cleitonpreis@yahoo.com.br

professormarin.eat@gmail.com

arodyneto@gmail.com

Adriana Amado Bazini+

adrianamado16@gmail.com

Alisson Marques Reis Ferreira++

alissonmarques.edf@gmail.com

Mauro Vinícius de Sá+++

maurovsa@hotmail.com

Juan Carlos Pérez Morales++++

jkperezmorales@gmail.com

*Mestre e Doutor em Ciências do Esporte pela UFMG

Professor na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Treinador de Basquetebol

**Possui Licenciatura e Bacharelado em Educação Física

pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Mestrado em Educação Física pela UFES

Atualmente é treinador de Basquetebol no Esporte Clube Pinheiros (SP)

Membro do UOUS Basketball

***Possui graduação em Educação Física

pela Universidade Estadual de Londrina

Atualmente é professor de Educação Física e treinador de basquetebol

Colégio Integrado Sônia Marcondes (Ibiporã - PR)

Treinador de basquetebol da Associação Pé Vermelho

de Esportes - APVE Londrina Basketball (Londrina - PR)

+Professora de Educação Física

Treinadora de basquetebol na Prefeitura de Santo André

++Possui graduação em Educação Física

pela Faculdade Estácio de Sá

Treinador de basquetebol

+++Mestre em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia

Graduado em Educação Física pela UFMG

Atualmente é professor assistente IV

da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

e membro do colegiado do Departamento de Educação Física da entidade

++++Possui graduação em Cultura Física e Esportes

pela Universidade INCCA da Colômbia

Especialista em Administração Esportiva

pela Fundação Universitária da Área Andina

Mestrado em Educação Física pela UFMG,

área de concentração Treinamento Esportivo

Doutorado em Ciências do Esporte pela UFMG

Membro pesquisador no Centro de Estudos em Cognição e Ação

do Centro de Excelência Esportiva da Escola de Educação Física,

Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG

(Brasil)

Recepção: 01/07/2021 - Aceitação: 29/04/2022

1ª Revisão: 27/03/2022 - 2ª Revisão: 25/04/2022

Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0

Citação sugerida: Reis, CP, Freitas, MM, Neto, ASC, Bazini, AA, Ferreira, AMR, Sá, MV, e Pérez Morales, JC (2022). Comparação do conhecimento tático declarativo entre jovens praticantes de basquetebol. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(291), 103-114. https://doi.org/10.46642/efd.v27i291.3086

 

Resumo

    O objetivo do estudo foi comparar o nível de Conhecimento Tático Declarativo entre atletas de basquetebol das categorias sub-12 e sub-13 de uma instituição esportiva. Participaram do estudo 47 meninos, 27 da categoria sub-12 e 20 da categoria sub-13. Todos são do sexo masculino, treinam pelo menos 2 vezes por semana e são vinculados à Federação Mineira de Basketball. Recorreu-se ao Instrumento para Mensurar o Conhecimento Tático Declarativo para o Basquetebol (IMCTD-Bb). O instrumento consta de 17 cenas, sendo 10 cenas de passe, 3 de arremesso, e 5 de infiltração, que correspondem a 13 cenas de ataque e 4 cenas de contra-ataque. Recorreu-se ao teste de Mann-Whitney para comparar os escores entre as categorias, considerando um nível de significância de 95%. Os atletas da categoria sub-12 obtiveram uma mediana do escore de 25.00 pontos. Já os atletas da categoria sub-13 alcançaram uma mediana de escore de 33.00 pontos (z=-2.219; p=.026). A comparação entre os grupos mostrou que os atletas da categoria sub-13 apresentaram um nível de aquisição de conhecimento tático declarativo (CTD) mais elevado que os atletas da categoria sub-12.A mensuração do conhecimento tático declarativo em atletas das categorias de base no basquetebol é uma importante ferramenta para se diagnosticar os níveis de rendimento e avaliação do impacto do processo de ensino-aprendizagem.

