ISSN 1514-3465
Aspectos determinantes para a prática de atividade física de escolares
Determining Aspects for the Practice of Physical Activity by Schoolchildren
Aspectos determinantes para la práctica de actividad física en escolares
Silvia Bandeira Silva-Lima*
silviabslima@uenp.edu.br
Walcir Ferreira Lima**
walcirflima@uenp.edu.br
Pedro Henrique Garcia Dias***
ph.garciadias@gmail.com
Aryanne Hydeko Fukuoka Bueno****
aryanneuenp@gmail.com
Mariane Lamin Francisquinho+
marianelamin@hotmail.com
Mariane Aparecida Coco++
mariuenpedf@gmail.com
Thainá Silva Martins+++
thay.martins0409@gmail.com
Guilherme Ryuu Cruz Yashimura+++
guiryuu00@gmail.com
Flávia Évelin Bandeira-Lima++++
flavia.lima@uenp.edu.br
*Doutora em Atividade Física e Saúde
pela Universidad de Extremadura, Cáceres, Espanha
Mestre em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado UEM/UEL
Especialista em Prescrição Personalizada de Exercício Físico
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Formada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Professora Colaboradora da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
**Doutor em Atividade Física e Saúde
pela Universidad de Extremadura, Cáceres, Espanha
Mestre em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado UEM/UEL
Especialista em Prescrição Personalizada de Exercício Físico
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Formado em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Professor Colaborador da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Professor Colaborador da Universidade Estadual de Maringá (UEM)
***Formado em Educação Física
pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Pós graduado em Psicomotricidade Pela Faculdade São Luís
****Formada em Educação Física
pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Mestrando em Ciências do Movimento Humano
pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
+Formada em Educação Física
pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Pós graduada em Psicomotricidade pelo Grupo Rhelma Educação
Pós graduada em Educação Física Escolar pela Faculdade de Educação São Luís
Mestrando em Ciências do Movimento Humano
pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
++Formada em Educação Física
pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
+++Acadêmica/o de Educação Física
na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
++++Doutora em Ciência do Movimento Humano
pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP)
Mestre em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado UEM/UEL
Especialista em Docência no Ensino Superior
pelo Centro Universitário de Maringá – CESUMAR
Formada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Professora Adjunta da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
(Brasil)
Recepção: 31/07/2020 - Aceitação: 18/06/2021
1ª Revisão: 06/03/2021 - 2ª Revisão: 11/03/2021
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Citação sugerida
: Silva-Lima, SB, Ferreira-Lima, W., Dias, PHG, Bueno, AHF, Francisquinho, ML, Coco, MA, Martins, TS, Yoshimura, GRC, e Bandeira-Lima, FE (2021). Aspectos determinantes para a prática de atividade física em escolares. Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(279), 37-48. https://doi.org/10.46642/efd.v26i279.2495
Resumo
Procurando entender o declínio da atividade física objetivou-se identificar as barreiras e facilitadores para a prática de atividade física em estudantes de 11 a 16 anos da Região Sudeste do Estado de São Paulo e do Norte Pioneiro do Paraná. A amostra foi composta por 121 estudantes de escolas públicas e privadas. Para investigar as barreiras e os facilitadores foi utilizado um questionário de estilo de vida adaptado para brasileiros, de forma online, pela plataforma do Google Docs, composto por 25 perguntas fechadas. Os dados foram tabulados e analisados por meio do Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 26.0 e foi aplicado o Teste Qui-quadrado de Pearson. Os principais resultados foram: o principal facilitador para a prática de atividade física foi o incentivo da família. A falta de orientação profissional, apesar de não trazer um resultado estatisticamente significativo, apresentou valores expressivos (G - 11 a 14: 45,9%; G - 15 a 16: 40%). Já a falta de companhia, para o grupo G - 15 a 16 anos, se mostrou uma barreira, trazendo valor estatístico significativo (p=0,028).
Unitermos:
Adolescentes. Atividade física. Barreiras e facilitadores.
