Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com

ISSN 1514-3465

 

Uma intervenção de 15 meses com exercício físico, 

melhora marcadores de saúde em mulheres obesas?

A 15-Month Intervention with Physical Exercise, Improves Health Markers in Obese Women?

Una intervención de 15 meses con ejercicio físico, ¿mejora los marcadores de salud en mujeres obesas?

 

Rafael Ribeiro Alves

http://lattes.cnpq.br/3679042848011973

alves.rafael.ribeiro@gmail.com

Marcelo Henrique Silva

http://lattes.cnpq.br/3853595281511154

mhpersonalx@gmail.com

 

Faculdade de Educação Física y Dança

Universidade Federal de Goiás

(Brasil)

 

Recepção: 25/04/2020 - Aceitação: 18/12/2020

1ª Revisão: 30/10/2020 - 2ª Revisão: 14/12/2020

 

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https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Alves, R.R., e Silva, M.H. (2021). Uma intervenção de 15 meses com exercício físico, melhora marcadores de saúde em mulheres obesas? Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(279), 111-125. https://doi.org/10.46642/efd.v26i279.2194

 

Resumo

    Introdução: A crescente prevalência de obesidade e doenças cardiovasculares (DC) atenua a saúde da população, aumentando os gastos dos sistemas de saúde pública. A prática de exercício físico pode auxiliar na prevenção e/ou tratamento dessas doenças, sendo utilizada por programas do governo como o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Objetivo: Verificar os efeitos crônicos da prática de exercícios físicos do NASF em marcadores de obesidade e DC de sujeitos obesos. Métodos: Foi realizado um estudo transversal retrospectivo, composto pela análise de marcadores de obesidade e DC de 100 mulheres após 15 meses de treinamento em circuito. O teste de Friedman foi utilizado para comparações múltiplas do índice de massa corporal (IMC) e circunferência do abdome (CABD) entre os meses 1, 5, 10 e 15. Resultados: Foram encontradas diferenças significativas no IMC entre os meses 1, 5,10 e 15 (33,4±5,5, 31,6±5,5, 29,3±5,2 e 27,7±5,0, respectivamente. p<0,001) e CABD (101,0±1,4, 97,0±1,2, 92,0±1,0, e 87,0±1,0, respectivamente. p<0,001). Os resultados corroboram com a efetividade do programa NASF quando comparado a outros tipos de intervenção e duração, contudo, apesar dos resultados positivos sobre a obesidade e marcadores de DC, o protocolo carece de revisão afim de aumentar sua efetividade. Conclusão: Quinze semanas de exercícios físicos através do NASF melhoraram os marcadores de obesidade e DC de obesos. A expansão do programa ou similares podem auxiliar no tratamento ou prevenção dessas doenças.

    Unitermos: Marcadores de saúde. Saúde pública. Exercício físico. Obesidade. Doenças cardiovasculares.

 

Abstract

    Introduction: The increasing prevalence of obesity and cardiovascular diseases (CD) attenuates the health of the population, increasing the expenditure of public health systems. The practice of physical exercise can help in the prevention and/or treatment of these diseases, being used by government programs such as the Family Health Support Center (FHSC). Objective: To verify the chronic effects of FHSC physical exercise on obesity and CD markers in obese persons. Methods: A retrospective cross-sectional study was conducted, composed of the analysis of obesity and CD markers of 100 women after 15 months of circuit training. The Friedman test was used for multiple comparisons of body mass index (BMI) and abdominal circumference (ABDC) between months 1, 5, 10 and 15.Results: Significant differences in BMI were found between 1 months, 5.10 and 15 (33.4±5.5, 31.6±5.5, 29.3±5.2 and 27.7±5.0, respectively. p <0.001) and ABDC (101.0±1.4, 97.0±1.2, 92.0±1.0, and 87.0±1.0, respectively. p <0.001). The results corroborate the effectiveness of the FHSC program when compared to other types of intervention and duration, however, despite the positive results on obesity and CD markers, the protocol lacks a review in order to increase its effectiveness. Conclusion: Fifteen weeks of physical exercise through the FHSC improved obesity and CD markers for obese individuals. Program expansion or similar ones may help in the treatment or prevention of these diseases.

    Keywords: Health markers. Public health. Physical exercise. Obesity. Cardiovascular diseases.

