Mito e realidade: a Educação Física escolar passada a limpo
Myth and reality: the Physical Education discussed
Mito y realidad: la Educación Física escolar a debate
Luiz Henrique Ferreira Oliveira Junior*
louish_oliver@outlook.com
Priscila de Figueiredo*
priscilaf@gmail.com
Almir Silva**
allmirsillva@gmail.com
Raul Ferreira Neto**
raulferreira@gmail.com
Stella Alves Rocha***
stellauerj@gmail.com
*Discente da Graduação em Educação Física
Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)
**Docente Graduação em Educação Física da UCB
***Docente da Graduação em Educação Física e Coordenadora
da Graduação em Pedagogia da UCB
(Brasil)
Recepção: 15/01/2018 - Aceitação: 26/03/2018
1ª Revisão: 16/03/2018 - 2ª Revisão: 24/03/218
Resumo
O presente estudo visa discutir a educação física escolar e as questões de mito e realidade. O objetivo é investigar se a educação física escolar gera uma conscientização da importância de atividades físicas para uma melhor qualidade de vida. O procedimento metodológico utilizado foi um questionário misto contendo dez questões aplicadas a cem alunos do ensino médio. Conceitos como: mito, realidade, prática docente, hábitos saudáveis, entre outros, norteiam o referencial teórico. Conclui-se que, a educação física escolar cumpre o seu papel na conscientização do aluno quando aos benefícios de sua prática.
Unitermos: Educação Física escolar. Prática docente. Promoção da saúde.
Abstract
This study aims to discuss the school physical education and the myth and reality issues. The goal is to investigate whether the physical education aware people about the importance of physical activity for a better quality of life. The methodological procedure used was a mixed questionnaire containing tem questions applied to a hundred high school students. The concepts studied was some such as myth, reality, teaching practice, healthy habits, among others, guide the theoretical framework. To conclude, the physical education fulfils its role in the student’s awareness to the benefits of your practice.
Keywords: School Physical Education. Teaching. Health promotion.
Resumen
El presente estudio debate sobre la educación física escolar y las cuestiones de mito y realidad. El objetivo es investigar si la educación física escolar genera una concientización de la importancia de las actividades físicas para una mejor calidad de vida. El procedimiento metodológico utilizado fue un cuestionario mixto que contenía diez preguntas aplicadas a cien alumnos de secundaria. Conceptos como: mito, realidad, práctica docente, hábitos saludables, entre otros, orientan el referencial teórico. Se concluye que la educación física escolar cumple su papel en la concientización del alumno en relación a los beneficios de su práctica.
Unitermos: Educación Física escolar. Práctica docente. Promoción de la salud.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 22, Núm. 238, Mar. (2018)
trodução
In
Durante toda a história, o homem sempre praticou atividades físicas, tanto como forma de defesa, quanto forma de sobrevivência. Com o passar do tempo, com os avanços tecnológicos e com as mudanças na forma de alimentação associadas à crescente economia e a não consciência de absorção de alimentos relativa ao gasto calórico, às atividades humanas sofreram grandes transformações, assim como sua forma de expressão e movimento.
Crendo que os hábitos adquiridos na juventude como níveis de prática de atividade física, cotidiano alimentar e comportamentos de risco podem ser transferidos para a fase adulta, acredita-se que a Educação Física pode intervir com conteúdos que estimulem um estilo de vida e hábitos saudáveis, numa perspectiva dos alunos adotarem condutas positivas com relação aos seus hábitos, possibilitando assim, uma melhor qualidade de vida. Uma das formas de se levar tal consciência aos educandos, é por meio da ação docente de intervenção pelo professor de Educação Física.
