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ISSN 1514-3465

 

Vitor Marinho e João Paulo Medina na Educação Física brasileira da década de 1980

Vitor Marinho and João Paulo Medina in Brazilian Physical Education in the 1980s

Vitor Marinho y João Paulo Medina en la Educación Física brasileña en la década de 1980

 

André Malina*

andremalina@yahoo.com.br

Ângela Celeste Barreto de Azevedo**

angelaestagio@yahoo.com.br

Leon Ramyssés Vieira Dias***

leon_mv1@hotmail.com

Jennifer Aline Zanela****
jezanela@gmail.com

 

*Professor Associado III na Universidade Federal do Rio de Janeiro

lotado na Escola de Educação Física e Desportos no Departamento de Lutas

Doutor em Educação Física. Pós Doutor em Políticas Públicas

e Formação Humana (PPFH/UERJ). Coordenador Adjunto

do Grupo de Estudos e Pesquisas Vitor Marinho (UFRJ)

**Professora Associada III na Universidade Federal do Rio de Janeiro

lotada na Escola de Educação Física e Desportos no Departamento de Lutas

Doutora em Educação Física. Pós Doutora em Políticas Públicas

e Formação Humana (PPFH/UERJ). Coordenadora do Grupo de Estudos

e Pesquisas Vitor Marinho (UFRJ)

***Mestre em Tecnologia para o Desenvolvimento Social (UFRJ)

Professor de Educação Física na Rede Municipal de Araruama

Mestre em Tecnologia para o Desenvolvimento Social (PPGTDS/UFRJ)

Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Vitor Marinho (UFRJ)
****Professora de Educação Física do Colégio de Aplicação João XXIII/UFJF

Doutorado em andamento em Educação pela UNESP, campus Presidente Prudente

Mestre em Educação (UNESP). Membro do Grupo de Estudos

e Pesquisas Vitor Marinho (UFRJ)

(Brasil)

 

Recepção: 28/04/2020 - Aceitação: 11/05/2021

1ª Revisão: 25/01/2021 - 2ª Revisão: 12/04/2021

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Malina, A., Azevedo, A.C.B. de, Dias, L.R.V., e Zanela, J.A. (2021). Vitor Marinho e João Paulo Medina na Educação Física brasileira da década de 1980. Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(279), 2-19. https://doi.org/10.46642/efd.v26i279.2206

 

Resumo

    Durante o processo histórico de construção da Educação Física brasileira, reside um tensionamento entre o viés biologicista, tecnicista e esportivista em contraponto a uma visão sociocultural da área. Nesse panorama, demarca-se mais de trinta e cinco anos da publicação dos livros “O que é Educação Física” e “Educação Física Cuida do Corpo... e Mente”, respectivamente de Vitor Marinho de Oliveira e de João Paulo Subirá Medina, que buscaram proporcionar discussões para a Educação Física de modo a refletir as bases que a sustentavam. Pela relevância para o campo teórico da Educação Física, no presente estudo foi procurado compreender a questão da autoria desses livros a partir da sociologia da literatura, tomando como base o conceito de autoria e de grupo social de Lucien Goldmann, objetivando evidenciar a importância à época dos livros relacionado ao grupo social da Educação Física. Daí emerge o debate sobre a vinculação dos autores desses livros ao grupo social que pertencem(iam), no contexto dos anos de 1980, relevantes para o desenvolvimento de uma forma crítica de pensar a Educação Física. Como do resultado da investigação, identifica-se que Vitor Marinho de Oliveira e João Paulo Subirá Medina são expressões de um momento histórico específico que podem ter sintetizado o pensamento do grupo social (ao menos em parte) da Educação Física ao qual pertenciam, de acordo com as circunstâncias de época.

    Unitermos: Marinho. Medina. Autoria. Grupo social. Educação Física.

 

Abstract

    During the historical process of construction of Brazilian Physical Education, it is possible to identify a tension between the biologicist, technicist and overvaluation of sport in opposition to a socio-cultural view of the area. In this panorama, more than thirty-five years have been marked with the publication of the books “O que é Educação Física” and “Educação Física Cuida do Corpo... e Mente” written by Vitor Marinho de Oliveira and João Paulo Subirá Medina respectively. They sought to provide discussions for Physical Education in order to reflect the foundations that supported it. Due to its relevance to the theoretical field of Physical Education, in this study it was sought to understand the question of authorship of these books from the sociology of literature, based on Lucien Goldmann's concepts on this issue. Hence the debate about the link between the authors of these books and the social group they belong in the context of the 1980s, relevant to the development of a critical way of thinking about Physical Education. As a main conclusion, Vitor Marinho de Oliveira and João Paulo Subirá Medina are expressions of a specific historical moment that may have synthesized the thinking of the social group (at least in part) of Physical Education to which they belonged, according to the circumstances of time.

