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ISSN 1514-3465

 

Tecnologia assistiva e atividade física adaptada. Revisão integrativa de literatura

Assistive Technology and Adapted Physical Activity. Integrative Literature Review

Tecnología de apoyo y actividad física adaptada. Revisión integradora de la literatura

 

Rita de Cássia de Almeida Pavão*

cassiapavao@yahoo.com.br

Profa. Dra. Mey de Abreu Van Munster**

mey@ufscar.br

 

*Graduada em Pedagogia

pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Atualmente é Professora de Educação Especial

da Prefeitura Municipal de Araraquara- SP

e na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo

Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Especial

Graduada em Bacharelado em Educação Física

na Universidade Federal de São Carlos

Mestranda do PPGEEs na UFSCar

**Pós-doutora pelo Kinesiology, Sports Studies and Physical Education

Department da Universidade Estadual de Nova Iorque (SUNY - College at Brockport)

Doutora, mestre e especialista em Atividade Física

e Adaptação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Professora associada junto ao Departamento de Educação Física

e Motricidade Humana (DEFMH) e credenciada

no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs)

da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Professora visitante no Department of Kinesiology

da Universidade de New Hampshire (UNH)

Professora convidada no Programa Erasmus Mundus Master

in Adapted Physical Activity (EMMAPA)

Universidade Católica de Leuven, Bélgica

Coordenadora do Núcleo de Estudos

em Atividade Física Adaptada (NEAFA)

e do Projeto de Extensão Atividades Físicas, Esportivas

e de lazer Adaptadas (PROAFA) da UFSCar

Membro da Associação Brasileira de Atividade Motora Adaptada (SOBAMA)

Representante da América do Sul junto

à International Federation of Adapted Physical Activity (IFAPA)

Fundadora e vice-presidente da Federación Sudamericana

de Actividad Física Adaptada (FeSAFA)

(Brasil)

 

Recepção: 11/06/2022 - Aceitação: 02/01/2023

1ª Revisão: 03/12/2022 - 2ª Revisão: 30/12/2022

 

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Citação sugerida: Pavão, R. de C.A., e Van Munster, M. de A. (2023). Tecnologia assistiva e atividade física adaptada. Revisão integrativa de literatura. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(298), 197-219. https://doi.org/10.46642/efd.v27i298.3519

 

Resumo

    Tecnologia Assistiva (TA) consiste em um conjunto de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência (PCD). A utilização de TA na Atividade Física Adaptada (AFA) se configura na democratização de oportunidades de acesso de PCD a programas diversificados de atividades físicas e esportivas. Este estudo teve como objetivo analisar a produção científica envolvendo a interface “Tecnologia Assistiva e Atividade Física Adaptada” voltada às pessoas com deficiência. Sob perspectiva qualitativa, foi realizado um estudo exploratório-descritivo, caracterizado como pesquisa bibliográfica. Foi realizada uma revisão integrativa de literatura utilizando-se como expressão de busca “Tecnologia Assistiva” AND “Educação Física” OR “Atividade Física” OR “Esporte”, em quatro bases: Medline, Scopus, SciELO e Web of Science. Como forma de tratamento dos dados recorreu-se à análise de conteúdo, dividindo-se os resultados em três categorias: Recursos e dispositivos auxiliares à locomoção em esportes; Dispositivos e jogos eletrônicos, tecnologias móveis (aplicativos e softwares) e ambientes virtuais de aprendizagem esportiva; Recursos tecnológicos diversificados e aplicados aos esportes. Concluiu-se que a maioria dos recursos em TA está voltada às pessoas com deficiências físicas e dificuldades de locomoção, prevalecendo a ocorrência de recursos tecnológicos de alta sofisticação e pouca acessibilidade econômica.

    Unitermos: Tecnologia assistiva. Atividade física adaptada. Deficiência.

 

Abstract

    Assistive Technology (AT) consists of a set of resources and services that help to provide or expand functional abilities of people with disabilities (PWD). Using AT in Adapted Physical Activity (APA) is established in democratizing opportunities for PWD to access diversified physical and sports activity programs. This study aimed to analyze publications on the "Assistive Technology and Adapted Physical Activity" interface for PWD. From a qualitative perspective, an exploratory-descriptive study was performed, characterized as bibliographic research. An integrative literature review was carried out using the search term “Assistive Technology” and “Physical Education” or “Physical Activity” or “Sport” in four databases: Medline, Scopus, SciELO and Web of Science. Content analysis was used as a form of data processing, dividing the results into three categories: Resources and auxiliary devices for transportation in sports; Electronic devices and games, mobile technologies (applications and software) and virtual sports learning environments; Diversified technological resources applied to sports. It was concluded that most resources in AT are aimed at PWD and mobility difficulties, prevailing the occurrence of technological resources of high sophistication and low economic accessibility.

    Keywords: Assistive technology. Adapted physical activity. Disabled persons.

