ISSN 1514-3465
Análise da ofensiva da seleção brasileira de
futebol feminino na Copa do Mundo FIFA 2019
Analysis of the offensive of the Brazilian Women's Football Team in the FIFA World Cup 2019
Análisis de la ofensiva de la selección brasileña de fútbol femenino en el Mundial de Fútbol de 2019
Rafaela Dias de Pontes*
rafaeladiaslg@hotmail.com
Carlos Soares Pernambuc
o**karlos.pernambuco@hotmail.com
Ignácio Antônio Seixas-da-Silva
***ignacioseixas@gmail.com
Rodolfo de Alkmim Moreira Nunes
****rodolfoalkmim@gmail.com
Vitor Ayres Principe
*****vitorprin@gmail.com
Rodrigo Gomes de Souza Vale
******rodrigovale@globo.com
*Bacharel em Educação Física pela Universidade Estácio de Sá, campus Cabo Frio
Estudante do curso de Licenciatura em Educação Física e participa
do laboratório de Fisiologia do Exercício na mesma instituição
**Doutor em Biociências (UNIRIO). Membro pesquisador dos laboratórios
de Fisiologia do Exercício (UNESA) e do Laboratório de Biociência
da Motricidade Humana (LABIMH/UNIRIO)
Professor de educação do estado do Rio de Janeiro
e da Universidade Estácio de Sá em Cabo Frio
***Graduado em Educação Física e atualmente é doutorando
do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte (PPGCEE)
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Pesquisador do Laboratório de Exercício e Esporte (LABBES) da UERJ
Professor na Universidade Estácio de Sá em Cabo Frio
****Licenciado em Medicina e Educação Física
Doutor em Ciências da Saúde (UFRN)
Coordenador e pesquisador do Laboratório de Exercício e Esporte (LABBES)
Professor do Programa de Ciências do Exercício e do Esporte
do Instituto de Educação Física e Esporte (IEFD)
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
*****Graduado em Educação Física e Matemática
Atualmente candidato ao doutorado no Programa de Pós-Graduação
em Ciências do Exercício e do Esporte (PPGCEE)
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Pesquisador do Laboratório de Exercício e Esporte (LABBES) da UERJ
Professor na Universidade Estácio de Sá em Cabo Frio
******Doutor em Biociências (UNIRIO). Coordenador e pesquisador
do Laboratório de Exercício e Esporte (LABBES)
Professor do Programa de Ciências do Exercício e do Esporte
e do Instituto de Educação Física e Esporte (IEFD)
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Coordenador e professor da Universidade Estácio de Sá em Cabo Frio
(Brasil)
Recepção: 11/04/2020 - Aceitação: 07/02/2021
1ª Revisão: 13/08/2020 - 2ª Revisão: 29/01/2021
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0
Este trabalho está sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt |
Citação sugerida
: Pontes, R.D. de, Pernambuco, C.S., Seixas-da-Silva, I.A., Nunes, R. de A.M., Principe, V.A. e Vale, R.G. de S. (2021). Análise da ofensiva da Seleção Brasileira de Futebol Feminino na Copa do Mundo FIFA 2019. Lecturas: Educación Física y Deportes, 25(274), 16-30. https://doi.org/10.46642/efd.v25i274.2144
Resumo
O presente estudo teve o objetivo de analisar as ações táticas ofensivas da seleção brasileira de futebol feminino durante a Copa do Mundo FIFA® 2019, com 103 sequencias ofensivas que compõem a amostra no decorrer da competição. Para a coleta dos dados, fez-se a observação sistemática dos jogos disponibilizados pela plataforma InStat® e gravados a partir das transmissões televisivas. Todos os dados foram modelados e analisados a partir da linguagem computacional de livre acesso Python 3.7. As variáveis de jogo analisadas foram: tempo de realização do ataque, números de contato com a bola, número de bolas recebidas/número de passes, velocidade de transmissão da bola, local de recuperação da posse de bola, forma de recuperação da posse de bola, local de conclusão da ação ofensiva e desfecho da ação ofensiva. Para análise dos dados, utilizou-se estatística descritiva e os testes de Qui-Quadrado e Kruskal-Walls (p<0,05). Foram verificadas diferenças significativas apenas para as variáveis velocidade de transmissão de bola (p=0,031) e o local de recuperação de posse de bola na variável central defensiva (p=0,047). Com este estudo podemos concluir que a equipe brasileira manteve primou por interceptar as ações adversárias no último terço do campo principalmente pelo corredor esquerdo e em alguns momentos a equipe esperava as adversárias em seu campo de jogo. Também se verificou que a velocidade de transmissão da bola foi fator significante durante a fase de grupos para classificação da equipe.
