ISSN 1514-3465
Treinadores de goleiros: perfil e utilização dos
métodos global e parcial (analítico) para o treinamento
Goalkeeper Coaches: Profile and Use of Global and Partial (Analytical) Methods for Training
Entrenadores de porteros: perfil y uso de métodos globales y parciales (analíticos) para el entrenamiento
Rafael Oliveira Rodriguez*
rafaelorodriguez01@gmail.com
Silas Queiroz de Souza**
diretor.educacaofisica@uniube.br
Izabela Aparecida dos Santos**+
izabelaeduca94@hotmail.com
* Curso de Educação Física. Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
**Grupo de Pesquisa Fisiologia do Exercício em Saúde e Desempenho Humano
Departamento de Educação Física,Universidade de Uberaba (UNIUBE)
+Programa de Pós Graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional
Universidade de São Paulo (PPGRDF-USP)
(Brasil)
Recepção: 24/08/2021 - Aceitação: 02/10/2022
1ª Revisão: 15/08/2022 - 2ª Revisão: 29/09/2022
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Citação sugerida
: Rodriguez, R.O., Souza, S.Q. de, e Santos, I.A. dos (2022). Treinadores de goleiros: perfil e utilização dos métodos global e parcial (analítico) para o treinamento. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(295), 22-35. https://doi.org/10.46642/efd.v27i295.3173
Resumo
Introdução: Ter conhecimento sobre métodos de treinamento e saber aplicá-los parece ser fundamental para atingir os objetivos esportivos. Objetivo:Investigar qual o método de treinamento é mais utilizado (global ou parcial-analítico) por treinadores/preparadores de goleiros desde as categorias de base até o profissional, bem como, traçar o perfil desses profissionais e seus conhecimentos sobre estes métodos. Metodologia: Participaram da pesquisa 14 treinadores de goleiros. Foi aplicado um questionário com 18 perguntas objetivas, contendo perguntas sobre o perfil profissional e vivência prática, bem como, nível de compreensão sobre metodologias e a utilização delas. Resultados: 92,8% identificaram corretamente a definição dos métodos. 85,70% dos treinadores utilizam ambas as metodologias no dia a dia com os atletas. Quanto a utilização por faixa etária, o método analítico se sobrepõe ao global na categoria sub-15, com o avanço das categorias o método analítico é substituído pelo global. Conclusão: Os treinadores possuem domínio do conhecimento conceitual sobre as metodologias, além de alternarem esses métodos no dia a dia. Há uma priorização pelo analítico nas categorias primarias, sendo substituído pelo global com o avanço das categorias.
Unitermos
: Futebol. Treino. Preparação técnica. Preparação tática. Preparação física.
Abstract
Background: Having knowledge about training methods and knowing how to apply them seems to be to achieve sports goals. Objective: To investigate which training method is most used (global or partial-analytical) by goalkeeper coaches/trainers from the basic to professional categories, as well as to outline the profile of these professionals and their knowledge about these methods. Methodology: 14 goalkeeper coaches participated in the research. A questionnaire with 18 objective questions was applied, containing questions about the professional profile and practical experience, as well as the level of understanding about methodologies and their use. Results: 92.8% correctly identified the definition of the methods. 85.70% of coaches use both methodologies daily with athletes. As for the use by age group, the analytical method overlaps with the global one in the under-15 category, with the advancement of categories the analytical method is replaced by the global one. Conclusion: Coaches have mastery of conceptual knowledge about methodologies, in addition to alternating these methods daily. There is a prioritization of the analytical in the primary categories, being replaced by the global with the advancement of the categories.
Keywords:
Soccer. Training. Technical preparation. Tactical preparation. Physical preparation.
Resumen
Introducción: Tener conocimientos sobre métodos de entrenamiento y saber aplicarlos parece ser fundamental para alcanzar los objetivos en el deporte. Objetivo: Investigar qué método de entrenamiento (global o parcial-analítico) es el más utilizado por los entrenadores/preparadores de porteros desde la categoría básica hasta la profesional, así como conocer el perfil de estos profesionales y su conocimiento sobre estos métodos. Metodología: Participaron de la investigación 14 entrenadores de porteros. Se aplicó un cuestionario con 18 preguntas objetivas, que contenía preguntas sobre el perfil profesional y la experiencia práctica, así como el nivel de comprensión sobre las metodologías y su uso. Resultados: El 92,8% identificó correctamente la definición de los métodos. El 85,70% de los entrenadores utiliza ambas metodologías a diario con los deportistas. En cuanto al uso por grupos de edad, el método analítico se superpone con el global en la categoría de menores de 15 años, con el avance de categorías se reemplaza el método analítico por el global. Conclusión: Los entrenadores tienen dominio de conocimientos conceptuales sobre metodologías, además de alternar estos métodos en el día a día. Hay una priorización del analítico en las categorías iniciales, siendo sustituido por el global con el avance de las categorías.
