ISSN 1514-3465
Campeonato Paulista de Handebol: a presença das
mulheres em comissões técnicas de handebol em 2019
Paulista Handball Championship: the Presence of Women in Handball Coaching Staffs in 2019
Campeonato Paulista de Balonmano: la presencia de mujeres en los cuerpos técnicos de balonmano en 2019
Isabela Guido Pereira*
isabela.guido.pereira@alumni.usp.br
Ana Lúcia Padrão dos Santos, Ph.D**
ana.padrao@usp.br
*Bacharel em Esporte pela Escola de Educação Física e Esporte
da Universidade de São Paulo (USP)
**Doutora em Pedagogia do Movimento Humano
pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo
Mestre em Pedagogia do Movimento Humano pela EEFE da USP
Licenciada em Educação Física pela EEFE da USP
Docente do Departamento de Esporte da EEFE da USP
(Brasil)
Recepção: 08/12/2021 - Aceitação: 27/02/2023
1ª Revisão: 13/01/2023 - 2ª Revisão: 24/02/2023
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0
Este trabalho está sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt |
Citação sugerida
: Pereira, I.G., e Santos, A.L.P. dos (2023). Campeonato Paulista de Handebol: a presença das mulheres em comissões técnicas de handebol em 2019. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(298), 2-16. https://doi.org/10.46642/efd.v27i298.3302
Resumo
Estudos sobre gênero e esporte são cada vez mais relevantes na sociedade moderna. O objetivo deste estudo foi verificar a participação de mulheres na função de treinadoras de handebol no contexto regional paulista e discutir a representação feminina em cargos de liderança no meio esportivo a partir da literatura acadêmica. O método de pesquisa utilizado foi a análise de conteúdo, caracterizado pela avaliação de informações públicas através de procedimento sistemático para quantificar e classificar as informações em categorias. Foram coletadas informações públicas da Federação Paulista de Handebol para avaliar a representatividade de gênero nas comissões técnicas da competição. Foram identificadas 98 equipes participantes, sendo 45 femininas e 53 masculinas. No entanto, nas comissões técnicas os dados sugerem ampla predominância masculina. A verificação de informações desta natureza é essencial para a adoção de ações afirmativas para a igualdade de gênero. A partir dos resultados, conclui-se que, apesar do equilíbrio da participação esportiva feminina e masculina na competição, não se observa tal similaridade nas comissões técnicas.
Unitermos:
Esporte. Gênero. Treinadoras. Representatividade feminina. Liderança.
Abstract
Gender and sport studies are increasingly relevant in modern society. The objective of this study was to verify the participation of women in the function of handball coaches in the regional context of São Paulo and to discuss the female representation in leadership positions in the sports environment considering the academic literature. The research method used was content analysis, characterized by the evaluation of public information through a systematic procedure to quantify and classify the data in categories. Public information was collected from the São Paulo Handball Federation to assess gender representativeness in the competition's technical commissions. It was identified ninety-eight participating teams, forty-five female and fifty-three male. However, in the technical commissions, the data suggest a wide male predominance. The verification of information of this nature is essential for the adoption of affirmative actions for gender equality. From the results, it is concluded that despite the balance of female and male sports participation in the competition, there is no such similarity in the technical commissions.
Keywords
: Sport. Gender. Female coach. Female representation. Leadership.
Resumen
Los estudios sobre género y deporte son cada vez más relevantes en la sociedad moderna. El objetivo de este estudio fue verificar la participación de mujeres en el rol de entrenadoras de balonmano en el contexto regional paulista y discutir la representación femenina en posiciones de liderazgo en el medio deportivo a partir de la literatura académica. El método de investigación utilizado fue el análisis de contenido, caracterizado por la evaluación de la información pública a través de un procedimiento sistemático para cuantificar y clasificar la información en categorías. Se recopiló información pública de la Federación de Balonmano de São Paulo para evaluar la representación de género en los cuerpos técnicos de la competición. Se identificaron 98 equipos participantes, 45 femeninos y 53 masculinos. Sin embargo, en los cuerpos técnicos los datos apuntan a un gran predominio masculino. La verificación de información de esta naturaleza es fundamental para la adopción de acciones afirmativas para la igualdad de género. De los resultados se concluye que, a pesar del equilibrio de participación deportiva femenina y masculina en la competición, tal similitud no se observa en los cuerpos técnicos.