Acredita-se que em razão dos jovens na idade escolar raramente apresentar sintomas associados às doenças degenerativas, tem-se investido muito pouco em sua formação escolar quanto à adoção de hábitos de sua vida que possa inibir no futuro o aparecimento dessas doenças. O fato dos sintomas provenientes das doenças degenerativas ainda não ter se manifestado nessa fase, não significa que os jovens estão imunes aos fatores de risco que na sequência possam induzir a um estado de morbidez. “Muitos sintomas relacionados às doenças degenerativas apresentam períodos de incubação não inferior a 20 – 25 nos.” (Gilliam e Macconnie, 1984)."Logo, grande número de distúrbios orgânicos que ocorre na idade adulta, poderia ser minimizado ou evitado se hábitos de vida saudáveis fossem assumidos desde as idades mais precoces" (Guedes e Guedes, 2003).
Em épocas passadas, os programas de educação física visavam à aquisição e manutenção da saúde, de forma equivocada e deturpada, pois se preocupavam apenas com a realização dos exercícios físicos sem nenhuma consequência para a formação educacional.“A educação física antes militarista, higienista e esportivizada, caminha agora para uma abordagem mais holística do movimento.” (Costa, Ribeiro e Ribeiro, 2001).
A escola se apresenta com um espaço e tempo privilegiado para promover saúde, pois os adolescentes passam a maior parte de seu tempo na mesma.
“Buscamos trabalhar uma Educação Física escolar de bom senso e, dessa forma, sem qualquer obsessão por este ou por aquele rótulo. Considerando a faixa de idade para este trabalho de destina, acreditamos que a disciplina deve primar pela saúde integral do aluno, com uma tentativa para caracterizar a progressão de seu crescimento físico, desenvolvimento e aprendizagem motora e, em função dessas metas, sugerir aspectos relevantes à composição de um programa escolar que envolva plenamente a interdisciplinaridade.” (Selbach et al., 2010).
Para Costa, Ribeiro e Ribeiro (2001) o ambiente escolar proporciona condições para desenvolver atividades que reforçam a capacidade da escola de se tornar favorável para a promoção de hábitos alimentares saudáveis. Sabe-se que a escola de maneira geral, e a disciplina de Educação Física de modo específico, podem ordenar e sistematizar uma sequência de conteúdos e experiências educativas que podem levar o educando a perceber a importância e a necessidade de se adotar um estilo de vida saudável por toda a vida.
Desde o despertar do interesse pelo tema uma grande questão veio à tona. A educação física escolar de hoje, conscientiza o aluno dos benefícios e importância da atividade física na vida futura? Esta interrogação foi o elemento norteador do presente estudo. Para respondê-la elaborou-se o objetivo de investigar se a educação física escolar gera no aluno uma conscientização da importância da atividade física na obtenção de uma melhor qualidade de vida no futuro.Espera-se que este estudo sirva de fonte de consulta para estudantes e professores de educação e demais interessados no assunto
Metodologia
A amostra foi constituída por 08 artigos científicos, 09 livros, totalizando 17 publicações no período de 1984 a 2013. O estudo foi caracterizado por uma pesquisa de campo. Estudos de campo são investigações de fenômenos à medida que ocorrem, sem qualquer interferência significativa do pesquisador. “Seu objetivo é compreender o evento em estudo e ao mesmo tempo desenvolver teorias mais genéricas a respeito dos aspectos característicos do fenômeno observado.” (Fidel, 1992). Foi utilizado um protocolo específico com dez questões objetivando investigar se a educação física escolar gera no aluno uma conscientização da importância da atividade física na obtenção de uma melhor qualidade de vida no futuro.
Vários teóricos com seus pressupostos contribuíram para sustentabilidade científica deste trabalho entre ele: Aranha, Chauí, Costa, Gilliam, Guedes, Japiassú, Macconnie, Melhem, Ribeiro, Vilarta, entre outros. Os termos mais utilizados foram: educação física escolar, mito, realidade, conscientização, vida saudável. A elaboração foi subdividida em introdução, métodos, discussão, resultados e conclusão.
