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ISSN 1514-3465

 

Evolução e adaptação histórica do voleibol

Volleyball’s Evolution and Adaptations Through History

Evolución y adaptación histórica del voleibol

 

Rafael Marques Garcia*
rafa.mgarcia@hotmail.com

Carlos Henrique Araujo de Meireles**
carlosmeireleseefdufrj@outlook.com

Erik Giuseppe Barbosa Pereira***

egiuseppe@eefd.ufrj.br

 

*Doutor em Educação Física pelo PPGEF/UFRJ

Professor substituto na Universidade Estadual do Maranhão/UEMA
**Licenciado e Bacharel em Educação Física pela EEFD/UFRJ

Personal trainer em Itaguaí/RJ
***Doutor em Ciências do Exercício e do Esporte pela UERJ

Professor efetivo na EEFD/UFRJ
(Brasil)

 

Recepção: 03/02/2021 - Aceitação: 08/08/2021

1ª Revisão: 18/07/2021 - 2ª Revisão: 28/07/2021

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Garcia, R.M., Meireles, C.H.A. de, e Pereira, E.G.B. (2021). Evolução e adaptação histórica do voleibol. Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(281), 183-203. https://doi.org/10.46642/efd.v26i281.2842

 

Resumo

    Esta revisão bibliográfica teve por objetivo investigar o processo evolutivo das regras visando a adaptação do jogo aos variados públicos e também buscando atender às necessidades midiáticas e de cunho prático-social. Para atender a este objetivo, reporta-se à produção científica em cinco livros, e em revistas e artigos sobre a temática, utilizando as palavras chave “voleibol”, “evolução”, “regras” e “progressão midiática”. Classificam-se os dados em quatro fases. Conclui-se que o posicionamento da modalidade atual proveniente dos entraves dialógicos que vão de encontro à difusão, organização, evolução tática e a midiatização do voleibol aconteceram mediante essas divisões, gerando o formato de jogo-produto atual e com todas as suas nuanças para o bom funcionamento do mesmo enquanto esporte difundido mundialmente.

    Unitermos: Voleibol. História do Esporte. Espetacularização. Mídia.

 

Abstract

    This bibliographic review aimed to investigate the evolutionary process of the rules aiming at the adaptation of the game to the various publics and also seeking to meet the media needs and of a practical and social nature. In order to meet this objective, it reports on the scientific production in five books, and in magazines and articles on the subject, using the keywords "volleyball", "evolution", "rules" and "media progression". The data were classified in four phases and concluded that the positioning of the current modality coming from the dialogical obstacles that go against the diffusion, organization, tactical evolution and the mediatization of volleyball happened through these divisions, generating the present game format and with all its global nuances.

    Keywords: Volleyball. History of Sport. Spectacularization. Media.

 

Resumen

    Esta revisión bibliográfica tuvo como objetivo investigar el proceso evolutivo de las reglas con el objetivo de adaptar el juego a diferentes públicos y también buscando satisfacer las necesidades mediáticas y de carácter práctico-social. Para cumplir con este objetivo, se informa sobre la producción científica en cinco libros, revistas y artículos sobre el tema, utilizando las palabras clave “voleibol”, “evolución”, “reglas” y “progresión mediática”. Los datos se clasifican en cuatro fases. Se concluye que el posicionamiento del deporte actual a partir de las barreras dialógicas que van en contra de la difusión, organización, evolución táctica y mediatización del voleibol pasó por estas divisiones, generando el formato juego-producto actual y con todos sus matices para el buen funcionamiento como deporte que se expandió por todo el mundo.

    Palabras clave: Voleibol. Historia del deporte. Espectacularización. Medios de comunicación.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 281, Oct. (2021)


 

Introdução 

 

    Conforme destaca Bizzocchi (1994), a evolução do vôlei, bem como outros esportes, ocorre assim que a modalidade se torna olímpica, em 1964, fazendo dela mais competitiva. As modificações técnicas e das regras se interligam com os elementos táticos de jogo, fazendo com que se desenvolvam e aprimorem novos recursos – a manchete passou a ser amplamente utilizada para se receber o saque adversário, e este, por sua vez, passou a ser um fundamento ofensivo.

 

    A relação entre saque ofensivo e recepção da equipe adversária fez com que a técnica de toque deixasse de ser utilizada, uma vez que se tornou perigosa para a integridade do jogador. A dinâmica supracitada foi fundamental para a evolução das formas de se jogar, imprimindo força e mais velocidade ao jogo. Praticado internacionalmente, o vôlei se aperfeiçoou na diferença técnica e vigor físico das seleções (inter)nacionais. Muitas foram as nações que contribuíram para tal, como os tchecos, os soviéticos e os japoneses. (Bizzocchi, 1994)

 

    Os últimos, por exemplo, apresentaram nos Jogos Olímpicos de Munique de 1972 uma concepção nova de jogo, imprimindo mais velocidade ao ataque, combinando ações ofensivas e defensivas através de movimentações contínuas pela quadra. Em adição, os sistemas táticos, dentre eles 6x0 e 3x3, foram perdendo espaço para os revolucionários 4x2 simples ou com infiltração, e, posteriormente, o 5x1. A infiltração do levantador foi uma importante estratégia tática, favorecendo o estabelecimento de posições específicas para os jogadores em quadra.

 

    Alterações nas regras possibilitaram a implementação mais potente de técnicas de jogo, como o bloqueio, que obrigou as equipes a desenvolverem novas formas de atacar. O ataque de fundo de quadra, introduzido a partir dos anos de 1980, conferiu mais velocidade e dinamismo ao jogo.Nessa época, a seleção norte-americana apresentou ao mundo uma alta especialização dos jogadores em cada uma das posições e funções a exercer. Além disso, os EUA determinaram, pela primeira vez, a recepção do saque com dois jogadores. (Bizzocchi, 1994)

 

    A versatilidade das posições fez com que as regras se adequassem ao longo dos anos, a fim de elevar o nível do voleibol, pois o vigor físico e as técnicas cada vez mais apuradas fizeram com que os atletas explorassem pontos até então pouco estudados e aplicados, configurando mais nitidamente o processo de evolução técnico-tática da modalidade. (Ribeiro, 2004)

 

    Desta forma, com o esporte cada vez mais evoluído em termos táticos e técnicos, as regras passaram a ter a necessidade de suprir os novos objetivos do jogo, uma vez que foram constantemente exploradas em suas possibilidades de intervenção. Não à toa percebemos que são fundamentais as adequações que ocorrem comumente em suas estruturas para manter e impulsionar ainda mais o voleibol em seus inúmeros avanços.

