ISSN 1514-3465
Alterações fisiológicas induzidas por um programa
de exercício físico para etilista. Um estudo de caso
Physiological Changes Induced by a Physical Exercise Program for Drinkers. A Case Study
Cambios fisiológicos inducidos por un programa de ejercicio físico para alcohólicos. Un estudio de caso
Iransé Oliveira-Silva*
iranseoliveira@hotmail.com
Edilene Barbosa Moreira**
edilenebmoreira@hotmail.com
*Doutor em Educação Física (UCB-DF)
Atua no Programa de Pós-graduação em Movimento Humano
e Reabilitação (Mestrado e Doutorado) da UniEVANGÉLICA
**Graduada em Educação Física (2019-UniEVANGÉLICA)
Atua como Secretária no departamento de Missões
da Universidade Evangélica de Anápolis-GO
(Brasil)
Recepção: 28/04/2021 - Aceitação: 06/11/2021
1ª Revisão: 20/10/2021 - 2ª Revisão: 24/10/2021
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Citação sugerida
: Oliveira-Silva, I., e Moreira, E.B. (2022). Alterações fisiológicas induzidas por um programa de exercício físico para etilista. Um estudo de caso. Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(284), 125-136. https://doi.org/10.46642/efd.v26i284.3000
Resumo
O presente estudo teve como objetivo verificar as alterações fisiológicas induzidas por um programa de exercício físico somado ao tratamento convencional utilizado para etilistas em clínica especializada. Dentro da metodologia foram utilizados exame laboratorial, oxímetro, frequencímetro e um esfigmomanômetro pré e pós-realização de 12 sessões de exercícios físicos. Nos resultados foram observadas alterações importantes nos resultados de hematócrito (avaliação inicial 41,4%, avaliação final 44,3%), assim conclui-se que o exercício físico é uma importante ferramenta para auxiliar no tratamento de etilistas, mas deve se levar em consideração o tipo de exercício, duração e a individualidade, para que se tenha segurança e melhores resultados, evitando desta maneira efeitos adversos alcançando o objetivo esperado.
Unitermos:
Alcoolismo. Exercício induzido. Pressão arterial. Frequência cardíaca.
Abstract
The objective of this study was to evaluate the physiological changes induced by a physical exercise program for alcoholics, in addition to the conventional treatment used for stylists in a specialized clinic. Within the methodology were used laboratory test, oximeter, frequency meter and a sphygmomanometer pre and post-completion of 12 sessions of physical exercises. In the results, important changes were observed in the results of hematocrit (initial evaluation 41.4%, final evaluation 44.3%), so it is concluded that physical exercise is an important tool to assist in the treatment of alcoholics, but it should be taken into account taking into account the type of exercise, duration and individuality, in order to have safety and better results, thus avoiding adverse effects, reaching the expected goal.
Keywords
: Alcoholism. Induced exercise. Blood pressure. Heart rate.
Resumen
El presente estudio tuvo como objetivo verificar los cambios fisiológicos inducidos por un programa de ejercicio físico sumado al tratamiento convencional utilizado para alcohólicos en una clínica especializada. Dentro de la metodología se utilizaron pruebas de laboratorio, oxímetro, medidor de frecuencia y esfigmomanómetro antes y después de 12 sesiones de ejercicio físico. En los resultados se observaron cambios importantes en los resultados del hematocrito (evaluación inicial 41,4%, evaluación final 44,3%), por lo que se concluye que el ejercicio físico es una herramienta importante para ayudar en el tratamiento de los alcohólicos, pero debe tenerse en cuenta el tipo de ejercicio, duración e individualidad, con el fin de tener seguridad y mejores resultados, evitando así efectos adversos, alcanzando el objetivo esperada.