Abstract
In order to understand the physical activity decline, it’s necessary to identify the barriers and facilitators that 11 to 16 years old students from the Southeast region of São Paulo and the North region of Paraná go through to practice physical activity. 121 students were part of this research. To investigate the barriers and facilitators there was a questionnaire about Brazilians lifestyle through the platform Google Docs, composed by 25 questions. The data were tabulated and analyzed by the Statistical Package for the Social Science (SPSS), 26.0 version and the Pearson’s chi-square test were applied. The main results were the practice of physical activity’s major facilitator was the family support. The lack of professional guidance, despite not bringing a statistically significant result, given expressive values (G - 11 to 14: 45.9%; G - 15 to 16: 40%). On the other hand, the lack of company, for the group G - 15 to 16 years, is a barrier, bringing significant statistical value (p=0.028).
Keywords:
Adolescents. Physical activity. Barriers and facilitators.
Resumen
Buscando comprender el declive de la actividad física, el objetivo fue identificar obstáculos y facilitadores para la práctica de la actividad física en estudiantes de 11 a 16 años de la Región Sudeste del Estado de Sao Paulo y del Norte Pioneiro do Paraná. La muestra estuvo conformada por 121 estudiantes de escuelas públicas y privadas. Para investigar obstáculos y facilitadores, se utilizó un cuestionario de estilo de vida adaptado para brasileños, en línea, a través de la plataforma Google Docs, que consta de 25 preguntas cerradas. Los datos se tabularon y analizaron mediante el Statistical Package for the Social Science (SPSS) versión 26.0 y se aplicó la prueba de chi-cuadrado de Pearson. Los principales resultados fueron: el principal facilitador para la práctica de actividad física fue el estímulo familiar. La falta de orientación profesional, a pesar de no traer un resultado estadísticamente significativo, presentó valores expresivos (G - 11 a 14: 45,9%; G - 15 a 16: 40%). Por otro lado, la falta de acompañamiento, para el grupo G - 15 a 16 años, resultó ser un obstáculos, aportando valor estadístico significativo (p=0,028).
Palabras clave
: Adolescentes. Actividad física. Obstáculos y facilitadores.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 279, Ago. (2021)
Introdução
A saúde e o bem estar possuem diversos benefícios decorrentes da prática regular de atividade física. Alguns estudos apontam que a atividade física possui um papel primordial na prevenção de diversas doenças crônico-degenerativas e uma aderência pautada no comportamento ativo na vida adulta (Barbosa Filho, Campos, e Lopes, 2014; Bélanger et al., 2015). Entre diversos fatores de mortalidade global, encontra-se a inatividade física, sendo o quarto maior fator de risco dessas mortes, atrás apenas de pressão alta (13%), consumo de tabaco (9%), e iguala-se ao nível de elevação da glicose no sangue (6%). (OMS, 2014)
Diante desse cenário, torna-se importante o estudo das barreiras e facilitadores que interferem na prática de atividade física em adolescentes. Na literatura encontram-se evidências que indicam um aumento na quantidade de jovens com baixo nível de atividade física, existindo uma relação entre as faixas etárias, e com o contexto que cada indivíduo está inserido, como também os vários fatores que podem influenciar. (Bauman et al., 2012; Camargo, Fermino, e Rodriguez, 2014; Pandolfo et al., 2016; Vieira, e Silva, 2019)
Nesse viés, um dos fatores se refere aos locais de aplicação desses estudos que, em sua maioria, são desenvolvidos em cidades de grande porte (Santos et al., 2010; Ferrari Junior et al., 2016; Camargo et al., 2017; Silva et al., 2018). Em seu estudo Silva et al. (2018), demonstram que os adolescentes de cidades de grande porte, tem maior probabilidade de apresentarem níveis insuficientes de atividade física. Entretanto, é de suma importância verificar como se dá essa relação em cidades de pequeno porte, localizadas longe de grandes centros, pois referente a essa temática não foram encontrados estudos na literatura que contemplem essa temática, nessa faixa etária.
Portanto, problematiza-se: O que pensam os estudantes em relação as condições favoráveis e empecilhos para a adesão ou não da prática de atividade física? Por conseguinte, o presente estudo teve por objetivo identificar as barreiras e facilitadores para a prática de atividade física em estudantes de 11 a 16 anos da Região Sudeste do Estado de São Paulo e do Norte Pioneiro do Paraná.
Métodos
Caracterização do estudo
Trata-se de um estudo descritivo transversal, realizado em escolas públicas e particulares da região sudoeste do Estado de São Paulo e Norte Pioneiro do Paraná.