    Keywords: Marinho. Medina. Authorship. Social group. Physical Education.

 

Resumen

    Durante el proceso histórico de construcción de la Educación Física brasileña, existe una tensión entre el sesgo biologicista, tecnicista y deportivista en contrapunto a una mirada sociocultural del área. En este panorama, se cumplen más de treinta y cinco años desde la publicación de los libros “O que é Educação Física” y “Educação Física Cuida do Corpo... e Mente”, respectivamente de Vitor Marinho de Oliveira y João Paulo Subirá Medina, quienes buscaron brindar discusiones para la Educación Física con el fin de reflexionar sobre los fundamentos que la sustentaban. Por su relevancia para el campo teórico de la Educación Física, en este estudio se buscó comprender el tema de la autoría de estos libros desde la sociología de la literatura, a partir del concepto de autoría y grupo social de Lucien Goldmann, con el objetivo de resaltar la importancia que tuvieron en aquel momento de los libros relacionados con el grupo social de Educación Física. De ahí surge el debate sobre el vínculo entre los autores de estos libros y el grupo social al que pertenecen, en el contexto de los años de 1980, relevantes para el desarrollo de una forma crítica de pensar a la Educación Física. Como resultado de la investigación se identifica que Vitor Marinho de Oliveira y João Paulo Subirá Medina son expresiones de un momento histórico específico que puede haber sintetizado el pensamiento del grupo social (al menos en parte) de Educación Física al que pertenecían, de acuerdo con las circunstancias de la época.

    Palabras clave: Marinho. Medina. Autoría. Grupo social. Educación Física.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 279, Ago. (2021)


 

Introdução 

 

    O debate sobre a identidade da Educação Física1 não é recente (Stigger et al., 2010; Santin, 2007; Bracht, e Crisório, 2003). Afinal, trata-se de um debate complexo que norteou diversas publicações e vertentes ao longo das últimas décadas. No primeiro número da Seção Temas Polêmicos, da Revista Movimento foram publicados dois artigos (Gaya, 1994; Taffarel, e Escobar, 1994) que, por sua vez, geraram publicações posteriores sobre esses dois artigos (Santin, 1995; Bracht, 1995; Lovisolo, 1995; Ghiraldelli Júnior, 1995; Pallafox, 1996; Dacosta, 1996). O debate em relação à identidade da Educação Física, tal como discutido por Vargas, e Neira (2019), já era objeto de discussão antes disso, fazendo parte, especificamente, de um tema dos anos de 1980.

 

    Na Educação Física nesses anos de 1980, desenvolveu-se um pensamento crítico e publicações em livros e revistas que discutiam a Educação Física sob uma ótica sociocultural. Essas produções contribuíram para a possibilidade de compreender uma Educação Física voltada e a serviço da promoção do indivíduo concreto. Essa visão contrapõe-se ao predomínio da vertente biologicista e esportivista ainda existente na área.

 

    Destacam-se duas publicações emblemáticas a discutir a identidade da Educação Física, especificamente no ano de 1983, que são os textos dos livros “O que é Educação Física”, de Vitor Marinho de Oliveira, e "A Educação Física cuida do Corpo... e Mente", de João Paulo Subirá Medina. Estes dois livros evidenciam-se relevantes para o desenvolvimento da Educação Física nos anos de 1980 e foram considerados marcos sobre a reflexão crítica da área, de modo que essas produções ainda são referência no debate e na construção de uma nova Educação Física (Pires, 2009; Vieira, 2012; Pimentel, e Loro, 2017; Dias, 2018). O debate posto, mais do que a vinculação com autores específicos, contribui na medida de alavancar discussões elaboradas pela área.

    Perguntar o que é Educação Física só faz sentido, quando a preocupação é compreender essa prática para transformá-la. Diferentes respostas têm sido historicamente construídas sem, contudo, contribuírem substancialmente para a superação da prática conservadora existente. Algumas respostas carecem de uma teorização mais ampla sobre os fundamentos da Educação Física escolar. (Coletivo de Autores, 2012, p. 50)

    Não se trata de negar outros livros que também tiveram representatividade e importância ao longo desses anos de 1980, como, dentre outros, Cavalcanti (1984), Taffarel (1985), Santin (1987), Castellani Filho (1988), Freire (1989), mas, salientar a importância dos dois textos à época no sentido da assunção de uma reflexão sobre questões pertinentes à Educação Física, que iriam modificá-la sobremaneira. Para corroborar essa tese:

    Vitor Marinho foi o primeiro a fazê-lo. Seu O que é Educação Física, [...] foi [...] paradigmático àqueles empenhados na construção de uma educação e educação física comprometidas com o ordenamento social brasileiro fundado em terreno democrático. [...] Ele, de certa forma, abriu as portas para outros que vieram em seguida, como A Educação Física cuida do corpo... e mente de João Paulo Subirá Medina. (Castellani Filho, 2010, p. 10)

    Vale lembrar que em 2011 é publicada a segunda edição (após 20 reimpressões) do livro “O que é Educação Física” pela editora Brasiliense. Nesta edição, no posfácio de sua autoria, Vitor Marinho2\l " modifica as lentes pela qual observa a sociedade em geral e, sobretudo, a Educação Física brasileira nesses 28 anos que separavam 1983 de 2011. Já o livro "A Educação Física cuida do Corpo e... Mente" foi publicado em vigésima quinta edição no ano de 2010 pela editora Papirus, revisado e ampliado e contou com a colaboração de Valter Bracht, Rogério dos Anjos e Édson Marcelo Húngaro.