Unitermos
: Futebol feminino. Análise de desempenho. Copa do Mundo.
Abstract
This research aim was to analyze the offensive tactical actions of the Brazilian women's soccer team during four matches at the FIFA® World Cup 2019. For data collection, the games were made available by the InStat® platform and systematically observed and recorded from television broadcasts. All data is modeled and analyzed using the Python 3.7 freely accessible computer language. The game variables were the time of the attack, numbers of contact with the ball, number of balls received / number of passes, speed of transmission of the ball, place of the ball recovery possession, a form of the ball recovery possession, place of finished the offensive action and outcome of the offensive action. The descriptive statistics, and the Chi-Square and Kruskal-Walls tests were used (p <0.05). Significant differences were found only for the variables ball speed (p=0.031) and the place of recovery of ball possession in the central defensive variable (p=0.047). With this study, we can conclude that the Brazilian team maintained its priority for intercepting the opponent's actions in the last third of the field, mainly through the left corridor, and at times the team waited for the opponents in their field of play. It also found that the speed of transmission of the ball was a significant factor during the group phase for the team classification.
Keywords:
Women soccer. Performance analysis. FIFA World Cup.
Resumen
El presente estudio tuvo como objetivo analizar las acciones tácticas ofensivas de la selección brasileña de fútbol femenino en la Copa del Mundo FIFA® 2019, con 103 secuencias que componen la muestra, durante la competencia. Para la recolección de datos, fueron observados y grabados a partir de transmisiones de televisión los partidos puestos a disposición por la plataforma InStat®. Todos los datos se ajustaron y analizaron utilizando el lenguaje informático de acceso libre Python 3.7. Las variables de juego analizadas fueron: tiempo para realizar el ataque, número de contacto con el balón, número de balones recibidos/número de pases, velocidad de transmisión del balón, lugar de recuperación de la posesión del balón, forma de recuperación de la posesión del balón, lugar de finalización de la acción ofensiva y resultado de la acción ofensiva. Para el análisis de los datos se utilizó estadística descriptiva y las pruebas de Chi-Cuadrado y Kruskal-Walls (p<0,05). Se encontraron diferencias significativas solo para las variables velocidad del balón (p=0,031) y el lugar de recuperación de la posesión del balón en la variable defensiva central (p = 0,047). Con este estudio, podemos concluir que la selección brasileña optó por interceptar las acciones del oponente en el último tercio del campo principalmente por el sector izquierdo, y en ocasiones el equipo esperaba a los oponentes en su campo de juego. Se encontró que la velocidad de transmisión del balón fue un factor significativo durante la fase de grupos para la clasificación por equipos.