    Unitermos: Basquetebol. Conhecimento tático. Tomada de decisão.

 

Abstract

    The aim of the study was to compare the level of Declarative Tactical Knowledge among basketball athletes in the under-12 and under-13 categories of a sports institution. Forth seven boys participated in the study, 27 from the under-12 category and 20 from the under-13 category. All are male, train at least twice a week and are linked to the Minas Gerais Basketball Federation. The Instrument to Measure Declarative Tactical Knowledge for Basketball (IMDTK-Bb) was used. The instrument consists of 17 scenes, 10 passing scenes, 3 throwing, and 5 infiltrating, corresponding to 13 attack scenes and 4 counterattack scenes. The Mann-Whitney test was used to compare scores between categories, considering a significance level of 95%. Under-12 students had a median score of 25.00 points. Athletes in the under-13 category achieved a median score of 33.00 points (z=-2.219; p=.026). The comparison between the groups showed that the athletes from the under-13 category had a higher level of declarative tactical knowledge acquisition (KTD) than the students from the under-12 category. The measurement of declarative tactical knowledge in students from basketball youth categories is an important tool for diagnosing performance levels and evaluating the impact of the teaching-learning process.

    Keywords: Basketball. Tactical knowledge. Decision making.

 

Resumen

    El objetivo del presente estudio fue comparar el nivel de Conocimiento Táctico Declarativo entre jugadores de baloncesto de las categorías sub-12 y sub-13 de una institución deportiva. Cuarenta y siete niños participaron en el estudio, 27 de la categoría sub-12 y 20 de la categoría sub-13. Todos son hombres, entrenan al menos dos veces por semana y están vinculados a la Federación de Baloncesto de Minas Gerais. Se utilizó el Instrumento para Medir el Conocimiento Táctico Declarativo para el Baloncesto (IMCTD-Bb). El instrumento consta de 17 escenas, de las cuales 10 son escenas de pase, 3 de lanzamiento y 5 de penetración, que corresponden a 13 escenas de ataque y 4 escenas de contraataque. Se utilizó la prueba de Mann-Whitney para comparar los puntajes entre las categorías, considerando un nivel de significación del 95%. Los deportistas de la categoría sub-12 obtuvieron una puntuación media de 25,00 puntos. Los deportistas de la categoría sub-13 alcanzaron una mediana de 33,00 puntos (z=-2,219; p=,026). La comparación entre los grupos mostró que los jugadores de la categoría sub-13 presentaron un mayor nivel de adquisición de conocimientos tácticos declarativos (CTD) que los atletas de la categoría sub-12. El baloncesto es una herramienta importante para diagnosticar los niveles de rendimiento y evaluar el impacto del proceso de aprendizaje-aprendizaje.

    Palabras clave: Baloncesto. Conocimiento táctico. Toma de decisión.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 291, Ago. (2022)

---

 

Introdução 

 

    Entende-se a tática, no universo dos jogos esportivos coletivos, como um ajuste momentâneo às mudanças que acontecem durante uma partida, bem como o movimento dos jogadores e configurações da rotação da bola se adaptando a ações do adversário (Gréhaigne, e Godbout, 1995). O conhecimento adquirido pelo jogador ao longo dos anos se relaciona com a competência de perceber, planificar, antecipar, bem como tomar decisões durante o jogo (Klimenko, Vásquez, Garcia, e Arroyave, 2020; Mantilla, 2019; Tenenbaum, e Medeiros Filho, 2017). Define-se tal aspecto como conhecimento tático (Kump, Moskaliuk, Cress, e Kimmerle, 2015), que pode ser declarativo ou processual. Assim, o jogador melhora a capacidade de tomar decisões durante o jogo mediante a construção do conhecimento tático.