 

Resumen

    La Tecnología de Apoyo (TA) consiste en un conjunto de recursos y servicios que contribuyen a proporcionar o ampliar las capacidades funcionales de las personas con discapacidad (PCD). El uso de la TA en la Actividad Física Adaptada (AFA) se configura en la democratización de las oportunidades de acceso de las PCD a programas diversificados de actividades físicas y deportivas. Este estudio tuvo como objetivo analizar la producción científica que involucra la interfaz "Tecnología de Apoyo y Actividad Física Adaptada" dirigida a personas con discapacidad. Desde una perspectiva cualitativa, se realizó un estudio exploratorio-descriptivo, caracterizado como una investigación bibliográfica. Se realizó una revisión integradora de la literatura utilizando “Tecnología de asistencia” AND “Educación física” OR “Actividad física” OR “Deporte” como expresión de búsqueda en cuatro bases de datos: Medline, Scopus, SciELO y Web of Science. Como forma de tratamiento de los datos se utilizó el análisis de contenido, dividiendo los resultados en tres categorías: Recursos y aparatos auxiliares para la locomoción en el deporte; Dispositivos y juegos electrónicos, tecnologías móviles (aplicaciones y software) y entornos virtuales de aprendizaje deportivo; Recursos tecnológicos diversificados aplicados al deporte. Se concluyó que la mayoría de los recursos de TA están dirigidos a personas con discapacidad física y dificultades de locomoción, prevaleciendo recursos tecnológicos de alta sofisticación y baja accesibilidad económica.

    Palabras clave: Tecnología de apoyo. Actividad física adaptada. Discapacidad.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 298, Mar. (2023)


 

Introdução 

 

    O termo tecnologia assistiva (TA) é utilizado para identificar todo o conjunto de recursos e serviços que contribuem para promover ou aumentar funcionalidades de pessoas com deficiência (PCD) proporcionando vida independente, autonomia, qualidade de vida e inclusão social. (Bersch, 2017)

 

    Com a diversidade de demandas é difícil enumerar os recursos disponíveis no mercado: são brinquedos e roupas adaptadas; computadores, aplicativos, chaves e acionadores; impressoras em braile; dispositivos para adequação de postura; recursos para mobilidade manual e elétrica; equipamentos de comunicação alternativa; aparelhos de escuta assistida; auxílios visuais; materiais protéticos; veículos adaptados; elevadores para acesso aos ônibus; aparelhos auditivos e implantes cocleares; softwares para leitura de tela e muitos outros (Bersch, 2017). O envolvimento de profissionais de diversas áreas do conhecimento na avaliação, produção, teste, elaboração e treinamento do uso dessa tecnologia também é considerado TA. (Sartoretto, e Bersch, 2014)

 

    Sobre atividade física adaptada (AFA), Pedrinelli, e Verenguer (2019) a consideram o estudo e a intervenção profissional no universo das pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática de atividades físicas, para os autores os conteúdos de qualquer programa de AFA devem levar em consideração o potencial de desenvolvimento pessoal e não a deficiência em si. Para Munster (2013), os conteúdos da AFA não se diferenciam da atividade física convencional, no entanto, “o processo ensino-aprendizagem pode se diferenciar quanto a adaptações no espaço físico e de recursos materiais, utilização de mecanismos de informação e a modificação nas regras” (p. 66).

 

Imagem 1. A atividade física adaptada é um espaço de expressão social relevante

que dá a possibilidade de empoderamento, visualização, socialização e inclusão

Imagem 1. A atividade física adaptada é um espaço de expressão social relevante que dá a possibilidade de empoderamento, visualização, socialização e inclusão

Fonte: Freepik.es

 

    Na perspectiva inclusiva é necessário a legitimação da diferença em um mesmo contexto para que a PCD possa acessar, de forma significativa, as atividades físicas. Para garantir esse acesso, é necessário que o Profissional de Educação Física utilize recursos diversificados e voltados ao atendimento das necessidades das PCDs por meio da TA (Fiorini, e Manzine, 2018), que segundo Bennasar-Garcia (2022), a TA deve ser apropriada para os seus usuários e ambientes.

 

    Percebe-se, então, que a TA é uma ferramenta relevante na prática do profissional de Educação Física e que sua atuação junto a PCD em programas de atividades físicas é de extrema importância. Segundo Muñoz Hinrichsen, e Martínez Aros (2022) a AFA é um determinante social, uma vez que oferece inúmeras possibilidades a PCD, considerando todos os seus benefícios e contribuições nos aspectos, físico, emocional e psicossocial e, em contrapartida, sendo um espaço de expressão social relevante que dá a possibilidade de empoderamento, visualização, socialização e inclusão. Para Bennasar-Garcia (2022), proporcionar oportunidades de aprendizagem para PCDs utilizando TA, não só colabora e torna possível sua participação em programas de AFA, como enriquece suas experiências de aprendizagem.

 

    Considerando a importância e a amplitude dos serviços e recursos que a TA oferece e, ao mesmo tempo, sabendo que os conhecimentos em TA se encontram dispersos, longe da nossa área do conhecimento e pouco acessíveis na literatura, a pesquisa teve como objetivo analisar a produção científica envolvendo a interface “TA e AFA” voltadas a PCD.