Palabras clave:
Deporte. Género. Entrenadoras. Representación femenina. Liderazgo.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 298, Mar. (2023)
Introdução
O handebol de quadra, ou indoor, formalizado em 1917, foi um jogo desenvolvido como uma possibilidade prática esportiva para mulheres, pois apresentava menos contato físico do que os esportes considerados “masculinos”. Pouco tempo depois, foram realizadas algumas mudanças nas regras, como a inclusão de dribles. Tais mudanças tornaram a prática atrativa para homens e mulheres (International Handball Federation, 2015a). O primeiro Campeonato Mundial de Handebol foi realizado apenas na versão masculina, em 1938 na Alemanha. O primeiro campeonato feminino só veio a ocorrer 19 anos mais tarde (International Handball Federation, 1996). O mesmo aconteceu nos Jogos Olímpicos, o handebol foi estabelecido em 1972, trazendo as disputas femininas apenas em 1976, porém, foi somente em 2008 que o número de equipes masculinas e femininas se equipararam. (International Olympic Committee, 2020; International Handball Federation, 1996)
A história do handebol brasileiro destaca-se em São Paulo, com a fundação da Federação Paulista de Handebol em 1940, e a efetiva difusão do Handebol em todos os Estados aconteceu em 1971, com a inclusão da modalidade nos III Jogos Estudantis Brasileiros (Nunes, e Rocha, 2017; Costa, 2005). Além destes fatos, o handebol paulista também se destaca pelos resultados obtidos na principal competição brasileira, a Liga Nacional de Handebol. Durante os anos de 1997 a 2016, clubes do estado de São Paulo ganharam 15 títulos na competição feminina e 18 títulos na competição masculina (Nunes, e Rocha, 2017). Infelizmente, não foram encontradas séries históricas com todos os resultados no site oficial da Federação Paulista de Handebol e no site da Confederação Brasileira de Handebol.
Com a considerável contribuição paulista, as seleções brasileiras de handebol vêm tentando conquistar seu espaço no contexto internacional. Sendo uma modalidade esportiva originária da Europa, as equipes europeias predominaram nos primeiros campeonatos mundiais e, até hoje, são as favoritas. Porém, existem alguns outros poucos exemplos de seleções que conseguiram figurar entre as melhores do mundo, como as equipes femininas do Brasil e da Coreia do Sul, que são as únicas não-europeias a vencerem uma final do Campeonato Mundial de Handebol. (Comitê Olímpico do Brasil, 2020)
Os principais campeonatos disputados pelas seleções brasileiras de handebol são o Campeonato Mundial, os Jogos Olímpicos e o Jogos Pan-Americanos. A Tabela 1 detalha a colocação das seleções brasileiras adultas nas principais competições internacionais desde o ano 2000 (International Handball Federation, 2021; International Olympic Committee, 2021; Panam Sports Organization, 2021). Os resultados apresentados evidenciam que das 21 competições analisadas a seleção feminina obteve melhores resultados em relação à seleção masculina em 15 competições (71,4%), resultados iguais no masculino e feminino em 3 competições (14,3%) e resultados inferiores à seleção masculina em 3 competições (14,3%). Além das conquistas coletivas, as atletas Eduarda Amorim e Alexandra Nascimento foram eleitas as jogadoras do ano em 2014 e 2012, respectivamente. (International Handball Federation, 2015b)
Tabela 1. Resultados finais das Seleções Brasileiras Adultas em competições internacionais
Campeonatos
Mundiais |
||||||||||||||||||
Ano |
2001 |
2003 |
2005 |
2007 |
2009 |
2011 |
2013 |
2015 |
2017 |
2019 |
||||||||
Masculino |
19º |
22º |
19º |
19º |
21º |
21º |
13º |
16º |
16º |
9º |
||||||||
Feminino |
12º |
20º |
7º |
14º |
15º |
5º |
1º |
10º |
18º |
17º |
||||||||
Jogos
Olímpicos |
||||||||||||||||||
Ano |
2000 |
2004 |
2008 |
2012 |
2016 |
2020 |
||||||||||||
Masculino |
N/C* |
10º |
11º |
N/C* |
7º |
10º |
||||||||||||
Feminino |
8º |
7º |
9º |
6º |
5º |
11º |
||||||||||||
Jogos
Pan-Americanos |
||||||||||||||||||
Ano |
2003 |
2007 |
2011 |
2015 |
2019 |
|||||||||||||
Masculino |
1º |
1º |
2º |
1º |
4º |
|||||||||||||
Feminino |
1º |
1º |
1º |
1º |
1º |
*Seleção não classificada para a competição. Fonte: Elaboração própria
Entretanto, esse fato parece não ter consequências favoráveis para a representatividade feminina em cargos de liderança no handebol brasileiro, pelo contrário, de acordo com Pfister (2011), o número de treinadoras tende a decair conforme a competitividade aumenta.