 

Imagem 1. Vitor Marinho de Oliveira

Imagem 1. Vitor Marinho de Oliveira

Fonte: https://www.efdeportes.com/efd185/o-professor-vitor-marinho-de-oliveira.htm

 

    Desse modo, os textos desses livros poderiam ser problematizados a partir da sua atualização ou atualidade. No presente trabalho, no entanto, discutiremos os textos desses dois livros nas primeiras edições, publicadas em 1983, a fim de problematizar, conforme uma sociologia da literatura, às questões de autoria e coletividade a partir da abordagem de Goldmann (2005, 1990, 1980, 1967a, 1967b) descrita mais abaixo, na metodologia. Pretendemos observar os dois livros à luz da importância intrínseca da Educação Física enquanto preocupação de um grupo social ao qual pertencem sujeitos que pensam, refletem sobre a sociedade/humanidade, de forma relacionada ao conhecimento estrito e existencial de sujeitos oriundos desse grupo social. Assim, elegemos como objetivo principal verificar a influência de autores específicos que expressam ideias do grupo social ao qual pertencem. Dessa forma, pode-se observar como em sujeitos de ideias próprias, também se inserem ideias demonstrativas de expectativas de todo ou parte do grupo social.

 

Imagem 2. João Paulo Subirá Medina

Imagem 2. João Paulo Subirá Medina

Fonte: https://twitter.com/medinafutebol

 

    Atualmente, essas duas produções continuam sendo relevantes e constantemente citadas em periódicos, teses e dissertações da Educação Física, bem como outras obras desses autores que podem ser compreendidos enquanto clássicos da Educação Física. Souza (2018) chama atenção para a atualidade da produção de Vitor Marinho, em especial, no livro Educação Física Humanista. A citação do livro “O que É Educação Física” também se encontra presente em diferentes artigos com preocupações distintas, mas, que em algum momento, buscam tangenciar essa discussão da área (Ortiz et al., 2020; Pereira et al., 2020) e também discussões que indiretamente dialogam com a produção de Vitor Marinho. (Vargas. e Neira, 2019; Acedo, 2020)

 

    Com essa perspectiva, nos propomos a fazer uma revisitação aos dois livros, apresentando e analisando-os. Assumimos como objetivo tensionar a questão da autoria e a importância à época dos textos dos livros "O que é Educação Física" e "Educação Física cuida do Corpo... e Mente" relacionado ao grupo social da Educação Física, haja vista que já se passaram mais de 35 anos de publicação. Em termos de exposição, trazemos inicialmente a metodologia com o referencial teórico de análise. Em seguida, apresentamos os textos dos livros e posterior análise com uma síntese conjunta à luz do referencial teórico. Por último, são apresentadas nossas considerações sobre a publicação desses dois livros depois de 38 anos.

 

Métodos 

 

    Enquanto proposição metodológica da presente pesquisa adotou-se uma abordagem qualitativa de análise bibliográfica e, para atender ao objetivo proposto, no olhar sobre o texto dos livros de Oliveira (1983) e Medina (1983) consideramos uma convergência de duas situações complementares que se seguem:

  1. A interação do texto dos livros analisados com o grupo social da Educação Física da época, pelo que estes podem estar expressando em relação à compreensão acerca da Educação Física;

  2. A apreciação dos conteúdos dos livros em relação às preocupações da época como uma forma de mostrar questões formuladas ou pensadas coletivamente pelo grupo social da Educação Física cujos autores pertencem.

    No diálogo entre as situações acima citadas, tomamos como referencial teórico de análise a noção de autoria literária de Lucien Goldmann3\l ", que problematiza a relação entre indivíduo e sociedade, ou, em outros termos, entre o individual e o coletivo (Goldmann, 1990). No sentido da análise literária, recorremos ao método estruturalista genético proposto por esse autor. Em síntese, para ele uma autoria só existe na medida em que expressa formas coletivas e sociais de compreensão sobre um assunto, e é, em maior medida, produto desse grupo social.

