Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com

ISSN 1514-3465

 

Produção do conhecimento sobre atividades físicas e 

compreensões de corpo durante a pandemia da COVID-19

Production of Knowledge about Physical Activities and Understanding of the Body During the COVID-19 Pandemic

Producción de conocimiento sobre actividades físicas y comprensión del cuerpo durante la pandemia de COVID-19

 

Lívia Silveira Duarte Aquino*

livia.silveira@ufca.edu.br

Joselita da Silva Santiago**

josysantiago3006@gmail.com

Larissa Maria de Paiva Ribeiro Pereira***

larissampribeiro@hotmail.com

Rosie Marie Nascimento de Medeiros+

marie.medeiros@ufrn.br

Priscila Pinto Costa da Silva++

laprisci@gmail.com

Maria Isabel Brandão de Souza Mendes+++

isabelbsm1@gmail.com

 

*Mestranda em Educação Física

pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Pós-graduada em Fisiologia do exercício

pela Universidade Vale do Acaraú (UVA)

Graduada em Licenciatura em Educação Física

pelo Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Ceará (IFCE)

Membro do Grupo de pesquisa Corpo, Saúde e Ludicidade (SALUD)

Servidora Técnico-administrativo

da Universidade Federal do Cariri (UFCA)

**Mestranda em Educação Física pela UFRN

Graduada em Licenciatura em Educação Física pelo IFCE

Pós-graduada em Ensino de Educação Física Escolar

pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI)

Membro do Grupo de Pesquisa CORPONEXÕES:

corpo, cultura e sociedade no IFCE.

***Graduada em Licenciatura em Educação Física

e em Ciências Biológicas pela UFRN

Membro do Grupo de Pesquisa Corpo, Saúde e Ludicidade (SALUD)

Especializada em Educação Física Escolar, pela UNINTER

Atualmente é Mestranda em Educação Física pela UFRN

+Graduada em Educação Física pela UFRN

Mestrado e Doutorado em Educação pelo Programa

de Pós-Graduação em Educação da UFRN

Professora associada do Departamento de Educação Física da UFRN

e dos programas de Pós-graduação em Educação (PPGED)

e em Educação Física (PPGEF) da UFRN

Pesquisadora do grupo Estesia (UFRN)

++Graduada em Educação Física

pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

Mestrado em Educação Física pelo Programa Associado

de Pós-Graduação em Educação Física (UPE/UFPB)

Doutorado pelo mesmo programa

Atualmente é Professora da UFRN e associada

ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF)

e no Programa de Mestrado Profissional

em Educação Física em Rede Nacional (ProEF)

+++Graduada em Educação Física pela UFRJ

Mestre em Educação pela UFRGN

Doutora em Educação pela UFRGN

Pós-Doutora em Montpellier

Docente da Graduação e da Pós-Graduação Stricto Sensu

do Curso de Educação Física da UFRN

Coordenadora do Grupo de pesquisa Corpo, Saúde e Ludicidade (SALUD)

(Brasil)

 

Recepção: 02/06/2022 - Aceitação: 08/01/2023

1ª Revisão: 05/01/2023 - 2ª Revisão: 05/01/2023

 

Level A conformance,
            W3C WAI Web Content Accessibility Guidelines 2.0
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0

 

Creative Commons

Este trabalho está sob uma licença Creative Commons

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Aquino, L.S.D., Santiago, J. da S., Pereira, L.M. de P.R., Medeiros, R.M.N. de, Silva, P.P.C. da, e Mendes, M.I.B. de S. (2023). Produção do conhecimento sobre atividades físicas e compreensões de corpo durante a pandemia da COVID-19. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(297), 185-200. https://doi.org/10.46642/efd.v27i297.3508

 

Resumo

    O objetivo da pesquisa é analisar como a produção do conhecimento sobre as atividades físicas no confinamento durante a pandemia da COVID-19, aborda a relação entre o corpo biológico e o corpo cultural. Para isso, foi realizada uma revisão sistemática na BVS Saúde, sendo identificadas 7 produções. Constatou-se que a maioria dos trabalhos aborda o corpo apenas em seu aspecto biológico, em detrimento do corpo biopsicossocial, e verificou-se ainda que os estudos que transcenderam essa abordagem buscaram destacar os benefícios da atividade física para saúde mental considerando o fato do ser humano ser biocultural, portanto, fortemente marcado também pelas relações sociais e culturais que o cercam. Mesmo com este avanço, ainda há estudos que desconsideram os aspectos sócio culturais do corpo humano, deixando uma preocupação pela constatação de que talvez a Educação Física, enquanto área do conhecimento, ainda não esteja ampliando seu olhar para o ser em movimento com a necessária abrangência que o tema exige. Assim, sugere-se para futuras pesquisas, sobre a temática, a construção de um diálogo entre os conhecimentos advindos das ciências naturais e humanas para alcançar esse objetivo.Por fim, registra-se algumas limitações encontradas, dentre elas a necessidade de consultar outras bases de dados e para outros contextos, além do brasileiro, a fim de ampliar o rastreio de informações e assim verificar se as percepções observadas durante a realização desta revisão se repetem nas demais plataformas.