 

    O conhecimemto tático, tanto declarativo como processual se apresenta como importante fator no processo de tomada de decisão no ambiente esportivo, especificamente nos jogos esportivos coletivos. Entende-se o conhecimento tático declarativo (CTD) como a capacidade do jogador, quando questionado, de verbalizar a melhor opção a ser considerada frente a uma situação que demanda uma tomada de decisão. Já o conhecimento tático processual (CTP) está relacionado a capacidade do jogador realizar ações tático-técnicas assertivas perante ao jogo (Kump et al., 2015). O CTD e o CTP se interagem no sentido de fornecer os subsídios para que o atleta tome adequadas decisões (Kump et al., 2015). Na categoria de base no basquetebol, mediante a prática, atletas que melhoram o CTD melhoram também a capacidade de tomar decisões no ambiente real de jogo (Gimeno, Calvo, Iglesias, e Rivas, 2005). Portanto, é necessário que o atleta de basquetebol desenvolva ainda na categoria de base a capacidade de tomar decisões. (Jiménez, 2017; Klimenko et al., 2020; Silva, Mazzardo, Monteiro, e Aburachid, 2022; Suárez-Cadenas, Courel-Ibáñez, e Cárdenas-Vélez, 2017)

 

    O basquetebol de base em Minas Gerais é dividido por categorias, de acordo com o ano de nascimento. Considera-se que a categoria sub-12 como a última fase da iniciação esportiva, sendo que nessa fase os atletas ainda jogam com regras adaptadas, como a altura do aro e tamanho da bola (FMB, 2022). Sugere-se que o treinamento seja pautado em atividades que tenham o jogo como o principal elemento didático (Reverdito, e Scaglia, 2020). Já a categoria sub-13 é considerada como uma categoria de transição entre a iniciação esportiva e a categoria de base propriamente dita. Os atletas, apesar de jogarem com uma bola menor, já disputam campeonatos com a altura oficial do aro (FMB, 2022). Aumenta-se o número de jogos disputados e a importância das competições em comparação ao início da categoria de base.

 

Fonte: Pexels.com - Foto: Andrea Piacquadio

 

    Nesse sentido, hipnotiza-se que ao passar das categorias de base em uma instituição esportiva focada na modalidade basquetebol, os atletas, mediante a prática e o aumento da complexidade tática do treinamento tendem a aumentar o conhecimento tático. Tal situação favorece que os atletas tomem melhores decisões dos jogos durante o processo de formação na modalidade. Vale lembrar que o monitoramento do processo de ensino-aprendizagem-treinamento no basquetebol é objeto de reflexão de treinadores e pesquisadores da área. (Gimeno et al., 2005; Oliveira, e Paes, 2015; Reis et al., 2022)

 

    Ao se realizar uma breve busca no banco de dados SciELO, bem como no Google Acadêmico, não se encontrou estudos na literatura que compararam o CTD de atletas brasileiros da categoria sub-12 e sub-13. Utilizou-se para a busca os descritores: basquetebol, categoria de base, conhecimento tático, tomada de decisão. Justifica-se o estudo já que é necessário identificar se atletas, em diferentes momentos nos primeiros anos da categoria de base, apresentam diferentes níveis de conhecimento tático. Assim, o objetivo do estudo foi comparar o nível de CTD entre atletas de basquetebol das categorias sub-12 e sub-13 de uma instituição esportiva.

 

Método 

 

Participantes 

 

    Participaram do estudo 47 meninos, 27 da categoria sub-12 (tempo médio de prática no basquetebol de 1,82 ± 1,08 anos) e 20 da categoria sub-13 (tempo médio de prática no basquetebol de 1,12 ± 0,25anos). Os atletas pertencem a uma mesma instituição esportiva que disputa campeonatos nacionais e regionais. Como critério de inclusão os atletas deveriam treinar pelo menos 2 vezes por semana, a pelo menos 3 meses.

