ISSN 1514-3465
Treinamento físico domiciliar para idosos fragilizados
Home Physical Training for Frail Elderly
Entrenamiento físico domiciliario para personas mayores frágiles
Leonardo Geamonond Nunes*
nunes_leonardo@yahoo.com.br
Alexandre Vilaça**
vilaca.alexandre@yahoo.com.br
*Mestre em Educação Física
pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Especialista em Fisiologia do Esporte
e Treinamento Físico para Grupos Especiais (ICPG)
Graduado em Educação Física (Licenciatura e Bacharelado)
pelo Centro Universitário do Planalto de Araxá
**Mestre em Educação Física na linha de pesquisa Desempenho Humano
e Esporte pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Pós Graduado em Fisiologia e Cinesiologia de Exercício
pela Universidade Veiga de Almeida
Graduado em Educação Física
pelo Centro Universitário do Planalto de Araxá (2007)
(Brasil)
Recepção: 11/09/2021 - Aceitação: 28/10/2022
1ª Revisão: 14/10/2022 - 2ª Revisão: 19/10/2022
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Citação sugerida
: Nunes, L.G, e Vilaça, A. (2022). Treinamento físico domiciliar para idosos fragilizados. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(295), 205-212. https://doi.org/10.46642/efd.v27i295.3190
Resumo
A prática de exercícios físicos contribui nos aspectos biopsicossociais e auxilia na reversão dos efeitos deletérios de doenças crônicas não transmissíveis, o que propicia longevidade aos seus adeptos. O objetivo do presente trabalho foi apresentar opções e recursos para elaboração de programas de treinamento físico para idosos fragilizados, com intuito de promover a recuperação da independência e proporcionar qualidade de vida através da prática de exercícios físicos.
Unitermos:
Envelhecimento. Exercício físico. Idoso.
Abstract
The practice of physical exercises contributes to biopsychosocial aspects and helps in reversing the deleterious effects of chronic non-communicable diseases, which provides longevity to its adherents. The objective of the present work was to present options and resources for the elaboration of physical training programs for frail elderly, in order to promote the recovery of independence and provide quality of life through the practice of physical exercises.
Keywords:
Aging. Exercise. Elderly.
Resumen
La práctica de ejercicios físicos contribuye en aspectos biopsicosociales y ayuda a revertir los efectos deletéreos de las enfermedades crónicas no transmisibles, lo que proporciona longevidad a sus adherentes. El objetivo del presente trabajo fue presentar opciones y recursos para la elaboración de programas de entrenamiento físico para adultos mayores frágiles, con el fin de promover la recuperación de la independencia y brindar calidad de vida a través de la práctica de ejercicios físicos.
Palabras clave
: Envejecimiento. Ejercicio físico. Persona mayor.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 295, Dic. (2022)
Introdução
A população mundial está envelhecendo rapidamente e associadas a esse processo surgem limitações físicas, incapacidades funcionais e demências, que por sua vez acarretam grandes consequências para a vida dos idosos acometidos e seus familiares. (Telenius et al., 2015)
Dentro desse universo de efeitos deletérios a saúde, manifesta-se a fragilidade, que representa um estado inespecífico de risco de mortalidade, dependência e incapacidade funcional. São indicadores de fragilidade, idosos que apresentam perda de peso não intencional, baixo nível de atividade física, diminuição da força de preensão palmar e baixa velocidade da marcha. (Angulo et al., 2020)
A prática de exercícios físicos está sendo estudada como uma ação não farmacológica que atenuará as consequências do envelhecimento patológico, como a perda de força muscular (dinapenia), desvios posturais acentuados, baixo volume muscular (sarcopenia), baixa velocidade da marcha e possíveis quedas. (Kamijo et al., 2018; Nunes, 2018)
Idosos fragilizados necessitam adquirir força muscular para apresentar melhor controle motor, maior eficiência nos movimentos durante a execução de tarefas básicas diárias, sustentação do peso corporal e maior velocidade da marcha. O treinamento físico se torna imprescindível ao longo do processo de recuperação da independência em realizar as atividades básicas e instrumentais do cotidiano. (Marzetti et al., 2017; Zanin et al., 2018)
Apesar das informações a respeito dos benefícios do treinamento físico para a população em geral, ainda há baixa adesão de idosos á essa estratégia, devido ás barreiras arquitetônicas, dificuldade em se adaptar nos salões de treinamento e dificuldade em sair do domicílio. (Brandão et al., 2018)
O treinamento físico em domicílio se mostra um modelo de intervenção eficaz e prático para o idoso e seus familiares, aplicado com o uso dos princípios do treinamento esportivo, é uma ótima opção para o idoso fragilizado dar inicio a um programa de treinamento físico eficiente. (Franco et al., 2015)
O objetivo do presente trabalho foi apresentar opções e recursos para elaboração de programas de treinamento físico para idosos fragilizados, com intuito de promover a recuperação da independência e proporcionar qualidade de vida através da prática de exercícios físicos. Recomendamos que seja feita a avaliação multidimensional do estado de saúde do idoso antes de dar início a um programa de treinamento físico domiciliar.
Avaliação multidimensional
A avaliação multidimensional é composta por anamnese, avaliação morfológica e neuromotora. A avaliação física é inestimável, o idoso será avaliado e clinicamente serão detectados pontos de fragilidade que irão auxiliar na elaboração do programa de treinamento físico para aquele indivíduo.