Sendo o esporte um fenômeno social, ele reproduz os valores culturais de uma sociedade, assim, histórica e culturalmente o esporte retém uma hegemonia ideológica masculina, que reforça a ideologia de gênero dominante (Almeida, e Fretas, 2020; Novaes, Mourão, Souza Júnior, Monteiro, e Pires, 2021). O mesmo ocorre sobre os cargos de liderança, ocupação historicamente associada ao gênero masculino por ser definida com características que culturalmente estão relacionadas a este gênero (Hryniewicz, e Vianna, 2018). A posição de treinadora ou treinador é exatamente a representação de líder dentro do ambiente esportivo. São elas e eles quem têm o papel de planejar e executar sessões de treinamento, ou seja, são pessoas que precisam ser capazes de gerir equipes, atingir metas e, concomitantemente, estimular o alcance do melhor desempenho de cada indivíduo e do grupo (Cardoso, 2017). Assim, é plausível dizer que a ocupação de treinadora é duplamente dificultada para as mulheres, por estar relacionada com liderança e esporte, que são dois fenômenos historicamente associados à identidade masculina.
No cenário brasileiro, Novaes, Mourão, Souza, Monteiro, e Pires (2021) afirmam que ainda há pouquíssima participação feminina na gestão esportiva. As mulheres estão mais presentes na área da educação e do lazer, e a sua presença se dá comumente por meio da conciliação, fator que não é favorável para o aparecimento de outras mulheres na área. Tal cenário poderia ser mais favorável se houvesse algum movimento em prol da igualdade de gênero, ou principalmente a criação de ações afirmativas que poderiam ser muito efetivas nessa situação. Nota-se que mesmo depois de décadas da inserção feminina no mercado de trabalho, a ocupação de posições de liderança ainda é uma questão atual.
Por outro lado, existem algumas evidências na literatura que aparentam ser positivas para o aumento da representatividade feminina em cargos de comando. Milistetd, Peniza, Trudel, e Paquete (2018), e Rodrigue, Trudel, e Boyd (2019) descrevem a importância da experiência prévia como atletas para o processo de aprendizagem e formação de treinadores e treinadoras, sendo uma fonte de conhecimento importante para formar profissionais experientes na área (Hoffman, 2013). Santos, Nogueira, e Böhme (2016) concluem que atletas profissionais possivelmente possuem um maior capital cultural e social da modalidade esportiva em que atuam, ou seja, conhecimentos específicos da área esportiva que dificilmente são alcançados de outras formas, tornando-os(as), então, candidatos(as) com competências substanciais especializadas do contexto esportivo, fato que pode ser observado na prática pela porcentagem elevada de treinadores e treinadoras que foram primeiramente atletas profissionais. (Ferreira, Salles, e Mourão, 2015; Blackett, Evans, e Piggott, 2017)
A literatura acadêmica têm destacado a igualdade de gênero e inserção da mulher no ambiente esportivo em geral (Martínez, Martín, e Benítez, 2021; Pape, 2020; Lavoi, McGarry, e Fisher, 2019). LaVoi, e Dutove (2012), e Burton (2015) realizaram revisões sobre o assunto e ressaltam a importância de entender os motivos pelos quais a baixa representatividade feminina na liderança de comissões técnicas esportivas ainda é habitualmente observada, bem como a necessidade de compreender os fenômenos sociológicos e culturais que influenciam esta realidade.
