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ISSN 1514-3465

 

Nível de atividade física e capacidade cardiorrespiratória em asmáticos

Physical Activity Level and Cardiorespiratory Capacity in Asthmatics

Nivel de actividad física y capacidad respiratoria en asmáticos

 

Maycon Deyvis Sena Vicente*

maycondeyvis@hotmail.com

Thiago dos Santos Maciel**

thiagomaciel@ufam.br

Grasiely Faccin Borges***

grasiely.borges@gmail.com

Thiago Santos da Silva+

thiagofisioufam@gmail.com

Karolina de Oliveira Lima++

karol.lima22@hotmail.com

 

*Pós-graduado em Fisioterapia Intensiva

pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI-ES)

Pós-graduado em Fisioterapia Geriátrica

pela Faculdade Dom Alberto (FCA-RS)

Bacharel em Fisioterapia pela Universidade Federal do Amazonas.

Professor Substituto no Instituto de Saúde e Biotecnologia (UFAM)

**Doutor em Engenharia Biomédica

pela Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP-SP)

Professor do Instituto de Saúde e Biotecnologia da UFAM

***Doutorado em Ciências do Desporto

pela Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física (FCDEF-UC)

pela Universidade de Coimbra, Portugal

Professora associada nível I do Centro de Formação

em Políticas Públicas e Tecnologias Sociais

Universidade Federal do Sul da Bahia

Programas de Pós-Graduação de Mestrado em Educação Física UESB/UESC

e Mestrado em Saúde, Ambiente e Biodiversidade (UFSB).

+Doutorando em Ciências pela Escola de Enfermagem da USP

Professor do Magistério Superior no Instituto de Saúde e Biotecnologia

da Universidade Federal do Amazonas

++Bacharela Interdisciplinar em Saúde

Graduanda em Medicina pela UFSB

(Brasil)

 

Recepção: 26/06/2020 - Aceitação: 01/06/2022

1ª Revisão: 20/05/2022 - 2ª Revisão: 27/05/2022

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Vicente, M.D.S., Maciel, T. dos S., Borges, G.F., Silva, T.S. da, e Lima, K. de O. (2022). Nível de atividade física e capacidade cardiorrespiratória em asmáticos. Lecturas: Educación Física y Deportes, 27(290), 124-133. https://doi.org/10.46642/efd.v27i290.2377

 

Resumo

    A asma pode levar o indivíduo a reduzir seu nível de atividade física devido às dificuldades em realizar tarefas cotidianas, assim o estudo tem como objetivo avaliar o nível de atividade física habitual e a capacidade cardiorrespiratória de indivíduos adultos com asma. Estudo descritivo, com 3 indivíduos (P1, P2 e P3) do sexo masculino. Foi aplicado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) e o Teste de Caminhada de Seis Minutos (TC6). Os dados foram expressos em média e desvio padrão. Os indivíduos tinham idade média de 38,66±4,93 anos, estatura média de 1,67±0,05 metros, média de peso 81,73±3,30 kg. Com relação ao nível de atividade física, P1 foi classificado como muito ativo, P2 como ativo e P3 como irregularmente ativo. A distância percorrida no TC6 foi de 518,66±149,63 metros. Observou-se indivíduos com nível de atividade física similares a não asmáticos e com uma aptidão cardiorrespiratória inferior à dos adultos saudáveis.

    Unitermos: Atividade física. Aptidão cardiorrespiratória. Asma.

 

Abstract

    Asthma can lead individuals to reduce their level of physical activity due to difficulties in performing daily tasks, so the study aims to assess the level of habitual physical activity and cardiorespiratory capacity of adult individuals with asthma. Descriptive study, with 3 male subjects (P1, P2 and P3). The International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) and the Six-Minute Walk Test (6MWT) were applied. Data were expressed as mean and standard deviation. The individuals had a mean age of 38.66±4.93 years, mean height of 1.67±0.05 meters, mean weight of 81.73±3.30 kg. Regarding the level of physical activity, P1 was classified as very active, P2 as active and P3 as irregularly active. The distance covered in the 6MWT was 518.66±149.63 meters. Individuals with a level of physical activity similar to those of non-asthmatics and with a cardiorespiratory fitness lower than that of healthy adults were observed.