 

Método 

 

    Trata-se de um estudo teórico, baseado em revisão integrativa da literatura associado à pesquisa documental. A revisão integrativa possibilita uma leitura crítica da literatura, na qual são identificados e selecionados estudos com rigor e método científico, com o objetivo de analisá-los para que se possa delinear um perfil dos trabalhos publicados, contribuindo com a discussão dos resultados e para o desenvolvimento de estudos futuros. (Creswell, 2007)

 

    Desta maneira, foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados: Medline, Scopus, SciELO e Web of Science no primeiro semestre de 2017, sem delimitação de data. Foram pesquisados artigos sobre TA no contexto da AFA, assim como o uso de TA no cotidiano da PCD.

 

    Foram empregados os seguintes descritores e operadores booleanos: “Tecnologia Assistiva” AND “Educação Física Adaptada” OR “Atividade Física Adaptada” OR “Atividade Motora Adaptada” OR “Esporte”. A mesma expressão de busca foi empregada no idioma inglês. Foram suprimidas as pesquisas relacionadas a área da reabilitação, estudos que não se voltavam a PCD ou não estavam relacionados ao contexto da AFA. A Figura 1 mostra o processo realizado na seleção dos trabalhos.

 

Figura 1. Fluxograma com os trabalhos encontrados

Figura 1. Fluxograma com os trabalhos encontrados

Fonte: Elaboração própria

 

    O processo de busca nas bases de dados, identificação e seleção dos trabalhos foi realizado conforme as etapas:

  • Etapa 1: Busca e seleção: os trabalhos localizados foram organizados, totalizando 312, sendo 149 extraídos da base de dados Scopus; 11 da SciELO; 118 da Web of Science; e 34 da Medline.

  • Etapa 2: Eliminação dos trabalhos duplicados: verificou-se 21 títulos duplicados, os quais foram excluídos.

  • Etapa 3: Eliminação pela leitura dos títulos: foi realizada a leitura dos trabalhos, sendo excluídos aqueles que não se relacionavam com a temática. Foram excluídos 237 artigos, restando 54.

  • Etapa 4: Eliminação pela leitura dos resumos: foram eliminados 28 trabalhos, totalizando 26 estudos pertinentes à pesquisa.

Resultados 

 

    Serão expostos os estudos encontrados nas bases de dados por ordem cronológica, considerando-se os seguintes critérios: ano de publicação, título da pesquisa, autor, objetivo do estudo, método de pesquisa, público-alvo dos estudos. O Quadro 1 apresenta os trabalhos encontrados e incluídos na pesquisa.

 

Quadro 1. Informações dos trabalhos encontrados nas bases de dados

Ano

Título

Autor

Objetivo

Método

População

1999

An Assistive Device to Aid the Visually Impaired to Play Basketball

Murnyack et al.

Possibilitar que pessoas com deficiência visual (DV) joguem basquete em sua garagem ou quintal.

Não especificado.

Pessoas DV

2006

Manual wheelchairs: Research and innovation in rehabilitation, sports, daily life and health

Van der Woude et al.

Analisar a qualidade de cadeira de rodas, incluindo o ajuste ergonômico para o indivíduo poder desempenhar um papel preventivo e também outros modos de atividade física.

Não especificado.

Cadeirantes

2007

A sports wheelchair for low-income countries

Authier et al.

Projetar uma cadeira de rodas esportiva economicamente acessível que permitissem que indivíduos em países de baixa renda participassem do basquete.

Cadeira projetada usando modelagem em 3D, materiais e ferramentas convencionais.

Cadeirantes

2010

Technology in Paralympic sport: performance enhancement or essential for performance?

Burkett

Identificar e descrever desenvolvimentos tecnológicos em dispositivos auxiliares utilizados nos Jogos Paralímpicos de Verão.

Revisão sistemática de literatura.

Paratletas

2011

Is manual wheelchair satisfaction related to active lifestyle and participation in people with a spinal cord injury?

De Groot et al.

Descrever a satisfação do usuário de cadeira de rodas manual em aspectos relacionados a esse dispositivo, levando em consideração características pessoais e de lesão, participação em atividades e estilo de vida.

Estudo transversal.

Pessoas com lesão medular

2012

Application of Virtual Interface of Interactive Teaching Materials for Children with Developmental Disabilities

Lin et al.

Desenvolver recursos eletrônicos de baixo custo.

Adaptação de sensores para captação de movimento.

Crianças com transtornos de desenvolvimento

2012

Paralympic Sports Medicine - Current evidence in winter sport: considerations in the development of equipment standards for paralympic athletes

Burkett

Discutir as considerações para o futuro desenvolvimento de padrões de equipamentos para Esportes Paralímpico de Inverno.

Revisão de literatura.

Paratletas

2012

Therapeutic bodily assistive devices and paralympic athlete expectations in winter sport

Wolbring

Verificar o impacto dos dispositivos terapêuticos de assistência física que permitem habilidades corporais além do normal no esporte em geral e nos Jogos Paralímpicos.