 

    Quando há repercussão tão intensa em um texto -capaz de não só expressar como estão sendo pensadas em representação certas ideias, conceitos e noções sobre um assunto por parte de um determinado grupo social, mas também de captar mudanças no interior do próprio grupo social ao qual se origina o texto e a própria dinâmica social de uma época- temos um exemplo de 'clássico' como forma de síntese de um sentimento coletivo4\l " o que parece ser o caso de Medina (1983) e Oliveira (1983).

 

    O indivíduo possui autonomia na criação dos processos imaginários provenientes de suas estruturas mentais, apesar da elucidação desses processos ser secundária. Por outro lado, é mais compreensível entendermos uma obra e seu impacto na totalidade (e o inverso) ao considerarmos o grupo social como sujeito criador da obra. Dessa forma, há uma interrelação entre um sujeito coletivo, criador da obra, que é o grupo social (por meio do autor), e a obra, do mesmo modo que os elementos da obra se ligam ao todo. É uma relação entre estrutura e totalidade. (Goldmann, 1990)

 

    Nesse sentido, os grupos sociais aos quais os indivíduos pertencem, formulam uma série de ligações com o indivíduo "criador", estruturando tendências de toda ordem na busca de uma resposta coerente aos problemas que se apresentam nas relações sociais. Isto pode ser visto nas expressões sociais (como a autoria de um livro) que represente o grupo social originário (o grupo social da Educação Física).

 

Resultados 

 

Os livros de Oliveira e Medina: a identidade da Educação Física em questão 

 

    Oliveira (1983): "O que é Educação Física" 

 

    Oliveira (1983) utiliza uma abordagem histórica para mostrar o desenvolvimento da Educação Física. A prática de exercícios físicos é saudada como positiva, mas os mecanismos que levaram ao seu desenvolvimento são questionados. Os hábitos militares do professor que ensina ginástica, os conselhos de médicos para a prática de exercícios aos seus pacientes, o esporte com sua maneira excludente, são exemplos para indagar se isto seria Educação Física. Neste sentido, o livro se propõe a discutir a identidade da Educação Física.

 

    O autor traz um panorama histórico desde os primórdios do homem passando por diferentes culturas, como a egípcia e a grega, abordando como era a Educação Física. As mudanças ocorridas com a concepção de Educação Física quando se analisam mudanças de civilização merece destaque, como à diferença entre o tratamento dado a Educação Física e o próprio corpo na Grécia, Roma e Idade Média.

 

    O antropocentrismo retorna com o Renascimento, na busca de uma Educação Física e um corpo diferente. O corpo e a mente voltam a ter mais ou menos a mesma importância, diferentemente da Idade Média. Com a continuidade da história e o advento da Revolução Industrial, surgem formas de pensar e ensinar a Educação Física que foram inadvertidamente chamadas de ‘métodos’. Oliveira classifica tais formas de correntes (nórdica, francesa etc.).

 

    No Brasil, a Educação é um dos campos mais afeitos aos problemas de um país que é marcado por uma história de colonização. Neste sentido, a Educação Física também é marcada pelo subdesenvolvimento, embora com tentativas de reação. Oliveira (1983) aborda o Brasil desde que era colônia, demonstrando as atividades físicas realizadas dos indígenas para a sobrevivência, a luta dos negros para libertação utilizando-se da capoeira, passando à degeneração do incentivo à prática da Educação Física promovida pelos jesuítas. No Brasil Império, destaca as influências médica e militar na Educação Física, distanciando-a da Educação. Com Rui Barbosa e suas recomendações, a Educação Física ganha força em questões como a valorização do professor e sua obrigatoriedade como componente curricular na escola. Na República vamos ter a introdução do futebol, esporte bretão e também de outras modalidades esportivas, como o basquete. Além disso, é fundada uma academia de ginástica.

 

    Ao longo da primeira metade do século XX, surgem diferentes tendências, como o chamado ‘método’ natural e a tendência médica, com a Ginástica para Todos. Também nesta época, os esportes passam a ser incluídos nos currículos escolares. Em 1921, é aprovado o Regulamento de Instrução Física Militar, inspirado na ginástica natural francesa -fazendo decair as ginásticas alemã e sueca- tendo ficado conhecido como método Francês e se tornado obrigatório na formação e ensino da Educação Física.

 

    Oliveira (1983) destaca ainda a criação da Escola de Educação Física do Exército em 1933 e da Escola Nacional de Educação Física, em 1939, na Universidade do Brasil, ambas no Rio de Janeiro. Ele ressalta que na década de 1930 o futebol já monopolizava o cenário esportivo nacional. Surge uma forte ideologização da Educação Física, com a juventude brasileira do Estado Novo, para divulgação do nacionalismo getulista.