 

    Na atualidade, por exemplo, como reflexo desse processo evolutivo, a Seleção Brasileira de Voleibol Masculina, após ganhar destaque no âmbito internacional, foi considerada a segunda escola mais influente, atrás apenas da Itália. (Ugrinowitsch, 1997)

 

    Como consequência deste fenômeno evolutivo, a Seleção vem galgando degraus graças ao desempenho revolucionário no jeito de se jogar voleibol, sendo seus títulos1 conquistados reflexos inevitáveis de prestigio decorrente do trabalho que é explorado desde as categorias de bases até as categorias adultas, com ênfase no perfil do jogador de voleibol atual. (Medina, e Fernandes Filho, 2002)

 

    Não só no Brasil o voleibol vem ganhando destaque. Na década de 1960, “o voleibol foi considerado o esporte mais popular em 25 países (incluindo Japão, Checoslováquia, União Soviética e China) dentre mais de cem filiados à FIVB” (Bizzocchi, 2004, p. 8). Hoje, consolida-se como um dos esportes mais praticado mundialmente em diversos países e por diversas faixas etárias. Sabe-se que a juventude é a massa que mais pratica o voleibol e para mantê-las ativas e possivelmente garimpar os potenciais futuros atletas é preciso ter o máximo de cuidado, atentando-se para aspectos ligados à melhora do desempenho ao longo da carreira esportiva que podem ser afetados pelo crescimento, maturação hormonal e condições socioculturais (Malina, Bouchard, e Bar-Or, 2004). Quanto mais clara as regras durante o jogar voleibol, mais fácil fica de detectar futuros atletas, mas é um processo lento porque envolve inúmeros aspectos, tais como: identificar, selecionar e promover, devido à grande variedade de influências internas e externas envolvendo o psicológico, social, cognitivo, constitucional e ambiental.

 

    O voleibol tem suas nuanças e especificidade, para isso a prática deve ser bem regulamentada para que não haja dúvida em nenhum lugar onde se pratica, pois a padronização do mesmo faz com que a credibilidade e popularidade cresçam de forma mútua (Massa, 1999). Desta forma, para o bom funcionamento do jogo ou esporte é importante que se conheça, também, qual a relação das diferentes funções táticas no voleibol, ou posições de jogo (levantador, atacante central, atacante esquerda - ou de ponta, atacante universal ou oposto - que ataca do lado direito da rede - e líbero).

 

    Dando um salto para uma das atividades mais prazerosas aos idosos, percebe-se que o voleibol adaptado é uma grande possibilidade de inclusão segura, promovendo momentos recreativos e dinâmicos sem contatos físicos arriscados, com movimentos simples e que trabalham aspectos cognitivos, fisiológicos, motores e sociais dos jogadores.

 

    Ao retratarmos a importância dos sistemas midiáticos que influenciaram direta e indiretamente o voleibol, Bizzocchi (2004, p. 10) afirma que:

    A TV atualmente é um veículo de suma importância para atingir a massa populacional de diversos países, através dos patrocinadores do esporte, aparição de lucros vantajosos para ambos e a espetacularização do mesmo. Como por exemplo o Campeonato Mundial de 2002, na Argentina, teve mais de 330 mil pessoas nos ginásios, foi transmitido a cerca de 1 bilhão de telespectadores em 160 países.

    Com bases que norteiam as transformações nas regras de jogo, muito se deve a parceria feita entre o voleibol e a emissoras detentoras da transmissão do mesmo, a fim de fortalecer elos que aumentassem o índice de audiência e popularização do esporte em diversas esferas sociais ou até mesmo em países que não tinham o voleibol como um esporte, massificando o mesmo.

    Pode-se dizer que todas as transformações pelas quais o voleibol passou, em grande parte, são devidas às adequações do esporte à transmissão pela tevê, aproximando ambos e fortalecendo o processo de espetacularização e massificação do voleibol. Isso pode ser comprovado, por exemplo, com a organização de dois simpósios mundiais pela FIVB, em 1986, para discutir a duração dos jogos, que inviabilizavam o investimento televisivo. Alguns anos depois, adotou-se o sistema de pontuação tie-break (pontuação por ponto corrido) no set decisivo (5º set), atendendo à exigência da mídia esportiva – e após um certo tempo, sets de 25 pontos no sistema tie-break. (Mezzaroba, e Pires, 2011, p. 8)

    Essa jogada da mídia e das empresas no voleibol é vinculada à organização excepcional do mesmo, onde oferece aos seus patrocinadores retornos com menores ônus e ao mesmo tempo os clubes ou ligas garantiram seus subsídios para a manutenção de seus interesses.

 

    Esse círculo vicioso, ou virtuoso, vem melhorando as condições das equipes e do espetáculo, onde a partir daí o mercado empresarial ficou mais competitivo e rentabilizou várias empresas, obrigando todos esses fatores a um processo evolutivo de qualidade para atender aos objetivos de clubes e do próprio voleibol enquanto modalidade. (Diniz, e César, 2000)

 

    Percebe-se que a evolução do voleibol se dá em função da técnica, da estrutura física dos atletas, adaptações das regras e a influência midiática a essas mudanças. E isso faz com que o voleibol seja um dos esportes que viva em constante mutação. (Bizzocchi, 1994)

 

    Desta forma, é de objetivo deste estudo: investigar o processo evolutivo das regras visando a adaptação do jogo aos variados públicos e também buscando atender às necessidades midiáticas e de cunho prático-social.