Discussão
O Mito, a Realidade e a Educação Física Escolar
Mito, do grego mythós: narrativa ou lenda, pode ser entendido como um discurso alegórico que visa transmitir uma doutrina através de uma representação simbólica. Como aponta Chauí (2009), os positivistas afirmam que o progresso científico e tecnológico faria o homem abandonar totalmente suas crenças, passando a aceitar somente as explicações resultantes das pesquisas científicas. “De modo geral, os mitos da atualidade vêm a preencher os vazios deixados pelo abandono de certos valores, como os éticos ou os da comunicação.” (Chauí, 2009).
A realidade, do latim medieval realitas, é tudo aquilo que existe que é real. “Conjunto de todas as coisas existentes. Característica ou qualidade daquilo que existe.” (Japiassú, 2008). Em seu sentido mais livre, o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível, acessível ou entendido pela ciência, filosofia ou qualquer outro sistema de análise. O real é tido como aquilo que existe fora da mente ou dentro dela também. A ilusão, a imaginação, embora não esteja expressa na realidade tangível extra mentis, existe ontologicamente, ou seja: intra mentis. E é, portanto, real, embora possa ser ou não ilusória. A ilusão quando existente é real e verdadeira em si mesma. Ela não nega sua natureza.
Embora o mito também seja uma forma de compreensão da realidade, sua função é primordialmente, acomodar e tranquilizar o ser humano em um mundo assustador. (Aranha, 2003)
Na visão dos positivistas, a consciência humana, antes do advento da escrita, permanece ingênua, não crítica. A nova forma de compreensão do mundo dessacraliza o pensamento e a ação, isto é, retirada dele o caráter de sobrenaturalidade, fazendo surgir a filosofia, a ciência, a técnica. Augusto Comte, filósofo francês do século XIX e fundador do positivismo, afirma que a humanidade define a maturidade do espírito humano pelo abandono de todas as formas míticas e religiosas. Segundo Aranha (2003) dessa maneira, opõe radicalmente mito e razão – por assim dizer realidade –, ao mesmo tempo em que inferioriza o mito como tentativa fracassada de explicação da realidade.
O mito é o ponto de partido para a compreensão do ser. Em outras palavras tudo o que pensamos e queremos se situa inicialmente no horizonte da imaginação, nos pressupostos míticos, cujo sentido existencial serve de base para todo o trabalho posterior a razão. (Aranha, 2003)
Essas referências iniciais, quando consideradas, colaboram para o desvelamento do que tem sido a construção escolar da educação física e dos limites e avanços que essa história comporta.Refletir sobre a Educação Física Escolar é refletir sua prática docente e o modo como esta se incorpora à escola. (Debortoli, Linhales e Vago; 2002).
A Educação Física e a promoção da saúde
Hoje o senso comum aceita e propaga a ideia de que exercício físico faz bem à saúde. De fato, a prática regular e bem orientada de exercícios físicos traz inúmeros benefícios.Com base nisso, surgiram propostas voltadas para a educação física escolar com o objetivo de popularizar a prática do exercício físico e, desse modo, contribuir para a melhoria da saúde e da qualidade de vida da população. (Ferreira, 2001).
A partir do início dos anos 70, provavelmente influenciado pelo sucesso alcançado por algumas equipes nacionais em competições internacionais, o esporte passou a se caracterizar como atividade de grande importância na educação física escolar, fazendo com que a atenção dos professores se voltasse quase que exclusivamente às vantagens da prática esportiva. O esporte era utilizado nos programas de educação física escolar com o intuito de oferecer estímulos que procurassem levar os educandos a atingirem critérios de desempenho atlético com a ideia de que a competência esportiva poderia auxiliar na formação do cidadão ideal, capaz de integrar a sociedade. Guedes (1999) afirma que a tendência esportiva utilizava-se da tese de que um país desenvolvido tinha que ser necessariamente competitivo no âmbito esportivo e, portanto, cabia à escola contribuir na formação dos atletas mediante incentivo à prática de esportes.
