Benefícios ao aluno com deficiência incluso em escola regular

Benefits to students with disabilities included in regular school

Beneficios al estudiante con discapacidad incluido en escuela regular

 

Jéssica Alves Galeno*

jessgaleno1.9@gmail.com

Jitone Leônidas Soares**

jitone@unb.br

Robson de Souza Lobato***

rtutoria@gmail.com

Guilherme Lins de Magalhães****

glmdjudo@hotmail.com

André Ribeiro da Silva*****

andrepersonalsaude@gmail.com

 

*Especialista em Educação Especial Inclusiva. Professora de Educação Física

na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

**Mestre em Educação Física. Professor na Faculdade

de Educação Física da Universidade de Brasília

***Mestre em Educação Física. Professor de Educação Física

na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

****Doutorando em Educação. Professor

de Educação Física no Instituto Federal de Brasília

*****Doutor em Ciências da Saúde. Professor

na Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília

(Brasil)

 

Recepção: 28/11/2017 - Aceitação: 23/02/2018

1ª Revisão: 21/02/2018 - 2ª Revisão: 21/02/2018

Resumo

    O objetivo deste artigo é descrever os benefícios que aluno com deficiência incluso em escola regular possui. A metodologia utilizada foi a revisão de literatura de abordagem qualitativa. Teve-se com critérios de inclusão artigos, estudos e noticiários publicados com o tema educação inclusiva.Concluiu-se que a educação inclusiva de alunos com deficiência em escola regular é um bem essencial para o desenvolvimento global do aluno, levando em consideração todos os recursos necessários para este processo.

    Unitermos: Alunos com deficiência. Inclusão escolar. Benefícios da inclusão.

 

Abstract

    The purpose of this article is to describe the benefits that disabled pupil included in regular school possess. The methodology used was the literature review of qualitative approach. Inclusion criteria were articles, studies and news bulletins published with the theme inclusive education. It was concluded that inclusive education of students with disabilities in a regular school is an essential asset for the overall development of the student, taking into account all the necessary resources for this process.

    Keywords: Students with disabilities. School inclusion. Benefits of inclusion.

 

Resumen

    El propósito de este artículo es describir los beneficios de los estudiantes con discapacidad incluidos en las escuelas regulares. La metodología tiene un enfoque cualitativo orientado a la revisión de la literatura. Cómo criterio de inclusión se tuvo en cuenta artículos, estudios y noticias publicadas con el tema de la educación inclusiva. Se concluyó que la educación inclusiva de alumnos con discapacidad en centros ordinarios es un derecho esencial para el desarrollo integral del estudiante, teniendo en cuenta todos los recursos necesarios para este proceso.

    Palabras clave: Estudiantes con discapacidad. Inclusión escolar. Beneficios de la inclusión.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 22, Núm. 237, Feb. (2018)


 

Introdução

 

    A concepção de inclusão no decorrer da trajetória humana pode ser apresentada em quatro fases distintas. A primeira, conforme Facion (2005) aponta, é a fase da exclusão na qual as pessoas com deficiência eram abandonadas e até sacrificadas, sendo consideradas indignas da educação escolar. A segunda é a fase de segregação, que começou no século XX com o atendimento às pessoas com deficiência em grandes instituições separadas das regulares, oferecendo programas próprios, técnicos e especialistas. A terceira fase constitui a fase da integração, concebida a partir do final da década de 1960 e início de 1970. Neste momento, houve uma mudança filosófica em direção à ideia de educação integrada, aceitando crianças com deficiência nas escolas regulares, estando estes presentes na sala de aula comum ou em ambientes menos restritivo possível. Os alunos são integrados à classe regular adaptando-se conforme as estruturas do sistema escolar (Silva, 2009).

 

    Uma das questões mais discutidas na educação brasileira nos últimos tempos tem sido a inclusão de alunos com deficiência no sistema regular de ensino, principalmente por estar amparada pela legislação brasileira de educação. O Brasil apresenta leis subsidiadas pela Constituição Federal (Brasil, 1988), que estabelece o direito das pessoas com necessidades especiais de receberem educação, preferencialmente na rede regular de ensino. Assim, a ampla legislação brasileira contempla aspectos relevantes para o processo de inclusão, com legislações específicas (Brasil, 2008).

 

    Vive-se hoje um momento de redefinição, no qual cabe às instituições de ensino papéis diferentes de antigamente. As escolas têm, diante de si, o grande desafio de se reinventar, sendo necessárias novas práticas pedagógicas que garantam atender toda a diversidade humana. Dentre as diversidades atuais temos a inclusão de alunos com deficiência nas escolas comuns (Bereta y Viana, 2014).