 

Resumen

    Introducción: La creciente prevalencia de la obesidad y de enfermedades cardiovasculares (EC) atenúa la salud de la población, aumentando costos de los sistemas públicos de salud. La práctica de ejercicio físico puede ayudar en la prevención y/o tratamiento de estas enfermedades, siendo utilizada por programas gubernamentales como el Núcleo de Apoyo a la Salud de la Familia (NASF). Objetivo: Verificar los efectos crónicos de la práctica de ejercicio físico del NASF sobre obesidad y marcadores de EC en personas obesas. Métodos: Se realizó un estudio transversal retrospectivo, consistente en el análisis de marcadores de obesidad y EC en 100 mujeres luego de 15 meses de entrenamiento en circuito. Se utilizó la prueba de Friedman para múltiples comparaciones de índice de masa corporal (IMC) y circunferencia abdominal (CABD) entre los meses 1, 5, 10 y 15. Resultados: Se encontraron diferencias significativas en el IMC entre los meses 1, 5, 10 y 15 (33,4±5,5, 31,6±5,5, 29,3±5,2 y 27,7±5,0, respectivamente. p <0.001) y CABD (101,0±1,4, 97,0±1,2, 92,0±1,0 y 87,0±1,0, respectivamente. p <0.001). Los resultados corroboran la efectividad del programa NASF en comparación con otros tipos de intervención y duración, sin embargo, a pesar de los resultados positivos sobre obesidad y marcadores de EC, es necesario revisar el protocolo para aumentar su efectividad. Conclusión: Quince semanas de ejercicio físico a través del NASF mejoraron los marcadores de obesidad y EC en individuos obesos. La ampliación del programa o similares pueden ayudar a tratar o prevenir estas enfermedades.

    Palabras clave: Marcadores de salud. Salud pública. Ejercicio físico. Obesidad. Enfermedades cardiovasculares.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 279, Ago. (2021)


 

Introdução 

 

    A prática do exercício físico caracterizado como toda atividade física planejada, estruturada, repetitiva e intencional que tem por finalidade melhorar um ou mais componentes da saúde/aptidão física (Caspersen et al., 1985), tem sido associada a fatores protetores e promotores da saúde (Shiroma et al., 2010), tais como: alterações na força muscular, aptidão cardiorrespiratória, bem como prevenção e tratamento de doenças crônicas como diabetes mellitus, hipertensão, síndrome metabólicas, câncer, obesidade, entre outras. (Irving et al., 2009; Pedersen et al., 2015; Westcott, 2012)

 

    No contexto, a obesidade está vinculada a fatores sociais, psicológicos e metabólicos, seu desenvolvimento está relacionado a comorbidades com alto índice de mortalidade (Pinheiro et al., 2004). De acordo com a OMS (2015) são considerados obesos, indivíduos com índice de massa corporal (IMC) acima de 30 m/kg². Essa condição pode aumentar o risco de desenvolvimento de distúrbios locomotores, psicológicos, além de doenças respiratórias, cardiovasculares e afins. (Shah et al., 2020; Shahali et al., 2020)

 

    As doenças cardiovasculares (DC), é a principal causa de morte entre as mulheres em diversos países (Leonard et al., 2018; Lichtenstein et al., 2007), inclusive, o Brasil demonstra alta prevalência de mortalidade decorrente desse grupo de doenças (Ramos Nascimento et al., 2018), essa condição relacionada a obesidade e suas demais complicações de saúde, afetam drasticamente o sistema de saúde pública no mundo. (Farrell et al., 2012; Pinheiro et al., 2004)

 

    Contudo, a prática regular de exercícios físicos pode auxiliar na prevenção ou tratamento da obesidade e DC (Pazzianotto-Forti et al., 2020; Pedersen et al., 2015; Swift et al., 2018), organizações mundiais recomendam que todo individuo adulto pratique 150 minutos de exercício físico por semana (ACSM, 2017). Adicionalmente, os resultados do exercício físico no tratamento ou prevenção da obesidade pode variar de acordo com o tipo de intervenção/modalidade escolhida, assim como a sistematização do exercício a curto, médio e longo prazo. (Dias et al., 2014)

 

    Nessa perspectiva, o governo criou programas para implementação da prática regular de exercícios físicos, alguns através do sistema único de saúde (SUS), dentre eles, os Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) tem como um de suas prioridades a prevenção de doenças como a obesidade (Gomes et al., 2014). Contudo, apesar dos programas de exercícios utilizados serem sistematizados, até o presente momento, não encontramos evidências sobre os efeitos a curto, médio e longo prazo em fatores inerentes a obesidade e DC.

 

    Estes achados podem auxiliar na promoção dos possíveis benefícios inerentes aos programas de exercícios físicos utilizados pelo NASF, contribuindo para incentivar a prática regular de exercícios físicos, auxiliando na prevenção e tratamento da obesidade e DC. Portanto, o objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos crônicos da prática regular de exercícios físicos do NASF em marcadores de obesidade e DC de indivíduos obesos.