 

    O método Francês predomina até a década de 50, quando passa a não ser mais obrigatório. Com a vinda de professores estrangeiros, inicia-se uma mudança da Educação Física na escola. Referente ao esporte de alto nível, o Brasil alcançou projeção em nível sul-americano. Já na década de 1970, surge o Esporte para Todos (EPT), para democratizar o esporte e ganham força os estudos sobre Psicomotricidade. Para Oliveira (1983), o EPT era “incipiente e corre o constante risco de manipulação ideológica – no caso de não ser respeitado no conteúdo pedagógico-social que o anima”. (Oliveira, 1983, p. 61)

 

    Após o panorama histórico descrito, o autor admite estar em um labirinto, e começa a indagar o que seria Educação Física. Educação Física é Ginástica? É Medicina? É Cultura? É Jogo? É Esporte? É Política? É Ciência? Partindo dessas indagações, tenta estabelecer relações entre Educação Física e indivíduo, Educação Física e inteligência, Educação Física e afetividade, Educação Física e sociedade, e qual seria a função do professor.

 

    Medina (1983) Educação Física cuida do Corpo... e Mente 

 

    Em seu livro, Medina (1983) afirma tentar fundamentar a cultura corporal e, consequentemente, a Educação Física. Na introdução do estudo, busca uma forma mais humana para a cultura do corpo. Acha que a maioria dos estudos no Brasil sobre a cultura corporal são pobres e superficiais e propõe em seu estudo uma revolução na cultura para “recuperar o sentido humano do corpo [...] ao nível da reflexão e ao nível da ação”. (Medina, 1983, p. 13-14, grifos do autor)

 

    O capítulo I é destinado a constatar a necessidade de uma crise na Educação Física, visando torná-la uma atividade voltada para a dimensão humana. O momento histórico no Brasil era de transição devido à abertura democrática. Nesse sentido, faz-se necessário repensar o comportamento das relações sociais para superar esse momento histórico em toda a sua abrangência. Na perspectiva teórica, Medina propõe utilizar-se de conceitos de Merleau Ponty e, especialmente, de Paulo Freire.

 

    No capítulo II, Medina (1983) desenvolve a ideia que o conhecimento veiculado pelas universidades baseia-se na pobreza de interpretações e de análises. Os alunos são ávidos por definições e conceitos, e carentes de capacidade de interpretação. No âmbito acadêmico geral, o conhecimento está cada vez mais especializado. Valoriza-se mais o profissional especialista em detrimento do homem na sua totalidade.

 

    Medina (1983) critica a visão dualista do homem, fragmentada, diferente de uma visão que incluísse o ‘outro’ homem e também a natureza. A partir dessa premissa, se encontraria o papel do educador e, consequentemente, do professor de Educação Física. O ato educativo tem como finalidade principal visar um homem mais humano. Esta finalidade tem acontecido cada vez menos. Desse modo, a relação professor-aluno seria de interação, uma relação afetiva, um gesto de amor. Por outro lado, o professor de Educação Física, que trata com o movimento, necessita compreendê-lo como uma expressão da vida e não um gesto mecânico. Um homem não anda ou corre como uma mulher, assim como um homem ou uma mulher não correm da mesma maneira em dias diferentes. Cabe ao professor interpretar tais significados.

 

    A Educação Física seria arte e também ciência do movimento humano. Isto não ocorre porque não há reflexão séria sobre o seu significado. A qualidade do ensino de Educação Física passou por um período de descenso devido a sua expansão no entre 1968 (ano da reforma do Ensino Superior) e 1975, mesmo ampliando o mercado de trabalho. Por isso, muitos foram os professores contratados para implantar mais cursos superiores de Educação Física, muitas vezes sem a devida qualidade, empobrecendo a formação. Para corroborar tais assertivas, Medina (1983) mostra pesquisa realizada com alunos concluintes, os quais respondiam a pergunta “o que é Educação Física?” As respostas apresentaram diversos erros ortogramaticais, de construção frasal e, o mais importante, com um entendimento reduzido do que seria Educação Física. Ele credita o baixo nível das respostas também ao baixo nível de transmissão do significado do que seria Educação Física pelos professores das faculdades. Por outro lado, o autor não vê correlação entre os objetivos estabelecidos na legislação, nos currículos, nos livros didáticos e na prática, com o que é assimilado pelos professores.

 

    No capítulo III, Medina (1983) aborda o pensar sobre a relação entre teoria e prática, repensando uma nova perspectiva para a Educação Física - que observa necessitar de uma melhoria na qualidade da sua formação. Na atividade prática, ressalta que a Educação Física mantém uma ginástica autoritária e adestradora, fruto da influência militar. Isto atrapalha um objetivo libertador. Ao enunciar concepções de Educação Física ressalta a dificuldade no surgimento de uma concepção mais verdadeira, porque o envolvimento com ideologias que privilegiam uma minoria já privilegiada é uma tendência terceiro-mundista. Neste caso, para evoluir, a Educação Física não pode estar submetida simplesmente aos seus aspectos científicos, neutros.