    Unitermos: Atividade Física. Corpo. COVID-19. Distanciamento social.

 

Abstract

    The aim of this research is to analyze how the production of knowledge about physical activities in confinement during the COVID-19 pandemic addresses the relationship between the biological and the cultural. For this, a systematic review was carried out in the BVS, identifying 7 productions. It was found that most studies address the body only in its biological aspect, to the detriment of the biopsychosocial body, and it was also found that studies that transcended this approach sought to highlight the benefits of physical activity for mental health considering the fact of being human being biocultural, therefore, strongly marked also by the social and cultural relations that surround him. Even with this advance, there are still studies that disregard the socio-cultural aspects of the human body, leaving a concern for the realization that perhaps Physical Education, as an area of ​​knowledge. Finally, there are some limitations found, among them the need to consult other databases and for other contexts, in addition to the Brazilian one, in order to expand the tracking of information and thus verify if the perceptions observed during the realization of this review are valid. repeat on other platforms.

    Keywords: Physical activity. Body. COVID-19. Social distancing.

 

Resumen

    El objetivo de la investigación es analizar cómo la producción de conocimiento sobre actividades físicas en el confinamiento durante la pandemia de COVID-19 aborda la relación entre el cuerpo biológico y el cuerpo cultural. Para ello, se realizó una revisión sistemática en la BVS Salud, identificando 7 producciones. Se constató que la mayoría de los trabajos abordan el cuerpo sólo en su aspecto biológico, en detrimento del cuerpo biopsicosocial, y también se constató que los estudios que trascendían este enfoque buscaban resaltar los beneficios de la actividad física para la salud mental, considerando el hecho del ser humano biocultural, por tanto, también fuertemente marcado por las relaciones sociales y culturales que le rodean. Aun con este avance, aún existen estudios que desestiman los aspectos socioculturales del cuerpo humano, dejando una preocupación por la constatación de que quizás la Educación Física, como área de conocimiento, aún no está ampliando su mirada hacia el ser en movimiento con el alcance necesario que requiere el tema. Así, se sugiere para futuras investigaciones sobre esta temática, la construcción de un diálogo entre los saberes provenientes de las ciencias naturales y humanas para lograr este objetivo. Finalmente, se registran algunas limitaciones encontradas, entre ellas la necesidad de consultar otros datos de bases de datos y para otros contextos, además del brasileño, con el fin de ampliar el seguimiento de la información y así verificar si las percepciones observadas durante esta revisión se repiten en las otras plataformas.

    Palabras clave: Actividad física. Cuerpo. COVID-19. Distanciamiento social.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 297, Feb. (2023)


 

Introdução 

 

    A prática regular de exercícios físicos pode melhorar não só o condicionamento físico do praticante, mas também auxiliar no combate ao sedentarismo, melhorar a qualidade do sono, diminuir o risco de doenças coronarianas e diversas outras patologias. Além de benefícios fisiológicos, os exercícios físicos têm grande impacto na vida de pessoas com transtornos mentais. (Assunção, e Assunção, 2020)

 

    Essas informações ganharam bastante destaque diante do cenário da pandemia da COVID-19. A maioria das pessoas passaram a procurar meios virtuais como vídeo aulas disponibilizadas por meio de aplicativos de celular ou plataformas digitais para seguir com a prática de exercícios físicos para manter a qualidade de vida, preservando a saúde física e mental. (Becchi, 2021)

 

    A COVID-19 teve seu primeiro caso confirmado no Brasil em 25 de fevereiro de 2020, e desde então vem se espalhando sem precedentes, apresentando como sintomas febre, falta de ar, tosse, perda do paladar, dentre outras (Costa et al., 2020). Diante da fácil transmissão, a Organização Mundial da Saúde orientou aos estados e municípios medidas de distanciamento social e também o fechamento de espaços de grande circulação de pessoas, inclusive os dedicados à realização de atividades físicas. (Pitanga, Beck, e Pitanga, 2020)

 

    No entanto, a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e Exercício enfatiza a importância de se manter ativo em tempos de pandemia, visto que a atividade física (AF) tem papel fundamental na melhora da função imunológica (Costa et al., 2020). Tendo em vista a importância da atividade física de acordo com o cenário descrito anteriormente, esta pesquisa tem como objeto da pesquisa a produção de conhecimento relacionada ao corpo e às atividades físicas no confinamento durante a pandemia de COVID-19.