    Keywords: Physical activity. Cardiorespiratory fitness. Asthma.

 

Resumen

    El asma puede llevar a las personas a reducir su nivel de actividad física debido a las dificultades para realizar las tareas diarias, por lo que el estudio tiene como objetivo evaluar el nivel de actividad física habitual y la capacidad cardiorrespiratoria de las personas adultas con asma. Estudio descriptivo, con 3 sujetos masculinos (P1, P2 y P3). Se aplicaron el Cuestionario Internacional de Actividad Física (IPAQ) y el Test de Caminata de Seis Minutos (6MWT). Los datos se expresaron como media y desviación estándar. Los individuos tenían edad media de 38,66±4,93 años, altura media de 1,67±0,05 metros, peso medio de 81,73±3,30 kg. En cuanto al nivel de actividad física, P1 se clasificó como muy activo, P2 como activo y P3 como irregularmente activo. La distancia recorrida en el 6MWT fue de 518,66±149,63 metros. Se observaron individuos con un nivel de actividad física similar a la de los no asmáticos y con una aptitud cardiorrespiratoria inferior a la de los adultos sanos.

    Palabras clave: Actividad física. Aptitud cardiorrespiratoria. Asma.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 290, Jul. (2022)


 

Introdução 

 

    A asma é caracterizada pela hiper-reatividade das vias aéreas inferiores, com limitação variável ao fluxo aéreo (Global Initiative for Asthma, 2018). Dentre os fatores que podem resultar nessa doença estão: genéticos, exposição ambiental e outras causas que acabam levando ao desenvolvimento e manutenção de seus sintomas. Os sintomas mais comuns dessa são: tosse, falta de ar e em muitos casos aperto no peito, ocasionando crises leves ou mesmo graves. Em todo caso, a doença requer tratamento à base de fármacos. (Martins, e Gonçalves, 2016; Pastorino, 2019)

 

    Através do treinamento físico, a capacidade cardiorrespiratória para os indivíduos asmáticos em resposta ao exercício máximo pode ser a mesma que a verificada em indivíduos saudáveis, melhorando seu condicionamento, podendo alcançar intensidade de exercício semelhante à de indivíduos não asmáticos saudáveis, mesmo com as limitações que apresentam. (Martins, e Gonçalves, 2016)

 

    A falta de esclarecimento sobre a asma e o exercício físico, leva aos indivíduos com essa doença a um comportamento sedentário ou com baixa atividade física habitual (Sanz-Santiago et al., 2020; Zhang et al., 2019), mas a prática de atividade física por indivíduos asmáticos pode e deve ser incentivada desde a infância, precedido de acompanhamento médico mesmo que apresente broncoespasmo induzido pelo exercício, pois os mesmos terão benefícios tanto em idade pediátrica quanto na idade adulta. (Garagorri-Gutiérrez, e Leirós-Rodríguez, 2022; Martins, e Gonçalvez, 2016; Sanz-Santiago et al., 2020; Zhang et al., 2019; Silva et al., 2016)

 

    O objetivo do estudo foi avaliar o nível de atividade física habitual e a capacidade cardiorrespiratória de indivíduos adultos com asma.

 

Métodos 

 

    A população do estudo foi de 1026 indivíduos que eram residentes da área urbana do município no ano de 2014, com diagnóstico clínico de asma, e que deram entrada no Hospital Regional de Coari. No momento da pesquisa a cidade possuía 86 mil habitantes (IBGE, 2022), Para a seleção da amostra foram acessados os prontuários dos pacientes, com dados fornecidos pelo hospital. Foram incluídos adultos do sexo masculino, com idade entre 30 a 50 anos, residentes da área urbana, com diagnóstico clínico de asma confirmado no último ano.