 

    Assim, o autor anuncia três concepções fundamentais de Educação Física em seu texto, como meios de educação. A Educação Física Convencional, que seria a visão do senso comum, como um variado conjunto de conhecimentos para aprimorar o físico. A Educação Física Modernizadora, que amplia a visão de Educação Física - utilizando-se de conteúdos, como o jogo e a ginástica - mas apresenta uma visão dualista do homem, na medida em que a Educação Física cuidaria do corpo e da mente. E, finalmente, tem-se a Educação Física Revolucionária, a concepção mais ampliada. Esta concepção entende o real em sua totalidade, e a Educação Física como arte e ciência do movimento humano, buscando uma sociedade justa. Esta concepção só poderia ser realizada por intermédio do conhecimento da concepção de categorias críticas. Portanto, para humanizar a disciplina Educação Física, é necessário dimensionar, especialmente, a categoria esperança.

 

Discussão 

 

Oliveira e Medina como sínteses de uma época 

 

    Analisando as perspectivas dos livros de Oliveira (1983) e Medina (1983), com suas similaridades e diferenças, verificamos uma das questões centrais. Os livros não foram escritos em si, porque a dinâmica da área e da sociedade permitiu alguma síntese. Esta síntese, expressa na criação cultural, é confusa e cheia de nuances. Não é uma síntese perfeita. Ao contrário, é contraditória, como o próprio período histórico.

 

    Os autores das obras são produtos e produtores da história e, portanto, importantes para compreensão desse período. Por outro lado, compreendemos com Goldmann (1990, 1980, 1967b), que o autor de uma obra é, de certa forma, inferior à perspectiva coletiva, especialmente para atribuir a noção coerente do todo. Para isto, é necessário sobressair o grupo social, com seus contornos e contradições. Mesmo as obras em questão, são somente (embora não sejam de pouca importância) uma síntese mais clara daquele momento.

 

    Nessa perspectiva, embora não estejamos tratando dos autores aos quais Goldmann (1990, 1980, 1967b) aplicou seu método de análise vale destacar que os autores retratados no presente trabalho foram fundamentais para o desenvolvimento da Educação Física brasileira. Desse modo, guardadas devidas proporções, são muito importantes os questionamentos propostos por Oliveira (1983) e Medina (1983) sobre o que é Educação Física para trazer a noção coerente do todo e fazer sobressair o grupo social dessa área. O momento crítico em relação à identidade da Educação Física e alguns de seus dogmas. Por exemplo, o culto ao corpo, a militarização da ginástica e o viés da aptidão física do esporte e do exercício, são explorados nesses livros por um viés de oposição (na maioria das vezes) e, por outro lado, também de forma favorável (ainda que necessariamente sem este propósito).

 

    Nesses termos, nos anos seguintes a 1983 é significativa a quantidade de publicações de artigos trazendo abordagens de questões indagadas em Oliveira (1983) e Medina (1983). Além disso, decorrente de outras publicações – como a de Castellani Filho (1988) – que, juntamente com os livros de Oliveira (1983) e Medina (1983), iriam influenciar a Educação Física até a atualidade.

 

    As circunstâncias históricas de época permitiram um momento de clarificação sobre o significado da Educação Física. Apesar de a Educação Física ter em seu processo histórico raízes conservadoras, era possível cotejar com o conjunto da área. O Brasil passava por um processo de redemocratização à época. Com isso, houve alguma politização da sociedade e muitas áreas do conhecimento - como a Educação - questionaram a sociedade e o regime ditatorial vigente (1964-1985). Paralelamente, o grupo social dessas áreas fez importantes autocríticas, questionando-se internamente. Foi o caso da Educação Física. Essas críticas ressoam até os dias atuais, sustentando discussões sobre a formação profissional em Educação Física (Luna, e Rocha, 2020; Cruz, Reis, Carvalho, e Medeiros, 2019), bem como o papel da Educação Física na escola e na formação e constituição do corpo. (Abreu, Sabóia, e Nobrega-Therrien, 2019)

 

    A partir desse tempo histórico, muitos professores de Educação Física, e também a produção do conhecimento, modificaram-se. Passou-se a ter análises mais refinadas ao olhar à totalidade social e discutir problemas da sociedade internamente na área. O papel da Educação Física na sociedade era questionado, fruto da expressão do grupo social demonstrado nos textos de Oliveira (1983) e Medina (1983).

 

    Pôde-se observar nos livros de Oliveira (1983) e Medina (1983), que algumas indagações e afirmativas resvalam em questões sociais cruciais, significando um importante desenvolvimento para a Educação Física. Por outro lado, no sentido de Goldmann, os autores dos livros pertencem à época dos seus escritos, e assim como o grupo social da Educação Física brasileira, viveram a intensidade das questões dos anos de 1980, ao mesmo tempo em que também sofreram com o processo de alienação imposto pelo sistema. Assim, ganharam capacidade de crítica, fundamental ao desenvolvimento intelectual de uma área e da sociedade.

