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ISSN 1514-3465

 

Fatores motivacionais e diferenças presentes 

na prática do futsal entre jovens atletas

Motivational Factors and Differences Present 

in Futsal Practice among Young Athletes

Factores motivacionales y diferencias presentes

en la práctica del futsal entre jóvenes deportistas

 

Nathan Campos Neves*

nathansabao@hotmail.com

Tatiane Cristina Rodrigues de Freitas**

tatianefreitasefi@gmail.com

João Marcelo Niquini Caríssimo**
joaomarceloniquini@gmail.com
César Milagres da Silva+
cesar.silva@edu.udesc.br
Siomara Aparecida da Silva++
siomarasilva.lamees@gmail.com

 

*Graduado em Educação Física Licenciatura e Bacharelado

pela Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco

**Graduada em Educação Física pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Membro do Laboratório de Metodologia do Ensino dos Esportes (LAMEES)

+Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento 

Humano da Universidade do Estado de Santa Catarina (PPGCMH-UDESC)
++Doutorado e pós-doutorado em Ciências do Movimento Humano

respectivamente pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

pela Universidade do Estado de Santa Catarina

Atualmente é professora associada da Escola de Educação Física

da Universidade Federal de Ouro Preto (EEFUFOP)

onde coordena o LAMEES (Laboratório de Metodologia do Ensino do Esportes)

(Brasil)

 

Recepção: 10/03/2021 - Aceitação: 05/03/2022

1ª Revisão: 05/01/2022 - 2ª Revisão: 01/03/2022

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Neves, N.C., Freitas, T.C.R. de, Caríssimo, J.M.N., Silva, C.M. da, e Silva, S.A. (2023). Fatores motivacionais e diferenças presentes na prática do futsal entre jovens atletas. Lecturas: Educación Física y Deportes, 28(305), 74-85. https://doi.org/10.46642/efd.v28i305.2909

 

Resumo

    O estudo teve como objetivo investigar os principais motivos que levam crianças e jovens à permanência na prática de futsal. Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado o Inventário de Motivação a Prática de Atividade Física (IMPRAF-54) composta por seis dimensões: controle do estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer. Este foi respondido por 122 jogadores de futsal, de ambos os sexos, participantes de um projeto social no estado do Paraná. A análise estatística se valeu do teste de Kruskal-Wallis com post hoc Bonferroni para comparação entre as categorias de base. Os fatores motivacionais mais considerados pelos jovens jogadores são os relacionados a Saúde e Prazer, enquanto Controle do Estresse e Estética foram as dimensões menos atribuídas por eles. A partir dos resultados obtidos, é possível que os profissionais atuantes nesses espaços reavaliem as suas práticas e criem estratégias com base os próprios interesses e necessidades dos praticantes, a fim de evitar/diminuir a evasão ao longo prazo.

    Unitermos: Futsal. Motivação. Prática esportiva. Crianças. Jovens.

 

Abstract

    The study aimed to investigate the main reasons that lead children and young people to stay in futsal practice. As an instrument for data collection, the Physical Activity Practice Motivation Inventory (IMPRAF-54) was used, composed of six dimensions: Stress control, health, sociability, competitiveness, aesthetics and pleasure. This was answered by 122 futsal players, of both sexes, participating in a social project in the state of Paraná. Statistical analysis used the Kruskal-Wallis test with Bonferroni post hoc for comparison between the baseline categories. The motivational factors most considered by young players are those related to Health and Pleasure, while Stress Control and Aesthetics were the dimensions least attributed by them. From the results obtained, it is possible for professionals working in these spaces to reevaluate their practices and create strategies based on the practitioners' own interests and needs, in order to avoid/reduce evasion in the long run.

    Keywords: Futsal. Motivation. Sports practice. Children. Teenagers.

 

Resumen

    El estudio tuvo como objetivo investigar los principales motivos que llevan a niños, niñas y jóvenes a permanecer en la práctica del fútbol sala. Como instrumento de recolección de datos se utilizó el Inventario de Motivación para la Actividad Física (IMPRAF-54), que comprende seis dimensiones: control del estrés, salud, sociabilidad, competitividad, estética y placer. Fue respondida por 122 jugadores y jugadoras de fútbol sala, participantes de un proyecto social en el estado de Paraná. El análisis estadístico utilizó la prueba de Kruskal-Wallis con Bonferroni post hoc para comparar categorías base. Los factores motivacionales más considerados son los relacionados con la Salud y el Placer, mientras que el Manejo del Estrés y la Estética fueron las dimensiones menos atribuidas por ellos. A partir de los resultados obtenidos, es posible que los profesionales que trabajan en estos espacios reevalúen sus prácticas y creen estrategias basadas en los propios intereses y necesidades de los y las practicantes, con el fin de evitar/reducir el abandono en el largo plazo.