 

Metodologia 

 

    Este estudo consiste em uma revisão de literatura. Foram utilizados cinco livros e consultadas as seguintes bases de dados: Google Acadêmico, Scopus e Scielo. As palavras-chave utilizadas foram “voleibol”, “evolução”, “regras” e “progressão midiática” e seus respectivos termos traduzidos em inglês e espanhol. Encontraram-se 24 arquivos, distribuídos em artigos, teses e revistas. Para sistematizar os achados, estes foram organizados em quatro importantes etapas.

 

    Antes de chegar aos tópicos principais, foi realizada uma checagem histórica do esporte, tanto na esfera evolucional quanto nas regras impostas durante o tempo de prática do jogo. Para melhor compreensão dos leitores, cada ponto foi evidenciado com quadros informativos que disponibilizavam os anos dos acontecimentos, o que aconteceu e o porquê das mudanças das regras.

 

    O primeiro tópico trata da difusão do jogo, que era a prática do Mintonette (chamado assim pelos primeiros praticantes); o segundo trata dos esforços organizacionais que emplacaram uma rotatividade de alterações nas regras; a terceira etapa relata diretamente a importância dos jogadores quando se fala de sistemas técnico-táticos (Ribeiro, 2004); e a última fase traz à tona a influência midiática no esporte, visto que sua consolidação vem se firmando no campo internacional.

 

Resultados e discussões 

 

    Todas as informações aqui presentes (Tabela 1) são embasadas em Anfilo (2003), Betti (1999), Bizzocchi (1994; 2004), Bojikian (1999), Bojikian, e Bohme (2008), Botelho, Mesquita, e Moreno (2005), Morales, e Taboada (2011), Collet et al. (2011), Azevedo, Mezzaroba, e Zoboli (2014), Estadão (2018), Fédération Internationale de Volleyball (2018), Medina, e Fernandes Filho (2002), Luciano (2006), Machado (2006), Marchi-Júnior (2001; 2005), Marques et al. (2014), Matias, e Greco (2009), Mezzaroba, e Pires (2011), Pereira, e Garcia (2019), Ribeiro (2004), Ribeiro (2012), Sepulchro, Gonçalves, e Fernandes Filho (2017), Souza (2007), Santos Neto (2004), e Ugrinowitsch (1997).

 

Tabela 1. Estudos incluídos

Ano

Título

Autores

Formato

2003

A prática pedagógica do treinador da seleção brasileira de voleibol: processo de evolução tática e técnica na categoria infanto juvenil.

Anfilo

Dissertação

1999

Esporte, televisão e espetáculo: o caso da TV a cabo.

Betti

Artigo

1994

Esporte vive em uma evolução permanente.

Bizzocchi

Matéria jornalística

2004

O voleibol de alto nível: da iniciação à competição.

Bizzocchi

Livro

1999

Ensinando Voleibol.

Bojikian

Livro

2008

Crescimento e composição corporal em jovens atletas de voleibol feminino.

Bojikian, e Bohme

Artigo

2005

A intervenção verbal do treinador de Voleibol na competição: Estudo comparativo entre equipas masculinas e femininas dos escalões de formação.

Botelho, Mesquita, e Moreno

Artigo

2011

Acciones para perfeccionar la selección de talentos del voleibol en los programas cubanos de deporte escolar.

Morales, e Taboada

Artigo

2011

Construção e validação do instrumento de avaliação do desempenho técnico-tático no voleibol.

Collet et al.

Artigo

2014

A influência da mídia na construção de ídolos esportivos para os jovens.

Azevedo, Mezzaroba, e Zoboli

Artigo

2018

FIVB comemora 70 anos e lança Liga das Nações com premiação igual para homens e mulheres.

Estadão

Matéria jornalística

2018

Official Volleyball Rules 2017-2020.

Fédération Internationale de Volleyball

Livro de regras

2002

Identificação dos perfis genético e somatotípico que caracterizam atletas de voleibol masculino adulto de alto rendimento no Brasil.

Medina, e Fernandes Filho

Artigo

2007

A importância da estratégia organizacional para a confederação brasileira de voleibol.

Souza

Artigo

2006

A importância do jogador líbero nas ações ofensivas no jogo de voleibol: estudo da prestação do jogador líbero em equipas participantes da Liga Mundial de Voleibol 2004/2005.

Luciano

Dissertação

2006

Voleibol: do aprender ao especializar.

Machado

Livro

2001

“Sacando” o voleibol: do amadorismo à espetacularização da modalidade no Brasil (1970-2000).

Marchi-Júnior

Tese

2005

O processo de ressignificação do voleibol a partir da inserção da televisão no campo esportivo.

Marchi-Júnior

Artigo

2014

Formação de jogadores profissionais de voleibol: relações entre atletas de elite e a especialização precoce.

Marques et al.

Artigo

2009

Análise de jogo nos jogos esportivos coletivos: a exemplo do voleibol.

Matias, e Greco

Artigo

2011

Breve panorama histórico do voleibol: do seu surgimento à espetacularização esportiva.

Mezzaroba, e Pires

Artigo

2019

Capítulo 1 – Evolução e Histórico do Voleibol.

Pereira, e Garcia

Capítulo

2004

Conhecendo o Voleibol.

Ribeiro

Livro

2012

Modelos de Governança e Organizações Esportivas: Uma Análise das Federações e Confederações Esportivas Brasileiras.

Ribeiro

Tese

2017

Fatores motivacionais que levam a prática do voleibol de quadra adaptado à terceira idade.

Sepulchro, Gonçalves, e Fernandes Filho

Artigo

2004

A evolução das regras visando o espetáculo no voleibol.

Santos Neto

Artigo

1997

Determinação de equaciones preditivas para a capacidade de salto vertical através de testes isocinéticos em jogadores de voleibol.