 

    Com Goldmann (1990, 1980, 1967b), afirmamos que a relação entre o grupo social da Educação Física e os estereótipos do professor de Educação Física são em parte provocados pela própria sociedade (que até mesmo condena os estereótipos) e pela mass media5. Ou seja, a mesma sociedade estimula as pessoas a compreenderem Educação Física de um modo no qual o conjunto das pessoas que compõem a área da Educação Física diz serem erradas ou equivocadas. Ao mesmo tempo, estas pessoas ratificam com seu comportamento ou ignorância a percepção da sociedade em relação ao conjunto da área. A função da Educação Física passa a ser aquela que a sociedade deseja-condena, e o professor de Educação Física também. Vejamos a citação a seguir:

    Até hoje, quando um acadêmico de Educação Física pretende valorizar-se intelectualmente, busca socorro biomédico e faz um formidável discurso sobre aparelho circulatório, osteologia ou neuro-fisiologia (...). As Universidades que mantém cursos de Educação Física geralmente os incluem em seus Centros ou Institutos de Ciência Biomédicas, Biológicas ou da Saúde. O currículo mínimo imposto aos cursos superiores da Educação Física brasileira abrange mais de 40% de matérias biomédicas. (Oliveira, 1983, p. 66)

    Nesse sentido, o autor, na continuação do texto, discute a própria orientação epistemológica da Educação Física, delimitando um exemplo de especialidade de atuação para o professor dessa área:

    Essa ênfase em assuntos biológicos leva muitos a considerarem Educação Física como ciência paramédica. O que não corresponde à realidade. As citadas disciplinas são ministradas por médicos, até mesmo as que não compõem o currículo das faculdades de Medicina. Fisiologia do Exercício, por exemplo, muitas vezes deixa de ter a colaboração do professor especialista. Naturalmente a Educação Física pode e deve ter a colaboração do professor especialista. Naturalmente a Educação Física pode e deve ter a ajuda docente dos médicos, mas estes devem ser encaminhados pelas suas instituições aos cursos de pós-graduação – já existem vários – na área que vão lecionar. Não devemos negar autoridade aos médicos, nesse assunto, pela simples falta de diploma legal. Mas não devemos negá-la, também, aos professores que, além de serem os especialistas, estão devidamente habilitados. (Oliveira, 1983, p. 66-67)

    Já uma especial contribuição de Medina (1983) para o desenvolvimento da Educação Física foi trazer autores que ainda não eram sistematicamente discutidos em seu interior. Trazer categorias de Paulo Freire foi de suma importância para formação de uma perspectiva diferente de pensar e relacionar a Educação Física no contexto social6\l ". Embora o texto não seja de fácil leitura, alguns autores chamam atenção por serem referenciados no interior do livro, como Merleau Ponty e Dermeval Saviani. Tais referências mostram as duas preocupações centrais do livro: a Filosofia e a Educação.

 

    Medina (1983) também revela preocupação com o aluno de Educação Física, para ele semialfabetizado, com uma consciência ingênua, individualista, ou seja, incapaz de dar conta de uma tarefa que o autor nos aponta como necessária: auxiliar na formação humana. Tal preocupação está posta na atualidade, na dinâmica da sociedade por meio da mídia e também no interior das diversas áreas. A pressa do autor em dar conta de uma Educação Física diversa da que havia à época cria um contraste que não o distancia do grupo social da Educação Física, mas, contraditoriamente o coloca ladeado às preocupações da sociedade como um todo. O problema não está no aluno de Educação Física, mas na própria Educação Física. E para, além disso, na sociedade e na formação cultural pressionada pela mass media.

 

    Em relação ao livro de Oliveira (1983), podemos enunciar um forte conteúdo de indagações e de problematizações como algumas características essenciais do seu pensamento. Esta perspectiva pode ser considerada uma manifestação de uma preocupação com a Educação Física da época e também prospectiva. A tentativa de organizar/gerar uma 'confusão' epistemológica na área, por intermédio da busca pela identidade, é um passo seguido até os dias atuais. Destaca-se ainda uma inspiração humanista (clássica), e a importância do uso da História de forma diferenciada, permitindo uma compreensão da Educação Física por meio da História. Cabe salientar, no entanto, que algumas opiniões expressas em torno de alguns temas, como o EPT e o possível entendimento da Educação Física como ciência são proposições superadas pelo próprio autor, posteriormente.

 

    Dessa forma, as indagações propostas por Oliveira (1983) e Medina (1983), acabam por criar no leitor um quadro de instabilidade e de angústia provocadas pela incerteza sobre o que é Educação Física. Além disso, criam também uma compreensão caótica para a época, por refletir um momento da Educação Física e histórico-social no qual certezas foram questionadas. O que fazer diante do momento sócio-político efervescente em contraste com o conservadorismo presente na área?