 

    Diante da necessidade de investigar como os pesquisadores realizaram estudos sobre as atividades físicas, no confinamento, e como tais estudos compreendem o corpo humano, esta pesquisa tem como questão norteadora: Como os estudos sobre atividades físicas durante o confinamento advindo da pandemia da COVID-19 abordam os aspectos biológicos e culturais do corpo humano?

 

    Para subsidiar a construção da resposta à questão acima, foi realizado um levantamento bibliográfico e nele não foram localizadas revisões sistemáticas sobre a temática em destaque. Deste modo, esta produção demonstra sua pertinência ao reunir a produção mais recente sobre o tema, e assim auxiliar no aprofundamento e atualização do debate sobre a atividade física e as formas como a produção do conhecimento acerca dela tem encarado o corpo.

 

    Além disso, o presente artigo possui relevância social, por analisar trabalhos que demonstram os benefícios das atividades físicas para o ser humano em todos os aspectos (físicos, psicológicos, sociais), diferentemente da maior parte da produção acadêmica que dá ênfase nos aspectos biológicos. Possibilitando assim que o ser humano compreenda a importância da atividade física em sua rotina como base sólida para a melhora da existência. Para tanto, objetiva-se analisar o modo como a produção do conhecimento sobre as atividades físicas no confinamento durante a pandemia da COVID-19, aborda os aspectos biológicos e culturais do corpo humano.

 

Métodos 

 

    Esta pesquisa foi elaborada por meio de uma revisão sistemática (RS). E utilizou de métodos sistemáticos definidos previamente para identificar as publicações relevantes para uma investigação. Para a realização de uma RS deve-se: formular uma questão de investigação; produzir um protocolo de investigação; definir os critérios de inclusão e de exclusão e estratégia de pesquisa; encontrar, selecionar e avaliar a qualidade dos estudos; extração dos dados; síntese dos dados e publicação (Donato, e Donato, 2019). Buscando seguir as etapas acima, esta pesquisa foi orientada pelo o seguinte protocolo: inicialmente, foram definidos: a temática, o problema de pesquisa, o objetivo, as bases de dados a serem acessadas, os descritores a serem empregados na coleta dos artigos, os critérios de inclusão e exclusão e o recorte temporal.

 

    No período de setembro e outubro de 2021, foram selecionados para a análise apenas os estudos publicados entre março de 2020 e agosto de 2021. A escolha por este recorte deu-se em razão de ter sido o período na pandemia em que houve uma efervescência de publicações sobre atividade física, justamente para incentivar a sua prática num momento de mobilidade reduzida. Na primeira análise, foram examinados os títulos dos artigos e se eles tinham como escopo abordar a atividade física durante a pandemia da COVID-19. Em alguns casos, foi necessária a leitura de resumos para identificar o contexto em que as pesquisas ocorreram, uma vez que buscou-se analisar estudos que versem sobre o contexto brasileiro.

 

    Para a busca foram adotados os seguintes descritores e palavras-chave: Atividade física, Exercício físico, Physical activity, Exercise, Actividad física, Ejercicio físico, Confinamento, Distanciamento social, COVID-19, Pandemia, Lockdown, Social distance, Pandemic, Cierre de emergência, Brasil, e Brazil. Algumas palavras foram selecionadas em conformidade com os descritores em Ciências da Saúde (DeCS), enquanto outras incluídas porque compõem as discussões específicas sobre a temática, mesmo não cadastradas como descritor. Foram utilizados os operadores booleanos “OR” e” AND” para alargar a busca, e, além deste, o sinal de aspas, a fim de compor a expressão final. Para complementar, foram aplicados os filtros: recorte temporal, trabalho completo e de livre acesso para auxiliar no refinamento dos resultados.

 

    A busca foi realizada na Pubmed, com os mesmos filtros, e nesta foram localizadas 830 produções; na Citas Latinoamericanas en Ciencias Sociales y Humanidades (CLASE) foram identificados 203 artigos, aplicados os mesmos filtros, exceto o idioma, pois não foi encontrado esse filtro na referida base; e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) que, por sua vez, apresentou 63 trabalhos como resultado final. Neste primeiro momento, optou-se por analisar os estudos encontrados na BVS, pois conforme o título, possuíam mais relação com a temática do estudo.

 

    Nessa etapa, inicialmente dos 63 trabalhos localizados na BVS, foram excluídos os trabalhos repetidos e os que faziam referência a outros países no título, incluídos aqueles que citavam o Brasil ou nenhum país, para a fase posterior da análise, restando assim 50 artigos para a fase de leitura dos resumos e texto completo. Os trabalhos restantes foram divididos entre 3 pesquisadoras para a leitura dos resumos. Em caso de dúvidas sobre a inclusão ou não de um trabalho, este foi analisado novamente por outro membro da equipe. Realizadaa fase de leitura dos resumos, restaram, para análise mais profunda do texto completo, 7 trabalhos.