 

    A educação inclusiva tem, como características principais, o ensino para todos, a qualidade de ensino, e a permanência na escola regular. Portanto, o desenvolvimento do trabalho pedagógico cotidiano em sala de aula e um fator essencial, que necessita estar fundamentado em bases solidas, tanto teóricas quanto práticas para, assim, formar um indivíduo integrado a sociedade que o cerca (Goring, 2013).

 

A inclusão vem ganhando espaço nas escolas brasileiras, sendo que os professores não podem ignorar este acontecimento. O maior objetivo do processo de inclusão é garantir que os alunos com deficiência tenham o mesmo acesso à educação dada aos demais alunos, e em especial a mesma forma de participação nas aulas práticas de Educação Física (Almeida y Cordero, 2014). Perante estas afirmações, o problema de pesquisa deste estudo foi analisar quais os benefícios da educação inclusiva na escola regular sobre os alunos com deficiência e o objetivo foi descrever os benefícios que aluno com deficiência incluso em escola regular possui.

 

Metodologia

 

    A metodologia utilizada foi a revisão de literatura de abordagem qualitativa. Teve-se com critérios de inclusão artigos, estudos e noticiários publicados com o tema educação inclusiva, compreendidos entre os anos de 1994 a 2017.

 

Resultados

 

    A escola possui o seu papel fundamental para a inclusão da pessoa com deficiência. Partindo da perspectiva de que a escola e a sala de aula são os dos lugares do processo de ensino-aprendizagem, temos, nesta teia, uma grande diversidade de alunos que aprendem em locais diferentes, tanto dentro da própria escola e sala de aula, quanto em outros locais, além da escola e sala de aula. Contudo, a escola, a todo instante, busca a homogeneização, enquadrando os sujeitos nas amarras institucionais, não atendendo, assim, as suas especificidades e diferenças individuais, o que pode gerar uma relação paradoxal entre inclusão e exclusão, em grosso modo (Goring, 2013).

 

    Vygotski (1994) ensina em sua obra que não há sujeito epistêmico que atravessa fases fixas do desenvolvimento, pois este é concebido de forma não linear e está amparado na aprendizagem que o meio sociocultural oportuniza.Vygotski (1997), vê potencialidade e capacidade nas pessoas com deficiência, mas entende que, para estas poderem desenvolvê-las,devem ser-lhes oferecidas condições materiais e instrumentais adequadas. Para o autor, não é a deficiência em si, no que tange ao seu aspecto biológico, que atua por si mesma, e sim, o conjunto de relações que o indivíduo estabelece com o outro e com a sociedade, por conta de tal deficiência. Com isso, deve-se oferecera tais pessoas uma educação que lhes oportunize a apropriação da cultura histórica e socialmente construída, para melhores possibilidades de desenvolvimento (Leonardo, Bray y Rossato, 2009).

 

    Em um estudo, os principais resultados indicam que a maioria dos alunos se mostraram favoráveis à inclusão escolar, demonstrando credibilidade nesse processo. Os participantes expressaram várias dificuldades envolvidas no processo de inclusão de alunos com deficiência no sistema regular de ensino, destacando- se: a discriminação social e falta de preparo dos profissionais. Os sentimentos decorrentes do processo de inserção do aluno com deficiência em classe comum do ensino regular que predominaram entre os participantes do estudo foram positivos do tipo: “é normal”, “tranquilo” (Tessaro, Waricoda, Colonheis y Rosa, 2005).

 

    A prática desportiva escolar tem sido considerada como um importante facilitador de atitudes inclusivas ao promover o contato e relacionamento social entre os estudantes (Block y Rizzo 1995, Rodrigues 2008, Souza y Boato 2009, Tripp, Rizzo y Webbert, 2007).

 

    Em 2006, o Ministério da Educação elaborou uma apostila sobre a inclusão escolar de alunos com deficiência física, onde incluiu os aspectos históricos, teórico-conceituais, aspectos relacionados as barreiras arquitetônicas, projetos políticos pedagógicos, adaptações físicas na escola, recursos pedagógicos adaptados, adequação de acesso ao currículo, transporte escolar, recomendações filmes e sites sobre o assunto (Brasil, 2006).