    Palabras clave: Futsal. Motivación. Práctica de deportes. Niños y Niñas. Adolescentes.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 305, Oct. (2023)


 

Introdução 

 

    O futsal é uma modalidade dos esportes coletivo muito popular no Brasil e está presente nos currículos de Educação Física, tanto na escola, como nos ambientes de treinamento (Novaes et al., 2014). O Brasil é reconhecido mundialmente por formar atletas nessa modalidade. Soares et al. (2011) afirmam que o grande fluxo de emigração dos jogadores brasileiros para o exterior no esporte profissionalmente, influencia na formação de jovens atletas, e acarreta grande procura pela participação no processo de treinamento desta modalidade.

 

    Para além da formação de atletas profissionais, Freire (2011) acredita que o aumento de crianças praticantes do futsal é decorrente da diminuição de espaços livres para jogar bola, fazendo com que elas busquem a prática em outros espaços, mas a sua permanência na prática depende de inúmeros fatores. Para que a prática esportiva influencie de maneira positiva na vida dos jovens, depende da qualidade das situações vivenciadas no ambiente de treinamento e de competição. (Almeida et al., 2019)

 

    Desta forma, a escolha da metodologia utilizada no processo de treinamento pode ser um dos fatores para a permanência, ou não, deste aluno na prática esportiva. Severino, e Porrozzi (2010) enfatizam a importância da ludicidade para o desenvolvimento afetivo, cognitivo e motor do ser humano, e Freire (2011) aponta alguns princípios a serem levados em consideração ao se ensinar o esporte: ensinar a todos; ensinar bem; ensinar mais do que esporte; ensinar a gostar de esporte.

 

    Quando esses aspectos não são considerados durante o processo de treinamento, pode aumentar a evasão dos alunos na prática. Para Rose Jr. (2009) aspectos como o despreparo e a falta de conhecimentos na área da pedagogia do esporte por parte de profissionais, técnicos e professores envolvidos com a iniciação esportiva, podem contribuir para uma fase posterior no processo de evasão do esporte oficial.

 

    Aspectos do próprio treinamento, atrelado a outras causas, podem estar diretamente ligados a motivação do aluno para a continuidade na prática. A motivação é relevante para o desempenho de qualquer atividade, inclusive como feedback para o planejamento da prática esportiva. Paim (2001) aponta a motivação como essencial para uma realização da prática bem-sucedida, reconhecendo ainda que ela seja um dos fatores principais em treinamentos e competições.

 

Imagem 1. A escolha da metodologia utilizada no processo de treinamento

pode ser um fator para a permanência da criança na prática esportiva

Imagem 1. A escolha da metodologia utilizada no processo de treinamento pode ser um fator para a permanência da criança na prática esportiva

Fonte: Gerador de imagens de Bing (#Efdeportes)

 

    Ryan, Connell, e Deci (1985) trazem a Teoria da Auto Determinação (TAD) que sugere três classificações para a motivação: motivação extrínseca, motivação intrínseca e a-motivação. Essa teoria é usada como base de outros estudos que buscam entender e mensurá-la (Balbinotti, e Barbosa, 2008; Balbinotti et al., 2009; Barbosa, e Balbinotti, 2006) na prática esportiva.

 

    Segundo Faria et al. (2019), a TAD aponta a autonomia, a competência e a relação social como três necessidades básicas e essenciais para o desenvolvimento social e bem-estar do ser humano, influenciando assim, em seu comportamento diante da prática.

 

    É importante compreender o envolvimento de crianças e jovens na prática esportiva, pois torna possível identificar os motivos de ingresso e de abandono da prática (Voser et al., 2014). Além disso, permite aos envolvidos com o processo de treinamento, buscar estratégias para que a manutenção e incentivo da continuidade na prática seja cada vez mais eficiente.