 

Métodos 

 

Abordagem experimental do problema 

 

    Foi realizado um estudo transversal retrospectivo oriundo dos arquivos do NASF no município de Crixás-GO. Os dados referem ao programa de exercícios físicos utilizados pelo órgão, consistindo em 4 sessões de exercícios semanais prescritos por uma profissional de Educação Física, as alunas eram divididas em turmas e estas turmas organizadas por horários. No primeiro momento, os voluntários preencheram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e as medidas antropométricas para classificação da obesidade e risco de DC. No segundo momento, 24 horas após, os voluntários iniciaram o protocolo de treinamento composto por um período de 15 meses (Figura 1). Todas as sessões foram supervisionadas por um professor e Educação Física qualificado.

 

Figura 1. Desenho do estudo

Figura 1. Desenho do estudo

 

Amostra 

 

    A análise da amostra de priori revelou que para atingir um tamanho de efeito de 0,25 (ES) com poder de 0,80 e significância de 0,05 seria necessário um total de 48 participantes. Contudo, foram analisados os registros de 100 mulheres com obesidade grau I (Tabela 1) considerando eventuais perdas documentais. Para serem considerados obesas, as participantes teriam que apresentar IMC ≥ 30,00kg/m². Foram incluídos no estudo registros de indivíduos sedentários, caracterizados pela não realização de nenhum tipo de exercício físico por um período ≥6 meses. Os critérios para exclusão de registros foram: i) histórico de doenças neuromusculares, metabólica, hormonal ou cardiovascular; II) uso de qualquer medicação que possa influenciar a função muscular hormonal ou neural; e III) ter qualquer limitação ortopédica que pudesse interferir na realização dos exercícios.

 

    Adicionalmente, em ocasião, o órgão (NASF) informou sobre os procedimentos experimentais e todos os possíveis riscos e desconfortos relacionados ao programa de treinamento, assinando temo de consentimento. O protocolo de estudo aprovado pelo Comitê de Ética Institucional CAAE: 56907716.5.0000.5083.

 

Tabela 1. Características dos participantes

Variáveis

Média ± DP

Idade (anos)

37,1 ± 12,0

Massa corporal (kg)

93,91 ± 14,8

Estatura (metros)

1,68 ± 0,1

IMC (kg/m²)

33,4 ± 5,5

IMC = índice de massa corporal

 

Medidas e avaliações 

 

    Classificação de obesidade 

 

    Para classificação de obesidade, a massa corporal foi avaliada por meio de uma balança eletrônica/digital com precisão de 50 gramas (peso mínimo de 1 kg e 50 gr - máximo de 200 kg) da marca Gtech®. A altura foi medida por meio de um estadiômetro Sanny, um modelo profissional (faixa de medição: 40 cm até 210 cm). Com os valores dessas duas variáveis, o Índice de Massa Corporal (IMC) das voluntárias foi calculado utilizando-se a equação abaixo:

 

IMC = massa corporal (kg)/altura (m²) (FAO, 2014)

 

    A classificação de obesidade foi definida através dos seguintes faixas: IMC < 18,5 “baixo peso”, IMC 18,5-24,99 “eutrofia”, IMC 25-29,99 “sobrepeso”, IMC ≥ 30,00 “obesidade”.

 

    Classificação de risco para DC 

 

    A Circunferência Abdominal (CA) foi utilizada para classificar o risco de DC através da avaliação realizada com o indivíduo na posição ereta e relaxada, sendo realizada a medida horizontal do abdome na altura da crista ilíaca, em geral no nível do umbigo (ACSM guidelines, 2017). Todas as medidas foram feitas com uma fita flexível, porém não elástica da marca Sanny®. O resultados foram utilizados para estimar o risco de DC a partir dos seguintes pontos de corte: CA > 80 cm “risco aumentado”, CA > 88 cm “risco muito aumentado”. (Lean et al., 1995)

 

    Protocolo de treino 

 

    As características do programa de exercícios físicos utilizados pelo NASF são descritas na Tabela 2. Adicionalmente, todos foram realizados por tempo limite, iniciando o primeiro mês com 30 segundos, aumentos gradativos no tempo limite foram realizados ao longo dos meses como forma de aumentar a intensidade, juntamente com estímulo verbal para incentivar o máximo desempenho durante as sessões de treino. Além disso, ressaltamos que este é um protocolo padrão utilizado pelo programa, portanto, não foi cabível de alterações pelos pesquisadores.