Cabe esclarecer ainda que o termo gênero, adotado neste estudo, diz respeito a uma construção social e cultural, que distingue diferenças nos atributos dos homens e mulheres, meninas e meninos, e consequentemente refere-se às funções e responsabilidades dos homens e mulheres. Em consonância com esta premissa, são consideradas as expectativas mantidas sobre as características, aptidões e comportamentos prováveis de mulheres e homens a partir da concepção de feminilidade e masculinidade, conforme definição da UNICEF (2017), não sendo foco desta pesquisa outras temáticas correlatas ao termo (ver UNICEF, 2017).
Saavedra (2018) declara que, apesar da ampliação de estudos sobre handebol, os temas abordados são majoritariamente relacionados aos aspectos biológicos e de análise de jogo, e poucos exploram os aspectos sociológicos na modalidade. No Brasil, parece haver potencial para ampliar pesquisas sobre treinadoras de handebol. Assim, destaca-se a importância desta análise para a área.
O objetivo deste estudo foi verificar a participação de mulheres na função de treinadoras de handebol no contexto regional paulista e discutir a representação feminina em cargos de liderança no meio esportivo a partir da literatura acadêmica.
Método
O método utilizado foi a análise de conteúdo, que tem como finalidade a interpretação do conteúdo de documentos coletados a partir de uma descrição sistemática, objetiva, quantitativa e classificatória do material (Bryman, 2012; Creswell, 2012; Lewis, Zamith, e Hermida, 2013). De acordo com Walliman (2011), uma análise de conteúdo pode ser caracterizada como quantitativa ao coletar informações numéricas e fazer comparações, assim como foi realizado neste estudo, no qual foi verificada a ocorrência de treinadoras e treinadores que compõem as comissões técnicas dos times paulistas de handebol. A análise ocorreu em três fases, como proposto por Bardin (2016). São elas: (1) pré-análise, (2) exploração do material e (3) tratamento dos dados.
Coleta de dados
Por falta de informações consolidadas publicadas no contexto nacional, foi feito um recorte representativo no Estado de São Paulo, pela notoriedade do handebol paulista no cenário brasileiro. Uma planilha, nomeada por “Técnicos 2019 FPHB”, foi disponibilizada em fevereiro de 2020, pela Federação Paulista de Handebol (FPHb) em Microsoft Excel®, em resposta a um e-mail que foi enviado no mesmo período, explicando os objetivos deste estudo e solicitando as informações sobre os treinadores e treinadoras das equipes que participaram do Campeonato Paulista de Handebol 2019. Segundo a própria FPHb, tais dados são públicos, mas não foram encontrados no site oficial da Federação por serem do ano anterior. De acordo com a entidade tais informações estavam disponíveis durante o ano de 2019. A planilha disponibilizada continha o nome do filiado, por qual clube, sua função [técnico(a), preparador(a) físico ou assistente técnico], e em qual categoria do campeonato.
Análise de dados
Inicialmente foi realizada uma leitura preliminar da planilha original, e na sequência foi feita a seleção das informações relevantes para o propósito deste estudo. A partir disso, uma nova planilha no Microsoft Excel® foi criada para a categorização dos grupos tais como o nome do campeonato, ano, categoria, naipe, nome do clube, nome dos(as) treinadores(as) e o gênero dos indivíduos, como proposto por Bryman (2012). Assim, de acordo com as informações obtidas, foram verificados o número total de equipes por categoria e a subdivisão por gênero, a formação da “comissão técnica” de cada equipe e o gênero dos treinadores de cada equipe.
Resultados
Foram identificadas, ao todo, 98 equipes participantes do Campeonato Paulista de Handebol em 2019, sendo 45 (46%) de equipes femininas e 53 (54%) de equipes masculinas. As categorias são sempre divididas de acordo com o gênero e a idade dos atletas, definida em regulamento publicado no site da FPHb, artigo 9º, seguindo as normas da International Handebol Federation (IHF) e da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) conforme apresenta a Tabela 2.