 

    De forma sintética, os limites existentes no aprofundamento dos livros abordados sugerem ser, em perspectiva histórica, fruto dos limites da própria compreensão sobre as circunstâncias históricas do tempo no qual o autor está inserido. Noutras palavras, à luz de Goldmann (1990, 1980, 1967b) é o narrar sobre o processo histórico na "quentura" da vivência dos acontecimentos produzindo uma intensidade a permitir um avanço no conhecimento das questões abordadas em razão de ser uma expressão coletiva daquele momento.

 

    Assim sendo, com Goldmann (1967b), um texto torna-se um clássico sobre a comunidade humana quando tem um significado para esta comunidade, ou, de forma conceitualmente segmentada, para um determinado grupo social, não só pelo seu conteúdo, mas pela importância no desenvolvimento de um pensar coletivo (que é parte da comunidade humana) referente às preocupações desse grupo social envolvido no entorno daquele texto.

 

Conclusão 

 

    As tendências mais avançadas de um grupo social que tentam dar um sentido de coerência (aos referidos problemas apresentados nas relações sociais e com a natureza) são as categorias mentais, e essas coerências são as visões de mundo, que por sua vez não são criadas pelos grupos sociais. Mas, a partir dessas visões de mundo é que os seus elementos constitutivos são elaborados. Nesses termos, um indivíduo expressa uma tendência daquele grupo, e uma visão de mundo mais ou menos coerente (Goldmann, 1990), como pode ter sido o caso de Oliveira (1983) e Medina (1983) na Educação Física dos anos 1980.

 

    Com isso, diferencia-se uma teoria de reflexo da consciência de forma coletiva (sociologia dos conteúdos) de uma teoria em que a obra é apenas um dos elementos constitutivos da consciência coletiva (um dos mais importantes). O grupo tem uma tomada de consciência a partir da obra, daquilo que fazia, pensava etc., mas sem conhecer obrigatoriamente o que significava seu comportamento. (Goldmann, 1990)

 

    Nesse caso, mais de trinta e cinco anos depois, Vitor Marinho de Oliveira e João Paulo Subirá Medina podem ter sintetizado o pensamento do grupo social (ao menos em parte) da Educação Física ao qual pertenciam, de acordo com as circunstâncias de época. Paralelamente, essa síntese, expressada nos seus livros, forma uma tomada de consciência daquele grupo social, incluindo e identificando-os como uma síntese.

 

    Por outro lado, quando se pensa em um conhecimento inicial sobre a Educação Física, é suposto prever que os livros "O que é Educação Física" e "Educação Física cuida do Corpo... e Mente" são ou podem ser recomendados como sendo livros dos mais representativos para compreensão básica de elementos da Educação Física. Todavia, ambos os livros têm limites teórico-conceituais e devem ser observados como expressões daquele momento histórico.

 

    Os autores procuraram atualizar de alguma maneira o texto ou o próprio pensamento. Assim, Vitor Marinho de Oliveira e João Paulo Subirá Medina nas novas edições de seus livros, publicadas respectivamente em 2011 e 2010, não apresentam modificações na estrutura do texto, mas na "evolução" do próprio pensamento. A atualização que os autores realizaram expõem como os autores se situam em relação à Educação Física mais próximos do tempo atual.

 

    Por fim, cabe salientar a importância central dos livros abordados para o desenvolvimento de um pensar diferente acerca da Educação Física em termos de disseminar aspectos de crítica e autocrítica, estabelecendo limites e críticas. Naquele momento, propiciaram reflexões por parte de um grupo social, constitutivo da totalidade da comunidade humana, ampliando o foco de todo o desenvolvimento ulterior à data desses livros de forma ensaística, na perspectiva de Goldmann do que é um ensaísta, anunciando, de forma precursora, um sistema, ainda que não o construa.

 

Notas 

  1. Este trabalho é dedicado a Vitor Marinho de Oliveira, falecido em 07 de setembro de 2013.

  2. Este trabalho é dedicado a Vitor Marinho de Oliveira, falecido em 07 de setembro de 2013.

  3. Apesar de, no presente trabalho utilizarmo-nos do conceito de autoria de Lucien Goldmann (autor influenciado especialmente pelo "jovem" Lukács), não omitimos, por exemplo, a importância de outras noções do conceito de autoria, em especial a da escola de análise do discurso francesa, e toda a matriz decorrente, como em Barthes (2004) e Foucault (1992).

  4. Sobre Lucien Goldmann e a sua estruturação teórico-conceitual, ver Frederico (2006) e Löwy e Nair (2009).

  5. Entendemos esse conceito enquanto meios de comunicação em massa que se constitui enquanto uma forma de formulação e reprodução desses estereótipos.

  6. Talvez Medina pudesse ter dado destaque em elementos do filósofo Álvaro Vieira Pinto. No texto, algumas passagens poderiam ser atribuídas à fundamentação do filósofo Isebiano.

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