante da torcida como uma entidade presente para acompanhar os jogos, torcer por seus times, seus bairros, seus sítios e distritos. E de forma nostálgica, os entrevistados também relataram que as torcidas demostravam “seu amor” pelo time antigamente mais do que nos dias atuais.
A torcida geralmente das localidades comparecem em massa. O que eu tenho a dizer assim em relação às torcidas, que eu presenciei duas torcidas, um porque eu joguei na equipe, e outra porque a gente via os jogos, a Canabrava. A torcida da Canabrava é uma torcida fiel mesmo, naquele tempo a gente ia pros jogos, não é como a gente vai em cima de... porque a gente hoje vai de ônibus isso e aquilo, naquele tempo a gente ia em cima de caminhão, se cobrava a passagem, uma quantidade x pra cada jogador, pra cada torcedor, e sempre a gente ia lotado. E outra torcida forte mesmo, que acompanha até os dias de hoje as equipes, é o pessoal da Betânia, sempre foram torcedores fortes mesmo, E é bom, porque o torcedor, como se diz né, é um décimo segundo jogador, pra incentivar quem está dentro de campo ou de quadra [sic].
(Entrevistado 7)
Equipes como River, Quixará, Canabrava, Betânia receberam conotação de grandes campeões. Mas o evento que premia esses campeões possui grande importância para Faria Brito. Sobretudo porque mobiliza a cidade inteira em festejos e shows esperados para brindar os campeões, pois o torneio municipal finaliza na data que a cidade comemora aniversário de emancipação política.
Fato mais importante aqui é o campeonato do município né, onde se reúnem as principais equipes municipais, tentando chegar ao título né, equipes como o River que conquistaram várias vezes né o campeonato municipal, como o Quixará, a Canabrava, o BR, a Betânia, certo. E o fator marcante é como se diz, é a integração de todo o município em geral, porque um torneio no município aí vem a turma de todas as localidades, e é um fato que todo mundo ficar aguardando o ano inteiro, pra saber quando será o torneio do município, como será, quais os critérios, quais os valores das premiações e tudo mais [sic].
(Entrevistado 7)
Ao passar dos anos, esse campeonato organizado passou a ser gerido por uma entidade governamental municipal. As organizações e instituições continuam ser um símbolo da sistematização dos esportes. Seguindo esse modelo de organização, em Farias Brito, foi criado um departamento específico para esse trabalho, o Departamento de Esporte e Lazer Fariasbritense (DELFA), para gerir e organizar as competições esportivas oriundas das políticas públicas para o esporte e lazer da prefeitura.
Atualmente temos uma secretaria de esporte e temos um departamento de esporte, o DELFA né, que são eles os encarregados de organizar as competições esportivas. Antes não, antes se reunia, não tinha um departamento, uma secretaria, se reunia tipo pessoas locais, onde escolhia cinco, seis pessoas, “Vamos organizar o campeonato, quem vai fazer os regulamentos, quem vai observar, quem vai fazer isso são vocês”, hoje não, hoje já tem o departamento que faz isso, em todo o município [sic].
(Entrevistado 7)
Destarte, também são organizados campeonatos nos sítios. São campeonatos particulares organizados por pessoas dessas localidades, normalmente tem o nome e a época que ocorrem associados ao padroeiro daquele sítio ou localidade. Assim, mesmo com o desenvolvimento moderno, o esporte no município mantém também uma proximidade com os festejos religiosos e outras festas, como o aniversário de emancipação política do município, em comum, os feriados, nos quais atletas amadores estão de folga dos seus postos de trabalho.
Em momentos de folga, como uma prática de atividade física intensa, sem uma devida preparação física para tal, os atletas amadores nessas competições estão expostos aos perigos impostos pelo condicionamento físico. E com um enorme agravante, nessas competições e nas suas respectivas localidades de realização, em regra, não possuem condições de prevenção e nem de um atendimento de ressuscitamento em caso de eventuais fatalidades. Os atletas ficam sujeitos a perigos impostos para prática de alto rendimento, lesões, fraturas acidentes de trânsito em deslocamento para jogos e até a morte no próprio campo de jogo. Segundo Garcia, e Costa (2011), a incidência de morte subida de origem cardíaca é maior em atletas. E de cada 49 mortes de atletas, cinco são no futebol. Um entrevistado relatou quando aconteceu a morte de um jogador, durante uma partida.
E tem o lado triste do futebol né, que foi o Evaristo Rosendo, que a gente tava
[sic] realizando um futebol suscite dentro do estádio municipal, onde ele teve uma arritmia cardíaca e naquele momento, o futebol amador não tem desfibrilador, essas coisas, eu nem sei saber se eu to falando a... O nome do aparelho certo, mas é mais ou menos por ai, na hora pra poder fazer o... Mas foi uma coisa rápida, levamos pro hospital, infelizmente faleceu, enfim, tem pessoas que se foram que a gente não esquece no futebol amador... [sic]. (Entrevistado 9)
No Brasil, logo após a morte de um jogador durante partida válida pelo campeonato brasileiro de 2004, o aparelho desfibrador aparece como obrigatório, para o início de uma partida, assim como ambulância, e uma equipe médica. Aparece inclusive nos regulamentos das competições organizadas pelas entidades estaduais e pelas confederações nacionais. Contudo essa não é uma realidade do esporte nos pequenos municípios, nos quais a responsabilidade de organização é da prefeitura.
Nesse sentido, a particularidade da prática do futebol em Farias Brito/CE, assume conotação competitiva se espelhando nos megaeventos de futebol conhecidos e disseminados globalmente, mesmo que de forma precária pela exígua infraestrutura existente e pela baixa cifras monetárias envolvidas, ao mesmo tempo em que possui elementos próprios, com significações próprias dos sujeitos que o praticam. Portanto, mesmo que possua uma determinação, em última instância, ao futebol de alto rendimento, possui sentidos e significados particulares e singulares, reverberados pela apropriação que seus munícipes possuem do fenômeno esportivo do futebol.
Conclusões
O futebol é, sem dúvida, a prática esportiva que mais atinge a população mundial. No Brasil, no qual é considerado por muitos o país do futebol, o assunto se torna destaque por ser ventilado quase que o tempo todo, seja na mídia ou nas rodas de conversas. O futebol tem um espaço abrangente de compreensão desde a prática amadora até a profissional. Neste trabalho procuramos destacar a relação que existe em o futebol amador buscar o futebol profissional como modelo, na particularidade do município de Farias Brito/CE, para tanto, nosso objetivo foi compreender os aspectos históricos da prática do futebol amador na cidade de Farias Brito/CE.
Em nossa pesquisa buscamos responder perguntas como: Como o futebol é praticado na cidade de Farias Brito/CE? Com as entrevistas, podemos notar semelhanças e diferenças do futebol praticado na cidade, com o futebol praticado de forma profissional. Algumas similaridades com o alto rendimento são: os nomes das equipes, as regras, entre outros. Por outro lado, notamos muitas diferenças em relação ao futebol profissional como: o escasso investimento, organização sistematizada dos times, vínculo trabalhista.
Podemos concluir que o futebol de alto rendimento não é uma oposição ao esporte amador, mas são formas diferentes de se vivenciar o futebol. Em suma as atividades do futebol na cidade, como os campeonatos que ocorrem, as rotinas de treinos, proporcionam aos jogadores a construção de um universo similar ao modelo de futebol profissional, assim como outros valores que predominam na atual forma de organização societal.
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