 

    Os textos encontrados a partir da busca na base foram sistematizados em tabela de Word que continha seguintes informações: título, referência bibliográfica, objetivo, metodologia, principais resultados e conceitos e compreensões relevantes para serem discutidas na presente pesquisa, como, por exemplo, se o artigo apresenta de forma explícita ou não um conceito de corpo, de saúde, qual era tratamento dado a atividade física e se esta tinha relação com a saúde e o cuidado de si.

 

Resultados e discussão 

 

    Nas tabelas abaixo, os artigos que foram incluídos na pesquisa (Tabela 1). A partir da Tabela 2, é possível localizar os objetivos, métodos e principais resultados. Foram incluídos 7 estudos de acordo com as etapas explicadas na Metodologia.

 

Tabela 1. Informações gerais sobre os estudos incluídos na pesquisa

Autores

Título

Publicado em

Periódico de publicação

Camargo et al.

Frequência de atividade física e níveis de estresse entre adultos brasileiros durante o distanciamento social por coronavírus (COVID-19): estudo transversal.

2021

São Paulo Medical Journal

Puccinelli et al.

O nível reduzido de atividade física durante a pandemia de COVID-19 está associado a níveis de depressão e ansiedade: uma pesquisa baseada na Internet.

2021

BMC Public Health

Botero et al.

Impacto da pandemia de COVID-19, permanência em casa e isolamento social sobre os níveis de atividade física e comportamento sedentário em adultos brasileiros.

2021

Einstein (São Paulo)

Rezende et al.

Influência da adesão ao distanciamento social devido à pandemia de COVID-19 no nível de atividade física em pacientes pós-bariátricos.

2021

ObesitySurgery

Siegle et al.

Influências das características familiares e domiciliares no nível de atividade física infantil durante o distanciamento social por COVID-19 no Brasil.

2021

Revista Paulista de Pediatria

Santos-Silva et al.

Durante a pandemia de coronavírus (COVID-19), o uso de máscara melhora ou piora o desempenho físico?

2020

Revista Brasileira de Medicina do Esporte

Esteves et al.

Distanciamento social: prevalência de sintomas depressivos, de ansiedade e de estresse em estudantes brasileiros durante a pandemia do COVID-19.

2021

Frontiers in Public Health

Fonte: Elaborada pelas autoras

 

    Em sua maioria, as pesquisas relacionam o baixo nível de atividades físicas durante o isolamento devido à pandemia da COVID-19 com doenças como obesidade, ansiedade, depressão, dentre outras. Assim no decorrer deste tópico discutiu-se os conceitos e compreensões presentes nos textos, acerca do corpo, saúde e atividade física, bem como as possíveis relações entre estes temas. (Camargo et al., 2021; Puccinelli et al., 2021; Rezende et al., 2021; Siegle et al., 2021)

 

    A Tabela 2, apresenta os artigos juntamente com seus objetivos, metodologia e principais resultados. Diante desses achados pode-se inferir que estas pesquisas enfatizam os diversos benefícios das atividades físicas e o quanto a diminuição ou ausência desta pode ser prejudicial à saúde. Como afirmam os autores do primeiro artigo apresentado na tabela.

    Quanto menor a frequência semanal de atividade física durante o período de distanciamento social, maiores eram as chances de os sujeitos apresentarem altos níveis de estresse, mesmo considerando ajustes para sobrepeso e obesidade, idade e consumo de comida, que são fatores que também podem contribuir para níveis mais elevados de estresse. (Camargo et al., 2021 p. 327-328) 

Tabela 2. Objetivo, método e principais resultados identificados nas pesquisas

Autor, ano

Objetivo

Método

Principais resultados

Camargo et al. (2021)

Verificar a relação entre a frequência semanal de AF e os níveis de estresse em adultos brasileiros durante o distanciamento social por coronavírus (COVID-19) e a interação do sexo.

Pesquisa de abordagem quantitativa e de campo. Estudo transversal no qual 2.000 brasileiros adultos foram recrutados por conveniência por meio de mídia digital.

Níveis mais elevados de estresse foram associados às mulheres, em comparação com os homens com baixa frequência de AF.

Puccinelli et al. (2021)

Estudar o impacto do distanciamento social no nível de AF, e a associação entre o estado de humor ou sexo com os níveis reais de atividade física.

Trata-se de um estudo quantitativo e transversal, que utilizou um questionário para a coleta de dados do estudo.