Ugrinowitsch

Dissertação

Fonte: Os autores

 

    Para abordar o desenvolvimento longilíneo da modalidade, toma-se como base a leitura de Jorge Ribeiro (2004), que secciona a história do esporte em três períodos: a primeira, compreendida entre os anos de 1895 a 1925, diz respeito ao processo de difusão da modalidade; a segunda, compreendida entre 1925 a 1947 refere-se aos esforços organizacionais promovidos para regulamentar o esporte e; a terceira, iniciada em 1947, que abrange aspectos relacionados à evolução de técnicas e táticas na modalidade.

 

    Sugere-se, ao final, uma quarta fase iniciada em 1995 até os dias de hoje, que diz respeito ao processo de midiatização do voleibol para inseri-lo nas grades de transmissão e divulgação pelos meios de comunicação.

 

Primeira Fase: Difusão (1895-1925) 

 

    Inicialmente criado em 1895, o novo jogo manteve-se restrito ao ginásio da Associação Cristã de Moços (ACM) de Holyoke, Estado de Massachusetts. Após sair desses limites, considerados frios demais para a prática outdoor, aqueles que praticavam a modalidade em recintos fechados em outros estados começaram a estendê-la aos locais abertos, o que proporcionou um enorme aumento de sua popularidade. Foram construídas quadras em praias, estações de veraneio, playgrounds e praças, o que atraiu principalmente o interesse dos jovens para a modalidade, aparecendo, assim, uma nova maneira de praticar o novo esporte. Além desses, escolas e universidades tomaram conhecimento da modalidade e construíram quadras para a sua prática.

 

Quadro 1. Difusão

Ano

Acontecimento(s)

Objetivo(s)

1895

- Surgimento do voleibol sob o nome de Mintonette;

- Rede de tênis a 1,98 metros do solo;

- Câmara de ar da bola de basquete;

- Quantidade de jogadores ilimitado, desde que as duas equipes possuíssem o mesmo número de integrantes;

- Número de toques ilimitado.

- Oferecer uma nova modalidade de jogo indoor devido ao rigoroso frio da região;

- Oferecer uma atividade que minimizasse os riscos de lesão pelo contato físico;

- Promover a interação/socialização dos praticantes envolvidos;

- Priorizar a atividade em equipe para se atingir o objetivo.

1896

- Apresentação do jogo na Conferência da Universidade de Springfield;

- Sugerido o nome volleyball;

- Os sets eram chamados de games e os pontos de innings, sendo o jogo constituído de 1 game de 9 innings;

- Vantagem: só marcava ponto a equipe que detinha o direito de saque.

- Divulgar a existência de um novo jogo, até então restrito ao seu local de criação;

- Estabelecer regras básicas para o andamento justo do jogo.

1900

- Aumento da altura da rede para 2,13 metros;

- Os games passam a ser de 21 innings;

- Criação de uma bola específica pela A.G. Spalding & Brothers para o jogo.

- Com relação à altura da rede e aos games, não há relatos convincentes sobre o porquê da mudança;

- Em relação à bola, buscava-se sua criação desde 1895, uma que não fosse nem muito leve nem muito pesada para garantir o dinamismo do jogo.

1912

- Aumento da altura da rede para 2,28 metros;

- Os games se tornam sets de 15 pontos;

- Mudança nas dimensões da quadra: 18x10,5 metros;

- Circunferência e peso da bola estabelecidos (64 cm e 200-225 g, respectivamente);

- Número de jogadores máximos por equipe se limita a 6.

- Com relação à altura da rede, aos sets e às dimensões da quadra, não há relatos convincentes sobre o porquê da mudança;

- Em relação à bola, buscava-se padronizar o elemento principal do jogo, uma vez que este já estava difundido em diversos países;

- Número de jogadores considerado suficiente para cobrir os espaços da quadra, evitando uma “poluição visual” promovida pelo amontoado de jogadores até então.

1915

- O jogo passa ser praticado por soldados norte-americanos nas horas de descanso durante a 1ª Guerra Mundial, apresentando algumas regras:

- Número de jogadores de 2 a 6;

- Introdução do tempo técnico;

- O time que perder o set atual, inicia o próximo sacando.

- A prática do jogo durante a primeira grande guerra foi importante para potencializar seu processo de difusão mundial;

- Sob a perspectivas de pequenas novas regras, pôde-se praticar o voleibol em diversos espaços e com mais ou menos jogadores, favorecendo a popularização da prática outdoor.

1916

- Criação do Livro de Regras do Voleibol;

- Para vencer a partida, era necessário ganhar 2 de 3 sets;

- Toque duplo pelo mesmo jogador é proibido;

- Bola pode tocar qualquer parte do corpo, desde que involuntariamente.

- A criação do Livro de Regras oficializou o voleibol como esporte;

- As regras passam a ser constantemente alteradas a partir de então com o intuito de tornar o jogo mais agradável e atrativo.

1917

- A altura da rede passou a ser de 2,43 metros para homens adultos.

- Estipular uma altura padrão ao público masculino considerada justa para a disputa dos pontos, que perdura até os dias de hoje.

1918

- O número de jogadores por time se convencionou 6 definitivamente.

- Limitar absolutamente o número de jogadores para uma partida.

1920

- A bola poderia ser jogada com qualquer parte do corpo acima da cintura;

- O tamanho da quadra passou a ser de 18 x 9 metros.

- Promover o dinamismo do jogo;

- Delimitar o tamanho da quadra oficialmente conforme o número de jogadores. Essas medidas permanecem até hoje.

1921

- É introduzida a linha central.

- Limitar a área de atuação: invadir a quadra adversária não é permitido.

Fonte: Os autores

 

    Por se tratar da difusão do voleibol as regras não estavam completamente rígidas devido ao compartilhamento do jogo, já que o mesmo não foi criado com um viés esportivo europeu, como fora, por exemplo, o futebol na Inglaterra. Com isso, as regras foram delimitadas de forma que atingisse apenas seu público elitista cristão.