Tabela 2. Quantidade de equipes por categoria do Campeonato Paulista
de Handebol 2019, em números absolutos (N) e em porcentagem (%)
Categoria |
Mirim |
Infantil |
Cadete |
Juvenil |
Júnior |
Adulto |
Ano de
Nascimento |
2008 2007 |
2006 2005 |
2004 2003 |
2002 2001 |
2000 1998 |
até 2001 |
Equipes Masculinas N (%) |
6
(6,1) |
10
(10,2) |
11
(11,2) |
8
(8,2) |
10
(10,2) |
8
(8,2) |
Equipes Femininas N (%) |
8
(8.2) |
9
(9,2) |
8
(8,2) |
9
(9,2) |
6
(6,1) |
5
(5,1) |
Fonte: Elaboração própria
As equipes são comandadas por comissões técnicas, um grupo de pessoas responsável pelo desenvolvimento físico, técnico, tático e social de uma equipe ou de atletas (Norman, 2010). Neste estudo, conforme o arquivo fornecido pela Federação Paulista de Handebol, o termo “comissão técnica” foi utilizado para caracterizar o grupo composto apenas por treinadoras e treinadores de cada equipe, uma vez que, em sua maioria, as equipes possuíam mais de uma pessoa inscrita para o cargo de treinador(a). Foram encontradas comissões técnicas formadas apenas por mulheres (n=14), comissões formadas apenas por homens (n=52), e comissões técnicas compostas por homens e mulheres, definidas como comissões mistas (n=32). Nas figuras 1 e 2, estão apresentadas, respectivamente, a composição das comissões técnicas das equipes masculinas e das equipes femininas.
Fonte: Elaboração própria
Ao todo, foram computados 236 treinadores(as). Desses, 73 (31%) eram mulheres e 163 (69%) eram homens. A partir desses dados, também foi feita a subdivisão destes grupos de acordo com a categoria do campeonato, como mostra a figura 3, na qual observa-se que o número de mulheres liderando as equipes masculinas representa aproximadamente 20%. Em relação ao comando das equipes femininas, a representação de mulheres é de aproximadamente 42%.
Discussão
De acordo com o objetivo deste estudo, foi investigado a presença de mulheres na função de treinadoras de handebol em equipes do Estado de São Paulo, vinculadas a Federação Paulista de Handebol. A análise dos resultados revela que a quantidade de equipes femininas e masculinas se assemelham, no entanto, a presença de homens e mulheres nos cargos de treinadores é desigual.
Em relação ao número de treinadoras por categoria, foi possível detectar dois subgrupos: treinadoras em equipes femininas e treinadoras em equipes masculinas. No comando das equipes femininas, a quantidade de homens e mulheres eram bem próximas, as mulheres representam 42% do total de treinadores(as). Em contrapartida, no comando de equipes masculinas, as mulheres representavam apenas 20% do total. Em relação as comissões técnicas, 14,3% eram formados exclusivamente por mulheres, 53,0% eram formadas por homens e 32,6% possuíam pelo menos um homem e uma mulher como treinadores. Por último, foi possível observar que, quase em sua totalidade, o número de homens na posição de treinadores por categoria era maior do que o número de mulheres. Somente na categoria júnior feminino a quantidade de treinadoras ultrapassou o número de treinadores, e apenas no adulto feminino a representatividade de gênero pareceu ser igualitária. Esse tipo de levantamento é relevante pois estes indicadores são o princípio de um processo de proposições de ações afirmativas que tenham objetivo a equidade de gênero. (International Olympic Committee, 2018)
Tais resultados estão em convergência com outros estudos sobre o tema. Cunha, Estriga, e Batista (2014) realizaram uma pesquisa sobre Handebol de alta performance de Portugal, no qual todos os treinadores identificados eram homens. Gama et al. (2019) realizaram uma pesquisa no Rio de Janeiro a âmbito escolar e nenhuma mulher foi incluída. Em um levantamento realizado com 259 federações esportivas brasileiras, Ferreira, Salles, Mourão, e Moreno (2013) relatam que apenas 7% dos cargos de treinadores(as) eram ocupados por mulheres. Mesquita, Borges, Rosado, e Souza (2011) investigaram a formação de treinadores de handebol nos mais diversos níveis de atuação e detectou que a presença feminina era inferior a masculina, pois dentre os 207 participantes da pesquisa, apenas 26 eram mulheres. Diversos autores ressaltam a presença feminina sempre maior como treinadoras assistentes em relação à função do treinador principal (Acosta, e Carpenter, 2014; Passero, Barreira, Calderani Júnior, e Galatti, 2019; Darvin, 2020). Sobre a estratificação dos cargos numa mesma comissão técnica, a literatura sugere que possivelmente nas composições mistas, a liderança do grupo de treinadores era representada por um homem, o que reforça a hegemonia masculina, por ser a função do(a) treinador(a) gerenciar e organizar o ambiente esportivo, ou seja, ser o líder, (Resende, 2018)
De acordo com Melo, e Rubio (2017) esta ocupação ainda é uma função culturalmente atribuída ao homem, na qual as mulheres só possuem espaço e visibilidade nas seleções de base e nos clubes, e não nas seleções principais do país. Rubio, e Veloso (2019) afirmam que o ambiente esportivo é um espaço de afirmação da identidade masculina. Em consonância com tal percepção, os estudos de Ferreira, Salles, e Mourão (2015), e Ferreira, Anjos, Drigo, Mourão, e Salles (2017) mostram que, na prática, a discriminação às mulheres ainda é muito presente e dificulta a ascensão e permanência destas na função de treinadoras.