Palabras clave
: Alcoholismo. Ejercicio inducido. Presión arterial. Frecuencia cardiaca.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 284, Ene. (2022)
Introdução
O alcoolismo é um problema que acomete todas as classes sociais, e as consequências podem influenciar as relações interpessoais, gerar alterações fisiológicas e/ou psicológicas e desencadear patologias (e.g. como complicações no fígado), além de causar disfunções ósseas, aumento do número de infecções dentárias, alterações no sistema nervoso central (e.g. redução da neogênese do hipocampo), prejuízos coronários, disfunção erétil, além do impacto financeiro. (Alonso et al., 2016; Blaine et al., 2016; Manzardo et al., 2016; Niemelä, 2016; Blaine, e Sinha, 2017; López Larramona, 2017; Etayo Labiano, 2018; Arcila et al., 2020; Mayorga Morales, 2021; Moreira et al., 2021; Sánchez Villamar, 2021)
A Organização Mundial da Saúde (2014) afirma que 3,3 bilhões de pessoas morrem por ano em todo o mundo em decorrência do alcoolismo e/ou suas consequências. Esse dado é preocupante, pois estudos demonstram que o consumo exagerado do álcool é um fator de elevado risco para homeostase do organismo humano e estão ligadas a maior vulnerabilidade e predisposição a doenças que podem levar ao óbito, sabendo que adictos crônicos apresentam alto índice de mortalidade. (García Gómez et al., 2020; Donat et al., 2021)
Neste sentido, o reconhecimento precoce é fundamental, onde familiares, podem ajudar profissionais da saúde no processo de diagnóstico, assim iniciando ações com estratégias intervencionistas, métodos preventivos e tratamentos para auxiliar na recuperação desse paciente (Sit Pacheco et al., 2016), bem como o uso de exercícios físicos, que envolvem o indivíduo igualmente nos aspectos cognitivos e sociais (Solís et al., 2021), desta maneira indispensáveis para amenizar os transtornos alcoólicos.
Mesmo sabendo que o exercício físico diminui o desejo de usar drogas (Ferreira et al., 2017), tem efeitos protetores nas células cerebelares por favorecer a neurogênese hipocampal do adulto, preserva ou retarda a deterioração cognitiva decorrente de doenças ou do processo natural de envelhecimento (Siteneski et al., 2020), deve-se levar em consideração o volume e/ou intensidade do mesmo, pois em doses desproporcionais pode ser perigoso nestes casos (Manthou et al., 2016) pois geram importantes alterações bioquímicas no organismo do indivíduo (e.g. causar hipoglicemia). (Hill et al., 2017)
Frente à problemática apresentada, o presente estudo teve como objetivo verificar as alterações fisiológicas induzidas por um programa de exercício físico somado ao tratamento convencional utilizado para etilistas em clínica especializada. E a hipótese adotada foi que o exercício físico somado ao tratamento convencional auxilia na recuperação de etilistas, pois, acredita-se que o exercício físico pode contribuir no tratamento da dependência química (Georgakouli et al., 2017), e uma das formas utilizadas para perceber o benefício que o exercício pode proporcionar ao organismo é por meio da observação das variações autonômicas (Weberruss et al., 2018; Oliveira-Silva et al., 2018), as quais podem ser mensuradas por meio da variabilidade da frequência cardíaca (VFC).
Métodos
O presente estudo teve caracterização longitudinal, qualitativo e exploratório de um estudo de caso que seguiu os critérios éticos e obteve autorização por escrito do participante e médica responsável pelo acompanhamento.
O participante era um homem de 41 anos de idade, 1,60 m de altura, 66 kg de massa corporal, que não tinha histórico de atividade física, sendo paciente do Hospital Psiquiátrico de Anápolis-GO, e estava pela primeira vez internado por motivo de etilismo.
O tratamento convencional adotado, que consistia em sessões terapêuticas com psicólogos, visando a reestruturação mental e autoconhecimento, desintoxicação e reeducação alimentar, foi mantido, e acrescido a ele um programa de exercício físico específico dentro do período de tempo previsto para a permanência do participante no hospital.
Os instrumentos utilizados neste estudo foram:
Hemograma completo: Usou-se sangue coletado da veia periférica, com agulha de calibre compatível com o volume necessário, assim, o exame foi realizado automaticamente pelo Beckmam Coulter T 890 e Mindray BC – 3200 controle de qualidade interno/externo Control Lab. Os exames foram realizados no Laboratório do próprio hospital. Foram utilizados os valores das hemácias (Tera/L), hematócrito (%), hemoglobinas (g/dl), RDW (%), e plaquetas (mm3).