 

    Por ter sido criado nos Estados Unidos, destinou-se às regras de jogo a demanda que almejavam ter para um bom andamento do mesmo. Através disso, os primeiros praticantes colocavam diversos critérios para os jogadores. Um deles e o mais determinante era pelo poder socioeconômico, que para a sociedade americana da época era um fator decisivo para se alcançar ou fazer parte de algo.

 

    Desta forma, percebe-se que a difusão do voleibol foi de certa forma excludente para praticá-lo, porém revolucionário ao quebrar estereótipos de como criar um jogo que não fosse visto pelo viés cultural, e sim por uma demanda emergente do local ou escolha por outro tipo de prática.

 

Segunda Fase: Esforços organizacionais (1925-1947) 

 

    Esta fase é fundamental pela criação de Federações que atuam na gerência e organização das competições nas estâncias nacionais e internacionais. Ainda, regulamentam as regras para realização dos jogos envolvendo a modalidade.

 

Quadro 2. Esforços organizacionais

Ano

Acontecimento(s)

Objetivo(s)

1926

- Um time reduzido a menos de seis jogadores seria derrotado automaticamente.

- Exigir um número mínimo padronizado para a realização da partida.

1932

- O tempo técnico foi limitado a 1 minuto.

- Evitar prolongamento excessivo dos tempos.

1935

- Tocar a rede era considerado falta;

- Proibido aos atacantes pisar fora da quadra enquanto a bola estivesse em jogo no lado de ataque (era comum para atacantes esperar por um passe para correr de longe e, então, dar um pulo com um pé).

- Tentativa de embelezar o voleibol: a rede se tornou manto intocável; não há necessidade dos jogadores transitarem para além da quadra de jogo quando a bola está neste espaço.

1937

- Contato múltiplo com a bola era permitido em defesa de uma cortada particularmente violenta.

- Favorecer o andamento do rally.

1938

- Introdução do bloqueio, até então proibido.

- Com o aumento da estatura dos jogadores, tornou-se necessária a implantação do bloqueio como recurso defensivo, oferecendo mais um obstáculo para a conquista do ponto.

1942

- A bola pode ser tocada com qualquer parte do corpo acima do joelho.

- Oferecer mais um recurso à defesa e favorecer, assim, o andamento do rally.

1947

- Fundação da Federação Internacional de Voleibol (FIVB);

- Definição da altura da rede feminina para 2,24 metros.

- Criar uma Federação para regulamentar o voleibol mundialmente;

- Estipular uma altura padrão ao público feminino, considerada justa para a disputa dos pontos, que perdura até os dias de hoje.

Fonte: Os autores

 

    Ao citarmos as federações responsáveis pelo andamento do voleibol, temos em vista que a criação de órgãos normativos elencou a real importância desse esporte onde quer que fosse praticado, uma vez que são essas instituições que zelarão pela integridade do mesmo, para que a difusão seja de forma idônea e única em qualquer lugar.

 

    Para o avanço de uma entidade respeitosa é de suma importância planejar o que vai ser feito, estudar as ameaças que vem de fora, ter uma visão ampla e intrínseca coerente dos fatos e, por fim, ter pessoas capacitadas para cada função, pois com isso o andamento fica suave e tranquilo e todos atingem seus objetivos em um plano estratégico.

 

    A base do planejamento estratégico é fundamental, indo de encontro às demandas da empresa, às metas de curto, médio e longo prazo, que se busca conhecer seu público a fim de se ter um feedback fidedigno e, por fim, implementar programas que ascendam o voleibol.

 

    A caracterização de uma prática esportiva vem do conjunto de normas a serem obedecidas por atletas e funcionários para a garantia de uma competição segura sem fraudes. As entidades esportivas acabam influenciando diretamente o desenvolvimento das regras, já que são elas que realizam eventos e arrendamento para seus clubes e quem mais estiver envolvido. A função delegada pelos responsáveis credencia a atuação de atletas em competições, divulgando assim a marca a fim de mobilizar aspectos sociais, como por exemplo, temos o grande marco atual, os Jogos Olímpicos, com toda sua estrutura hierárquica. Neste panorama,

    O Comitê Olímpico Brasileiro é o principal ator, seguido pelas Confederações, que abrangem todo o país, depois pelas Federações estaduais, clubes, associações e, por último, pelo atleta. As Confederações também são vinculadas às Federações internacionais, entidades organizadoras do esporte no mundo e que detêm o poder de legitimar as competições disputadas entre países, bem como estabelecer as regras gerais da modalidade. (Ribeiro, 2012, p. 22)

Terceira Fase: Evolução técnico-tática (1947-1995) 

 

    Esta fase é demarcada pelo constante aperfeiçoamento de técnicas e sistemas táticos de jogo. Com a realização de diversos campeonatos e competições, as regras são alteradas frequentemente e as seleções passam a desenvolver modelos táticos e específicos com o intuito de sobrepujar as demais. Temos nesta fase a criação das “Escolas de Voleibol” com treinamentos específicos tanto para as técnicas e fundamentos quanto para o comando técnico de preparadores e treinadores.

 

Quadro 3. Evolução técnico-tática

Ano

Acontecimento(s)

Objetivo(s)

1948

- As regras são reescritas:

- Foi esclarecido que todo jogador deve estar em seu respectivo lugar durante o serviço;

- Pontuação marcada por um sacador errado (falta de rotação) deve ser anulada;

- Contato simultâneo entre dois jogadores é considerado apenas um contato;

- Tempo de recuperação para jogador ferido é de 5 minutos.

- Facilitar a compreensão internacional e, em particular, para prover uma melhor definição quanto à ideia de bloqueio.