Palabras clave
: Fútbol. Entrenamiento. Preparación técnica. Preparación táctica. preparación física.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 295, Dic. (2022)
Introdução
O Futebol é a paixão de muitas pessoas ao redor do mundo e esse sentimento se manifesta em diferentes aspectos, seja como uma forma de diversão e entretenimento ou até mesmo como profissão, o futebol passou a ser considerado um espetáculo mundial envolvendo milhares de pessoas principalmente em partidas de Copa do Mundo que é considerada a disputa mais importante na modalidade. (Gastaldo, 2013)
A criação do jogo como se conhece atualmente, teve início na Inglaterra, onde foram estruturadas regras, indicação do campo para prática e número de jogadores. Por volta do ano de 1871 criou-se a posição de goleiro, o único jogador que pode utilizar as mãos ou quaisquer outras partes do corpo na tentativa de impedir que a bola cruze a linha do gol. (Simões, 2015)
No início os goleiros eram utilizados apenas durantes os treinos de chutes ao gol e simulações de jogos. A preparação física desses jogadores ocorria igualmente aos jogadores de linha por falta de preparadores específicos para a posição (Simões, 2015). Com passar do tempo o goleiro passou por processo de evolução, adquirindo um treinador específico para a posição, objetivando a melhora de suas capacidades físicas, técnicas e táticas. (de Ávila Gonçalves, e de Oliveira Nogueira, 2006)
O goleiro se diferencia das demais posições em várias capacidades, sejam elas físicas, técnicas e táticas. Fisicamente é exigida uma grande participação do sistema anaeróbio alático, por serem ações de alta intensidade e pequena duração de tempo (Dellal et al., 2012). Em testes físicos, os goleiros possuem volume máximo de oxigênio (VO2máx) e limiar anaeróbio inferiores, além de possuírem estatura mais elevada e maior massa corporal quando comparados as demais posições no futebol. (Balikian et al., 2002)
Tecnicamente o goleiro deve possuir um bom encaixe, pegada, executar precisamente movimentos de quedas altas e rasteiras (Vizcaíno, e Cortizo, 2020), sair bem da meta para interceptar cruzamentos e repor devidamente a bola com os pés e com as mãos, esse último inclusive pode fazer parte também das capacidades táticas que um goleiro deve exercer dentro de campo (Rossi et al., 2018), somando a outras como um bom posicionamento, uma boa orientação aos companheiros de equipe, afinal, sua posição possui a visão do jogo como um todo. (de Ávila Gonçalves, e de Oliveira Nogueira, 2006)
Visto que a posição de goleiro é complexa e técnica, métodos de treinamento direcionados à essa posição merecem discussões no campo científico, tradicionalmente são trabalhados dois métodos, sendo eles, parcial e global (Silva 2018). No método parcial (analítico), o jogo é composto por alguns aspectos que devem ser desenvolvidos separadamente devido a sua complexidade e, principalmente, à dificuldade de aprendizagem da técnica ideal, utilizando a repetição de séries de exercícios dirigidos ao domínio das técnicas, consideradas como elementos básicos para a prática do jogo, para se obter êxito na ação. (Costa et al., 2010)
Silva (2018) esclarece que no método global procura-se, em cada jogo ou formas jogadas, pelo menos a ideia central do jogo ou que suas estruturas básicas estejam presentes na metodologia. Se deve observar, sobretudo, que as formas de jogos prévias (jogos de iniciação, grandes jogos, jogos pré-desportivos) não podem ser mais difíceis que o jogo objetivado, proporcionando aos alunos um aprendizado de forma mais intensa. (Greco, e Brenda, 1998)
Ainda hoje é possível encontrar ex-atletas trabalhando na função de preparado de goleiros, supostamente isso ocorre por falta de interesse dos profissionais de Educação Física e a escassez de embasamento teórico-científico no campo dificultando a prática profissional. (Lima et al., 2016)
Diante deste cenário da atuação de ex-atletas (Lima et al., 2016), carência de evidências cientificas relacionadas ao treinamento específico de goleiros e o consenso de qual método utilizar, o objetivo do presente estudo foi investigar qual o método de treinamento é mais utilizado (global ou parcial-analítico) por treinadores/preparadores de goleiros desde as categorias de base até o profissional, bem como, traçar o perfil desses profissionais e seus conhecimentos sobre estes métodos.