 

    Foram excluídos deste estudo os indivíduos que não apresentaram diagnóstico clínico de asma, que tiveram infecções respiratórias, outras doenças respiratórias, doenças cardíacas, reumáticas, osteomusculares, ortopédicas e sequelas neurológicas associadas que poderiam impedir a realização da avaliação e aplicação do teste da proposta. Foram excluídos também os indivíduos que relataram crises por um período de três semanas anteriores à realização do teste de caminhada de 6 minutos.

 

    Após a aplicação dos critérios, 26 indivíduos foram selecionados. Apenas três aceitaram participar do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

 

    Para avaliação do nível de atividade física habitual, cada participante foi submetido a uma entrevista, na qual respondeu ao Questionário Internacional de Atividade Física versão curta (IPAQ), composto por 7 questões abertas. Suas informações permitem estimar o tempo despendido por semana em atividades físicas, questionando sobre o tempo e a frequência de execução na última semana de atividades de intensidade moderada, vigorosa e de caminhada. (Basso et al., 2013)

 

    Para a classificação do nível de atividade física foi adotado o consenso obtido entre o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) em 2002. Considerando os critérios de frequência, duração e tipo de atividade física (caminhada, moderada e vigorosa), os indivíduos foram classificados em muito ativo, ativo, irregularmente ativo, irregularmente ativo A ou B ou sedentário (Craig et al., 2003; Matsudo et al., 2001). Avaliou-se também a massa corporal, estatura, cirtometria torácica, cirtometria do quadril, massa magra, gordura corporal e água.

 

    Para avaliação cardiorrespiratória foi utilizado o teste de caminhada de seis minutos (TC6), sendo este um teste bastante utilizado na prática clínica, de indivíduos com pneumopatias crônicas e cardiopatias crônicas, utilizado desde meados da década de 1960 (American Thoracic Society, 2002; Silva, e Borges, 2021). Trata-se de um teste seguro de avaliação do sistema respiratório, tem um índice de complicações bastante baixo em sua aplicação, o que não é relacionado a eventos graves. (Teixeira, Pereira, e Vieira, 2018)

 

    Cada indivíduo participou do TC6 duas horas após as refeições e antes da realização do teste ficaram em repouso por 10 minutos. Nesse período foi verificada a pressão arterial utilizando esfigmomanômetro marca OMRON modelo HEM–742INT, oximetria de pulso utilizando oxímetro, marca Geratherm Oxy Control Pulse Oximeter, modelo GT 300C203, nível de dispneia (Escala modificada Borg), Frequência cardíaca (FC) e Frequência respiratória (FR) utilizando frequencímetro da marca Polar, modelo RSX800. A pressão arterial foi aferida levando em consideração a Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial-2020 (Sociedade Brasileira de Cardiologia). (Barroso et al., 2021)

 

    Para o TC6 foi realizado uma marcação no chão de um corredor de 30 metros de comprimento em local sem fluxo de pessoas, sendo utilizados cones feitos com cartolina, fita adesiva e trena de 50 metros de comprimento da marca Lufkin® modelo Y1750CM para demarcar o trajeto. O teste foi aplicado por avaliadores que passaram por treinamento, de acordo com as normas da ATS (American Thoracic Society, 2002) utilizando também ficha específica do TC6. (Soares, e Pereira, 2011)

 

    Ao final da realização do TC6 os dados coletados da pressão arterial, oximetria de pulso, nível de dispneia, Escala modificada de Borg, frequência cardíaca e frequência respiratória, foram coletados novamente e foi calculada a distância percorrida pelo participante. Para estimar a distância prevista no TC6 foi utilizada a equação de Enright, e Sherrill (Enright, 2003).

 

Homens, DP = (7,57 × altura cm) – (5,02 × idade) – (1,76 × peso kg) – 309 metros

 

    Os resultados foram expressos em média e desvio-padrão e todas as informações coletadas no estudo foram tabuladas em um banco de dados em planilhas eletrônicas do Software Microsoft Office® Excel 2013.