Palabras clave
: Fútbol femenino. Análisis de rendimiento. Copa del Mundo.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 274, Mar. (2021)
Introdução
Durante muito tempo o futebol foi considerado um esporte tipicamente masculino, mas isso mudou e o futebol não é mais uma modalidade exclusiva para homens (Goellner, 2005). O futebol é o esporte coletivo mais popular do planeta. Em 2012 a FIFA estimou que havia mais de 29 milhões de mulheres praticando futebol no mundo, um aumento de 32% considerando os 10 anos anteriores, o que tornou este esporte um dos mais praticados pelo público feminino. (FIFA, 2015)
Embora o desempenho individual esteja associado à capacidade aeróbica em jogos de futebol (Mohr et al., 2003), as ações de alta intensidade (correr em alta velocidade, saltar, mudar de direção) estão associadas aos momentos determinantes do jogo. (Dalen et al., 2016; Park et al., 2019; Reche-Soto et al., 2019; Strauss et al., 2019)
Estes momentos têm como base os princípios táticos que configuram um conjunto de normas sobre o que fazer durante uma partida. Desta forma, proporcionam às jogadoras a possibilidade de conseguirem soluções táticas eficazes para os problemas decorrentes das situações que enfrentam durante o jogo. (Garganta, e Pinto, 1998)
Uma vez entendidos e adotados pelas jogadoras, os princípios táticos auxiliam a equipe no controle do jogo, na qualidade da posse de bola, na gestão do ritmo de jogo, nas tarefas defensivas, nas transições entre fases, no alcance mais fácil do gol entre outras coisas. (Costa et al., 2009)
A observação de uma seção de treino ou um jogo dentro de uma competição de futebol constitui para investigadores e treinadores uma tarefa fundamental quando o objetivo é perceber quais ações estão associadas à eficácia das equipes (Garganta, 1997). Desta forma, todas as opiniões precisarem ser respeitadas e possam ser válidas, para obter estratégias que levem ao sucesso, sendo necessário ir além das opiniões e buscar novas formas de observações. (Sarmento et al., 2018)
De acordo com Lopes (2005), pelo fato do jogo de futebol ter essa característica de oposição (uma equipe contra a outra) e cooperação (dentro da própria equipe), que guiam as equipes ao objetivo comum que é vencer a partida, a dimensão tática é importante.
Entende-se por tática a aptidão que o jogador deve ter para perceber, analisar e decidir pela jogada que melhor de adapte aos lances do jogo de forma individual e coletiva, portanto é o resultado dos comportamentos individuais e coletivos administrados pelos princípios de jogo observando as regras e respeitando a equipe adversária. (Garganta, e Gréhaigne, 2007)
Dessa forma, a tática é a arte de planejar a atuação de uma equipe, empregando as melhores maneiras se sair bem na disputa, e o sistema de jogo é formado pelas diversas formações defensivas e ofensivas de uma equipe combinadas entre si. A dimensão ofensiva tem como objetivos principais: manter a posse de bola, avançar no campo adversário e marcar gol, já na dimensão defensiva acontece exatamente o contrário. (Castelo, 2004; Sarmento et al., 2018)
Os métodos de jogo ofensivo coordenam de forma eficaz as ações dos jogadores criando condições favoráveis para concretizar o ataque e o gol. São pressupostos essenciais de um método de jogo ofensivo: equilíbrio ofensivo; velocidade de transição das ações e comportamentos tático-técnicos individuais e coletivos da fase defensiva para a fase ofensiva, assim também o centro de jogo; o cruzamento do processo ofensivo; as movimentações ofensivas em largura e profundidade e a circulação tática. (Castelo, 2009; Sarmento et al., 2018)
Na dimensão defensiva é observada quando a equipe adversária adquire a posse de bola e adota uma disposição mais recuada no jogo, incitando, dessa maneira, na equipe a um comportamento defensivo. (Pivetti, 2012)
Ainda que pesquisas sejam realizadas no âmbito do futebol, muitas vezes o jogo continua sendo observado de forma experimental por observadores humanos que, frequentemente, são enganados por algum fenômeno psicológico que dificulta a compreensão. (Anderson, e Sally, 2013)
Compreender o jogo de futebol como um micro sistema formado por variados subsistemas (funcional, formal, organizacional entre outros) que recebem influência e são dependentes das condições de oposição, pressão temporal, adaptabilidade e cooperação. (Garganta, 2015)
Portanto as ações das jogadoras são integradas em uma estrutura que segue um determinado padrão, de acordo com certos princípios e regras que se concretizam em duas fases opostas: (1) o ataque e (2) a defesa. (Moura, 2020)
Dessa forma, o sucesso no futebol, segundo Sarmento et al. (2010), está condicionado a táticas baseadas em níveis adequados de condicionamento físico e técnico e por essa razão, pesquisas, análises e estudos são de suma importância para um crescimento no nível das equipes, jogadores e treinadores.No entanto, ainda existem lacunas no que diz respeito às informações relacionadas ao futebol feminino, tais como: características físicas, características de jogos, monitoramento, alterações hormonais entre outros.
Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo analisar as ações táticas ofensivas da seleção brasileira de futebol feminino durante 4 partidas na Copa do Mundo FIFA® 2019 em 103 sequências ofensivas da seleção brasileira no decorrer da competição.
Métodos
Para a composição deste estudo, foram analisados os padrões ofensivos da seleção brasileira de futebol feminina durante a Copa do Mundo de 2019 na França. Essas avaliações foram feitas através das imagens disponibilizadas pelas câmeras de televisão e pelo software LongoMatch® 2014 v1.0, a partir do método de análise notacional onde é possível apreciaras ações executadas pelas atletas durante os jogos. Foram observadas as seguintes características: (a) os princípios do jogo de futebol, (b) a tática, e (c) a estratégia do jogo.
O tipo de seleção dos participantes para está pesquisa foi induzida, ou seja, foram selecionadas, 4 jogos durante a participação da seleção Brasileira de Futebol Feminino durante a Copa do Mundo da França em 2019 com 103 sequências de ações ofensivas. Portanto, para essa pesquisa, a amostra atendeu aos seguintes critérios de inclusão e exclusão.
Critério de Inclusão:
Sequências de ações ofensivas; Jogos da Copa do Mundo FIFA® 2019; Jogos da Seleção Brasileira durante sua participação na copa do Mundo FIFA® 2019.
Critério de Exclusão:
Sequências de ações defensivas; Jogos de outros times que não jogaram com a seleção Brasileira durante a como do mundo FIFA® 2019.
Amostra
A amostra foi composta por 103 sequências de ações ofensivas realizadas pela Seleção Brasileira de Futebol feminino, durante os 4 jogos que disputou na Copa do Mundo de Futebol FIFA® 2019. As variáveis analisadas nesse estudo foram apenas aquelas possíveis de serem coletadas a partir das filmagens disponibilizadas pela televisão, as mesmas utilizadas por Garganta (1997), acrescidas de duas variáveis relacionadas a conclusão da ação ofensiva pertinente nesse estudo. Na Tabela 1 é possível observar as variáveis utilizadas e sua respectiva descrição.
Tabela 1. Descrição das variáveis de estudo
Variáveis |
Descrição |
Tempo de realização
do ataque (TRA) |
Período de tempo
compreendido entre o início do processo ofensivo (Primeiro contato com
a bola e a sua conclusão). |
Número de contatos com
a bola (NCT) |
Contatos efetuados
pelos jogadores durante uma determinada sequência. |
Número de bolas
recebidas/Número de passes (NR/PASS) |
Número total de bolas
recebidas pelos jogadores em uma determinada sequência de jogo, vindas
de um companheiro/ Passe contabilizado quando a bola foi efetivamente
transmitida ao companheiro de equipe. |
Velocidade de transmissão
da bola (VTB) |
Calculado a partir de
dois indicadores: Número de bolas recebidas e número de contatos
realizados pelo mesmo para transmitir a bola. |
Local de recuperação
da posse da bola (LAR) |
Refere-se a zona de
campo de jogo no qual se tem início a ação observada. |
Forma de recuperação
da posse de bola (FAR) |
Foram considerados para
análise as seguintes formas de recuperação da posse de bola: 1) Interceptação
(Jogador bloqueia o passe do portador da bola e recupera a bola); 2) Desarme (Oposição
direta do jogador da equipe ao adversário portador da bola, com
subsequente manutenção da posse de bola); 3) Fragmentos de jogo
(Tiros de meta, arremessos laterais, escanteios, tiros livres,
impedimentos, defesas do goleiro, pontapés de saída); 4) Erros do adversário
(Passe negativo). |
Local de conclusão da
ação ofensiva (LCO) |
Local onde foi efetuada
a finalização. |
Desfecho da ação
ofensiva (DO) |
Finalização ao gol. |
Registro das imagens
A partir dos jogos da Seleção Brasileira de Futebol Feminino durante a Copa do Mundo de Futebol FIFA® 2019, este estudo se utilizou da observação sistemática dos 4 jogos, disponibilizados pela plataforma InStat® e gravados a partir das transmissões televisivas.