De acordo com a literatura, as mulheres podem encontrar distintos obstáculos para ocuparem cargos de liderança, os quais variam de acordo com cada situação, de cada ambiente, e de cada treinadora. Diversas(os) pesquisadoras(es) tem se dedicado a entender e elencar quais são as possíveis barreiras e quais são mais comumente encontradas (Knoppers, Spaaij, e Claringbould, 2021; Leiter, Raimundi, e Todarello, 2021; Darvin, Pegoraro, e Berri, 2017). LaVoi, e Dutove (2012) fizeram uma síntese da literatura e apresentaram as barreiras encontradas separando-as em quatro domínios socioecológicos: individual, interpessoal, organizacional e sociocultural. Dentre as adversidades encontradas pelas mulheres observa-se a intimidação realizada por pessoas que supostamente teriam a atribuição oferecer apoio as treinadoras (Almeida, e Freitas, 2020), os atos preconceituosos de ordem verbal, questionamentos sobre da sexualidade, constituição familiar e rotina doméstica, e desvalorização financeira (Novais, Mourão, Souza Júnior, Monteiro, e Pires, 2021). Ferreira, Salles, e Mourão (2015), e Ferreira, Anjos, Drigo, Mourão, e Salles (2017) elencam ainda da falta de reconhecimento e da baixa ou mesmo inexistente remuneração. Além destes aspectos as treinadoras precisam se mostrar profissionais, e ao mesmo tempo, em sua maioria, serem esposas, mães, governantas, tomar conta da alimentação, educação e cuidados em geral da família (Hinojosa-Alcade, Soler Prat, e Andrés, 2020). Tudo isso indica que, com exceção das modalidades esportivas ditas exclusivas femininas, como o nado sincronizado e ginástica rítmica, os poucos exemplos de mulheres em cargos de liderança ainda significam exceções à norma, e deve-se ressaltar que na maioria dos casos estas não possuem uma participação efetiva, (Ferreira, Salles, Mourão, e Moreno, 2013; Ferreira, Salles, e Mourão, 2015; Rubio, e Veloso, 2019)
O estudo de LaFountaine e Kamphoff (2016) torna-se particularmente interessante por ter sido realizado especificamente com treinadoras mulheres de atletas homens, no qual o cenário desfavorável é explicado pela falta de suporte de administradores, familiares, amigos, professores e pais de atletas às treinadoras, o que reitera as barreiras relatadas por Almeida, e Freitas (2020). A retenção do cargo pela grande maioria masculina tem como premissa que características estereotipadas como masculinas, como por exemplo a assertividade, liderança, confiança e coragem, concebidos como um pré-requisito para a ascensão ao cargo. Ainda de acordo com LaFountaine, e Kamhoff (2016) a falta de ambientes acolhedores nas organizações esportivas fazem com que menos mulheres ocupem o cargo de treinadoras de equipes masculinas. Com isso, a permanência destas no cargo também aparenta ser mais difícil.