 

    A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Amazonas, com o número do C.A.E.E. 43767615.0.0000.5020, segundo todos os preceitos éticos exigidos, sob o número do parecer 1.053.948.

 

Resultados 

 

    Participaram do estudo três indivíduos do sexo masculino com diagnóstico clínico de asma, com idade média de 38,66±4,93 anos, massa corporal 81,73±13,30 Kg, estatura 1,67±0,05 metros, cirtometria torácica 95,66 ± 4,72 cm, massa magra 54,16 ± 6,15%, gordura corporal 27,6 ± 3,34%, Água 52,9 ± 2,55%, circunferência de cintura 101,33 ±5,03 cm (Tabela 1). A média do Índice de Massa Corporal (IMC) dos participantes era de 29,30 kg o que indicava sobrepeso.

 

Tabela 1. Variáveis antropométricas

Descrição

Média e Desvio Padrão

Idade (anos)

38,66 ± 4,93

Altura (cm)

1,67 ± 0,05

Peso (Kg)

81,73 ± 13,30

Circunferência de cintura (cm)

101,33 ± 5,03

Cirtometria torácica (cm)

95,66 ± 4,72

Massa magra (%)

54,16 ± 6,15

Gordura corporal (%)

27,6 ± 3,34

Água (%)

52,9 ± 2,55

Fonte: Elaboração Própria

 

    O participante 1 (P1), obteve 480 minutos de caminhada durante 5 dias na semana, na questão atividades moderadas apresentou 480 minutos também em 5 dias e nas atividades vigorosas realizou 420 minutos em 4 dias na semana, o que somado são 6.480 minutos de atividades realizadas o que caracteriza um indivíduo muito ativo. No quesito tempo sentado, gasta em um dia de semana 120 minutos e em um dia de fim de semana 180 minutos, o que somado são 300 minutos o que é um valor considerado baixo, devido ao alto índice de atividade física realizada durante a semana (Tabela 2).

 

    O participante 2 (P2) na questão caminhada durante a semana apresentou 30 minutos em 4 dias, na questão atividades moderadas 10 minutos em 3 dias durante a semana e na questão atividades vigorosas 10 minutos em 4 dias durante a semana, o que somado são 190 minutos o que caracteriza um sujeito ativo. No tempo que passou sentado observou-se que ele gasta em um dia de semana 360 minutos e em um dia de fim de semana 240 minutos, o que somados são 600 minutos, mais do que o dobro de minutos em atividades físicas na semana (Tabela 2).

 

    O participante 3 (P3) não apresentou minutos na questão caminhadas durante a semana. Nas atividades moderadas apresentou 30 minutos durante um dia na semana, em atividades vigorosas apresentou 15 minutos em dois dias durante a semana, o que somado são 60 minutos. Caracterizando P3 como irregularmente ativo pois está muito abaixo da média de 150 minutos de atividades físicas semanais para ser considerado ativo. Observou-se que P3 permanece sentado em um dia de semana 180 minutos e em um dia de fim de semana 60 minutos, o que somado são 240 minutos, o dobro do tempo em atividades físicas (Tabela 2). Observou-se também uma baixa mais acentuada na tolerância ao exercício, oriunda de uma vida sem a prática regular de atividade física.

 

    O P1 caminhou 15 voltas e 26 metros adicionais, o que corresponde a 476 metros, abaixo do esperado que seria 640 metros. O P2 caminhou 22 voltas e 25 metros adicionais, totalizando em 685 metros, acima do esperado que seria de 613 metros. O P3 caminhou 395 metros, muito abaixo do esperado, que seria de 682 metros.