 

    Um fator muito importante na inclusão escolar do aluno com deficiência em escola regular é o olhar dos familiares. Um estudo foi publicado em 2010 sobre o olhar das mães sobre a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência e foi concluído que a pesquisa promoveu a aproximação com as mães e tornou possível conhecer seus reais pensamentos e sentimentos sobre a inclusão escolar e a educação dos filhos, percebendo seus desejos, expectativas, medos e frustrações. Notaram também que há um empenho dessas mães em busca de um ensino que promova a estimulação dos seus filhos e possibilite não somente a sua inserção na sociedade, mas sim a sua real inclusão, que significa não apenas estar ao redor dos meios sociais, mas fazer parte efetiva deles (Resende, Ferreira y Rosa, 2010).

 

    Os professores, mesmo não tendo domínio da concepção de inclusão e/ou não buscando maneiras para que a mesma aconteça efetivamente em suas aulas, consideram importante a participação de alunos com necessidades educacionais especiais nas aulas de educação física escolar e se mostram simpáticos ao processo de inclusão educacional (Souza y Boato, 2009).

 

    A inclusão não é uma ameaça, nem menos uma mera questão de terminologia. Ela é uma expressão linguística e física de um processo histórico que não se iniciou e nem terminará hoje. Na verdade, a inclusão não tem fim, se entendida dentro deste enfoque dinâmico, processual e sistêmico que procuramos levantar neste artigo. Até porque, na medida em que o mundo se move em seu curso histórico e as regras e convenções vão sendo revistas e modificadas, novos tipos de excluídos poderão sempre aparecer. Cabe, portanto, aos que possuem consciência a este respeito, manter este estado constante de vigília, para que a luta por um mundo cada vez mais justo e democrático jamais esmoreça (Santos, 1997).

 

    Um estudo tinha como objetivo investigar as possibilidades do trabalho colaborativo na formação de estudantes de uma universidade e a formação continuada de professores de crianças com necessidades educacionais especiais. Foi concluído que a consultoria colaborativa pode gerar efeitos importantes, principalmente em relação às mudanças nas práticas de professores de alunos com necessidades educacionais especiais em suas salas de aula do ensino regular e que há necessidade de mudanças desafiadoras para professores, de abandono do papel tradicionalmente individual e do controle absoluto da sala de aula, começando a agir de forma a compartilhar objetivos, tomadas de decisões, responsabilidades, instruções, avaliação da aprendizagem, resolução de problemas e tudo o que envolve a administração da sala de aula (Mendes, Almeida y Toyoda, 2011).

 

    O processo de inclusão exige muito cuidado e respeito, deve-se fazer com que o aluno deficiente não se sinta excluído, sendo que as atividades devem ser adaptadas e atender as necessidades de cada aluno, para valorizar a sua participação (Salvador, 2015).

 

Conclusões

 

    É necessário que o professor reveja suas posturas porque a diversidade escolar impõe desafios para toda a comunidade escolar (Goring, 2013). As leis sobre educação inclusiva impostas pelo governo brasileiro obrigam as instituições de educação modificarem suas ações pedagógicas e arquitetônicas, para adaptar os alunos com deficiência.

 

    Apesar da dificuldade de algumas escolas públicas no Brasil atenderem de forma integral estes alunos, desde a criação destas leis o Ministério da Educação, através dos sistemas de ensino superior federal, municipal e estadual, oferece cursos de atualização e formação para professores atuarem com pessoas com deficiência, inclusive para aqueles que residem em regiões de difícil acesso as universidades do Brasil, através da modalidade de ensino a distância (EAD).

 

    Os benefícios para o aluno com deficiência incluso em escola regular são inúmeros, mas para que isso aconteça, o professor deve buscar constantemente informações sobre atualizações e cursos de educação inclusiva particulares ou gratuitos, alguns oferecidos pelo MEC, através dos sites do próprio ministério, pelas universidades federais e estaduais, secretarias de educação municipal, estadual e distrital, através das escolas de aperfeiçoamento dos profissionais de educação, além da realização estudos de caso com seus alunos, apoiados em livros e periódicos científicos no campo da educação especial e inclusiva.

 

    Infelizmente alguns cursos que eram oferecidos pela modalidade a distância, através do sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB/MEC foram suspensos em 2015, em virtude de reduções de verbas do Estado destinadas a educação a distância e programas de pesquisa e extensão universitárias (SEDUFSM, 2015; Dead Unemat, 2015, Unifesp, 2015). Espera-se que estes cursos e investimentos em formação de professores em educação inclusiva sejam retomados pelo governo federal, dessa maneira o processo de aperfeiçoamento de professores na rede pública do Brasil não fica prejudicado.

 

Referências

 

    Almeida, E. S. y Cordero, O. G. H. (2014). A inclusão de alunos portadores de necessidades educacionais especiais nas aulas de educação física no ensino regular. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente, 5(2): 81-97.