Variabilidade da frequência cardíaca: As gravações foram feitas através de um frequencímetro (RS800, Polar Electro Oy, Kempele, Finlândia), onde as gravações dos intervalos RR foram avaliadas visualmente e manipuladas manualmente (Polar Pro Trainer, v 5.35.161, Polar Electro Oy), e transferidos para análise em um software específico (Kubios HRV v2.0, Kuopio University, Kuopio, Finlândia). Os parâmetros frequência cardíaca (FC) e variabilidade da frequência cardíaca (VFC) selecionada para análise foram: FC, desvio padrão da série RR (SDNN) e raiz quadrada da média da soma dos quadrados das diferenças entre os intervalos RR adjacentes (RMSSD) para as medições no domínio do tempo; para as medições não-lineares, utilizaram os eixos curto (SD1) do Plot de Poincaré, entropia amostral (SampEn) e desvios de escalas fracionárias curtas como determinado a partir de um gráfico de log duplo (D2). O participante encontrava-se em repouso por pelo menos 5 minutos, sentado, com os pés paralelos apoiados no chão, e com as costas retas apoiadas na cadeira. Os registros foram padronizados em 5 minutos.
Pressão arterial: Foi utilizado um esfigmomanômetro (Aneroide, BD, Brasil). O participante encontrava-se em repouso por pelo menos 5 minutos, sentado, com os pés paralelos apoiados no chão, e com as costas retas apoiadas na cadeira, e os braços apoiados na altura do coração. Os dados da pressão arterial (PA) sistólica PAS (mmHg), diastólica PAD (mmHg) e media PAM (mmHg) foram registradas.
SpO2: Foi utilizado um oxímetro com registro no ministério da saúde (ANVISA), com método de medição fotoelétrico, faixa de medição SpO2: 70~99%, precisão: SpO2 ± 2%, com dimensões de: comp. 3,0 cm (30 mm) / Larg. 5,5 cm (55 mm) / Alt. 3,5 cm (35 mm), peso: aproximadamente 50 g. Foi feito a aferição no dedo indicador, com individuo em posição sentada. Esta coleta foi realizada simultânea a coleta da PA.
Procedimentos
Em um primeiro momento o participante foi abordado por uma médica psiquiatra, pela pesquisadora e professor responsável, recebeu as informações sobre os propósitos do estudo e, na sequência foi convidado a participar da pesquisa. Após aceitação, ele assinou um termo de consentimento. Todos os procedimentos foram realizados no Hospital de Psiquiatria de Anápolis-GO, com a ajuda de enfermeiros, uma assistente social, médica psiquiátrica, psicóloga, professor de educação física responsável, além da presença da pesquisadora (acadêmica de educação física na época).
Inicialmente o participante foi avaliado em uma sala reservada no próprio hospital. Foi coletado o sangue (Hemograma), a PA, a VFC e a SpO2. Estas mesmas avaliações foram refeitas da mesma forma após o período de intervenção. A partir daí foi marcado a intervenção que iniciou no dia seguinte aos testes.
Adotou-se uma intervenção composta por 12 sessões (4 por semana) seguindo um protocolo específico:
Segunda-feira, Exercício Aeróbio: Alongamento antes e depois da sessão para membros superiores e inferiores, visando o aumento de flexibilidade para evitar/minimizar o risco de lesões tanto nas atividades da vida diária (AVDs) quanto durante o treino. A sessão consistiu em uma caminhada leve de 30’.
Terça-feira, Musculação: Aquecimento na esteira (5’), alongamento (3’), leg press 45°, puxada pronada, cadeira extensora, rosca direta sendo 3 series de 8-13 repetições com descanso de 1’ cada exercício e ao final alongamento (3’).