 

Tabela 2. Resultado do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) dos participantes da pesquisa

IPAQ

P1

P2

P3

Caminhadas

Dias que caminhou durante a semana

5 dias

4 dias

1 dia

Tempo gasto em caminhada por dia

480 minutos

30 minutos

0 minuto

Atividades moderadas

Dias que realizou atividades durante a semana

5 dias

3 dias

1 dias

Tempo gasto em atividades por dia

480 minutos

10 minutos

30 minutos

Atividades vigorosas

Dias que realizou atividades durante a semana

4 dias

4 dias

2 dias

Tempo gasto em atividades por dia

420 minutos

10 minutos

15 minutos

Total de minutos

6480 minutos

190 minutos

60 minutos

Tempo Sentado

Total gasto sentado durante um dia de semana

120 minutos

360 minutos

180 minutos

Total gasto sentado durante um dia de fim de semana

180 minutos

240 minutos

60 minutos

Tempo Total sentado

300 minutos

600 minutos

200 minutos

Fonte: Elaboração própria

 

    Com relação às variáveis cardiovasculares não houve reduções na pressão arterial (PA) após o teste. A aferição inicial da FC se manteve de maneira estável seguindo os níveis pressóricos. A FR de maneira geral se mostrou baixa. A SpO2 se mostrou estável no início e no final do teste. Nesse estudo a relação da percepção de esforço, verificada através da Escala modificada de Borg, não houve relato de dispneia que se caracteriza em um esforço muito alto. A média antes do TC6 ficou em 1,33±1,15, após o TC6 em 3,66±0,57 e no repouso após o TC6 em 3,66±2,08.

 

    Na aplicação do TC6 não houve nenhuma intercorrência que pudesse paralisar o teste antes, durante e após a sua execução. As variáveis cardiovasculares analisadas em relação ao TC6 foram dispostas em média e desvio padrão (Tabela 3).

 

Tabela 3. Variáveis cardiovasculares analisadas em relação ao TC6 dos indivíduos com asma

Descrição

Média

DP (±)

SpO2 Antes do TC6 (%)

97,33

1,15

SpO2 Final Do TC6 (%)

96,66

2,30

SpO2 Repouso (%)

96,66

1,52

PAS Antes do TC6 (Mmhg)

122,66

17,00

PAS Final do TC6 (Mmhg)

131,00

14,22

PAS Repouso (Mmhg)

122,33

10,69

PAD Antes Do TC6 (Mmhg)

83,00

10,53

PAD Final Do TC6 (Mmhg)

85,00

6,24

PAD Repouso (Mmhg)

84,33

6,02

FC Antes do TC6 (Bpm)

83

6,08

Final FC do TC6 (Bpm)

96

13,89

FC Repouso (Bpm)

81,33

± 4,72

FR Antes do TC6 (Irpm)

15,66

± 6,35

FINAL FR do TC6 (Irpm)

17,66

± 5,50

FR Repouso (Irpm)

15,66

± 7,23

Borg Antes do TC6

1, 33

± 0, 94

Borg Final do TC6

5, 33

± 1.88

Borg Repouso

5

± 0, 81

Abreviaturas: TC6=teste de caminhada de seis minutos; PAS=pressão arterial sistólica; PAD=pressão arterial diastólica; FC=frequência cardíaca; FR=frequência respiratória; SpO2=saturação periférica de oxigênio; mmHg=milímetros de mercúrio; Bpm=batimentos por minuto; Irpm=incursões respiratórias por minuto; %=por cento; Escala de Borg verifica nível de dispneia; DP=desvio padrão. Fonte: Elaboração própria

 

Discussão 

 

    Em relação à média da circunferência de cintura, os participantes indicaram risco de doença cardiovascular. Há estudos que associam a obesidade a processos inflamatórios dos pulmões em indivíduos asmáticos, além de reduzir a capacidade residual funcional e do volume de reserva expiratório pulmonar (Jesus et al., 2018; Castro, e Lamounier, 2015). Além disso, índices elevados de massa corporal têm sido associados a morbimortalidade, sendo o excesso de peso responsável por vários problemas para a saúde, podendo acarretar o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas como hipertensão arterial, cardiopatias, diabetes mellitus e a algumas formas de câncer. (Almeida et al., 2020)

 