População e amostra
A população foi de estudantes entre 11 e 16 anos de idade. A amostra foi composta por 121escolares (81% escolas pública e 19% escolas privadas). Os critérios de inclusão foram: estar regularmente matriculado e possuir a faixa etária estipulada pelo estudo. Utilizou-se como forma de selecionar a amostra o método não-probabilístico, por voluntariado.
A amostra foi dividida em dois grupos: G - 11 a 14 anos e G - 15 a 16 anos, pois espera-se traçar um perfil dos aspectos determinantes para a prática de atividade física em escolares, segundo o aumento da idade cronológica.
Instrumentos/equipamentos
Foi utilizado um questionário de estilo de vida, validado para o ambiente brasileiro. (Moraes, 2009)
O questionário intitulado “Barreiras e facilitadores para a prática de Atividade Física em estudantes de 11 a 16 anos – GEDMES”, foi adaptado e aplicado aos estudantes por meio dos coordenadores/diretores das escolas públicas e privadas de modo online, pela plataforma do Google Docs, sendo enviado as escolas entre os períodos de 30 de abril a 30 de maio de 2020.
Procedimentos
Esse questionário foi aplicado de forma online, pela plataforma Google Docs, contendo 25 questões fechadas sobre as barreiras e facilitadores para a prática de atividade física, como perguntas pessoais (endereço de e-mail, data do preenchimento do questionário, nome completo, data de nascimento, idade, sexo, peso, estatura, perímetro da cintura e pressão arterial); dados da escola (nome, cidade, se é pública ou privada e tempo que fica na escola); e informações da prática de atividade física (gostar ou não de praticar atividade física, motivos que levam ou não a prática, se possui incentivo da família, entre outros fatores).
Análise estatística
Os dados foram tabulados e analisados por meio do Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 26.0. Foi aplicado o Teste Qui-quadrado de Pearson, o qual calcula, além do valor da variável qui-quadrado, o p-valor dessa amostra, considerando valores significativos de p£0,05.
Aspectos éticos da pesquisa
Todos os participantes foram informados dos propósitos, objetivos, riscos e benefícios dessa pesquisa por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assinados pelos pais ou responsáveis, que poderiam, sem constrangimento, deixar de participar quando desejassem, sem ocasionar em quaisquer problemas.
Resultados
O estudo foi realizado de forma transversal, participaram 121 estudantes, divididos em dois grupos (G - 11 a 14 e G - 15 a 16). O questionário de vida aplicado deforma online pela plataforma Google Docs, continha 25 perguntas. Na Tabela 1 é possível observar que a grande maioria dos estudantes relataram receber apoio familiar para a prática de atividade física (AF), em ambas as faixas etárias (G - 11 a 14: 85,2%; G - 15 a 16: 81,7%).
Embora a maioria dos estudantes, nas duas faixas etárias, relatou não sentir falta de orientações de profissionais de Educação Física fora das aulas de sua escola, uma proporção significativa afirmou sentir falta destes profissionais (G - 11 a 14: 45,9%; G - 15 a 16: 40%).
Quando se referiram a importância em ter companhia para realização de atividade física, foi possível observar que no G - 11 a 14 anos, mais de 70% relataram não ser uma barreira a falta de companhia. Entretanto, entre aqueles do G - 15 a 16 anos, uma proporção estatisticamente significativa (41,7%), mostrou sentir falta de companhia para se manterem fisicamente ativos (p=0,028).Quando questionados se a falta de espaços públicos seria uma barreira para a prática de atividade física, verificou-se que os grupos não consideraram uma barreira como demonstrado respectivamente 80,3% (G - 11 a 14 anos), e 78, 3% (G - 15 A 16 anos).
Nota-se que a grande maioria dos estudantes relataram que não sentem nenhum tipo de constrangimento ao fazer atividade física, sendo 78,7% no G - 11 a 14 anos, e 73,3% no G - 15 a 16 anos.