Levantamento de corte transversal.

Paratletas

2013

Electronic GoalKeeper: Making football more inclusive to people with motor impairments

Fanucci et al.

Criar uma interface para que a pessoa com deficiência motora possa vivenciar o jogo de futebol.

Desenvolvimento de um protótipo de subsistema eletrônico, e projeção de elementos mecânicos para controlar um boneco.

Pessoas com deficiência motora

2013

Physical strain of handcycling: An evaluation using training guidelines for a healthy lifestyle as defined by the American College of Sports Medicine

Hettinga et al.

Avaliar o esforço físico da modalidade handcycling conforme as diretrizes de treinamento preconizadas pelo American College of Sports Medicine (ACSM).

Teste de esforço físico progressivo em esteira ergométrica, com variações na inclinação e na distância.

Indivíduos com lesão medular

2014

Bound To Be ‘Normal’

Assistive technology, fair opportunity, and athletic excellence

Baker

Explorar como as construções de equidade e normalidade impactam os atletas de elite que usam TA em competições de alto nível.

Revisão sistemática de literatura.

Paratletas

2010

Assistive Technologies and Advantageous Themes for Collaboration, Learning e Teaching within 3D Virtual Learning Environments

Dafoulas, e Saleeb

Analisar vantagens e desvantagens do emprego de ambientes virtuais de aprendizagem 3D (VLEs), como o Second Life.

Não especificado.

PCD

2014

Intelligent Wheelchair Driving: A Comparative Study of Cerebral Palsy Adults with Distinct Boccia Experience

Faria et al.

Compreender a relação entre a experiência do participante na condução de uma cadeira de rodas em relação à sua autonomia e independência. Examinar a prática da bocha em relação às habilidades cognitivas e desempenho na condução de uma cadeira de rodas inteligente usando um simulador.

Estudo comparativo.

Adultos com paralisia cerebral

2014

Athletic Assistive Technology for Persons with Physical Conditions Affecting Mobility

Hill et al.

Analisar o estado atual dos dispositivos criados para auxiliar atletas.

Estudo comparativo.

Atletas com mobilidade reduzida

2014

Comparing the Activity Profiles of Wheelchair Rugby Using a Miniaturised Data Logger and Radio-Frequency Tracking System

Mason et al.

Avaliar a validade e a confiabilidade de um registrador de dados miniaturizado em relação a um sistema de rastreamento interno baseado em radiofrequência para quantificar alguns aspectos do desempenho de mobilidade durante o Rugby em cadeira de rodas.

Estudo comparativo.

Atletas profissionais de Rugby em cadeira de rodas

2014

Comparison of the metabolic demands of dance

performance using three mobility devices for a dancer with spinal cord injury and an able-bodied

dancer.

Mengelkoch, Highsmith, e Morris

Comparar as diferenças no gasto de energia durante uma atividade de dança padronizada usando três dispositivos de mobilidade.

Estudo comparativo.

Pessoas com deficiência física

2016

The "Second Place" Problem: Assistive Technology in Sports and (Re) Constructing Normal

Baker

Estudar como as construções de equidade e normalidade afetam os atletas que usam TA para competirem em eventos esportivos de alto nível.

Não especificado.

PCD

2015

Cycling with an amputation: A systematic review

Dyer

Identificar o volume, tipo e histórico das produções literárias envolvendo ciclismo e amputação.

Revisão sistemática de literatura.

Pessoas com amputação

2015

The Use of Multisensory User Interfaces for Games Centered in People with Cerebral Palsy

Oliveira et al.

Apresentar um jogo com base em dispositivos tangíveis e multissensíveis.

Não especificado.

Pessoas com paralisia cerebral

2016

Multimodality by Electronic Games as Assistive Technology for Visual Disabilities

Bernardo et al.

Propor, na perspectiva da Ciência da Informação, estudos voltados à acessibilidade usando jogos eletrônicos.

Estudo teórico.

Pessoas com DV

2016

Integration of Assistive Technologies into 3D Simulations: An Exploratory Study

Chan et al.

Fornecer a base para a integração de TA em simulações em 3D concentrando-se mais no software Sim-Assist, incluindo simulações científicas e jogos esportivos. Descrever o design e a implementação do sistema e fornecer um curto guia passo a passo da interface.

Estudo exploratório.

PCD

2016

SwimSight: Supporting Deaf Users to Participate in Swimming Games

Elvitigala et al.

Apresentar um projeto de sistema de largada inovador na natação.

Não especificado.

Nadadores surdos

2016

Sonic-badminton: Audio-augmented Badminton game for blind people

Kim, Lee, e Nam

Apresentar um jogo para melhorar a interação social e autoestima das pessoas cegas através do exercício físico.

Não especificado

Pessoas com e sem DV

2016

Jogo simulador de cadeira de rodas para treinamento de pessoas com deficiência severa

Pinheiro et al.