 

Instrumento 

 

    Utilizou-se para verificar o nível de conhecimento tático dos atletas o Instrumento para Mensurar o Conhecimento Tático Declarativo para o Basquetebol (IMCTD-Bb), validado por Reis, e Morales (2020) e Reis, Morales, Gomes, Pereira, e Ibáñez (2021). O instrumento apresenta validade de conteúdo e construto.

 

    Dezessete cenas editadas de 10 jogos oficias de basquetebol, organizados pela FIBA (Federação Internacional de Basquetebol), compõem o instrumento, sendo 10 cenas de passe, 3 de arremesso, e 5 de infiltração, que correspondem a 13 cenas de ataque posicionado e 4 de contra-ataque.

 

Procedimentos 

 

    Inicialmente for realizado um contato com o diretor das equipes. Depois disso foi agendado com o treinador da categoria um momento, que não atrapalhasse sobremaneira a rotina de jogos e treinamento, para coleta de dados com os atletas. A coleta de dados aconteceu em um auditório do clube. Os jogadores se posicionaram com uma separação mínima de 1 metro entre eles, para que conversas paralelas fossem evitadas.

 

    Para aplicação do IMCTD-Bb foram utilizados os seguintes equipamentos: canetas esferográficas, projetor, notebook, pranchetas e cadernos de resposta. Usou-se, para a projeção das 17 cenas, um projetor colocado a 5 metros de distância da parede, em uma mesa com altura aproximada de 1,20 metros. A projeção gerou uma imagem de 150 polegadas aproximadamente. Confirmou-se se todos os atletas conseguiam ver de forma nítida as cenas projetas antes da aplicação do instrumento, principalmente durante a explicação do instrumento e na projeção das cenas preliminares.

 

    Para a realização do processo de familiarização do instrumento, duas cenas testes foram utilizadas. Logo após se iniciou a aplicação do instrumento propriamente dito. Durante a aplicação do instrumento cada cena foi congelada no momento prévio à definição da ação, por 3 segundos. Representa-se o momento no qual o atleta com posse de bola, em cada cena, deve tomar uma decisão: passar, driblar (infiltrar) ou arremessar.

 

    Logo após a tela ficar preta (oclusão), os participantes tiveram inicialmente um tempo de 5 segundos para responder por escrito em um caderno de respostas o seguinte questionamento: qual a decisão que o atleta, com a posse de bola, deve tomar nesta situação? O atleta teve mais 35 segundos para elencar outras possíveis decisões que o atleta com bola poderia tomar (Castro, Costa, Lage, e Praça, 2019; Memmert, Hüttermann, e Orliczek, 2013; Oliveira, Lobinger, e Raab, 2014). Nesta fase o aplicador encorajou os jogadores a elencarem todas as opções possíveis para resolução do problema referente à situação do jogo apresentada, em cada uma das 17 cenas.

 

    Objetiva-se, com a oclusão da imagem, extrair as informações relacionadas à tomada de decisão se aproximando ao máximo de uma situação real de uma partida de basquetebol. Perante a oclusão da imagem o participante deve recuperar as informações, os sinais relevantes, que foram percebidas no momento da paralização (Bordini, Costa, Medina-Papst, Camata, e Marques, 2015) e relacioná-las, por meio da memória de trabalho, com o conhecimento armazenado na memória de longo prazo. (Tenenbaum, e Medeiros Filho, 2017)

 

    Empregou-se o tempo de 35 segundos devido aos resultados observados no estudo piloto com 5 atletas, com idades entre 12 e 18 anos, que não participaram de outras fases do estudo. Constatou-se que esse tempo foi suficiente para gerar outras opções em cada cena. Na modalidade basquetebol as opções são restritas a três ou quatro possíveis soluções para a ação (Raab, 2003; Reis et al., 2022; Ryu, Mann, Abernethy, e Poolton, 2016). Outros estudos que analisaram a variável CTD utilizaram procedimentos semelhantes para a coleta de dados (Castro et al., 2019; Hepler, e Feltz, 2012). Solicitou-se ao final desse tempo que o participante hierarquizasse as tomadas de decisão, colocando como número 1 a melhor tomada de decisão, 2 como a segunda melhor, e assim por diante. Pode-se pontuar em cada cena um escore que varia de 1 a 4 pontos, sendo que 1 ponto corresponde à quarta melhor tomada de decisão validada pelos peritos no gabarito, 2 pontos se for a terceira melhor, 3 pontos se for a segunda melhor e 4 pontos se for a melhor opção. O atleta não pontua ao considerar uma resposta que não se encontra no gabarito ou ao descrever a resposta de forma incompleta ou imprecisa. Pode-se pontuar no teste o valor máximo de 68 pontos.