O nível de AF adotado durante o período de distanciamento social foi inferior ao adotado antes. A maior presença de sintomas relacionados à ansiedade e depressão associada a baixos níveis de AF, baixa renda mensal familiar e menor idade.

Botero et al. (2021)

Investigar o impacto da pandemia da COVID-19 sobre o nível de AF e comportamento sedentário entre brasileiros com idade ≥18 anos.

Trata-se de um estudo quantitativo. Uma pesquisa on-line foi distribuída por meio de mídias sociais. Os participantes responderam a um questionário que avaliou o nível de AF e comportamento sedentário.

O aumento do tempo sentado foi associado a indivíduos mais velhos, inatividade, doença crônica, maior número de dias no isolamento social e níveis de escolaridade mais altos.

Rezende et al. (2021)

Avaliar os níveis de AF em pacientes pós-bariátricos, aderentes ou não ao distanciamento social durante a pandemia de COVID-19.

Realizou-se um estudo descritivo e transversal. Trinta e três pacientes submetidos à cirurgia bariátrica foram recrutados.

Pacientes aderentes ao distanciamento social passaram mais tempo em comportamento sedentário e menos tempo em AF moderada a vigorosa vs. não aderentes.

Siegle et al. (2021)

Investigar se as variáveis sexo da criança, idade, presença de irmãos, pais trabalhando de maneira remota e espaço externo afetam o nível de AF das crianças brasileiras durante o distanciamento social.

Trata-se de um estudo de delineamento transversal descritivo e aplicou-se questionário online, sobre características familiares e habitacionais, rotinas domésticas e infantis no período de distanciamento social.

O % AF diminui conforme o aumento da idade, mas aumenta com a disponibilidade de espaço externo no domicílio.

Santos-Silva (2020)

Refletir sobre o uso da máscara e se esta melhora ou piora o desempenho físico das pessoas.

O trabalho não apresenta uma seção específica para tratar da metodologia, entretanto infere-se que ele seja um: Ensaio teórico; do tipo revisão de literatura.

A máscara causa desconforto e diminui um pouco o desempenho e requer tempo de adaptação. O uso da máscara funciona como um treinamento de respiração nasal e é mais seguro para reduzir a entrada de partículas.

Esteves et al. (2021)

Avaliar os níveis de ansiedade, depressão e estresse durante o período de distanciamento social devido ao COVID-19 em alunos de um campus do IFRS.

Foi realizado um estudo correlacional e exploratório. A amostra da presente pesquisa foi composta por 208 estudantes do IFRS, que responderam a um questionário online.

Houve fator de proteção proporcionado pela prática de exercícios físicos regulares em relação aos sintomas depressivos.

Fonte: Elaborada pelas autoras

 

    Os textos confirmam a diminuição do tempo de atividade física dos participantes devido à pandemia da COVID-19, e que, como consequência disso, aumentaram os sintomas de depressão e ansiedade, como destacam os autores do segundo texto apresentado na tabela acima. “Aqueles que não alteraram o nível de atividade e, portanto, conseguiram se manter ativos de alguma forma, relataram maior frequência de menores sintomas de depressão e ansiedade”. (Puccinelli et al., 2021, p. 8)

 

    A citação acima nos permite inferir a relevância das atividades físicas no cotidiano do ser humano. Realizar atividades físicas pode ser reconhecido como um hábito cultural e pode contribuir com a manutenção da saúde mental de quem as vivencia. Nesse sentido, Mendes, e Nóbrega (2004) reiteram a necessidade de uma abordagem sistêmica dos indivíduos e fenômenos para sua melhor compreensão. As autoras, ao discutirem sobre a complexidade do ser humano mostram que existe interação entre o "[...] sistema genético, o cérebro, o sistema sociocultural e o ecossistema. Nesse sentido, o ser humano é um ser vivo complexo, uno e múltiplo simultaneamente, que faz parte de um tempo considerado uno e múltiplo também, do qual, além de ser o produto, é o produtor". (Mendes, e Nóbrega, 2004, p. 130)

 

    Como mencionado anteriormente, em sua maioria (Puccinelli, 2021; Botero et al., 2021; Rezende et al., 2021; Siegle et al., 2021; Santos-Silva, 2020) os artigos enfatizam o aspecto biológico e fisiológico do ser humano, relacionam à saúde à ausência de doenças, desconsiderando em suas pesquisas aspectos mais amplos como o fato do ser humano ser um ser biocultural, portanto, fortemente marcado também pelas relações sociais e culturais que o cercam. (Mendes, e Nóbrega, 2004)

 

    Ainda sobre a importância de se considerar aspectos socioculturais, Le Breton (2012), em sua obra Sociologia do corpo, vem nos chamar a atenção sobre necessidade de considerar as relações humanas na formação da corporeidade, uma vez que esta tem forte influência na construção dos processos de pertencimentos culturais e sociais na construção da nossa relação com nosso corpo.