O texto a seguir ilustra bem o que ainda ocorre no cotidiano escolar:
“Eu vivia nas maiores angústias pessoais: de imagem. De não ser nada, de não valer nada, de ser feio – eu era gordo. Também me lembro do professor de educação física. Ele entrava, aquele peito enorme, cintura fininha... O que se fazia na educação física não era nada. A coisa mais importante das aulas de educação física eram as mensurações de desempenho atlético de cada aluno: salto em altura, salto em distância, corrida de 50 metros, corrida de 200 metros, subir numa corda. Para mim era uma humilhação por que eu era gordo e mole.” (Dimenstein e Alves, 2003)
Cursos de graduação em educação física formam profissionais especializados na análise, estudos e aplicações das atividades físicas visando o desenvolvimento da educação e da saúde das pessoas. Para Vilarta (2008) dentre as diversas atribuições deste profissional, o professor de educação física tem por objetivo promover o bem estar e a qualidade de vida, contribuindo para a melhoria dos aspectos físicos, da autoestima e da integração dos indivíduos no ambiente e na comunidade onde vivem. “A ação educativa é o modo de ensinar alguém a compreender, aplicar esses conhecimentos compreendidos e, a partir desse desejo vital, evoluir” (Alves, 2013).
A escola pode ser considerada como um espaço ideal para desenvolvimento de programas de promoção da qualidade de vida em função de várias condições que são contempladas pela sua estrutura e objetivos. “É essencialmente, um local que favorece a participação de toda a comunidade, visto que muitos dos que ali convivem compartilham suas necessidades e podem, a partir de esforços de organização, definirem objetivos e metas comuns.” (Vilarta, 2008).
Portanto, ao ensinar os conteúdos da educação física, o professor deve promover estratégias que contribuem para que o educando se compreenda enquanto sujeito atuante na sociedade por meio de seu movimento. “Movimento esse que é constitutivo do sujeito e intencional, feito por nós, humano, a todo instante” (Costa, 2009).
“A educação física deve contribuir para entendimento do corpo possível, ou seja, do que é o corpo e o que eu posso realizar a partir dele.” (Costa, 2009). Segundo Alves (2013) é importante vivermos esta experiência para que possamos administrar tais experiências em nossos alunos.
Independente da espécie de relação, o corpo do professor está compromissado com o outro, em todas as dimensões de uma relação e sua formação está intimamente ligada a sua prática docente, ou seja, se o professor não analisa constantemente sua prática docente não consegue caminhar nela, ou se o professor não tem uma escuta que o ajude a se ver, não enxergará seu corpo como um instrumento nesse processo. (Alves, 2013)
Costa (2009) acredita que a educação física enquanto área de conhecimento deve, em primeiro lugar, assim como o nome diz, ter um conhecimento a ser estudado. Dessa maneira, esse conhecimento deve ser ensinado em todas as séries da educação tendo uma contribuição para a vida adulta cotidiana do cidadão por meio dos saberes pertencentes à área.
Resultados
A amostra foi constituída dentro dos seguintes critérios: 100 alunos voluntários do ensino médio de 01 instituição pública e 01 instituição privada de ensino. Foi utilizado um protocolo específico contendo dez questões abertas e fechadas, objetivando investigar nosso questionamento inicial que norteou esse trabalho, se a educação física escolar gera no aluno uma conscientização da importância da atividade física na obtenção de uma melhor qualidade de vida no futuro.