Desenvolver um modelo de computador para categorizar os sinais de eletroencefalograma e controlar uma cadeira de rodas virtual usando informações cerebrais.

Produção do protótipo.

Pessoas com deficiência neuromotora

2016

Development of Assistive Technology Tools for Visually Challenged to their Better Life

Raghunath et al.

Propor o desenvolvimento de um sistema de navegação e ferramentas facilitadoras.

Não especificado.

Pessoas com deficiência visual

2016

Understanding the use of

mobile resources to enhance paralympic boccia teaching and

learning for students with cerebral palsy

Zioti et al.

Discutir sobre como as tecnologias e recursos móveis podem ser utilizados para apoiar o ensino e melhorar o desempenho dos alunos durante as aulas na quadra de bocha adaptada.

Não especificado.

Estudante com paralisia cerebral

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa

 

Resultados e discussão 

 

    Os resultados serão apresentados em duas partes: a primeira envolve dados técnicos sobre as produções científicas abordando informações como: ano de publicação, autoria, objetivo, abordagem metodológica e população-alvo. A segunda apresentará a subdivisão dos estudos por categoria, levando em consideração o uso desses recursos nos diferentes contextos de inserção e participação da PCD.

 

Parte A 

 

    Foram encontrados um total de 26 artigos, no período entre 1999 e 2016.

 

Ano de publicação 

 

    Após o ano de 1999, quando foi encontrado um único artigo sobre TA, seguiu-se um intervalo de seis anos sem publicações relacionadas à temática, como mostra o Gráfico 1.

 

Gráfico 1. Gráfico referente ao ano dos estudos

Gráfico 1. Gráfico referente ao ano dos estudos

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa

 

    As publicações foram retomadas em 2006, sendo observado um aumento sutil no número de estudos produzidos a partir de 2010. Observa-se que as pesquisas envolvendo a interface TA e AFA intensificaram-se a partir de 2014. Além disso, foi possível verificar que a produção acadêmica vem se expandido de forma discreta, embora os artigos abordem a relevância do assunto e a importância de disponibilizar o conhecimento sobre o uso dessas ferramentas.

 

Autoria dos estudos 

 

    Diferentes autores fizeram considerações conceituais e assinalaram informações de produtos diferenciados de TA no contexto da AFA. A maioria dos autores desenvolveram suas pesquisas em apenas um artigo publicado sobre a temática. Apenas dois autores publicaram dois artigos sobre TA, cada.

 

    Foram encontradas duas publicações de Baker (2014, 2016), com obras semelhantes que estudaram como as percepções sobre normalidade e equidade influenciam os atletas de alto rendimento nas competições. Foram encontrados, também, dois artigos de Burkett (2010, 2012), em que, em ambos, o autor pesquisou o desenvolvimento e a evolução dos equipamentos utilizados por paratletas em paralimpíadas e como esses equipamentos podem influenciar no desempenho.

 

Objetivos dos estudos 

 

    Os artigos encontrados abordam desde os objetivos gerais da TA, até o modo de utilização dos produtos. Observou-se uma grande variedade de interesses e contextos de aplicação no âmbito da AFA. Os estudos compreendem o uso da TA como uma resolução de problemas funcionais em uma perspectiva de desenvolvimento das potencialidades, gerador de possibilidades e garantia de participação da PCD nos esportes, nas atividades físicas e no desenvolvimento das diversas aprendizagens.

 

Abordagem metodológica dos estudos 

 

    Verificou-se que, no maior número de trabalhos, a metodologia não foi especificada (nove). Foram encontrados estudos de análise de produtos de TA, avaliações ou testes cinco (cinco), estudos teóricos (cinco), estudos comparativos (quatro), estudos transversais (dois) e estudo exploratório (um), como indica o Gráfico 2.

 

Gráfico 2. Abordagem metodológica dos estudos

Gráfico 2. Abordagem metodológica dos estudos

Fonte: Elaboração própria

 

    Diferentes métodos foram escolhidos para a descrição dos produtos de TA, de acordo com os objetivos dos estudos, a natureza do problema e seu nível de aprofundamento. Boa parte dos estudos não especificaram a metodologia, no entanto, todos consistiram em delimitar problemas de acessibilidade aos conteúdos do esporte ou AFA, realizar observações e interpretá-las com base nos dados e resultados encontrados, fundamentando-se nas teorias existentes.

 

População-alvo dos estudos 

 

    Dos 26 estudos encontrados, 32% não determinaram um tipo específico de deficiência. Entre os demais, quase metade dos estudos (48%) foram voltados a pessoas com deficiência física, área na qual prevalecem as pesquisas sobre TA. Poucos estudos (16%) abrangeram deficiências sensoriais, sendo 12% voltados a deficiências visuais e 4% voltados a surdez. Outros 4% dos estudos foram voltados a pessoas com transtornos globais de desenvolvimento, como mostra o Gráfico 3.