 

Compreensões de Corpo 

 

    Com relação as categorias para análise dos resultados, foram estabelecidas, com base no referencial teórico adotado, as seguintes categorias: “corpo biológico” e “corpo biopsicossocial” a fim de descrever a forma como as pesquisas tratam o fenômeno corpo. (Bardin,1977)

 

    Dito isto, no que tange às compreensões de corpo, mesmo que ainda não seja o foco principal dos textos, foi possível inferir que a dicotomia do corpo-mente tem um peso menor em Camargo et al. (2021), Siegle et al. (2021), e Esteves et al. (2021) já que encaram o corpo como um fenômeno biológico e psicossocial em suas pesquisas. Isso porque trazem em seus questionários perguntas acerca do contexto durante a pandemia da COVID-19, os fatores psicológicos e financeiros, hábitos alimentares, dentre outros aspectos. Já Puccinelli (2021), Botero et al. (2021), Rezende et al. (2021), e Santos-Silva (2020) abordam o corpo apenas como fenômeno biológico.

 

    Isto posto, é importante enfatizar o fato de que "o que é biológico no ser humano encontra-se simultaneamente infiltrado na cultura. Todo ato humano é biocultural”, como destacam Mendes, e Nóbrega (2009, p. 5). Sendo assim, compreende-se que não se deve fragmentar o ser humano, ademais, por ser complexo, o corpo precisa ser observado com base em diversas epistemologias a fim de evitar a fragmentação dos seus saberes e práticas. (Nóbrega, 2010)

 

    Os conhecimentos das áreas biológicas e fisiológicas são de extrema importância para a produção do conhecimento sobre as atividades físicas. No entanto, estudos que discutem com outras áreas do saber nos permitem um conhecimento mais aprofundado e uma melhor contextualização acerca dos fenômenos sociais (Borges, 2007), evitando assim a sua redução aos aspectos biomédicos. (Le Breton, 2012)

 

    Faz-se necessário observar de forma crítica estes textos que enfatizam apenas o aspecto biológico do ser humano, pois como é ressaltado por Daolio (2004) o corpo humano é dotado de significados, sendo assim tem-se a necessidade de ampliar a visão para suas diferenças culturais e não somente as semelhanças biológicas. Seguindo o mesmo raciocínio, Nóbrega (2005, p. 65) afirma: "O uso que o ser humano faz de seu corpo ultrapassa o nível biológico, o nível dos instintos, ele cria um mundo simbólico, de significações [...] reconhecendo numa mesma coisa diferentes perspectivas”.

 

    Sendo nosso corpo, nossa forma de existência não só biológica, mas também histórica e social (Nóbrega, 2010), estudos que relacionam tais aspectos permitem uma discussão mais real dos fenômenos vividos pelos seres humanos. Uma vez que o “[...] corpo humano possui historicidade tanto na estrutura orgânica quanto nas interações com a cultura em que se convive, o que desmistifica a ideia de que só os estudos culturais reconhecem a historicidade do corpo”. (Mendes, e Nóbrega, 2009, p. 4)

 

Forma de abordar atividade física 

 

    Quanto à forma como a atividade física foi abordada adotou-se as seguintes categorias: “Atividade física benéfica para saúde” e “Atividade física benéfica para saúde mental”. Denota-se que a maioria das pesquisas (Camargo et al., 2021; Puccinelli et al., 2021; Botero et al., 2021; Rezende et al., 2021; Santos-Silva et al., 2020) trata a atividade física como benéfica para saúde fisiológica. E Siegle et al. (2021), e Esteves et al. (2021) centraram-se em observar as potencialidades da atividade física de forma um pouco mais ampla como um aspecto benéfico também para a saúde mental.

 

    Especificamente quanto aos que apresentam os inúmeros benefícios da prática de exercícios para o ser humano, principalmente no que se trata de prevenção de doenças, salienta-se o afirmado por Puccinelli et al. (2021, p. 7-8) “[...] atividade física tem sido associada a vários benefícios de saúde, incluindo um menor risco de morbidade e mortalidade cardiovascular”.