Todos os estádios utilizados na Copa do Mundo de Futebol FIFA® 2019 têm as medidas do campo de jogos restritas a 105 x 68 metros. Desta forma, para registros das ações realizadas no campo de jogo foi adotado um campograma dividido em 12 zonas, sendo 4 setores e 3 corredores, conforma apresentado na Figura 1. Nesse sentido, este estudo tem por limitação, que podem resultar em possíveis perdas de informação, a impossibilidade de visualização do campo efetivo de jogo em sua totalidade e de interrupções das imagens para apresentação de “replays” e patrocinadores.
De acordo com a Figura 1, o campograma correspondente à divisão topográfica do terreno de jogo em doze zonas, a partir da justaposição de quatro setores transversais: 1) Setor Defensivo (SD), 2) Setor Médio Defensivo (SMD), 3) Setor Médio Ofensivo (SMO) e 4) Setor Ofensivo (SO)e três setores longitudinais: 1) Corredor Direito (CD), 2) Corredor Central (CC) e 3) Corredor Esquerdo (CE).
Tratamento de dados
Para a coleta de dados, foi utilizado o computador portátil (notebook) modelo NP350XAA da marca Samsung®. Uma vez sendo realizada a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados no sistema computacional Microsoft Office Excel® 2003. Todos os dados foram modelados e analisados a partir da linguagem computacional de livre acesso Python 3.7.
Para caracterização da amostra foi utilizada a estatística descritiva foi utilizada para caracterizar a amostra quanto as variáveis. Para verificar a forma de distribuição dos dados, foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov nas variáveis TRA, NCT, NR/PASSES e VTB. Portanto, o teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para identificar entre quais situações ocorriam diferenças significativas visto que estas variáveis apresentam uma distribuição livre. Desta forma, o nível de significância adotado foi de p < 0,05. Para comparar as frequências de ações nas variáveis LAR e FAR foi utilizado o teste de Qui-Quadrado (X²). (Morettin, e Bussab, 2017)
Resultados
As equipes se organizam a partir da forma como os jogadores arquitetam suas jogadas dentro de um espaço do jogo delimitado. As ações ofensivas durante sua participação da Seleção Brasileira em 4 jogos na Copa do Mundo FIFA® 2019 podem ser entendidas a partir do comportamento das partidas pela sua fase do torneio e pelos momentos da partida em que a equipe se encontra (vitória, empate ou derrota).
Na Tabela 2 pode ser observado os resultados da estatística descritiva para as variáveis, Tempo de realização do ataque (TRA), Número de contatos com a bola (NCT), Número de bolas recebidas/Número de passes (NR/PASS) e Velocidade de transmissão da bola (VTB).
Tabela 2. Estatística descritiva para as variáveis TRA, NCT, NR/PASSES e VTB
|
|
Variáveis |
Geral |
Vitória |
Empate |
Derrota |
p |
Fase |
Grupos |
TRA |
21,35 ± 27,37 |
19,95 ± 22,64 |
23,05 ± 30,99 |
13,25 ± 2,77 |
0,978 |
NCT |
7,98 ± 7,16 |
6,79 ± 3,79 |
8,46 ± 8,79 |
10,5 ± 1,11 |
0,268 |
||
NR/PASS |
0,86 ± 0,23 |
0,90 ± 0,22 |
0,83 ± 0,25 |
1,00 ± 0,00 |
0,288 |
||
VTB |
0,44 ± 0,26 |
0,38 ± 0,19 |
0,50 ± 0,28 |
0,19 ± 0,02 |
0,031* |
||
Oitavas |
TRA |
22,44 ± 28,81 |
-- |
22,58 ± 31,56 |
21,85 ± 11,96 |
0,578 |
|
NCT |
10,05 ± 6,69 |
-- |
9,37 ± 6,20 |
12,85 ± 7,85 |
0,576 |
||
NR/PASS |
0,87 ± 0,19 |
-- |
0,89 ± 0,21 |
0,80 ± 0,09 |
0,072 |
||
VTB |
0,38 ± 0,22 |
-- |
0,39 ± 0,24 |
0,38 ± 0,14 |
0,955 |
Legenda: TRA - Tempo de realização do ataque; NCT - Número de contatos com a bola;
NR/PASSES
- Número de bolas recebidas/Número de passes; VTB - Velocidade de transmissão
da bola.