 

Analise de dados 

 

    Verificou-se a normalidade dos dados por meio do teste de Shapiro-Wilk. Considerando que os dados não apresentaram distribuição normal (p<0,001), recorreu-se ao Teste de Mann-Whitney para comparar os escores no IMCTD-Bb entre os atletas das categorias sub-13 e sub-12. Utilizou-se para isso o programa SPSS® for Windows® versão 25, considerando um nível de significância de 95%.

 

    Recorreu-se à formula de Rosenthal para determinar o tamanho de efeito da comparação, sendo que r=z/√n, no qual z é o escore-z e o n é o tamanho dos valores do estudo, isto é, o total de observações realizadas na qual o escore-z foi baseado.

 

Cuidados éticos 

 

    A atual investigação foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (número de protocolo CAAE: 16946719.2.0000.5149). Resguardou-se o anonimato dos participantes. O pesquisador responsável explicou todos os procedimentos e sanou as possíveis dúvidas com os participantes, antes da coleta de dados. Os participantes assinaram um termo de assentimento, e os pais ou responsáveis um termo de consentimento livre e esclarecido.

 

Resultados 

 

    Na Tabela 1 se apresentam os escores dos atletas referentes ao CTD mensurado por meio do IMCTD-Bb de acordo com a categoria. Verifica-se que os atletas da categoria sub-13 apresentaram uma pontuação maior do que os atletas da categoria sub-12. Verificou-se que o tamanho do efeito foi igual a 0,32, considerado moderado. (Field, 2009)

 

Categoria	Média	Mediana	Mínimo	Máximo	z	p	TF
Sub-12	24.70 ± 14.97	25.00a	8	59	-2.219	.026	.32
Sub-13	37.00 ± 13.06a	33.00a	17	61

a Diferença significativa (categoria sub-13 > categoria sub-12). TF: Tamanho do Efeito. 

Pontuação máxima do teste é de 68 pontos. Fonte: Dados do estudo

 

Discussão 

 

    O objetivo do estudo foi comparar o nível de CTD entre atletas de basquetebol das categorias sub-12 e sub-13 de uma instituição esportiva. Identificou-se que os atletas da categoria sub-13 apresentaram um maior nível CTD em comparação aos atletas da categoria sub-12. Isso mostra que ao passar de uma categoria para a outra os atletas tendem a aumentar o conhecimento tático.

 

    Os resultados encontrados corroboram com os modelos de desenvolvimento esportivo (Côté, 1999; Greco, Praça, Morales, Aburachid, e Ribas, 2020). Nesse sentido atletas de uma categoria mais avançada tendem a possuir maior nível de proficiência, no caso do presente estudo, o CTD. Ressalta-se que por meio do teste utilizado é possível fazer inferências sobre as condições básicas de leitura de jogo por parte do praticante de basquetebol, a partir do atleta com posse de bola (tríplice ameaça). Assim, como a categoria sub-13 é uma fase de transição, no qual há um aumento do tempo de prática e da complexidade das ações técnico táticas, espera-se que os atletas aumentem o nível de conhecimento tático em comparação aos atletas iniciantes. No futebol um estudo revelou que os atletas mais velhos apresentavam um maior CTD que os atletas mais novos (Moreira, Soares, Praça, Matias, e Greco, 2014). Nesse estudo 26 atletas das categorias sub-14 e sub-15, filiadas à Federação Mineira de Futebol, foram submetidos a um teste de CTD. Um estudo com levantadores de voleibol revelou que aqueles considerados mais qualificados apresentam um maior CTD, além de justificar melhor as repostas no teste, em comparação aos atletas da categoria juvenil (Matias, e Greco, 2013). Verificou-seno estudo de Silva et al. (2022) que atletas de basquetebol da categoria sub-14 apresentavam, no começo da temporada, um menor nível de CTD que atletas da categoria sub-17.