1952

- O espaço de jogo deve medir no mínimo 7 metros de altura em relação à superfície de jogo;

- A quadra é rodeada por um espaço livre que deve medir no mínimo 2 metros de largura em todos os lados;

- A zona de serviço deve ter três metros de largura atrás da parte direita da linha de fundo, é limitada por duas linhas cada uma medindo 15 cm de comprimento 20 cm atrás da linha de fundo e perpendicular a ela;

- Delimitação do quadro de arbitragem nas partidas (primeiro árbitro, segundo árbitro, apontador e juízes de linha);

- Delimitação do técnico e do capitão do time e de seus direitos e suas responsabilidades;

- Cada time tem o direito de requerer dois tempos técnicos regulares de 60 segundos em cada set.

- Utilizadas durante o primeiro Campeonato Mundial Feminino em Moscou, a adoção de novas regras visava reformular o voleibol e torná-lo um esporte mais sofisticado no que se refere ao ambiente onde é praticado e em quais condições é praticado;

- Ao adotar o quadro de arbitragem oficial, buscava-se ofertar uma equipe para controlar o andamento do jogo conforme as regras oficiais em um número considerado suficiente para tal fim;

- O técnico e o capitão tornam-se representantes de suas equipes, facilitando a comunicação com os árbitros e possíveis punições.

1954

- Criação da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).

- Criar uma Confederação para regulamentar o voleibol nacional.

1956

- Criação do Voleibol Sentado.

- Idealizado pelos combatentes sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, muitos deles com algum grau de lesão e/ou amputação, o novo jogo consistia basicamente no voleibol de quadra adaptado às limitações das pessoas com deficiência.

1964

- O voleibol se consolidou como esporte olímpico nos Jogos de Tóquio.

- Dada a sua alta popularidade e prática, o COI adotou a modalidade como olímpica ao inserir o esporte em uma das maiores competições mundiais.

1970

- Introdução de duas antenas fixadas a 25 cm da extremidade externa de cada lado da faixa e colocadas em lados opostos da rede, sendo consideradas parte da rede.

- Delimitar lateralmente o espaço de cruzamento da bola à quadra adversária.

1971

- Criação dos cursos de técnico da FIVB.

- Especializar de forma adequada os comandantes do voleibol.

1972

- Tocar a quadra adversária com um pé ou pés é permitido contanto que uma parte do pé/pés que esteja/estejam invadindo permaneça em contato com ou diretamente acima da linha central.

- Flexibilizar a rigidez na marcação de invasão sobre a rede.

1974

- As antenas são retiradas.

- Julgou-se até então desnecessária a presença deste equipamento.

1984

- Torna-se proibido bloquear ou atacar o saque adversário, quando esta ação é realizada na zona de ataque;

- Contatos múltiplos são permitidos desde que ocorram na mesma ação;

- As competições oficiais passam a ser jogadas somente em ginásios fechados.

- Adotar regras que garantam a disputa justa do ponto;

- Os ginásios fechados tornaram-se requisito obrigatório após a partida entre Brasil x URSS um ano antes, disputada a céu aberto, ocasião em que choveu e interferiu diretamente no andamento do jogo, além de comprometer a integridade física dos jogadores.

1988

- O Congresso Mundial aprovou que o 5º set decisivo seria disputado no sistema de pontos corridos, onde cada saque corresponde a um ponto (fim do sistema de vantagem apenas para o 5º set). O placar do set decisivo foi limitado a 17 pontos.

- Testar um novo modelo de pontuação para evitar o prolongamento excessivo das partidas de voleibol.

1992

- A regra do 5º set (tie-break) foi modificada: nos empates em 16x16, o jogo continua até que uma das equipes consiga uma vantagem de dois pontos.

- Introduzir ao tie-break o mesmo sistema de término adotado nos outros sets (decisão tomada após protestos dos italianos derrotados pela Holanda no 5º set pelo placar de 16x17 na semifinal dos Jogos Olímpicos de Los Angeles deste ano).

1993

- Introduzido o prolongamento das linhas de ataque.

- Evitar que jogadores da zona de trás efetuassem um ataque acima do bordo superior da rede na zona de frente, mesmo que estejam na zona livre – essa ação já estava se tornando comum por parte dos jogadores, especialmente os brasileiros.

1994

- Testado o prolongamento da zona de saque de 3 para 9 metros;

- Eliminada a falta de “dois toques” na recepção da bola vinda da quadra oponente;

- Permitiu-se tocar na rede acidentalmente quando o jogador em questão não participa da jogada;

- Permitido tocar a bola voluntariamente com qualquer parte do corpo, inclusive pernas e pés.

- Facilitar o saque do sacador de qualquer posição da quadra;

- Importante para espetacularizar o voleibol: o rally fica mais emocionante à medida que o tempo de bola no ar vai aumentando.

Fonte: Os autores

 

    A ascensão proveniente da técnica se dá por causa das instituições organizacionais que alteraram as regras, logo os atletas tiveram que se adequar ao estilo de jogo de forma que pudessem de alguma forma ser melhores para conseguir o êxito dentro dos parâmetros do jogo. A tática foi um artifício importantíssimo para a evolução do voleibol, visto que não adiantava ter apenas a técnica de driblar as modificações corriqueiras das regras, também havia um empecilho muito grande que se chamava “adversário”, por isso as táticas surpreendiam a ambos.

A evolução técnico-tática advém de situações gerais do esporte, que auxiliam na compreensão dos aspectos norteadores do jogo como a fisiologia, psicologia e fatores que evidenciem algo que ajude ou prejudique seu desempenho esportivo.

 

    Ao longo dos anos, as avaliações no âmbito do voleibol são realizadas com mais eficiência pelos atletas em jogos e treinos, analisando a capacidade individual e coletiva dos mesmos. A especificidade do esporte nos norteia a pensar sobre a compreensão tática (tomadas de decisão, ações de apoio-ajustamento) e com os componentes individuais (execução da habilidade). Através dessa análise é possível identificar os pontos fortes e fracos dos atletas e potencializar suas ações técnico-táticas.