Métodos
Amostra e cuidados éticos
Este estudo tem característica quantitativa, possuindo uma natureza descritiva exploratória (Boente, e Braga, 2004). Foram seguidos todos os procedimentos éticos, anteriormente a execução da coleta, os protocolos foram julgados e aceitos pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Uberaba (UNIUBE) sob o parecer de número 4.240.367/2020.
Quanto a amostra, participaram 14 treinadores de goleiros, as características estão presentes na Tabela 1. Para serem incluídos na pesquisa deveriam enquadrar-se nos seguintes critérios: 1. Ter no mínimo dois anos de experiência como treinador; 2. Atuar ou ter atuado em qualquer categoria do sub-15 ao profissional; 3. Aceitar participar da pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Seria excluído aquele que deixasse alguma pergunta sem resposta, porém não ocorreu neste estudo.
Tabela 1. Caracterização da amostra
Variáveis |
Frequência absoluta |
Frequência relativa |
n |
% |
|
Idade |
||
20 - 29 anos |
4 |
28,8 |
30 - 39 anos |
5 |
35,6 |
40 - 49 anos |
5 |
35,6 |
Nível de escolaridade |
||
Ensino
superior completo - Graduação
em Educação Física |
9 |
64,3 |
Ensino
superior incompleto - Graduação
em Educação Física |
4 |
28,6 |
Ensino
Médio completo |
1 |
7,1 |
Tempo que atua na
preparação de goleiros |
||
4
a 6 anos |
2 |
14,3 |
6 a 10 anos |
4 |
28,6 |
10 anos ou mais |
8 |
57,1 |
Qual categoria
trabalha atualmente |
||
Sub-17 |
1 |
7,2 |
Sub-20 |
5 |
35,7 |
Profissional
|
8 |
57,1 |
Fonte: Elaborado pelos autores
Procedimentos da pesquisa
A pesquisa foi realizada utilizando a ferramenta Google Forms (Google®), possibilitando assim o contato com treinadores de outras cidades, estados e países.
Inicialmente foi feito contato com 31 treinadores de goleiros de diferentes níveis competitivos esclarecendo a finalidade e importância da participação deles para este estudo, bem como a ciência do esporte em geral.
A partir do interesse e resposta positiva ao participar do estudo, foi enviado aos treinadores o link do formulário, junto com o TCLE. Solicita-se a eles que assinem o TCLE (podendo ser a versão digital da assinatura).
Para responder os objetivos do estudo, foi criado um instrumento (questionário) com 18 perguntas objetivas e especificas sobre a profissão, experiência destes enquanto preparadores em diferentes categorias, métodos utilizados e formação.
Análise dos dados
Utilizou-se o Microsoft Excel® (2016) para tabulação, análise e criação dos gráficos.
Os dados foram analisados são apresentados como frequência absoluta e relativa (porcentagem).
Resultados
A Tabela 2 apresenta informações sobre a vivência, bem como a experiência na modalidade e posição de goleiro.
Tabela 2. Vivência e experiência na modalidade/posição
|
Frequência absoluta |
Frequência relativa |
n |
% |
|
Você já atuou como goleiro |
||
Sim
|
11 |
78,6 |
Não
|
3 |
21,4 |
Tipo de equipe que atuou como goleiro |
||
Profissional |
7 |
50 |
Categoria de base |
3 |
21,4 |
Amadora |
1 |
7,1 |
Nunca atuou |
3 |
21,4 |
Tempo (em anos) que atuou
como goleiro |
||
4
a 6 anos |
1 |
7,1 |
6
a 10 anos |
7 |
50 |
10
anos ou mais |
3 |
21,4 |
Nenhum
|
3 |
21,4 |
Qual a importância de ter atuado como goleiro para desempenhar a função de preparador de
goleiros |
||
Indispensável |
4 |
28,6 |
Muito
importante |
4 |
28,6 |
Relativamente importante |
6 |
42,9 |
Pouco importante |
0 |
0 |
Nenhuma |
0 |
0 |
Fonte: Elaborado pelos autores
Em relação a frequência em que os entrevistados costumam realizar cursos profissionalizantes voltados a preparação específica de goleiros, 42,9% dos entrevistados (6) elegeram participar de cursos semestralmente, outros 37,5% (5) investem em cursos anualmente, somente14,3% dos entrevistados investem em preparação constante consideradas aqui como bimestrais, 7,1% (1) declarou que raramente realiza cursos profissionalizantes para a preparação de goleiros.