Quarta-feira, Hidroginástica: Alongamento (5'), exercícios variados em diferentes circuitos para cada aula, sendo utilizado uma caixa de som para músicas e diferentes materiais aquáticos (e.g. macarrão, pullbuoy e prancha), dessa forma, a aula ministrada era bem dinâmica. Inicio: professora começava com um leve aquecimento incluindo movimentos de puxar e empurrar água, Corrida estacionaria com skip alto e movimentações laterais ao ritmo da música, logo após o aquecimento, eram utilizados os materiais aquáticos em um circuito como diversas atividades como deep running, corrida lateral e trabalhos para membros inferiores para finalizar totalizando 45 minutos.
Quinta-feira, Musculação: Aquecimento esteira (5’), alongamento (3’), leg press 45°, supino, mesa flexora, tríceps pully, sendo 3 series de 8-13 repetições com descanso de 1’ cada e ao final alongamento de 3’.
Análise de dados
Os dados coletados foram colocados em planilha de Excel e apresentados em valores absolutos, delta e delta percentual com o intuito de demonstrar a magnitude das diferenças. Como o estudo é caracterizado como de caso, o qual teve como objetivo verificar as alterações fisiológicas induzidas por um programa de exercício físico somado ao tratamento convencional, não foi utilizado outros testes estatísticos.
Resultados
Os resultados demonstram que exercício físico somado ao tratamento convencional auxilia no tratamento de etilistas. O RMSSD, SDNN, e estado de hidratação apresentaram diferenças consideráveis em relação ao início da intervenção.
Tabela 1. Mudanças na variabilidade da frequência cardíaca
|
Avaliação
Inicial |
Avaliação
Final |
Magnitude das diferenças entre dias |
Δ;
%Δ |
|||
RR
(ms) |
697,02 |
804,08 |
107,06
/ 15,36 |
SDNN
(ms) |
49,16 |
59,05 |
9,89
/ 20,12 |
FC
(bpm) |
86 |
75 |
-11,49
/ -13,28 |
RMSSD (ms) |
25,42 |
46,26 |
20,84
/ 81,98 |
VLF |
877,72 |
892,03 |
14,31
/ 1,63 |
LF |
979,03 |
1474,40 |
495,37
/ 50,60 |
HF |
281,35 |
676,90 |
395,55
/ 140,59 |
LF/HF |
34,79 |
21,78 |
-13,01
/ -37,40 |
SD1
(ms) |
17,99 |
32,73 |
14,74
/ 81,93 |
α1 |
14,62 |
11,63 |
-2,99
/ -20,45 |
SampEn |
13,79 |
15,51 |
1,72
/ 12,47 |
D2 |
34,63 |
40,71 |
6,08
/ 17,56 |
PAS (mmHg) |
123 |
120 |
-123 |
PAD (mmHg) |
82 |
80 |
-82 |
PAM (mmHg) |
95 |
93 |
-95
/ -100 |
SO2 |
99 |
98 |
-99 |
Os valores são (RR) Variabilidade da Frequencia Cardíaca, (NN) intervalos válidos entre batimentos sucessivos, (SDNN) desvio padrão de todos os intervalos NN, (FC) Frequência Cardíaca, (RMSSD) raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos RR consecutivos, (VLF) potência contida na faixa abaixo de 0,04Hz, (LF)potência contida na faixa de 0,04 a 0,15Hz,(HF) potência contida na faixa de 0,15 a 0,4Hz, (LF/HF) Relação entre LF e HF, (SD1) Desvio padrão dos intervalos RR instantâneos, (α1) Expoente de escalonamento fractal de curto prazo, (SampEn) Entropia amostral, (D2) Dimensão de correlação, (PAS) pressão arterial sistólica, (PAD) pressão arterial diastólica, (PAM) pressão arterial média e (SpO2) saturação de oxigênio no sangue arterial (Δ%): diferença percentual entre dias.