 

Gráfico 3. População alvo

Gráfico 3. População alvo

Fonte: Elaboração própria

 

    Não foram encontradas publicações envolvendo participantes com deficiência intelectual, surdocegueira e altas habilidades e/ou superdotação, sendo possível verificar uma lacuna em relação à abordagem dessas categorias.

 

Parte B 

 

    A análise de conteúdo dos estudos permitiu organizar os dados em três categorias: i) Recursos e dispositivos auxiliares à locomoção (órteses, cadeiras de rodas manual e elétrica, handcycling) em esportes; ii) Dispositivos e jogos eletrônicos, tecnologias móveis (aplicativos e softwares) e ambientes virtuais de aprendizagem esportiva; e iii) Recursos tecnológicos diversificados e aplicados aos esportes; como indica o Quadro 2.

 

Quadro 2. Divisão dos estudos por categorias de análise

Categoria

Autor e ano de publicação

Número de estudos

1. Recursos e dispositivos auxiliares à locomoção (órteses, cadeiras de rodas manual e elétrica, handcycling) em esportes.

Van der Woude, de Groot, e Janssen (2006);

Authier et al. (2007); De Groot et al. (2011); Wolbring (2012); Hettinga et al. (2013); Baker (2014); Faria et al. (2014); Hill et al. (2014); Mengelkoch, Highsmith, e Morris (2014); Baker (2016)

10

2. Dispositivos e jogos eletrônicos, tecnologias móveis (aplicativos e softwares) e ambientes virtuais de aprendizagem esportiva.

Lin et al. (2012); Fanucci et al. (2013); Dafoulas, e Saleeb (2010); Oliveira et al. (2015); Bernardo et al. (2016); Chan et al. (2016); Pinheiro et al. (2016); Raghunath et al. (2016); Zioti et al. (2016)

9

3. Recursos tecnológicos diversificados e aplicados aos esportes.

Murnyack, e Viktorian (1999); Burkett (2010); Burkett (2012); Mason et al. (2014); Dyer (2015); Elvitigala et al. (2016); Kim, Lee, e Nam (2016)

7

Fonte: Elaboração própria

 

    Na Categoria 1, foram identificados os seguintes estudos.

 

    Van der Woude, de Groot, e Janssen (2006) buscaram analisar a qualidade de cadeira de rodas manuais, incluindo o ajuste ergonômico para que o indivíduo possa desempenhar um papel preventivo e outros modos de atividade física, e a compreensão de treinamento, reabilitação, estilo de vida ativo e esportes na saúde e no bem-estar. Como resultado, obteve-se que o design de cadeiras de rodas tem evoluído em três áreas importantes, sendo: a mecânica do veículo, o sistema de movimento humano e a interface de cadeira de rodas e usuário.

 

    O estudo de Authier et al. (2007) teve como objetivo projetar uma cadeira de rodas esportiva economicamente acessível que permitisse que indivíduos em países de baixa renda participassem do basquete. Os resultados apontaram que uma cadeira acessível, versátil o suficiente para ser usada para uma variedade de esportes e até mesmo o uso diário, foi projetada e prototipada com sucesso.

 

    De Groot et al. (2011) realizaram um estudo com o intuito de descrever a satisfação do usuário de cadeira de rodas manual, em aspectos relacionados a esse dispositivo levando em consideração características pessoais, de lesão, atividade, estilo de vida e participação, em pessoas com lesão da medula espinhal. Como resultados, percebeu-se que as pessoas holandesas estavam satisfeitas com sua cadeira de rodas.

 

    Wolbring (2012) teve como objetivo verificar o impacto dos dispositivos terapêuticos de assistência física que permitem habilidades corporais além do normal no esporte em geral e nos Jogos Paralímpicos. Os resultados indicaram um impacto positivo na participação de PCD no esporte em todos os níveis e na autoidentidade.

 

    Hettinga et al. (2013) desenvolveram um estudo com o objetivo de avaliar o esforço físico da modalidade handcycling, conforme as diretrizes de treinamento preconizadas pelo American College of Sports Medicine (ACSM). Como resultados, tem-se que o esforço físico em indivíduos sem deficiência parece ser comparável aos indivíduos com paraplegia por lesão medular, e para individualizar e otimizar o treinamento dos membros superiores os diferentes programas de treinamento devem ser avaliados.

 

    Baker (2014) objetivou explorar como as construções de equidade e normalidade impactam os atletas de elite que usam TA em competições. Os resultados apontaram que as objeções ao uso de TA em esportes de elite geralmente se dão quando a tecnologia em questão, supostamente, proporciona uma "vantagem injusta", quando é percebida como uma ameaça à pureza do esporte ou quando é percebido como um precursor de mudanças indesejáveis. Tais restrições limitam os atletas que utilizam TA a explorar suas capacidades.

 

    Faria et al. (2014) desenvolveram um estudo para compreender a relação entre a experiência do participante na condução de uma cadeira de rodas em relação à sua autonomia e independência, e examinar a prática da Bocha em relação às habilidades cognitivas e desempenho usando um simulador. Observou-se um bom desempenho dos participantes com experiência no uso de cadeira de rodas eletrônica e praticantes de bocha. Também, foi possível observar que os participantes autônomos e independentes apresentaram bons resultados em relação aos que não tinham experiência.