 

    Considera-se também que o tempo de prática como um fator que influencia no conhecimento tático. Uma investigação demonstrou que atletas de tênis de categoria de base com maior tempo de prática apresentavam um maior nível de CTD que seus pares menos experientes (Aburachid, Morales, e Greco, 2013). Ao passar pelas categorias de base, além de acumular horas de treinamento e de jogos, os atletas passam a se dedicar mais ao esporte, além de e submeter a atividades mais específicas e complexas quanto à tomada de decisão. (Marasso, Laborde, Bardaglio, e Raab 2014; Oliveira, Paes, e Vagetti, 2020)

 

    É objetivo do processo de ensino-aprendizado-treinamento na categoria de base do basquetebol formar atletas criativos e inteligentes, com capacidade de refletir sobre o jogo e de tomar a decisões perante aos desafios ambientais (Galatti et al., 2017). É necessário que o atleta consiga refletir quanto a suas próprias ações e do adversário, que entenda a dinâmica do jogo, o momento de agir e transformar o ambiente, atingindo assim os objetivos baseados nos princípios do jogo (Oliveira, e Lanes, 2020; Scharfen, e Memmert, 2019). Assim é salutar que o atleta aumente o CTD ao avançar de categoria.

 

    Limitou-se, no estudo, a comparar o CTD entre categorias de apenas uma instituição esportiva. Além disso não foi possível verificar o processo de ensino-aprendizado-treinamento que os atletas avaliados foram submetidos, no sentido de entender como tal processo influenciaria no nível de CTD desses sujeitos. Recomenda-se novos estudos que comparem o CTD de atletas de outras faixas etárias, bem como monitorar o conhecimento tático de forma longitudinal, ao longo da formação atletas de basquetebol.

 

Conclusão 

 

    A comparação entre os grupos mostrou que os atletas de uma categoria acima, nos primeiros anos de formação da modalidade, apresentam um maior nível de CTD. A mensuração de tal variável em jogadores das categorias de base no basquetebol é uma importante ferramenta para se verificar os níveis de rendimento e avaliação do impacto do processo de ensino-aprendizagem-treinamento.

 

Financiamento 

 

    O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

 

Referências 

 

Aburachid, L.M., Morales, J.C., e Greco, P.J. (2013). Test validation process of tactical knowledge in tennis: the influence of practice time and competitive experience. International Journal of Sports Science, 3(1), 13-22. http://dx.doi.org/10.5923/j.sports.20130301.04

 

Bordini, F.L., Costa, M.A., Medina-Papst, J., Camata, T.V., e Marques, I. (2015). Efeito da oclusão temporal na ação de ataque sobre a tomada de decisão defensiva na modalidade de voleibol. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 29(1), 107-118. https://doi.org/10.1590/1807-55092015000100107

 

Castro, HO, Costa, GC, Lage, GM, Praça, GM, Fernandez-Echeverría, C., Moreno, MP, e Greco, PJ (2019). Visual behaviour and decision-making in attack situations in volleyball. Revista Internacional de Medicina y Ciencias de la Actividad Física y del Deporte, 19(75), 565-578. http://dx.doi.org/10.15366/rimcafd2019.75.012

 

Côté, J. (1999). The influence of the family in the development of talent in sport. The Sport Psychologist, 13(4), 395-417. http://dx.doi.org/10.1123/tsp.13.4.395

 

Federação Mineira de Basketball (FMB) (2022). http://www.basketmg.com.br/

 

Field, A. (2009). Descobrindo a estatística usando o SPSS-5. Penso Editora.