 

    Fatores como a pressão dos pais e treinadores, falta de tempo para outras afazeres, treinamento excessivo, ausência de prazer e alegria nos treinos, desmotivação do atleta tem ocasionado o abandono da prática esportiva (Santos et al., 2010; Teixeira et al., 2012). Diante disso, o objetivo deste estudo foi investigar os principais motivos que levam crianças e jovens à permanência na prática de futsal.

 

Metodologia 

 

    Participaram do estudo 122 crianças e jovens da cidade de Santa Amélia, PR, com idades entre 09 e 18 anos, sendo 97 do sexo masculino e 25 do sexo feminino. Todos os alunos participavam de um projeto de treinos de futsal ofertado de forma gratuita pela secretaria de Educação em parceria com a Prefeitura Municipal.

 

    A pesquisa teve autorização das diretoras das escolas, da coordenação, da equipe pedagógica e dos pais dos indivíduos estudados. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidad Federal de Ouro Preto com o parecer 0049.0.238.000-11.

 

    Realizou-se um estudo em caráter de estudo de Corte Transversal (Barros, e Hirakata, 2003). A coleta foi realizada por um avaliador durante horário de aula nas escolas municipais e estaduais, em grupos de acordo com as idades das categorias de treino Sub9, Sub11, Sub13, Sub15 e Sub18. Como critério de inclusão adotado foi participação do aluno no projeto, no tempo mínimo de um mês, e que tenha evadido da prática antes do início da pesquisa.

 

    Para a coleta de dados foi utilizado o Inventário de Motivação à Prática de Atividade Física (IMPRAF-54) de Barbosa, e Balbinotti (2006), contendo 54 questões fechadas e que avalia dimensões associadas a motivação para a realização de atividade física ou esportiva: controle do estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer. Para sua avaliação, somam-se as respostas (valores de 1 a 5) obtidas das oito colunas. A soma desses valores corresponde aos escores brutos de cada dimensão, quanto maior o valor, mais motivado, podendo variar de 8 a 40 pontos. Possui ainda uma escala de verificação, que permite avaliar o nível de atenção do sujeito durante sua aplicação. Essa escala se dá pela repetição de seis itens, um de cada dimensão, de forma aleatória, no final do questionário. Então é feita uma análise das diferenças entre as respostas, e se o valor obtido for maior que sete, trata-se de uma resposta pouco confiável. Três praticantes foram excluídos da amostra por não atender o critério de confiabilidade do questionário.

 

    Para a análise estatística os dados foram tabulados na planilha do Excel® para posterior análise utilizando software SPSS® versão 23. A normalidade e esfericidade dos dados foram testadas pelo teste de Shapiro-Wilk. Os dados foram distribuídos em médias, desvios padrões e frequência. Para análise de variância foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis com post hoc Bonferroni para comparação entre as categorias de base.

 

Resultados 

 

    Do total de 119 alunos, 100 praticavam outra atividade física além do projeto vinculado a prefeitura e 76 participavam de competição. Ao comparar estes grupos não houve diferença significativa nas dimensões da continuidade da prática do IMPRAF-54.

 

    Na análise geral das dimensões, os fatores menos motivacionais encontrados foram: controle do estresse, estética e competitividade. Em contrapartida, os que mais motivam os alunos são: saúde, prazer e sociabilidade, conforme a Tabela 1.

 

Tabela 1. Estatística descritiva dos fatores motivacionais do questionário IMPRAF-54

Domínios do IMPRAF-54

Mínimo

Máximo

Soma

M ± DP

Controle de estresse

9

45

3021

24,76± 8,77

Saúde

11

45

4083

33,47 ± 8,45

Sociabilidade

10

45

3775

30,94 ± 8,75

Competitividade

9

45

3518

28,84 ± 9,83

Estética

9

45

3320

27,21 ± 10,28

Prazer

11

45

3799

31,14 ± 7,94

Legenda: M = média; DP = desvio padrão. Fonte: Os autores.

 

    Na comparação entre as idades, não houve diferença significativa, porém, a maior associação entre competição e motivação à prática foi nas idades de 13, 17 e 18 anos, conforme mostra a Tabela 2.

 

Tabela 2. Comparação entre as idades nos domínios do IMPRAF-54

Categorias

Estresse

Saúde

Sociabilidade

Compet.