Gráfico 1. Total de alunos divididos por sexo
É importante que as atividades realizadas nas aulas de educação física possibilitem refletir sobre questões existentes de gênero – meninos e meninas juntos para serem mais tolerantes uns com os outros e não reforçarem os estereótipos culturais (futebol é coisa de menino, dança e coisa de menina); de etnia – valorizando a contribuição de diferentes povos para a formação de nossa identidade cultural e desta forma evitar as discriminações; religiosas – que devem ser respeitadas, pois a medida que a escola é laica deverá oferecer os conhecimentos no âmbito cultural e não como tendência desta ou daquela religião. Enfim, levar o entendimento de que as diferenças não se sobrepõem, mas se complementam e enriquecem as relações. (Secretaria Municipal de Educação, Rio de Janeiro, 2008)
Gráfico 2. Você participa das aulas de educação física?
Selbach et al. (2010) defende que todo professor de Educação Física precisa conhecer em profundidade os objetivos de sua área de atuação e possa sempre mostrar aos alunos, aos pais e aos colegas que seu trabalho organiza a prática de atividades corporais, mas não deixa de valorizar a importância do relacionamento humano.
Gráfico 2.1. Em caso negativo, o que o leva a não fazer as aulas de Educação Física?
A presença de um professor diante do aluno pode representar muito mais que imaginamos, pode ser sua imagem, a qual o aluno necessita para se organizar, se espelhar, ou para medir sua própria imagem; pode ser ainda, a introjeção (traz para si a imagem que é do outro) que o salvará de inúmeras faltas etc. (Alves, 2013).
Gráfico 3. Outros
O professor criativo e dinâmico não se detém apenas na prática desportivizante, ainda hoje, presente nas aulas de educação física apresentada na forma de esportes coletivos de quadra, onde as metodologias se baseiam apenas no treinamento repetitivo dos fundamentos básicos dos desportos e da aplicação de táticas dos jogos, com o objetivo de formar equipes para competição ao longo do ano. Ao contrário, busca elencar ações que propiciem a formação integral de seus alunos, permitindo o conhecimento do seu corpo de forma a desenvolver e aprimorar suas possibilidades psicomotoras, cognitivas e sócio-afetivas. (Secretaria Municipal de Educação, Rio De Janeiro, 2008)
Gráfico 4. Para você, o que poderia mudar para as aulas de Educação Física serem prazerosas para todos?
Na visão de Costa, Pereira e Palma (2009), o professor deve promover estratégias que contribuam para que o educando se compreenda enquanto sujeito atuante na sociedade por meio de seu movimento.
Movimento esse que é constitutivo do sujeito e intencional, feito por nós humanos, a todo instante. (Costa, Pereira e Palma, 2009)
Gráfico 5. Na sua escola há incentivos para a prática da Educação Física?
“O fazer pedagógico deve incluir o diálogo constante com outras áreas e a integração com o Projeto Político Pedagógico da escola, pois dessa forma poderemos ter um processo educacional coerente e contínuo, onde toda a escola trabalhe com os alunos a capacidade de relacionar diversas atividades, vivenciando formas de trabalhar os conteúdos articulados entre si.” (Secretaria Municipal de Educação, Rio De Janeiro, 2008)
Gráfico 5.1. Caso sim, quais?
Gráfico 6. Você acha que o tempo de aula de Educação Física é o suficiente?
Gráfico 7. Você pratica alguma atividade física fora da escola?
Gráfico 7.1. Quais?
Gráfico 8. Sua família lhe incentiva na pratica de atividades físicas?
Na visão de Vilarta (2008), a implantação de programas de qualidade de vida integrados ao desenvolvimento curricular e à participação da comunidade de pais e professores parece ser um caminho mais efetivo para o estabelecimento de estilos alimentares saudáveis e a prevenção de doenças relacionadas a quadros de carência como desnutrição, anemias e deficiências de vitaminas e das doenças provocadas pelo excesso de alimento como sobrepeso, obesidade, diabetes e hipertensão arterial.
Gráfico 9. Durante as aulas de Educação Física, você gosta das atividades lúdicas (jogos e brincadeiras)?
Melhem (2009) afirma que o ser humano em qualquer fase da vida necessita do aspecto lúdico, que o ajuda não somente no desenvolvimento da aprendizagem, bem como no aspecto social e cultural.