Anamnese
É uma entrevista associada á aplicação de questionários com o objetivo de avaliar a história pregressa do idoso, histórico familiar, patologias pré-existentes, presença ou ausência de quedas. Essas informações irão auxiliar detectar a queixa principal.
Avaliação morfológica
A avaliação morfológica consiste em avaliar as dimensões corporais do indivíduo como, índice de massa corporal (altura e peso corporal), antropometria (medidas das dimensões do corpo) e percentual de gordura. (Rikli, e Jones, 2008)
Avaliação neuromotora
A avaliação neuromotora consiste em analisar as variáveis de força dos membros superiores e inferiores através de testes validados cientificamente, analisar a flexibilidade e agilidade (velocidade da marcha) dos idosos respectivamente. Em especial a avaliação neuromotora se torna fundamental, pois a capacidade funcional em nível ótimo é o pilar principal para que o idoso apresente independência para realizar as atividades básicas, instrumentais e avançadas de vida diária. (Rikli, e Jones, 2008)
Recursos e acessórios do treinamento de força
Peso corporal
O método de treinamento físico através do peso do próprio corpo é de extrema relevância para idosos que se iniciam em um programa de treinamento físico sem experiência prévia. O processo de ensino aprendizagem deverá abordar a execução do movimento como fundamento inicial. Aprender a realizar as tarefas multiarticulares com o uso do próprio corpo proporcionará melhor compreensão das tarefas realizadas e maior eficiência sobre o controle motor ao longo do processo.
Acessórios
Os acessórios são extremamente relevantes ao longo da progressão da sessão de treinamento físico, por potencializar os grupos musculares (recrutamento de unidades motoras) durante a tarefa desenvolvida. Acessórios como tensores elásticos, pranchas de equilíbrio, bastões, steps, cones, dentre outros, podem ser inseridos no programa de treinamento físico para idosos fragilizados, pois são eficientes e fáceis de transportar.
Pesos livres
Halteres, kettlebells, anilhas e barras são ferramentas de grande importância e devem ser exploradas rotineiramente. O uso dessas ferramentas viabilizará condições de explorar diversos exercícios em diferentes padrões de movimento o que proporcionará ao profissional responsável trabalhar com excelência em diferentes ambientes (salão de treinamento ou atendimento domiciliar). Idosos fragilizados encontram-se várias barreiras ao sair do domicílio. O profissional de Educação Física com expertise em envelhecimento humano poderá utilizar tais ferramentas para trabalhar com a progressão do treinamento físico.
Exercícios coordenativos
Os exercícios coordenativos devem ser explorados durante a programação do treinamento físico. Durante o processo natural de envelhecimento humano, idosos sedentários apresentam baixa eficiência na velocidade da caminhada, dificuldade para subir degraus, maiores riscos de quedas e baixa eficiência em realizar múltiplas tarefas.
Exercícios que proporcionem melhora no equilíbrio, agilidade, exercícios de pegada (preensão palmar), exercícios de motricidade fina (pegada em pinça) devem ser aplicados nas sessões de treinamento com intuito de atenuar ou reverter o quadro clínico.
Meios de progressão ao treinamento físico
No decorrer do processo de treinamento físico o idoso necessita de progressão sobre o controle motor (melhora na qualidade de movimento), elevação sobre o número de repetições realizadas, gradação sobre o número de séries executadas em cada exercício (volume e densidade) e aumento da carga de trabalho (intensidade). (Arcau et al., 2021; Moreno Macaya, 2020; C.R.D.T. Silva et al., 2019)
De acordo com o Colégio Americano de Medicina do Esporte as recomendações são de 2 a 3 intervenções por semana em dias alternados. (Konopack, 2016)
O treinamento físico deve ser elaborado com duas a três séries para cada exercício aplicado, com feedback extrínseco (Fleck, e Kraemer, 2017). A progressão na execução do exercício deve seguir a seguinte ordem.
Prática com assistência (auxílio do profissional), os exercícios devem ser realizados com limitação da amplitude de movimento nas primeiras intervenções (adaptação). Ao dar seguimento ao treinamento a partir da terceira semana os exercícios aplicados terão aumento da amplitude de movimento e resistência (aumento da carga de trabalho). (Fleck, e Kraemer, 2017)
Em todos os treinos os padrões básicos de movimento devem ser explorados (puxar, empurrar, agachar e levantar) dentro das condições apresentadas pelo idoso. A sessão será constituída por aquecimento (mobilidade, estabilidade e potenciação), desenvolvimento (exercícios contra resistência) e volta à calma (relaxamento). A duração de cada intervenção será de aproximadamente 50 á 60 minutos. (Concha-Cisternas et al., 2020; Martínez et al., 2022; F.L.B. da Silva et al., 2019)
Conclusão
A síndrome da fragilidade ocorre por diversos fatores, entre eles a diminuição da força física. Ter conhecimento sobre suas ações deletérias e as possíveis formas de intervenções eficazes, irá contribuir vigorosamente com a melhora da capacidade funcional do idoso. A prática de exercícios físicos domiciliares é um ótimo método que atenuará a progressão da fragilidade e consequentemente poderá auxiliar na reversão deste quadro clínico respectivamente.
Referências
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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 295, Dic. (2022)