 

    Hill et al. (2014) buscaram analisar o estado atual dos dispositivos criados para auxiliar os atletas com mobilidade reduzida. Os resultados discorrem sobre as implicações dos dispositivos auxiliares utilizados no esporte, apresentando um panorama acerca do emprego da TA nestes atletas.

 

    Mengelkoch, Highsmith, e Morris (2014) compararam as diferenças no gasto de energia durante uma atividade de dança padronizada, usando três dispositivos de mobilidade: a cadeira de mobilidade livre de torso controlada por torso, uma cadeira de rodas de esportes manual com controle de mão-braço e uma cadeira elétrica com controle de mão-joystick. Observou-se que as classificações mais elevadas do esforço percebido foram observadas na cadeira manual em comparação com as outras cadeiras para o dançarino com lesão medular, mas foram semelhantes entre cadeiras para o dançarino sem lesão. Estes resultados sugerem que para um dançarino com lesão medular espinhal de alto nível, a cadeira de mobilidade livre de torso pode oferecer uma maior liberdade e possibilidades de movimento expressivo, sendo um dispositivo de mobilidade eficiente em termos energéticos.

 

    Baker (2016) estudou como as construções de equidade e normalidade afetam os atletas que usam TA para competirem em eventos esportivos de alto nível. Os resultados sugerem que a construção dinâmica e ofuscada de padrões "normais" em esportes de elite deve se afastar do uso do desempenho corporal, como a barra de medição de "normal", em direção a formas alternativas de elaboração de normas, como: definir, quantificar e regular as ações mecânicas que constituem os componentes críticos de um esporte.

 

    Na Categoria 2, foram identificados os estudos.

 

    Lin et al. (2012) desenvolveu recursos eletrônicos de baixo custo voltados a crianças com transtornos de desenvolvimento. Os resultados indicaram que alguns recursos interativos demonstraram ser materiais didáticos significativos.

 

    Fanucci et al. (2013) criaram uma interface para que a pessoa com deficiência motora possa vivenciar o jogo de futebol, controlando um boneco por meio de um dispositivo eletromecânico. Obteve-se como resultados que, ElGo1 expande o limite do jogo proporcionando à PCD novas experiências, possibilitando uma participação muito mais ativa.

 

    Dafoulas, e Saleeb (2010) analisaram criticamente vantagens e desvantagens do emprego de ambientes virtuais de aprendizagem 3D (Virtual Learning Environment - VLEs), como o Second Life para PCD. O estudo forneceu evidências de que os 3D (VLEs) oferecem suporte à Educação Física tradicional e disponibilizam alternativas de e-learning indisponíveis através de VLEs 2D, assegurando oportunidades de aprendizado.

 

    Oliveira et al. (2015) apresentaram um jogo com base em dispositivos tangíveis e multissensíveis para pessoas com paralisia cerebral. O uso de uma bola robótica permitiu a manipulação remota, o que torna esta solução funcional.

 

    Bernardo et al. (2016) desenvolveram um estudo com o intuito de propor, na perspectiva da Ciência da Informação, estudos iniciais voltados à acessibilidade para pessoas com DV, usando jogos eletrônicos. Concluíram que, embora existam vários estudos mostrando que a TA ajuda no processo de inclusão, o governo brasileiro investe pouco na pesquisa e no desenvolvimento dessas tecnologias.

 

    Chan et al. (2016) tiveram como objetivos fornecer a base para a integração de TA em simulações em 3D concentrando-se mais no software Sim-Assist, incluindo simulações científicas e jogos esportivos, descrever o design e a implementação do sistema e fornecer um curto guia da interface. Com o Sim-Assist os usuários conseguem jogar Air Hockey sem depender de visão e de forma livre de mãos. Isto é realizado através de várias tecnologias de assistência integrada, como interface do cérebro-computador, comandos de voz e recursos de fala para texto.

 

    Pinheiro et al. (2016) desenvolveram um modelo de computador para categorizar os sinais de eletroencefalograma e controlar uma cadeira de rodas virtual usando informações cerebrais. As técnicas utilizadas são promissoras, possibilitando seu uso em ambientes de simulação tridimensionais para uma cadeira de rodas inteligente controlada por uma interface cérebro-computador.

 

    Raghunath et al. (2016) desenvolveram um estudo para propor o desenvolvimento de um sistema de navegação e ferramentas facilitadoras para pessoas com DV. Foram desenvolvidos jogos de videogames acessíveis. As ferramentas de TA desenvolvidas nesse projeto não auxiliam apenas a pessoa com DV nos momentos de lazer, como, também, nas atividades de vida diária.

 

    Zioti et al. (2016) discutiram sobre como as tecnologias e recursos móveis podem ser utilizados para apoiar o ensino e melhorar o desempenho dos alunos com paralisia cerebral durante as aulas na quadra de bocha adaptada. Os resultados fornecem evidências de que a aprendizagem móvel tem potencial no contexto educacional, mas é necessário entender como usar as particularidades dos alunos nos espaços de aprendizagem para alcançar uma estrutura teorizada e avaliada sobre os recursos móveis neste contexto.