Gráfico 10. Você concorda que as aulas de Educação Física sejam obrigatórias?
Mais do que caracterizar como disciplina escolar nas políticas educacionais, é necessário que a Educação Física se caracterize como disciplina escolar nas instituições de ensino, mostrando sua representatividade e importância na formação do educando no cotidiano durante todo o período escolar. (Costa, Pereira e Palma, 2009).
Gráfico 10.1. Por que, sim?
De acordo com Costa, Pereira e Palma (2009), essa legitimação da Educação Física na escola, está mais do que nunca nas mãos dos professores, que com a ação docente diária, deve afirmar cada dia mais a Educação Física como disciplina necessária e indispensável, não mais por obrigatória, mas sim, por ser a única disciplina que estuda, no âmbito escolar, o sujeito que se movimenta e as diversas práticas corporais que o mesmo possa se expressar e se comunicar com os outros.
Gráfico 10.2. Por que, não?
Segundo os alunos entrevistados, o fato e a Educação Física ser obrigatória, tira toda a diversão que teria caso eles quisessem realizá-la. “Praticar um esporte para obter uma pontuação é diferente de praticá-lo por prazer” (Fala de um dos alunos). Quanto ao fato de não ser uma disciplina exigida nos vestibulares, acreditamos ser relevantes citar que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) contempla a disciplina em suas questões.
Gráfico 11. Você acha que a prática da Educação Física na escola hoje influenciará no seu futuro?
Gráfico 11.1. Em caso afirmativo, como?
“A Educação Física, por meio da linguagem do corpo e do movimento, pode contribuir na construção de pessoas que respondam à realidade com senso crítico, autonomia e solidariedade, que sejam capazes de intervir e transformá-la qualitativamente.” (Secretaria Municipal de Educação, Rio de Janeiro, 2008)
Conclusão
Quando se fala de mito automaticamente associamos a ideia de mentira, algo fabuloso ou fantasioso que nos leva à descrença. Contudo, ignora-se sua real função que seria a de gerar uma consciência, que levará o ser pensante a realidade buscada em resposta a indagação gerada do mito. Entretanto, ao depararmo-nos com as respostas aos nossos questionamentos iniciais somos levados a produzir novas interrogações. Logo, podemos dizer que: o mito nos leva a consciência, a consciência nos conduz a realidade, que por sua vez nos fomenta novos mitos, num ciclo constante e infinito.
A meta que os programas de educação para a saúde buscam atingir através da educação física escolar é associar teoria e prática que possam levar os discentes a refletirem e incorporarem a sua práxis, posturas saudáveis como meio de prevenção para uma vida adulta ativa e saudável e que essas práticas não se limitem aos muros da escola. Dentro desta visão, se faz necessário intervir no sentido de induzir modificações no comportamento apresentado pela sociedade quanto à aptidão física, onde por força da tradição, procura-se preconizar conceitos voltados à competência atlética, privilegiando alguns poucos dotados geneticamente quanto às habilidades motoras em detrimento da grande maioria da população jovem que necessita de informações associada à prática da atividade física direcionada a melhoria e a manutenção das condições de saúde.
Através das pesquisas realizadas conclui-se que a Educação Física Escolar cumpre seu papel na conscientização do aluno quanto aos benefícios e a importância da prática de atividade física, assim como, alimentação saudável e a profilaxia do corpo em prol da promoção da saúde e da qualidade de vida. Todavia, o trabalho não pode estagnar. É preciso esforço contínuo por parte da escola e de seus profissionais de Educação Física no incentivo, não somente da prática de atividades físicas através do movimento, mas que seja este movimento consciente dos benefícios que este pode proporcionar. Desta forma, sugerimos aprofundarmos mais o assunto com novas pesquisas abordando mais enfaticamente as questões relativas ao tempo de aula e a disponibilidade de recursos materiais.
Referências
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