 

    As escolas de voleibol mundial cresceram de forma abrupta, tanto em âmbito escolar quanto em clubes especializados, tendo em visto um crescimento espetacular de novos atletas para o esporte através do conhecimento obtido durante os anos. Por isto, estes clubes investem de forma maciça em crianças, pensando no futuro do esporte e do sujeito, até porque o voleibol vem se mostrando no cenário internacional como um dos esportes coletivos mais praticados e espetaculares ao público. (Ribeiro, 2004)

 

Quarta Fase: Midiatização do Voleibol (1995-atual) 

 

    Sugere-se aqui a existência de uma nova fase na história do voleibol, que é a inserção/atuação da mídia para a dinamização do esporte de modo que se torne atrativo e possa integrar a linha de programações das emissoras nacionais e internacionais. Tem-se como principal marco deste estágio a constante alteração de regras na pontuação, no formato de jogo, recursos adicionais para auxiliar na tomada de decisão dos árbitros e elementos de entretenimento dos expectadores.

 

Quadro 4. Midiatização do Voleibol

Ano

Acontecimento(s)

Objetivo(s)

1995

- Criação da Superliga, vindo a substituir a Liga Nacional;

- Permitida a invasão da linha central com as mãos;

- Ampliada definitivamente a zona de saque;

- Cartões de indisciplina passam a ser cumulativos e em escala de progressão;

- A bola que passa por cima ou por fora das antenas (fora do espaço de cruzamento) em direção à área livre da equipe adversária pode ser recuperada;

- No saque, foi permitido que a bola tocasse a rede.

- Substituir o até então principal campeonato nacional de voleibol no país pelo que viria a se tornar uma das mais renomadas competições do voleibol mundial atual – a Superliga Brasileira.

- Mudanças nas regras seguindo os objetivos anteriores, principalmente no que diz respeito à espetacularização do esporte através da inserção do mesmo nos canais midiáticos, que se intensificaram neste ano.

1998

- Começa a ser testada a adoção do Rally-Point System em todos os sets, com 25 pontos nos quatro primeiros e 15 pontos no tie-break. Esses testes durariam dois anos;

- Introdução oficial do jogador líbero nos campeonatos da FIVB. Sua inclusão nas regras, porém, ocorreu somente em 1999.

- Diminuir o tempo de uma partida de voleibol: o jogo demorava demais para acabar por conta da vantagem, desinteressando ao público e principalmente à mídia;

- O líbero oficializou-se com o propósito de permitir disputas mais longas de pontos e tornar o jogo mais atraente para o público.

2000

- Adoção oficial do Rally-Point System;

- Contato com a rede não é falta, exceto quando um jogador a toca durante sua ação e interfere na jogada;

- O sacador tem 8 segundos depois do apito do árbitro para colocar a bola em jogo;

- Para competições mundiais e oficiais da FIVB, dois tempos técnicos adicionais de 60 segundos são aplicados, automaticamente, quando o time que estiver na liderança chegar ao oitavo e décimo sexto pontos.

- Após os resultados otimistas sobre o novo sistema de pontuação, este se mostrou eficaz, diminuindo a duração dos jogos sem tirar-lhes a emoção de disputa do ponto a ponto;

- As alterações nas regras passam a ocorrer à medida que a FIVB tenta conciliar seus interesses com os do público e da mídia, sem interferir drasticamente no andamento do jogo.

2004

- Introduzida a linha de restrição do técnico.

- Delimitar um espaço para a área técnica e assim estipular um local específico para os demais componentes da equipe.

2008

- Permitido invadir a quadra adversária por sobre a rede desde que uma parte do(s) pé(s) do jogador esteja sob a linha central.

- Flexibilizar a regra de invasão por sobre a rede, uma vez que o jogo está cada vez mais ágil e ofensivo.

2009

- A inscrição de dois líberos por equipe passa a ser permitida (até então esse número se limitava a um). Entretanto, apenas um deles pode estar na quadra durante um rally.

- Com a adoção desta medida, as equipes puderam inscrever um líbero especialista em defesa e outro em recepção, revezando-os em quadra conforme as necessidades táticas das equipes.

2011

- Toque na rede será considerado falta apenas se ocorrer no bordo superior da mesma.

- Em decorrência da evolução técnico-tática do voleibol e do dinamismo do jogo, tocar a rede por baixo se tornou comum, o que interrompia os rallies e retirava um pouco da emoção do jogo. Com a medida, a FIVB pretendia ser mais maleável quanto a esta imposição e garantir uma aplicação justa da regra: o toque inferior não interfere na jogada, logo, não deve ser marcado.

2012

- Introdução do Desafio (Challenge) no Campeonato Mundial de Clubes.

- O primeiro-árbitro ou o capitão da equipe podem solicitar a revisão do ponto através de recursos de vídeo, semelhante ao que já existe no tênis.

2013

- Em Congresso da FIVB um ano antes, sugeriu-se que a recepção de toque com ambas as mãos fosse considerada falta, porém tal iniciativa não foi aceita uma vez que atrapalharia a qualidade de jogo;

- O cartão amarelo se tornou apenas uma advertência, não conferindo mais o ponto ao adversário;

- Introdução do Desafio na Superliga 2012/2013;

- Adoção de sets com 21 pontos na Superliga 2013/2014, em caráter de teste.

- Alteração na regra para mudar o sistema de advertência e punição no voleibol para um novo esquema considerado mais justo;

- Introdução do Desafio para retificar ou ratificar a decisão do árbitro;

- Os sets mais curtos surgiram com o objetivo de tentar encurtar ainda mais a duração dos jogos, uma vez que estes continuavam se prolongando e atrapalhando a programação das redes midiáticas.

2014

- Em nova Conferência da FIVB, ficou decidido que em 2015 qualquer toque na rede contará como falta;

- Retorno dos sets de 25 pontos na Superliga 2014/2015.

- O constante toque no bordo inferior da rede dificultou a marcação da infração, além de conferir um aspecto considerado “feio” ao andamento de jogo, optando-se, assim, pelo retorno da rede como manto intocável;

- Os testes com o encurtamento dos sets se mostraram ineficientes, além de desigualar as pontuações das principais competições de voleibol, culminando no retorno da pontuação padrão.