Tabela 2. Exame de hemograma completo
|
Avaliação
Inicial |
Avaliação
Final |
Magnitude das diferenças entre dias |
Δ;
% Δ |
|||
Hemácias
(Tera / L) |
4,02 |
4,34 |
0,32 /
7,96 |
Hematócrito
(%) |
41,4 |
44,3 |
2,9 /
7,00 |
Hemoglobinas
(g/ dl) |
13,4 |
14,1 |
0,7 /
5,22 |
RDW (%) |
12,3 |
12 |
-0,3
/ -2,44 |
Plaquetas (mm3) |
406 |
211 |
-195
/ -48,03 |
Discussão
A hipótese adotada neste estudo foi confirmada tendo um olhar fisiológico, pois os dados demonstram que exercício físico somado ao tratamento convencional se mostrou como uma importante estratégia para auxiliar no tratamento à adicção por minimizar os indicadores fisiológicos (i.e. VFC, PA, hidratação), mas o mesmo foi insuficiente para constatar que o exercício físico diminui o desejo do uso excessivo do álcool, pois foi feito com um caso, desta forma sugerindo aos trabalhos posteriores que apliquem a pesquisa com mais pessoas.
Sabendo que, está bem estabelecida na literatura a importância do exercício físico para manutenção da saúde (Menéndez Granados, 2020), melhoria da performance esportiva (Gamberi et al., 2018), tratamento de algumas patologias como hipertensão e doenças coronarianas (Bocalini et al., 2017), o presente estudo colabora e abre uma ampla possibilidade de aprofundamento sobre a relação exercício e etilismo.
Os resultados demonstram que a abstenção ao álcool somado ao programa de exercício físico causou diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial, importantes marcadores hemodinâmicos, confirmando estudo prévio (Ayuso del Puerto, 2018). Além deste aspecto, houve um prolongamento do intervalo RR que caracteriza aumento da Variabilidade da Frequência Cardíaca (Forner Llácer, 2021), o que minimiza o risco de morte (Bignotto, 2012). Infelizmente, devido ao modelo de estudo adotado (i.e. estudo de caso) não é possível confirmar o papel isolado de cada uma das estratégias utilizadas neste caso, contudo já está evidenciado na literatura (López-Sáenz et al., 2016) que dependendo da dose consumida de bebidas alcoólicas, somado à inatividade física gera um aumento da frequência cardíaca, ampliando a probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares.
Quando foram comparados os resultados iniciais com os resultados finais, das variáveis da VFC estudadas e dos resultados do hemograma, pode-se notar uma considerável diferença, o que nos possibilita sugerir que o exercício físico somado ao tratamento convencional minimizou o desenvolvimento de alguns problemas que poderiam ter ocorrido se não houvesse esta combinação (i.e. exercícios e tratamento convencional), semelhante aos resultados encontrado em estudo desenvolvido com ratos que demonstraram que níveis elevados de aptidão aeróbia protegeram os mesmos de alguns problemas que teriam possibilidade de ocorrer sem os exercícios feitos por eles, como a esteatose hepática. (Szary et al., 2015)
Na Tabela 2, observa-se importantes alterações nos resultados, pois a mesma mostrou que o individuo em questão estava mais hidratado ao final, que os níveis de coagulação sanguínea melhoraram consideravelmente, assim como o transporte de oxigênio que também aumentou, entendendo que o comprometimento O2 pode desencadear patologias (Pinheiro et al., 2016), desta maneira pode-se concluir que os resultados finais foram benéficos a saúde. Sendo assim essa pesquisa mostrou que um programa de exercício bem equilibrado pode ser uma excelente ferramenta para auxiliar no tratamento de alcoolistas.
Conclusões
Os dados foram suficientes para confirmar a hipótese que o exercício físico somado ao tratamento convencional gera alterações fisiológicas positivas em etilistas, o que auxilia na recuperação. Destaca-seque as informações coletadas não foram suficientes para constatar a função do exercício de forma isolada, nem tampouco verificar se o exercício auxiliou na diminuição do desejo de usar álcool. Pôde-se observar também, que algumas alterações psicológicas (autoestima, autoconfiança e melhor consciência corpórea) decorrem em função da intervenção e que deverão ser avaliadas em detalhes em estudos futuros.
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