 

Galatti, L.R., Bettega, O.B., Paes, R.R., Reverdito, R.S., Seoane, A.M., e Scaglia, A.J. (2017). O ensino dos jogos esportivos coletivos: avanços metodológicos dos aspectos estratégico-tático-técnicos. Pensar a Prática, 20(3), 639-654. https://doi.org/10.5216/rpp.v20i3.39593

 

Gimeno, E.C., Calvo, T.G., Iglesias, D.G., e Rivas, D.S. (2005). Influencia de un programa de supervisión reflexiva sobre la toma de decisiones y la ejecución del pase en jóvenes jugadores de baloncesto. Revista de Psicología del Deporte, 14(2), 209-223. https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=1355905

 

Greco, P.J., Praça, G.M., Morales, J.C.P., Aburachid, L.M.C., e Ribas, S. (2020). Vinte anos de iniciação esportiva universal: o conceito de jogar para aprender e aprender jogando, um pedagógico ABC-D. In: D. Boullosa, L. Lara., e P. Athayde. Treinamento Esportivo: Um Olhar Multidisciplinar (1ª ed. pp. 43-65). EDUFRN.

 

Gréhaigne, J.F., e Godbout, P. (1995). Tactical knowledge in team sports from a constructivist and cognitivist perspective. Quest, 47(4), 490-505. http://dx.doi.org/10.1080/00336297.1995.10484171

 

Hepler, T.J., e Feltz, D.L. (2012). Take the first heuristic, self-efficacy, and decision-making in sport. Journal of Experimental Psychology: Applied, 18(2), 154. https://doi.org/10.1037/a0027807

 

Jiménez, A.C. (2017). Percepción de los entrenadores sobre la toma de decisión de los jugadores en la iniciación al baloncesto. SPORT TK-Revista EuroAmericana de Ciencias del Deporte, 6(1), 175-182. https://doi.org/10.6018/293641

 

Klimenko, O., Vásquez, G.D.A., García, A.M., e Arroyave, S.R. (2020). Funciones ejecutivas, inteligencia contextual percibida y dimensión subjetiva en la toma de decisiones en deportistas con mayor y menor desempeño en las acciones ofensivas de 1 vs 1 en el equipo de baloncesto masculino de liga juvenil. Actividad Física y Deporte, 6(2), 28-41. https://doi.org/10.31910/rdafd.v6.n2.2020.1567

 

Kump, B., Moskaliuk, J. Cress, U., e Kimmerle, J. (2015). Cognitive foundations of organizational learning: re-introducing the distinction between declarative and non-declarative knowledge. Frontiers in Psychology, 1489(6), 1-12. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2015.01489

 

Mantilla, J.I. (2019). Neurociencia y entrenamiento en el deporte de alto rendimiento. Revista Iberoamericana de Ciencias de la Actividad Física y el Deporte, 8(2), 79-90. https://doi.org/10.24310/riccafd.2019.v8i2.6698

 

Marasso, D., Laborde, S., Bardaglio, G., e Raab, M. (2014). A developmental perspective on decision making in sports. International Review of Sport and Exercise Psychology, 7(1), 251-273. https://doi.org/10.1080/1750984X.2014.932424

 

Matias, C.J., e Greco, P.J. (2013). O conhecimento tático declarativo dos levantadores campeões de voleibol. Motriz: Revista de Educação Física, 19(1), 184-194. http://dx.doi.org/10.1590/S1980-65742013000100019

 

Memmert, D., Hüttermann, S., e Orliczek, J. (2013). Decide like Lionel Messi! The impact of regulatory focus on divergent thinking in sports. Journal of Applied Social Psychology, 43(10), 2163-2167. https://doi.org/10.111/JASP. 12159