Tabela 1. Frequência absoluta e relativa das respostas dos grupos G - 11 a 14 anos e
G - 15 a 16 anos, a respeito das barreiras e facilitadores para a prática de atividade física
Faixa Etária |
||||||||
G
- 11 a 14 anos (n=61) G
- 15 a 16 anos (n=60) |
||||||||
|
n |
|
f |
% |
f |
% |
Teste t |
p-valor |
Sua família te incentiva a prática de atividade física? |
121 |
Sim |
52 |
85,2 |
49 |
81,7 |
0,281 |
0,596 |
Não |
9 |
14,8 |
11 |
18,3 |
||||
Você sente falta de orientações de profissionais de Educação Física
nas atividades fora da escola? |
121 |
Sim |
28 |
45,9 |
24 |
40,0 |
0,430 |
0,512 |
Não |
33 |
54,1 |
36 |
60,0 |
||||
A falta de companhia é um fator que dificulta que você faça atividade física? |
121 |
Sim |
14 |
23,0 |
25 |
41,7 |
4,851 |
0,028 |
Não |
47 |
77,0 |
35 |
58,3 |
||||
A falta de espaço público é um fator que dificulta que você faça
atividade física? |
121 |
Sim |
12 |
19,7 |
13 |
20,7 |
0,073 |
0,786 |
Não |
49 |
80,3 |
47 |
78,3 |
||||
Você sente algum tipo de constrangimento ao fazer atividade física? |
121 |
Sim |
13 |
21,3 |
16 |
26,7 |
0,476 |
0,490 |
Não |
48 |
78,7 |
44 |
73,3 |
Legendas: G: grupo; n: número de sujeitos da amostra; f: frequência absoluta; %: porcentual relativo.
Discussão
O presente estudo teve como objetivo identificar as barreiras e facilitadores para a prática de atividade física em estudantes. Os principais resultados mostraram que houve barreira significativa para o grupo G - 15 a 16 anos na falta de companhia quando comparados com o grupo G - 11 a 14. O incentivo da família demonstrou ser um grande facilitador. O incentivo familiar foi considerado um facilitador na prática de atividade física, em ambas as faixas etárias (83,5%), assim como no estudo de Camargo et al. (2017), apresentando o segundo maior facilitador de atividade física (10,2%),o incentivo dos pais, com uma faixa etária semelhante a este estudo (14 a 17 anos). Em um achado de Nascimento et al. (2019), mostra que mesmo os pais não possuindo a prática de atividade física,incentivam os filhos a adquirirem um estilo de vida ativo. Diante dos estudos encontrados, pode-se notar a importância dos pais no incentivo da prática de atividade física, apoiando os filhos a possuir um estilo de vida ativo, o que pode resultar em diversos benefícios para a saúde e a qualidade de vida.
No presente estudo, ambas as faixas etárias são incentivadas pela família, já o de Cheng et al. (2020), os pais apresentam maior incentivo de atividade física para os estudantes mais novos. Pode-se encontrar uma diferença no incentivo dos pais em relação a idade, pois quanto mais velhos vão ficando, maiores são as chances de possuir cobranças para arrumar um emprego, ao invés de praticar algum tipo de atividade física.
Já em outros estudos, como os de Ferrari Junior et al. (2016) e Pandolfo et al. (2016), 26,6% e 18,4% respectivamente, os estudantes relatam que os pais não praticam atividade física, logo, não os incentivam a praticar. Nota-se que devido ao estilo de vida sedentário dos pais, acabam influenciando os filhos a não adotarem um estilo de vida ativo e saudável. Em relação a uma revisão sistemática de Martins et al. (2015) encontrada, apresentou que a falta de apoio da família também estava entre as principais barreiras para a prática de atividade física em adolescentes.
No que se refere a falta de orientações de profissionais de Educação Física nas atividades fora da escola, 45,9% (G - 11 a 13 anos) e 40% (G - 14 a 16), relataram que a ausência desse profissional é uma barreira para a realização de atividade física fora da escola. Colaborando, Camargo et al. (2017), ao identificarem facilitadores para a prática de atividade física em adolescentes, de escolas públicas e privadas, também encontraram essa dificuldade em parte de sua amostra, 8,4% (meninas e meninos), declararam que é necessário alguém que ensine como realizar uma atividade física corretamente. Santos et al. (2010), ao analisar a prevalência de barreiras e sua associação com a prática de atividades físicas, identificou em seus achados que 8,45% (meninos) e 13,7% (meninas), disseram que não conseguem realizar exercícios físicos sozinhos. Diante disso, acredita-se que o resultado significativo dessa barreira pode estar atrelado ao pouco incentivo por parte dos governantes, em oferecer atividades ao ar livre para esse grupo.