Estética

Prazer

(sub)

(M ± DP)

(M ± DP)

(M ± DP)

(M ± DP)

(M ± DP)

(M ± DP)

9

22,50 ± 5,58

28,25 ± 4,46

30,25 ± 7,94

25,50 ± 10,14

26,50 ± 8,30

27,75 ± 6,88

11

20,23 ± 5,75

29,45 ± 6,56

27,05 ± 7,86

24,64 ± 8,89

23,32 ± 8,39

26,77 ± 6,38

13

22,25 ± 9,05

28,61 ± 8,70

27,29 ± 7,65

26,04 ± 7,49

23,32 ± 9,48

26,75 ± 7,39

15

21,97 ± 8,89

29,5 ± 6,95

26,82 ± 7,03

24,50 ± 7,77

22,88 ± 9,26

28,24 ± 7,20

18

23,33 ± 7,96

31,63 ± 8,30

28,22 ± 8,89

27,89 ± 10,5

25,93 ± 9,54

29,63 ± 6,74

Legenda: M = média; DP = desvio padrão; Teste de Kruskal-Wallis *Diferenças significativas para p≤0,05. Fonte: Os autores

 

Discussão 

 

    Os resultados deste estudo mostram que ao comparar os fatores motivacionais nas diferentes idades, não houve diferenças significativas. Voser et al. (2016) ao investigarem os fatores motivacionais de jovens para a prática de futsal, também não encontraram diferença significativa entre as idades e no tempo de prática, resultado que corrobora os achados deste estudo.

 

    Apesar de não apresentar diferença significativa entre as idades, maiores escores no domínio de competitividade foram encontrados nas idades de 13, 17 e 18 anos. Os jovens com idade inferior a 15 anos, atribuem importância mais elevada a outros fatores como à diversão, a afiliação, ao reconhecimento (Guedes,e Netto, 2013). Santos, Martins, e Stefanello (2010) concluíram em seu trabalho ligado ao futebol das categorias infantis que os maiores indicadores motivacionais para a prática são o prazer pela prática esportiva, sentir-se realizado, gostar de competições, ter/buscar sucesso no esporte e melhorar o desempenho esportivo. Por outro lado, os jovens atletas com maior idade referem-se aos motivos equivalentes à competição, à competência técnica, à aptidão física destacando como os mais importantes para permanência na prática de esporte. (Bernardes et al., 2015)

 

    Por outro lado, o fator competitivo tem que existir, mas de maneira organizada e “dosada” adequadamente, pois a concepção de utilizar o futsal como meio educativo e incentivador a prática esportiva saudável fica em segundo plano nos momentos de competições (Junior, e Gasparotto, 2009). Necessário frisar tais questões, visto que os esportes coletivos são fundamentais para o desenvolvimento dos alunos não somente no âmbito competitivo, mas com atividades recreativas e cooperativas que motivam e podem aprimorar os valores e as formações dos alunos. (Adolfo, e Sartori, 2014; Silva et al., 2019; Tozetto et al., 2019)

 

    Moraes et al. (2020) também investigaram se há diferença nos fatores motivacionais do futsal nas diferentes idades, e encontraram que praticantes mais velhos buscam desenvolver maiores competências que os maisnovos, ou seja, quanto maior a idade dos praticantes, mais se sentem compotentes no meio esportivo.

 

    Martínez et al. (2008) apontam que a diversão tende a sofrer quedas na medida em que os jovens atletas apresentam mais idade e, por consequência, muda de categoria, conquistando, desse modo, maior independência, paralelamente, a aquisição de responsabilidades e deveres. Além disso, Faria et al. (2019) enfatizam a importância em considerar as mudanças ao longo dos anos, já que os motivos de permanência na prática pode se alterar, tendo em vista, as alterações nos interesses e as outras demandas do dia a dia (pessoal, profissional e familiares).

 

    Visto, os diversos aspectos motivacionais e desmotivacionais para a prática esportiva em questão, Einsfeldt, e Lettnin (2018) identificaram que o gosto da prática da Educação Física é um aspecto que está relacionado a motivação do aluno na prática e que o “saber realizar” traz uma satisfação para o aluno, sendo trabalhado pelos profissionais de educação física essa prática bem percebida pelos alunos para um reconhecimento dele próprio sobre sua prática e pela permanência na mesma.