 

    Bereta, M. S. y Viana, P. B. M. (2014). Os Benefícios da inclusão de alunos com deficiência em escolas regulares. Revista Pós-Graduação: Desafios Contemporâneos, v.1, n. 1.

 

    Block, M. y Rizzo, T. (1995). Attitudes and Attributes of Physical Educators Associated with Teaching Individuals with Severe and Profound Disabilities. Journal of the Association for Persons with Severe Handicaps, v. 20, n. 1, p. 80-87.

 

    Brasil (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal.

 

    Brasil (2006). A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais – deficiência física. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC.

 

    Brasil (2008). Secretaria de Educação Especial. Legislação Específica / Documentos Internacionais.Recuperado em 02 de janeiro de 2017 de: http://portal.mec.gov.br/seesp/index.php?option=content&task=view&id=159&Itemid=311

 

    Dead Unemat (2015). Educadores fazem campanha contra cortes na UAB. Diretoria de Gestão de Educação a Distância da Universidade do Estado do Mato Grosso. Recuperado em 02 de janeiro de 2017 de: http://dead.unemat.br/portal/Noticia/58/educadores-fazem-campanha-contra-cortes-na-uab/#

 

    Facion, J. R. (2005). Inclusão Escolar e as suas Implicações. Curitiba: IBPEX.

 

    Goring, V. M.(2013). O sujeito com síndrome de Asperger na escola comum: algumas reflexões. Poiésis,V.7, n.11, p.113-124.

 

    Leonardo, N. S. T., Bray, C. T. y Rossato, S. P. M. (2009). Inclusão escolar: um estudo acerca da implantação da proposta em escolas de ensino básico. Rev. Bras. Ed. Esp., v.15, n.2, p.289-306.

 

    Mendes, E. G., Almeida, M. A. y Toyoda, C. Y. (2011). Inclusão Escolar pela via de colaboração entre Educação Especial e Educação Regular. Educar em Revista, n. 41, p. 81-93.

 

    Resende, D.O., Ferreira, P. M. y Rosa, S. M. (2010). A inclusão escolar de crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais: um olhar das mães. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, v. 18, n.2, p. 115-127.

 

    Rodrigues, D. (2008). A Educação Física perante a Educação Inclusiva: reflexões conceptuais e metodológicas. Revista da Educação Física/UEM,v. 14, n. 1, p. 67-73.

 

    Salvador, B. S. (2015). A inclusão escolar nas aulas de Educação Física: dificuldades dos professores. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202. Recuperado em 02 de janeiro de 2017 de: http://www.efdeportes.com/efd202/a-inclusao-escolar-nas-aulas-de-educacao-fisica.htm

 

    Santos, M. P. (1997). A Inclusão da Criança com Necessidades Educacionais Especiais. Fórum Permanente de Educação e Saúde, Instituto Phillipe Pinel, PUC-Rio/UFRJ.

 

SEDUFSM (2015). EaD também sofrerá cortes nos recursos. Seção sindical dos docentes da UFSM. Recuperado em 02 de janeiro de 2017 de: http://www.sedufsm.org.br/?secao=noticias&id= 3605

 

    Silva, B. K. L. N. (2009). Inclusão escolar de uma criança com síndrome de Down in IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE, PUCPR, 26 a 29 de outubro.

 

    Souza, G. K. P. y Boato, E. M. (2009). Inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas aulas de educação física do ensino regular: concepções, atitudes e capacitação dos professores. Educação Física em Revista, v. 3, n. 2, p. 1-15.

 

    Tessaro, N. S., Waricoda, A. S. R., Bolonheis, R. C. M. y Rosa, A. P. B. (2005). Inclusão escolar: visão de alunos sem necessidades educativas especiais. Psicologia Escolar e Educacional, v.9 n.1, p. 105-115.

 

    Tripp, A., Rizzo, T. L. y Webbert, L. (2007). Inclusion in physical education: Changing the culture. Journal of Physical Education, Recreation & Dance, Reston, v. 78, n. 2, p. 32-48.

 

    Unifesp. (2015). MEC corta 47% dos recursos de capital e 10% do custeio. Universidade Federal de São Paulo. Recuperado em 2 de janeiro de 2017 de: http://www.unifesp.br/campus/sjc/palavra-do-diretor/979-mec-corta-47-dos-recursos-de-capital-e-10-do-custeio.html

 

    Vygotski, L. S. (1994). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.

 

    Vygotski, L. S. (1997). Obras escogidas V: Fundamentos de defectología. Madrid: Visor Distribuciones.


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 22, Núm. 237, Feb. (2018)