 

Tabela 2. Descrição do programa de exercícios físicos

Dias da semana

Tipos de exercícios físicos

Meses

Nº de voltas no circuito

Tempo

limite

Segunda-feira

Aquecimento de MMSS e MMII; Circuito realizado com os exercícios na seguinte ordem: agachamento, flexão de braços no solo, abdominais, corda naval, shutle run com cones, escada de agilidade e step.

1-2

1

30 s.

3-6

2

30-45 s.

7-10

3

45 s.- 1m.

11-15

4

45 s. - 1m.

Terça-feira

Aquecimento de MMSS e MMII; Circuito realizado com os exercícios na seguinte ordem: avanço com deslocamento, flexão de braços no solo, abdominais, corda naval, agachamento livre com sobrecarga, elevação pélvica no solo, step e jump.

1-2

1

30 s.

3-6

2

30-45 s.

7-10

3

45 s.- 1m.

11-15

4

45 s. - 1m.

 

Quarta-feira

Aquecimento de MMSS e MMII; Circuito realizado com os exercícios na seguinte ordem: agachamento livre, flexão de braços no solo, burpee, polichinelo, abdominais, corda naval, elevação pélvica no solo, step, jump, swing com kettlebell e corrida estacionária em duplas com cinturão de tração.

1-2

1

30 s.

3-6

2

30-45 s.

7-10

3

45 s.- 1m.

11-15

4

45 s. - 1m.

Quinta-feira

Aquecimento de MMSS e MMII; Circuito realizado com os exercícios na seguinte ordem: agachamento sumo, burpee, polichinelo, abdominais, glúteo 4 apoios com caneleiras, elevação pélvica no solo, jump, deslocamento lateral com mini-bands.

1-2

1

30 s.

3-6

2

30-45 s.

7-10

3

45 s.- 1m.

11-15

4

45 s. - 1m.

MMSS = Membros superiores; MMII = Membros inferiores. S. = Segundos; M. = Minutos

 

Análise estatística 

 

    Os dados são apresentados como mediana ± erro padrão. A normalidade dos dados foi testada de acordo com o teste de Kogomorov-Smirnov. O teste de Friedman foi utilizado para análise de comparações múltiplas, verificando diferenças significativas entre os momentos.

 

    Todas as análises foram realizadas utilizando o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0. O nível de significância de p≤0,05 foi utilizado para todas as variáveis.

 

Resultados 

 

    O teste de Friedman demonstrou efeito do tempo sobre a redução do IMC e circunferência do abdome (CABD) [X²(3) = 211,776; p < 0,001 e X²(3) = 291,350; p < 0,001, respectivamente]. O teste de comparação múltipla mostrou que os valores do IMC foram diferentes entre os meses 1 (33,4 ± 5,5), 5 (31,6 ± 5,5), 10 (29,3 ± 5,2) e 15 (27,7 ± 5,0) (Figura 2).

 

Figura 2. Comparação do IMC

Figura 2. Comparação do IMC

IMC = Índice de massa corporal; *p ≤ 0,05 comparado ao mês anterior; #p ≤ 0,05 comparado ao mês 1.

 

    Além disso, as comparações múltiplas também demonstraram que os valores de CABD foram significativamente diferentes entre os meses 1 (101,0 ± 1,4), 5 (97,0 ± 1,2), 10 (92,0 ± 1,0) e 15 (87,0 ± 1,0) (Figura 3).

 

Figura 3. Comparação da circunferência do abdômen

Figura 3. Comparação da circunferência do abdômen

CABD = Circunferência Abdominal; *p ≤ 0,05 comparado ao mês anterior; #p ≤ 0,05 comparado ao mês 1.

 

    Adicionalmente, também foi demonstrado efeito do tempo sobre a redução da massa corporal [X²(3) = 211,776; p < 0,001], com diferença significativa entre os meses 1 (92,5 ± 1,5), 5 (87,4 ± 1,4), 10 (80,5 ± 1,3) e 15 (75,2 ± 1,2) (Figura 4).

 

Figura 4. Comparação da massa corporal

Figura 4. Comparação da massa corporal

MC = Massa corporal; *p ≤ 0,05 comparado ao mês anterior; #p ≤ 0,05 comparado ao mês 1.

 

    Ademais, a MC demonstrou uma redução linear ao longo dos 15 meses, exceto entre os meses 11 e 13 (Figura 5).