 

    Para além do elencado acima, destaca-se que alguns os artigos abordam os benefícios para além dos aspectos orgânicos, apontando também benefícios psicossociais (Camargo et al., 2021; Puccinelli et al., 2021; Siegle et al, 2021; Esteves et al., 2021) a exemplo do estudo de Camargo et al., (2021, p. 325) no qual eles destacam estudos que demonstraram “[...] que níveis mais elevados de atividade física estão associados à diminuição do risco de futuros transtornos de ansiedade e depressão.” Ademais, Esteves et al. (2021, p. 4) enfatiza que "O exercício físico regular é capaz de melhorar os sintomas de ansiedade e depressão e amplificar emoções positivas, como felicidade e bem-estar”. Com estas afirmações pode-se inferir que mesmo os demais estudos apresentando somente os benefícios fisiológicos, as atividades físicas melhoram também os aspectos psicológicos do ser humano. Diante desse papel estratégico desempenhado por elas, o corpo é movimento, ele biológico, mas também é social/cultural, é sensação e percepção. O corpo é complexo e ambíguo, é o conjunto de órgãos que lhe alimentam a vida física/material, é intelecto, ao mesmo tempo em que é o veículo pelo qual o ser atua no mundo, ele é o ser no mundo. (Merleau-Ponty, 2018)

 

    Cabe salientar que o corpo se mobiliza por inteiro para dizer uma palavra, ou para mover um objeto. Nesse sentido, produzir conhecimento sobre a relação corpo e práticas relacionadas a ele em movimento, deve considerar que este é um corpo sujeito (Merleau-Ponty, 2018). Superando a ideia do corpo visto e tratado como objeto a serviço da mente e a serviço das ciências positivas, ou ainda como separado da natureza. Assim, o corpo assume a condição de corpo vivo por meio do movimento, das experiências no mundo e com os outros seres e, acima de tudo, reconhecido como parte da natureza.

 

Conclusões 

 

    Ao investigar a produção do conhecimento sobre o tema atividade física no confinamento durante a pandemia da COVID-19 e como essa aborda os aspectos biológicos e culturais do corpo humano, em parte da literatura publicada durante o período de março de 2020 e agosto de 2021, verifica-se que a temática do corpo ainda é fortemente abordada com ênfase nos aspectos biomédicos.

 

    Ressalta-se que as pesquisas demonstraram a redução da prática de atividades físicas durante o período do confinamento devido a pandemia de COVID-19, em diferentes Estados do país, dentre elas, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, dentre outras, isso apesar de todas reafirmarem que diminuição ou ausência da atividade física pode ser prejudicial à saúde. Inclusive a saúde mental, uma vez que quadros de estresse, depressão e ansiedade aumentaram para grande maioria dos indivíduos pesquisados, após reduzirem o nível de atividade física.

 

    Sabe-se que há um esforço de muitos estudiosos da área de Educação Física (EF) e outras relacionadas em diversificar o debate sobre o corpo e suas relações com a atividade física e a saúde. Neste sentido, a atualidade da produção científica levantada nesta revisão (2020-2021), identificou-se que Camargo et al. (2021), Siegle et al. (2021) e Esteves et al. (2021), que apesar de abordarem o tema de forma quantitativa, já consideram o fato do ser humano ser biocultural, portanto, fortemente marcado também pelas relações sociais e culturais que o cercam.

 

    Mesmo com este avanço, ainda há estudos que desconsideram os aspectos sócio culturais do corpo humano, deixando uma preocupação pela constatação de que talvez a EF, enquanto área do conhecimento, ainda não esteja ampliando seu olhar para o ser em movimento com a necessária abrangência que o tema exige. Assim, sugere-se para futuras pesquisas, sobre a temática, a construção de um diálogo entre os conhecimentos advindos das ciências naturais e humanas para alcançar esse objetivo.

 

    Por fim, registra-se algumas limitações encontradas nesta pesquisa, a saber: necessidade de consulta a outras bases de dados e para outros contextos, além do brasileiro, a fim de ampliar o rastreio de informações e assim verificar se as percepções observadas durante a realização desta revisão se repetem nas demais plataformas.

 

Referências 

 

Assunção, J.I.C., e Assunção, J.R. (2020). A importância do exercício físico no tratamento dos transtornos mentais. Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, 1, e9992. https://www.revistas.uneb.br/index.php/saudecoletiva/article/view/9992

 

Bardin, L. (1977). Análise de conteúdo. Edições 70.

 

Becchi, AC, Moisés, SCC, Lovato, NS, Harami, GH, Alcântara, VCS, Barbosa, VCAA, e Machado, RA (2021). Incentivo a prática da atividade física: estratégias do NASF em meio à Pandemia de Covid-19. APS em Revista, 3(3), 176-181. https://apsemrevista.org/aps/article/view/131

 

Borges, M.B. de O. (2007). A produção de conhecimento sobre o envelhecimento humano: aspectos históricos e sociais [Trabalho de conclusão de curso. Graduação em Psicologia, Curso de Psicologia Faculdade de Ciências da Saúde - FACS]. https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/123456789/2991

 