    Na avaliação do nível de atividade física, o P1 foi caracterizado como um indivíduo muito ativo. O P2 mesmo passando mais minutos sentado que em atividades físicas na semana, foi caracterizado como ativo e o P3 foi caracterizado como irregularmente ativo. O indivíduo asmático tem tendência a apresentar rejeição ao exercício físico em relação aos indivíduos saudáveis, isso se deve principalmente pelas limitações que os acompanham, entre elas a obstrução das vias aéreas mesmo em repouso, o que durante a prática do exercício pode agravar em decorrência de broncoespasmos induzidos pelo exercício. (Boutou et al., 2020)

 

    Os resultados do nível de atividade física dos participantes corroboram com esses estudos apesar de que apenas um participante (P3) estava abaixo do preconizado para ser considerado como ativo, e além disso um dos participantes (P2) se encontrou com muitos minutos de tempo sentado mesmo sendo considerado ativo. Outro resultado interessante foi encontrado em um estudo de coorte realizado em adolescentes com e sem asma, no qual não demonstrou diferenças nos padrões de atividade física entre indivíduos dos dois grupos. (Jago et al., 2019)

 

    Apesar de comumente haver a crença de que pessoas com asma não devem realizar atividade física, a sua prática pode e deve ser incentivada, pois apresenta benefícios tanto na fase infantil, quanto na fase adulta (Sanz-Santiago et al., 2020; Zhang et al., 2019). Têm-se demonstrado que indivíduos asmáticos estando clinicamente estáveis, podem alcançar intensidade de exercício semelhante à de indivíduos saudáveis, independentemente de haver broncoespasmo induzido pelo exercício (Garagorri-Gutiérrez, e Leirós-Rodrígues, 2022; Sanz-Santiago et al., 2020). A atividade física em pessoas asmáticas traz inúmeros benefícios, como a melhora na tolerância ao exercício, na capacidade aeróbia, na função pulmonar e na qualidade de vida, bem como reduz a dispneia e a utilização de medicamento. (Garagorri-Gutiérrez, e Leirós-Rodríguez, 2022; Sanz-Santiago et al., 2020; Zhang et al., 2019)

 

    Os resultados da aptidão cardiorrespiratória no estudo, avaliados pelo TC6, foram inferiores quando comparados com adultos saudáveis. Um estudo que avaliou o nível de atividade física em adolescentes asmáticos e não asmáticos demonstrou que os adolescentes com diagnóstico de asma foram mais ativos que os não asmáticos (64,4 versus 53,3%; p=0,001) (Correia, 2019). Isso demonstra que a capacidade cardiorrespiratória para os indivíduos asmáticos em resposta ao exercício máximo pode ser a mesma que a verificada em indivíduos saudáveis, porém, essa variável pode modificar-se em relação a pacientes sedentários e/ou asmáticos, que por medo de exacerbar sua doença não praticam exercício, no entanto os mesmos podem melhorar seu condicionamento através de treinamento físico. (Martins, e Gonçalves, 2016)

 

    No estudo, a FR dos participantes mostrou-se baixa, no entanto, nas variáveis cardiovasculares não foram verificadas reduções na PAD e PAS. A SpO2 se mostrou estável no início e no final do teste e durante a aplicação do TC6 não houve nenhuma intercorrência.

 

    Com relação a limitação do estudo, podemos elencar a amostra reduzida, que impede a extrapolação de qualquer resultado. Cada indivíduo estudado constitui em um caso específico. Apesar disso, o estudo em questão auxilia no entendimento e fornece dados e discussão sobre o nível de atividade física de pessoas asmáticas.

 

Conclusão 

 

    Nessa pesquisa, observou-se que o participante número 01 foi classificado como muito ativo, o participante número 02 como ativo e o participante número 03 como irregularmente ativo, sendo observada uma variação na tolerância ao exercício. Os indivíduos apresentaram nível de atividade física similares a não asmáticos, no entanto foi verificado uma aptidão cardiorrespiratória inferior à dos adultos saudáveis.

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 27, Núm. 290, Jul. (2022)