 

    Outro resultado deste estudo indica que o controle do estresse, estética e competitividade como fatores menos considerados motivadores para a permanência na prática esportiva. Pires et al. (2004) ao pesquisarem o nível de estresse em adolescentes, o grupo classificado com estresse adequado a saúde apresentou maior tempo em atividades físicas intensas e muito intensas quando comparado ao grupo com níveis de estresse prejudicial. A associação entre os fatores motivacionais e o nível de estresse, pode sugerir os baixos resultados obtidos na dimensão controle de estresse, visto que os participantes desta pesquisa praticavam atividade física regularmente.

 

    Em contrapartida, foram atribuídos maiores valores para a motivação à prática esportiva nos fatores saúde, prazer e sociabilidade, indicando que as práticas esportivas com enfoque nesses três aspectos para essa população, pode ser um fator determinante para a continuidade da prática. Estudo similar de Paixão et al. (2016) realizado em Embus das Artes, municipio de São Paulo, Brasil, com praticantes de um programa social encontraram que os principais motivos para aderência a prática esportiva no futsal e tênis são com enfoque na saúde.

 

    Souza et al. (2019), ao pesquisarem os fatores motivacionais que levam adultos em uma cidade de Minas Gerais à prática de futebol amador, também apontou o item saúde e fitness como principal. Medeiros (2012), corrobora aos resultados, apresentando a saúde e o condicionamento físico como os motivos considerados por acadêmicos do curso de Educação Física de uma universidade de Santa Catarina, como mais importantes para a prática de atividade.

 

    Aires et al. (2020), ao utilizarem o IMPRAF-54 também obteve como resultado, as dimensões saúde e prazer como os fatores que mais motivam adultos à prática de Jiu-Jitsu de diferentes idades. A dimensão saúde, segundo Gonçalves et al. (2015) pode se fortalecer conforme os jovens avançam nas idades, sendo mais internalizada pelo praticante e sofrendo também, influenciado da sociedade e mídia quanto aos hábitos saudáveis.

 

    Em relação à dimensão prazer, Bernardes et al. (2015) descrevem como fator que provém da própria prática, livre de qualquer pressão, por vontade própria e pela satisfação em explorar o esporte e com isso, valorizam os componentes lúdicos e recreativos do esporte, assim como, ter reconhecimento dos amigos e familiares. É preciso ocorrer uma maior integração entre o aluno/atleta, pais, treinadores e escola no intuito de maior compreensão e envolvimento dos reais fenômenos e processos do esporte como um todo (Teixeira et al., 2012)

 

    O prazer, em muitos casos, pode estar associado às atividades consideradas como lazer. Segundo Santos, e Silva (2018) o esporte pode ser compreendido a partir de dois aspectos: primeiro como elemento da cultura corporal de movimento e, segundo, como conteúdo físicoesportivo do lazer. Os conteúdos físico esportivo do lazer são específicos da área da Educação Física, dentre os quais se inclui os esportes.

 

    A dimensão Sociabilidade, é o terceiro fator mais pontuado neste estudo e pode estar associação ao sentimento de pertencimento. Ao buscar uma escola de esporte o jovem, muitas vezes, procura um grupo a ser inserido, o que os esportes coletivos podem proporcionar tal feito. (Gonçalves et al., 2015)

 

    O futsal faz a sua função transformadora e socializadora, onde os sujeitos dispõem-se não unicamente por suas competências, mas demonstrando comportamento intrínseco e particular (Zaratim, 2012).Os motivos para prática de esporte podem se diferenciar de acordo com sexo, idade, modalidade esportiva, tempo de prática e experiência de competição (Bernardes et al., 2015) por isso, é um campo que necessita ser investigado com a suas diversas variáveis, a fim de identificar fatores que possam auxiliar os profissionais na área de ensino, aprendizado e treinamento nos esportes.

 

Conclusão 

 

    Os ex-praticantes, que evadiram da prática esportiva, de futsal apresentaram maiores níveis de motivação à prática nos fatores de saúde, prazer e sociabilidade. Sugere-se que nas práticas esportivas direcionadas ao público infanto-juvenil, os profissionais atuantes nesses espaços investiguem os interesses a fim de evitar/diminuir a evasão, e reavaliem o planejamento e metodologia de suas práticas com base nos fatores motivacionais.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 28, Núm. 305, Oct. (2023)