Botero, JP, Farah, BQ, Correia, MA, Lofrano-Prado, MC, Cucato, GG, Shumate, G., Ritti-Dias, RM, e Prado, WL (2021). Impacto da permanência em casa e do isolamento social, em função da COVID-19, sobre o nível de atividade física e o comportamento sedentário em adultos brasileiros. Einstein (São Paulo), 19, eAE6156. https://doi.org/10.31744/einstein_journal/2021AE6156

 

Camargo, E.M. de, Piola, T.S., Santos, L.P. dos, Borba, E.F. de, Campos, W. de, e Silva, S.G. da (2021). Frequency of physical activity and stress levels among Brazilian adults during social distancing due to the coronavirus (COVID-19): cross-sectional study. São Paulo Med J, 139(4), 325-30. https://doi.org/10.1590/1516-3180.2020.0706.R1.0802021

 

Costa, C.L.A., Costa, T.M., Barbosa Filho, V.C., Bandeira, P.F.R., e Siqueira, R.C.L. (2020). Influência do distanciamento social no nível de atividade física durante a pandemia do COVID-19. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, 25, 1-6. https://doi.org/10.12820/rbafs.25e0123

 

Daolio, J. (2004). Educação física e o conceito de cultura. Editora Autores Associados.

 

Donato, H., e Donato, M. (2019). Stages for Undertaking a Systematic Review. Acta Médica Portuguesa, 32(3), 227-235. http://dx.doi.org/10.20344/amp.11923

 

Esteves, C.S., Oliveira, C.R., e Argimon, I.I. de L. (2021). Social Distancing: Prevalence of Depressive, Anxiety, and Stress Symptoms Among Brazilian Students During the COVID-19 Pandemic. Front. Public Health , 8, 589966. https://doi.org/10.3389/fpubh.2020.589966

 

Le Breton, D. (2012). A Sociologia do Corpo (6ª ed.). Tradução: Sônia M.S. Fuhrmann. Editora Vozes.

 

Mendes, M.I.B. de S, e Nóbrega, T.P. da (2004). Corpo, natureza e cultura: contribuições para a educação. Revista Brasileira de Educação, 27, 125-137. https://doi.org/10.1590/S1413-24782004000300009

 

Mendes, M.I.B. de S., e Nóbrega, T.P. da (2009). Cultura de movimento: reflexões a partir da relação entre corpo, natureza e cultura. Pensar a Prática, 12(2). https://doi.org/10.5216/rpp.v12i2.6135

 

Merleau-Ponty, M. (2018). Fenomenologia da percepção (5ª ed.). Tradução: Carlos Alberto Ribeiro de Moura. Editora WMF Martins Fontes.

 

Nóbrega, T.P. da (2010). Uma fenomenologia do corpo. Editora Livraria da Física.

 

Nóbrega, T.P. da (2005). Corporeidade e Educação Física: do corpo-objeto ao corpo-sujeito (2ª ed.). Editora da UFRN.

 

Pitanga, F.J.G., Beck, C.C., e Pitanga, C.P.S. (2020). Atividade Física e Redução do Comportamento Sedentário durante a Pandemia do Coronavírus. Arq Bras Cardiol., 114(6), 1058-1060. https://doi.org/10.36660/abc.20200238

 

Puccinelli, PJ, Costa, TS, Seffrin, A., Lira, CAB, Vancini, RL, Nikolaidis, PT, Knechtle, B., Rosemann, T., Hill, L., e Andrade, MS (2021). Reduced level of physical activity during COVID-19 pandemic is associated with depression and anxiety levels: an internet-based survey. BMC Public Health, 21, 425. https://doi.org/10.1186/s12889-021-10470-z

 

Rezende, DAN, Pinto, AJ, Goessler, KF, Nicoletti, CF, Sieczkowska, SM, Meireles, K., Esteves, GP, Genario, R., Oliveira Júnior, GN, Santo, MA, Cleva, R., Roschel, H., e Gualano, B. (2021). Influence of Adherence to Social Distancing Due to the COVID-19 Pandemic on Physical Activity Level in Post-bariatric Patients. Obes Surg, 31, 1372-1375. https://doi.org/10.1007/s11695-020-05044-8

 

Santos-Silva, P.R., Greve, J.M.D., e Pedrinelli, A.(2020). During the coronavirus (Covid-19) pandemic, does wearing a mask improve or worsen physical performance? Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 26(4). https://doi.org/10.1590/1517-869220202604ESP001

 

Siegle, C.B.H., Pombo, A., Luz, C., Rodrigue, L.P., Cordovil, R., e Sá, C. e dos Santos C. de (2021). Influences of family and household characteristics on children’s level of physical activity during social distancing due to Covid-19 in Brazil. Revista Paulista de Pediatria, 39, e2020297. https://doi.org/10.1590/1984-0462/2021/39/2020297


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 297, Feb. (2023)