 

Figura 5. Comportamento da massa corporal

Figura 5. Comportamento da massa corporal

MC = Massa corporal

 

Discussão 

 

    O presente estudo teve o objetivo de verificar os efeitos crônicos da prática regular de exercícios físicos do NASF em marcadores de obesidade e DC de indivíduos obesos. Nossos resultados demonstraram melhoras melhorar significativas nos marcadores de obesidade como o IMC (kg/m²) e massa corporal (kg), bem como o risco de DC inerentes a circunferência abdominal (cm).

 

    Nossos resultados corroboram com os achados de Silva et al. (2018) ao avaliar 20 mulheres introduzidas a 5 meses de exercícios físicos do programa do NASF, ao qual reduziu o IMC em 6,62%, inclusive, com resultados percentuais de redução superior ao nosso (5,7%) (Figura 2). Entretanto, os indivíduos do nosso estudo alteraram a classificação de obesos para sobrepeso, este achado é importante visto que recentes evidências sugerem uma relação inversa ao quadro de obesidade e diminuição do risco de mortalidade por todas as causas (Yu et al., 2017).

 

    Apesar de Ho et al. (2012) demonstrar diferenças nas alterações do IMC ao comparar diferentes tipos de exercícios físicos como treinamento concorrente, de resistência muscular ou treinamento resistido com um grupo controle por um curto período de 3 meses (-1,6%, -1,3%, -1,6% e -1,6%, respectivamente). Nosso programa de exercícios do NASF demonstrou alterações similares no IMC, quando comparados a outros tipos de exercícios físicos praticados por períodos superiores a 10 meses (Wewege et al., 2017), demonstrando ser uma intervenção eficiente neste quesito.

 

    Adicionalmente, nossos achados referentes a MC demonstraram diferenças significativas em todos os momentos (Figura 4), apesar de não ter sido encontrado estudos similares ao nosso referente ao programa de exercícios e duração da intervenção. Rosa et al. (2017)avaliaram 18 mulheres submetidas a 12 meses de exercícios físicos realizados 2 vezes por semana através de um programa do governo similar ao NASF, verificando uma redução de 5,51 kg após a intervenção. Estes resultados, apesar de positivos, bem como adquiridos em um período de intervenção menor, são inferiores ao nosso estudo (-17,3 kg).

 

    No contexto, evidencias sugerem que as alterações na MC oriundas da prática de exercícios, podem ser influenciados pela utilização de orientação nutricional, tipos de exercícios, frequência de treino, idade, sexo e afins (Dias et al., 2014; Ferrari et al., 2012; Pimenta et al., 2015), justificando a variação entre os meses 11 e 12 da redução linear da MC (Figura 5), visto que este período correspondeu ao período de férias, no qual pode ocorre mudanças temporárias de hábitos,estes entre outros fatores poder contribuir para explicar as diferenças entre estudos avaliando a MC, entre outras variáveis como a CABD e risco de DC.

 

    Apesar das diferenças significativas encontradas entre os momentos na avaliação da CABD (Figura 3), as voluntarias alteraram a classificação de “risco muito elevado” de DC, para “risco elevado”, continuando na classificação de risco. Corroborando com estes achados, Varela et al. (2007), investigaram o efeito do exercício físico resistido e aeróbios, realizados três vezes por semana, durante 3 meses. Ao final do estudo foram observadas diminuições significas da CABD (p<0,05), porém, sem alteração na classificação de risco para DC.

 

    Frade (2014), submetendo 7 indivíduos a prática de exercícios físicos 3 vezes por semana durante 12 semanas. Também verificou uma redução na CABD, porém insuficiente para alterar a classificação de risco para DC. Possivelmente, a falta de resultados promissores no risco de DC através da CABD, pode ser devido a fatores inerentes as variáveis do treinamento como intensidade, duração, tipos de exercícios utilizados e afins. (Racil et al., 2013; Trapp et al., 2008)

 

    Ademais, apesar dessa pesquisa demonstrar que o programa de exercícios físicos proposto pelo NASF pode promover alterações significativas em marcadores de obesidade e DC de forma crônica, possivelmente, alterações na metodologia utilizada como a seleção de exercícios e controle de outras variáveis poderiam favorecer para resultados mais expressivos.

 

Conclusão 

 

    Os resultados sugerem que 15 semanas de exercícios físicos utilizados pelo programa NASF melhora os marcadores de obesidade e DC. Essas evidencias podem favorecer para a propagação da prática de exercícios físicos através de programas do governo como o NASF, contribuindo para a diminuição das complicações de saúde oriundas da obesidade e DC, afim de melhorar a qualidade de vida da população, bem como diminuir os gastos governamentais nessa perspectiva.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 279, Ago. (2021)