 

Moreira, P.D., Soares, V.D., Praça, G.M., Matias, C.J., e Greco, P.J. (2014). Conhecimento tático declarativo em jogadores de futebol sub-14 e sub-15. Kinesis, 32(2), 87-99. https://doi.org/102830814693/105902

 

Oliveira, R.F., Lobinger, B.H., e Raab, M. (2014). An adaptive toolbox approach to the route to expertise in sport. Frontiers in Psychology, 5, 709, p. 1-4. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2014.00709

 

Oliveira, V., e Paes, R.R. (2015). Ciências do Basquetebol: Pedagogia e Metodologia da Iniciação à Especialização. Sport Training Editora.

 

Oliveira, V., Paes, R.R., e Vagetti, G.C. (2020). Basquetebol:Pedagogia, Aprendizagem e Desenvolvimento (1ª ed.). Even Publicações.

 

Oliveira, R.V., e Lanes, B.M. (2020). Leitura de jogo e tomada de decisão: elementos táticos do jogo nos esportes coletivos. Caderno de Educação Física e Esporte, 18(1), 69-75. http://dx.doi.org/10.36453/2318-5104.2020.v18.n1.p69

 

Raab, M. (2003). Decision making in sport: influence of complexity on implicit and explicit learning. International Journal of Sport and Exercise Psychology, 1(4), 406-433. https://doi.org/10.1080/1612197X.2003.9671728

 

Reis, C.P., e Morales, J.C. (2020). Validade de conteúdo da versão preliminar do instrumento para mensurar o conhecimento tático declarativo no basquetebol. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, 10(2), 201-217. http://dx.doi.org/10.31501/rbpe.v10i2.11639

 

Reis, C.P., Morales, J.C., Gomes, C.M., Pereira, F.D., e Ibáñez, S.J. (2021). Construct Validation of a New Instrument to Measure Declarative Tactical Knowledge in Basketball. Perceptual and Motor Skills, 128(4). https://doi.org/10.1177/00315125211016247

 

Reis, CP, Neto, ASC, Freitas, MM, Bizerra, HA, Santos, EC, Bazani, AA, Araujo, LT, e Morales, JCP (2022). Instrumento para mensuração do conhecimento tático declarativo no basquetebol feminino: validade de conteúdo da versão preliminar. Retos, 44, 568-576. https://doi.org/10.47197/retos.v44i0.90468

 

Reverdito, R.S., e Scaglia, A.J. (2020). Pedagogia do Esporte: Jogos Coletivos de Invasão. Phorte Editora.

 

Ryu, D., Mann, D.L., Abernethy, B., e Poolton, J.M. (2016). Gaze-contingent training enhances perceptual skill acquisition. Journal of vision, 16(2), 2-2. https://doi.org/10.1167/16.2.2

 

Scharfen, H.E., e Memmert, D. (2019). Measurement of cognitive functions in experts and elite athletes: A meta-analytic review. Applied Cognitive Psychology, 33(5), 843-860. https://doi.org/10.1002/acp.3526

 

Silva, W.J., Mazzardo, T., Monteiro, G.N., e Aburachid, L.M.C. (2022). O conhecimento tático declarativo e processual em jovens atletas de basquetebol ao longo de uma temporada esportiva. Journal of Physical Education, 33, 1-10. https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v33i1.3315

 

Suárez-Cadenas, E., Courel-Ibáñez, J., e Cárdenas-Vélez, D. (2017). La toma de decisiones en baloncesto. Una propuesta de árboles decisionales para la enseñanza del bloqueo directo. Acción Psicológica, 14(1), 43-56. https://dx.doi.org/10.5944/ap.14.1.19259

 

Tenenbaum, G., e Medeiros Filho, E. (2017). Decision-making in sports: a cognitive and neural basis perspective. In Reference Module in Neuroscience and Biobehaviour Psychology (pp. 1-19). Elsevier.

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 291, Ago. (2022)