Passando para a importância em que os entrevistados atribuem ao conhecimento científico para orientar suas ações enquanto treinadores de goleiro 64,3% (9) consideram o conhecimento científico como indispensável, enquanto o restante 35,7% (5) consideram como muito importante.
Em relação aos Gráficos 1 e 2, analisou-se o conhecimento conceitual dos treinadores sobre os métodos analítico e global, demonstrando uma frase proveniente da literatura para que eles optassem.
Já em relação ao Gráfico 3, foi perguntado sobre a utilização dos métodos nos treinamentos diários dos atletas entre os métodos parcial (analítico), global ou analítico-global.
O Gráfico 4 procura analisar qual método os treinadores de goleiros costumam utilizar durante o dia a dia com seus atletas de acordo com a faixa etária (sub-15, sub-17, sub-20 e profissional), sendo entre parcial (analítico), global ou somente um dos dois. Além disso, estes treinadores poderiam responder usando experiência passadas em outras categorias, e não apenas sobre a categoria em que trabalha atualmente.
Discussão
O objetivo deste estudo foi investigar o perfil dos treinadores de goleiros, bem como qual o método de treinamento é mais utilizado entre o global e parcial (analítico) por eles desde as categorias de base até o profissional, notou-se que na categoria sub-15 o método predominante é o analítico, já nas demais (sub-17, sub-20 e profissional) o método global é mais preferido entre os treinadores.
Em relação ao conhecimento dos treinadores sobre os conceitos dos métodos, foi apresentado o conceito do global utilizando a sentença de Xavier (1986) “Trata-se de ensinar ou treinar as destrezas motoras em conjunto, ou seja, aprender jogando", 92,8% (13 = absoluto) dos treinadores assimilaram o conceito com o método correto, isto é, o global. Já 7,2 % (1 = absoluto) relacionou o conceito ao método analítico.
Para o método analítico o conceito adotado foi de Perfeito (2009): “Refere-se a exercícios por partes que tem como foco o ensino através dos fundamentos técnicos da modalidade esportiva em questão”, em números os resultados foram os mesmos do método anterior, ou seja, 92,8% (13) dos treinadores atribuíram a sentença ao método analítico e 7,2% (1) ao global.
Esses números apontam que em relação ao conceito teórico dos métodos, a maioria dos treinadores de goleiros sabem do que se trata, o que é fundamental para o sucesso na prática, afinal, a relação teoria-prática no treinamento é mais propicio de atingir os objetivos do que somente a teoria ou prática isoladas. (Betti, 2005)
Conhecer, entender e aplicar tais métodos exige uma formação dos treinadores, da amostra total, 64,3%, ou seja, 9 dos 14 treinadores possuem graduação em Educação Física, 28,6% (4) estão no processo de formação (em Educação Física) e apenas 7,1% (1) possui o ensino médio completo. Portanto, a maioria estiveram ou estão inseridos no ambiente que discutem teoria e terminologias sobre métodos e aplicação do treinamento (Ghilardi, 1998), este resultado pode explicar o resultado anterior, onde a maioria sabe conceitualmente sobre o treino global e analítico.
78,6% (11) dos treinadores afirmaram ter sido goleiros, desse número 50% chegaram a atuar de forma profissional com uma média de 6 a 10 anos, quando questionados da importância que a atuação como ex-goleiros para desempenhar a função de preparador de goleiros as respostas variaram em “indispensável” (28,6%), “muito importante” (28,6%) e “relativamente importante” (42,9%), nenhum dos treinadores considerou de pouca ou nenhuma importância a experiência prévia como goleiro.