 

    Na Categoria 3, foram identificados os estudos.

 

    Murnyack et al. (1999) desenvolveram um estudo com o intuito de possibilitar que uma pessoa com DV jogue basquete em sua garagem ou quintal. Os resultados apontaram que a adaptação de dispositivos sonoros portáteis na tabela e no aro permitem a localização auditiva e o direcionamento do arremesso.

 

    Burkett (2010) procurou identificar e descrever desenvolvimentos tecnológicos atuais em dispositivos auxiliares utilizados nos Jogos Paralímpicos de verão. Concluiu-se que os dispositivos padrões podem inibir as habilidades dos paratletas da modalidade esportiva específica. A tecnologia deve combinar as necessidades particulares do atleta com o esporte específico para que ele desempenhe a modalidade com segurança.

 

    Burkett (2012) discutiu as considerações para o futuro desenvolvimento de padrões de equipamentos para esportes no Paralímpico de Inverno. Dessa forma, foram encontradas 3 categorias em que a tecnologia influenciou o desempenho esportivo: próteses especializadas, esquis de muleta ou estabilizadores e cadeiras de rodas específicas do esporte. Embora tenha havido melhorias na função mecânica de alguns dispositivos auxiliares, o problema principal é combinar a função residual da pessoa com o equipamento de assistência.

 

    Mason et al. (2014) avaliaram a validade e a confiabilidade de um registrador de dados miniaturizado em relação a um sistema de rastreamento interno, baseado em radiofrequência, para quantificar alguns aspectos do desempenho de mobilidade durante o Rugby de cadeira de rodas. Não foram identificadas diferenças significativas na velocidade máxima entre os dispositivos analisados. O registrador de dados miniaturizado fornece uma representação razoável da distância e velocidade média relatada durante o esporte, no entanto, a inexatidão na detecção de velocidades máximas limita seu uso para monitorar o desempenho e prescrever programas de treinamento.

 

    Dyer (2015) teve como objetivo identificar o volume, tipo e histórico das produções literárias envolvendo ciclismo e amputação. A revisão identificou 20 artigos que atendiam a critérios de inclusão pré-definidos, com publicações compreendidas no período de 2004 a 2014. Identificou-se uma escassez de literatura em relação ao ciclismo com amputados e o design de tecnologia adaptativa ou assistiva para substituir a perda de membros.

 

    Elvitigala et al. (2016) apresentaram o projeto de um sistema de largada para nadadores surdos. Observou-se que o SwimSight é um sistema de indicação de tempo de largada que superou as limitações existentes em competições, fornecendo feedback e compatibilidade adequados com sistemas de temporização profissionais.

 

    O estudo desenvolvido por Shin Kim, Lee, e Nam (2016) tiveram como objetivo apresentar um jogo para melhorar a interação social e autoestima das pessoas cegas, por meio do exercício físico. O uso de raquete de Badminton e som estéreo simples para guiar o volante virtual, ajudam a pessoa com deficiência visual a jogar em nível similar com outros participantes.

 

Conclusões 

 

    Os resultados apontaram a relevância do uso da TA nos esportes ou AFA, pois se caracteriza como ferramenta facilitadora, oferecendo oportunidades para a PCD mostrar seu potencial, superar limitações e participar das atividades físicas e esportivas de maneira equânime. Todavia, poucos estudos têm se preocupado em aproximar a TA ao universo da AFA. Torna-se necessário difundir esses conceitos e disponibilizar informações acerca do uso da TA aos profissionais de Educação Física.

 

    Apesar dos vários trabalhos relacionados às modalidades específicas ou adaptadas, bem como iniciação esportiva para PCD, a produção cientifica sobre o uso dos recursos de TA na AFA é, ainda, insipiente. A maioria dos recursos em TA estão voltados para pessoas com deficiências físicas e dificuldades de locomoção, poucos dispositivos têm sido adaptados às pessoas com deficiências sensoriais. Não foram identificados estudos voltados a pessoas com deficiência intelectual e surdocegueira.

 

    Embora vários estudos reforcem a importância da TA para o aumento da participação de PCD em atividades físicas e esportivas adaptadas, prevalece a ocorrência de recursos tecnológicos de alta sofisticação e pouca acessibilidade econômica.

 

Nota 

  1. ELGo é o nome de um dispositivo eletromecânico com o papel de goleiro em uma partida de futebol, ele é composto por um manequim que se move sobre uma guia linear horizontal, colocado próximo a linha do gol e controlado remotamente pelo usuário próximo ao campo. O manequim é movido por um motor elétrico operado por um controle alimentado por baterias recarregáveis, ou seja, pode ser usado também onde não há rede elétrica disponível. Esse dispositivo foi criado para pessoas com deficiência motora vivenciarem o jogo de futebol.

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 298, Mar. (2023)