2015

- Adoção do Desafio na Liga Mundial e Grand Prix.

- Esse recurso mostrou-se como potencial ajudante na decisão de pontos duvidosos, o que ampliou sua atuação para demais competições.

2016

- Adoção do Desafio nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

- Retirada dos tempos técnicos no 8º e 16º pontos nos Jogos Rio 2016 e Superliga 2016/2017.

- Em processo de consolidação, o recurso mais uma vez foi implantado em uma competição intercontinental. Vale ressaltar que sua aplicabilidade na competição foi um sucesso.

- A medida contribuiu para dinamizar a partida. De fato, o tempo ocioso de jogo diminuiu com a adoção da nova regra, em caráter de teste.

2018

- A FIVB firma parceria com a Endeavor.

- Criação da Liga das Nações pela FIVB, substituindo a Liga Mundial de Voleibol (1990-2017, masculino) e Grand Prix de Voleibol (1993-2017, feminino).

- Maior incentivo às transmissões na Internet e usando cada vez mais as redes sociais para aumentar a visibilidade do esporte. A meta é tornar o voleibol o segundo esporte mais popular do planeta.

- A premiação financeira, outrora desigual e maior na Liga Mundial do que no Grand Prix, torna-se rigorosamente a mesma em ambos os naipes.

Fonte: Os autores

 

    Esse tópico retrata a importância do voleibol mundial e suas grandezas perante a mídia. Essa significância agrega mais adeptos ao esporte por meio desta tecnologia que tanto nos prestigia com novidades. Com o voleibol não foi diferente, e o esporte veio crescendo tanto em quantidade quanto em qualidade, onde o seu valor é significativo para os jogadores que o praticam e público que o consome.

 

    Como se percebe, as competições citadas no quadro acima foram a revolução do voleibol internacional, por isso expandiu-se ao ponto de cada ano ocorrerem uma série de alterações, sendo a mídia muito influenciadora das novas decisões dos órgãos responsáveis pelas competições.

 

    Sabe-se que a mídia é um meio de entretenimento mundial, capaz até de influenciar grupos nas esferas sociais mais básicas. A Internet, por exemplo, tem o poder de gerar um lucro significativo para seus responsáveis e com esse poder em mãos vinculado ao voleibol é um fator de extrema importância para o funcionamento de competições que atinjam a todos os públicos. (Azevedo, Mezzaroba, e Zoboli, 2014)

 

    A capacidade de convencimento da mídia é tão grande que a espetacularização é vinculada ao esporte como parte da essência do mesmo, com isso o termo “ao vivo” chama a atenção dos expectadores ao ponto de não poder estar presencialmente no evento, mas podendo estar presente assinando pacotes que têm o direito de transmissão da partida, proporcionando assim vínculo lucrativo para os responsáveis: existem termos que a rotulam como “esporte da mídia” ou “esporte na mídia”. (Betti, 2001)

 

    Sabe-se que os meios tecnológicos são uma realidade vivida a partir do século XX com uma voracidade surreal (Dambrosi, e Oliveira, 2016), para isso a função educativa da tecnologia tem ajudado grandemente na evolução do esporte desde sua prática com escolas de voleibol. Quanto a torneios mundiais, se ajuntarmos os benefícios de conhecimento e princípios científicos na construção e utilização de equipamentos, o voleibol torna-se cada vez mais reconhecido e valorizado perante as atuais sociedades.

 

Conclusões 

 

    O posicionamento da modalidade atual proveniente dos entraves dialógicos que vão de encontro a difusão, organização, evolução tática e a mídia, afirma que tudo que aconteceu mediante a essas divisões gerou ao voleibol atual todas as suas nuanças para o bom funcionamento do mesmo como parâmetro mundial.

 

    Para finalizar, tem-se o processo de inclusão do capital que embasa o andamento do esporte e proporciona maior visibilidade de sua entidade ou clube, tendo em vista que é um agente decisivo para a propagação de sua evolução tanto em meio interno como externo, atingindo conceitos de competitividade, emotividade, dinâmica e duração das partidas.

    Em essência, essas modificações visaram a fazer do esporte um produto para telespectadores passíveis de gerir um exponencial potencial de consumo. Dessa forma, o voleibol adaptou-se decididamente à lógica mercantil empresarial dos meios de comunicação, em contrapartida, tornou-se um produto respeitado, lucrativo – do ponto de vista econômico e social – e de comercialização sustentada. (Marchi-Júnior, 2005, p. 158)

    Por fim, o que se pretendeu realizar com esse trabalho foi destacar, através de tudo que se tem em arquivos fidedignos, qualquer resquício que notificasse a relação histórica do voleibol com seu processo evolutivo, intimamente interligado às requisições sociais, políticas, técnicas, táticas e diretivas. Nessa linha de pensamento, pode-se afirmar que as quatro fases citadas se deflagram de suma importância na trajetória do esporte e que sua evolução não foi por um simples acaso, mas sim reflexo de representações de uma sociedade consolidada no prazer de ter algo novo que lhe fizesse bem, de formar fácil e prática, visando também aspectos socio-comerciais e culturais.

 

Nota 

  1. Mundialito, realizado no Rio de Janeiro em 1982, onde o mesmo se sagrou campeão. Esse marco foi o pontapé inicial para o avanço do mesmo no país já que era considerado apenas um dos esportes dos brasileiros. A partir desta época, o Brasil passou a fazer parte da elite internacional, do voleibol masculino, conquistando vários títulos, como: medalha de prata, no Mundial da Argentina (1982); medalha de prata, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984); medalha de ouro, nos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992); campeão da Liga Mundial (1993); quinto lugar, nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996); sexto lugar, nos Jogos Olímpicos de Sydney (2000), bicampeão da Liga Mundial (2001), e, além dessas conquistas, o Brasil ainda possuí títulos mundiais em todas as categorias de base.

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