Ter tido experiência na modalidade que atua é um aspecto que gera discussões, estudo aponta que treinadores de goleiro (82,35%) afirmam que professores de educação física sem experiência como ex-goleiros podem desempenhar com sucesso a preparação de atletas dessa posição (Simões, 2015). Já outro estudo sustenta a tese que ter experiência prévia prática como goleiro possibilita que o treinador passe orientações técnicas, táticas (posicionamento na área, por exemplo), bem como formas de orientação da equipe que é uma das funções do goleiro. (Rigotti, 2006)
Nota-se que clubes profissionais ainda priorizam ex-atletas enquanto treinadores, pela bagagem prática anterior. Nesse sentido estudos afirmam ser prática recorrente no meio futebolístico profissional a incidência de ex-atletas para a função de treinadores, pela pouca exposição da função e da pouca literatura existente sobre o treinamento específico de goleiros de futebol. (Fernandes et al., 2021; Lima et al., 2016)
Em relação a frequência que os treinadores costumam realizar cursos profissionalizantes voltados à preparação específica de goleiros, foi observado que 42,9% (6) dos treinadores participam de cursos semestralmente, 37,5% (5) investem anualmente, 14,3% (2) realizam anualmente enquanto 7,1% (1) alegou investir raramente em cursos da área. Estudo aponta que 78% dos entrevistados acreditam que a qualificação dos treinadores profissionais de futebol precisa ser progredida. (Siqueira, e da Silva, 2020)
Atualizar-se e estar por dentro de novos direcionamentos do treinamento específico para goleiros é ou deveria ser uma atribuição desses profissionais, estudo aponta que o desconhecimento dos treinadores de goleiros em novas tendências da posição acaba por não as colocar em prática e consequentemente impossibilitam o aproveitamento de ações importantes como por exemplo, jogos dentro da área, fora da área, de invasão, transitórios (setor defensivo para o ofensivo). (Simões, 2015)
Em relação a importância que os treinadores atribuem ao conhecimento científico para orientar suas ações enquanto preparadores de goleiros, 64,3% (9) dos entrevistados considera esse conhecimento como “indispensável”. Estudo afirma que o método científico e o conhecimento têm importância fundamental para a área do treinamento esportivo, bem como áreas da saúde (academias, reabilitação). Os autores afirmam que todo conhecimento desenvolvido através do esporte pode fazer com que se consigam melhores resultados dentro dele. (Barbanti et al., 2004)
De acordo com a preferência e utilização dos métodos entre global e parcial (analítico), 85,7% (12) dos treinadores afirmaram utilizar os métodos em conjunto, enquanto somente 14,3% (2) utilizam exclusivamente o global.
Já o método parcial (analítico) não foi citado por nenhum dos entrevistados, isso vai de encontro a outro estudo, no qual a utilização de diferentes métodos deve ser aplicada para se adequar as características específicas de cada grupo, uma vez que cada um tem suas particularidades. (Silva, 2018)
Ao analisar a utilização dos métodos analítico e global de acordo com cada faixa etária trabalhada. Na categoria sub-15 a maioria dos treinadores (78,5%) utiliza o método analítico, esse achado é subsidiado por estudo no qual a utilização de abordagens mais tradicionais é utilizada nos estágios iniciais do processo de ensino-aprendizagem. (da Costa, e do Nascimento, 2004)
A partir do sub-17, sub-20 e já na categoria profissional, a preferência dos treinadores é pelo método global. De acordo com autores, a utilização deste método se orienta pelas experiências táticas, ou seja, para a efetivação de tal método os atletas devem possuir experiências anteriores e devem se orientar a partir da estrutura e da análise do jogo em específico. (da Costa, e do Nascimento, 2004)
É indispensável levantar limitações presentes neste estudo, a principal é o fato de a amostra ter sido atingida por conveniência, isto é, não tendo um cálculo amostral prévio. Outra limitação é a falta de controle na aplicação do instrumento, por ter sido realizada online. Apesar de tais limitações, este estudo é pioneiro para iniciar a construção de conhecimento acerca do perfil e preferência de métodos e suas relações com a formação e conhecimento científico em diferentes categorias de treinadores de goleiros.
Conclusões
Em relação ao perfil de treinadores de goleiros, grande parte possui experiência prévia na posição, ou seja, são ex-atletas e consideram tal experiência como “indispensável”, “muito importante” e “relativamente importante”. Além disso, os treinadores explicitam a importância do conhecimento científico (além da prática), eles apontam esse conhecimento como “indispensável” e “muito importante”.
O conceito teórico sobre os métodos (parcial-analítico e global) são conhecidos pelos treinadores de goleiros. Sobre a predileção entre esses métodos no dia a dia, os treinadores utilizam da alternância entre os dois.
Por categoria, no sub 15 os treinadores de goleiros priorizam o analítico e com o avanço das categorias (sub 17, sub 20 e profissional) é substituído pelo método global.
Pesquisas futuras com mais métodos, categorias e treinadores irão contribuir não só para a profissão treinador de goleiro, mas também, com a função goleiro dentro de uma partida de futebol, sendo a posição que mais evoluiu nos últimos anos, além da colaboração com a ciência aplicada ao esporte de modo geral.
Referências
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Barbanti, V.J., Tricoli, V., e Ugrinowitsch, C. (2004). Relevância do conhecimento científico na prática do treinamento físico. Revista Paulista de Educação Física, 18(8), 101-109. https://repositorio.usp.br/item/001446133
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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 295, Dic. (2022)