A falta de companhia para a prática de AF ocorreu uma variação,de acordo com as faixas etárias, 70% (G - 11 a 13 anos) alegaram não ser uma barreira significativamente importante, entretanto, 41,7% (G - 15 a 16 anos) declararam a falta de companhia como fator importante para a prática de AF. Corroborando com a pesquisa, o estudo realizado por Camargo et al. (2017), em escolas públicas e privadas de São José dos Pinhais, apresentou que 12,2% dos praticantes de AF estavam acompanhados de amigos, sendo 10,8% de escolas públicas, e 14,9% de escolas privadas. No estudo de Moura et al. (2018) que foi realizado em Petrolina, 78,6% dos participantes alegaram a necessidade de companhia, assim como na pesquisa de Krug et al. (2015). Entretanto, no estudo de Silva et al. (2020), mostra que a companhia não é uma barreira, pois demonstrou que a barreira significativamente importante é a condição atual da saúde para a prática de AF, os participantes alegaram que um estado de saúde melhor seria um grande facilitador da prática para ambos os sexos de todas as faixas etárias.
A falta de espaço público (adequado) não foi considerada uma barreira,em nenhuma das faixas etárias pesquisadas 80,3% (G - 11 a 14 anos) e 78,3% (G - 15 a 16 anos). Silva et al. (2020), encontraram resultados que corroboram com esta pesquisa, quando mostram que 64,7% dos meninos e 59,1% das meninas relataram a existência de lugares públicos próximos as suas casas para a prática de AF. No entanto, em outros estudos, umas das principais causas para os adolescentes não praticarem AF é justamente o acesso aos lugares adequados para a realização das práticas desportivas (Vieira et al., 2019; Rech et al., 2018; Müller, e Silva, 2013). Nesse viés, nota-se que no Brasil os resultados presentes, em sua maioria, divergem desse trabalho (Ferrari Junior et al., 2016; Pandolfo et al., 2016). Acredita-se que o resultado dessa pesquisa difere das revisões porque leva em consideração o fato de que as regiões estudadas, Norte do Paraná e Sudoeste de São Paulo, são cidades do interior, que por sua vez possuem populações pequenas, logo, o acesso aos lugares públicos para a prática de AF é facilitado.
Ao analisar se os adolescentes sentem algum tipo de constrangimento ao fazer atividade física, em ambas as faixas etárias G - 11 a 14 anos (78%) e G - 15 a 16 anos (73%), responderam que não existe constrangimento. Acredita-se que o fato de não ser uma barreira,está relacionado aos benefícios da AF no cotidiano desses estudantes, como por exemplo, o aumento da autoestima e possuir habilidades motoras em diferentes atividades físicas. Este resultado vai ao encontro do estudo de Camargo et al. (2017), o qual resultou em que os adolescentes disseram possuir habilidades motoras (11,1%), e ao estudo de Oliveira, e Gomes (2019), em que 95% da amostra está relacionada com a melhora da autoestima ao realizar atividade física.
Já o estudo de Grieser et al. (2006), relata que as adolescentes se sentem constrangidas ao realizar atividades físicas devido a sudorese, sendo uma barreira para a prática, assim como no estudo que relata que os adolescentes não praticam atividade física por não serem bons na prática, Zaragoza et al. (2011), e na revisão sistemática em que os adolescentes possuem baixa percepção de competência, Martins et al. (2015). Pode-se relacionar esses dados como constrangedores, se tornando barreiras para a prática de atividade física.
Nesta perspectiva, pode-se entender que a prática regular de atividade física está diretamente associada a diversos fatores, sendo elas barreiras ou facilitadores para a prática. Desta forma, devem ser feitas estratégias educacionais, no sentido de estimular a participação das atividades físicas entre adolescentes.
Conclusão
Considerando os resultados apresentados no presente estudo, percebe-se que o principal facilitador para a prática de atividade física foi o incentivo da família. A falta de espaço público e sentir algum tipo de constrangimento não foram considerados barreias, entretanto,a falta de orientação profissional, apesar de não trazer um resultado estatisticamente significativo, apresentou valores expressivos. Já a falta de companhia, para o grupo G - 15 a 16 anos, se mostrou uma barreira, trazendo valor estatístico significativo. Sugere-se novos estudos com amostras na mesma faixa etária, em diferentes regiões, principalmente em cidades de pequeno porte, objetivando conhecer as características determinantes relacionadas a prática de atividade física em escolares brasileiros.
Referências
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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 279, Ago. (2021)