A literatura também desenvolveu termos específicos para retratar as dificuldades encontradas pelas mulheres para ascensão na carreira. Segundo Ferreira, Salles, Mourão, e Moreno (2013, p.106) a “expressão teto de vidro” indica que as mulheres ocupam posições inferiores, a partir das quais elas visualizam os postos acima delas por meio da transparência da “parede de vidro”, mas não conseguem ultrapassá-la. Há também o “penhasco de vidro”, que representa situações que as mulheres alcançam o equilíbrio nas funções de trabalho, mas passam a ser vistas como ameaças pelos homens, criando-se assim um ambiente de grande pressão para as mulheres, no qual passa a existir uma grande possibilidade dessas mulheres abdicarem de seus cargos (Santos, e Amâncio, 2014). Outro termo a ser considerado é o tokenismo, que é definido pela pseudo participação na organização apenas para manter a aparência. (Carpentier, Melo, e Ribeiro, 2019)
Porém, nas últimas décadas, apesar de ainda serem minoria, foram observadas situações de mulheres que foram bem sucedidas na função de treinadoras, nos mais diversos níveis esportivos, ou seja, mulheres que conseguiram atravessar essa barreira (Burton, e Lavoi, 2016). Segundo Novaes, Mourão, Souza Júnior, Monteiro, e Pires (2021) a possibilidade de participação feminina em comissões técnicas é oriunda da associação de formação acadêmica e do histórico de desempenho como ex atletas, além da investimento em qualificação contínua e reiterada demonstração de competências no trabalho. LaFountaine, e Kamhoff (2016) reconhecem as possibilidades de mulheres conseguirem progredir na carreira conforme o maior tempo de experiência, o que parece diminuir os questionamentos dos profissionais da área em relação as suas atuações, o que resulta em experiências mais positivas. Para Hinojosa-Alcalde, Andrés, Serra, Vilanova, Soler, e Norman (2017) compreender como a variável gênero influencia o acesso, progressão e retenção das mulheres como treinadoras e demonstra a necessidade de políticas esportivas para abordar este tema nas organizações esportivas.
Nesse sentido, é necessário que futuros estudos possam revelar mais resultados a respeito da presença de mulheres como treinadoras, em diferentes contextos esportivos e níveis de performance, para que seja possível traçar estratégias que permitam ações efetivas de promoção da igualdade de gênero. Consequentemente, é imperioso que organizações esportivas como por exemplo, clubes, federações e confederações disponibilizem as informações referentes ao tema e tenham o máximo de transparência possível.
Como limitações deste estudo, deve-se considerar que os dados coletados representam apenas uma competição no Estado de São Paulo, durante o ano de 2019. Assim sendo, sugere-se que futuros estudos possam ser mais abrangentes que envolvam outras competições nos contextos regionais, nacional e mesmo mundial. Assim como a possibilidade de ser estendida a outras modalidades esportivas.
Conclusão
O propósito deste estudo foi verificar o número de mulheres na função de treinadoras de handebol no cenário paulista e a partir disso, discutir a participação das mulheres em cargos de treinadoras. Mesmo em um contexto esportivo no qual o número de equipes de handebol aparenta ser bem equilibrado entre gêneros, os resultados encontrados sugerem que tal fato não implica diretamente na representatividade igualitária entre homens e mulheres em cargos de comissões técnicas paulistas. Nota-se ainda que a presença de treinadoras parece ser sempre mais rara quando se trata de equipes masculinas. A literatura indica que os obstáculos enfrentados por mulheres para serem treinadoras são explicados por fatores em níveis socioecológicos, a saber, o individual, o interpessoal, o organizacional e o sociocultural.
Como proposta para avançar no tema da equidade de gênero relativo à função de treinadores(as), seria essencial tornar transparente, nos sites das federações, e organizações esportivas, as informações sobre as características dos(as) profissionais, para que se possa ter clareza da porcentagem de mulheres que atuam no esporte. A partir de tais informações sugere-se elaborar um plano estratégico que envolva o recrutamento de treinadoras, suporte para o desenvolvimento da carreira, proteção aos direitos profissionais e de remuneração, e representação de treinadoras em comissões que têm prerrogativas na tomada de decisões esportivas. Finalmente destaca-se a necessidade de novos estudos em outros contextos e ações afirmativas que promovam a igualdade de gênero no esporte.
Referências
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Almeida, W.D., e Freitas, R. (2020). Sob comando deles: as barreiras para mulheres técnicas nas equipes olímpicas brasileiras. Educación Física y Ciencia, 22(4), 1-14. https://dx.doi.org/https://doi.org/10.24215/23142561e156
Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. Edições 70.
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