*demonstra diferença significativa para p<0,05
Através dos resultados obtidos, podemos compreender que a velocidade que as jogadoras conseguem transmitir a bola (VTB) para uma companheira de equipe teve um fator significativo (0,031) durante a fase de grupos da Copa do Mundo FIFA® 2019, quando a equipe estava ganhando, empatando ou perdendo as partidas.
Isto quer dizer, a equipe conseguia impor uma velocidade maior no jogo no momento que precisava construir o resultado (durante o empate), mas quando momento de derrota contra a Austrália aos 66 minutos do segundo tempo não conseguiu aprimorar essa velocidade só conseguindo manter a posse de bola e consequentemente aumentar o número de contatos com a bola (NCT).
Verificou-se que o comportamento da seleção brasileira foi similar em cada fase, mas que não foi apresentada uma VTB igual da apresentada na fase de grupos onde a equipe ganhou dois jogos dos três disputados.
Durante uma partida de futebol é necessário compreender como funciona a construção da fase ofensiva. Desta forma, o local de recuperação da posse de bola (Tabela 3) determina o início desta construção. Portanto, estar atentos a forma que como a equipe recupera a bola (Tabela 4), também é um fator primordial para compreender o início desta fase.
Porém, quando a equipe estava com maiores problemas durante o jogo a equipe resolveu esperar suas adversárias no seu campo de jogo, o que fica claro quando a zona Central da defesa (CD) apresenta valores significativos (0,047) em caso de vitória, empate ou derrota pelo teste de Qui-Quadrado.
Tabela 3. Local de recuperação da posse de bola
Variáveis |
Geral |
Vitória |
Empate |
Derrota |
p |
LO |
9 |
0 |
8 |
1 |
0,245 |
CO |
7 |
1 |
6 |
0 |
0,496 |
RO |
10 |
1 |
8 |
1 |
0,589 |
LMO |
17 |
3 |
11 |
3 |
0,603 |
CMO |
11 |
5 |
5 |
1 |
0,218 |
RMO |
9 |
1 |
7 |
1 |
0,682 |
LMD |
9 |
5 |
3 |
1 |
0,065 |
CMD |
6 |
3 |
3 |
0 |
0,258 |
RMD |
8 |
1 |
7 |
0 |
0,404 |
LD |
3 |
1 |
2 |
0 |
0,798 |
CD |
8 |
1 |
4 |
3 |
0,047* |
RD |
6 |
2 |
4 |
0 |
0,638 |
Legenda:
Esquerda ofensiva (LO), Centro Ofensivo (CO), Direita ofensiva (RO), Esquerda
meio ofensivo (LMO), Central meio ofensivo (CMO), Direita meio ofensivo (RMO),
Esquerda meio ofensivo (LMD), Central meio defensivo (CMD), Direita meio
defensivo (RMD), Esquerda defensiva (LD), Central defensivo (CD) e Direita
defensiva (RD) do campo de jogo.
*demonstra a diferença significativa para p<0,05
Assim, a forma de recuperação da posse de bola nessas zonas do campo foi determinada a partir de quatro modalidades: 1) Interceptação, 2) Desarme, 3) Fragmentos do Jogo e 4) Erro do adversário, onde não apresentaram diferença significativa quando a equipe estava ganhando, empatando ou perdendo a partida.
Tabela 4. Forma de recuperação da posse de bola
Variáveis |
Geral |
Vitória |
Empate |
Derrota |
p |
Interceptação |
36 |
11 |
21 |
4 |
0,565 |
Desarme |
15 |
5 |
10 |
0 |
0,325 |
Fragmentos do Jogo |
46 |
7 |
32 |
7 |
0,322 |
Erro do adversário |
6 |
1 |
5 |
0 |
0,599 |
*demonstra a diferença significativa para p<0,05
O final da fase ofensiva pode ser determinado pelo local de conclusão das ações ofensivas (Tabela 5) da seleção Brasileira, tendo como variáveis a frequência de ações em cada local e com o desfecho da ação ofensiva (Tabela 6).
Tabela 5. Local de conclusão da ação ofensiva
Variáveis |
Geral |
Vitória |
Empate |
Derrota |
p |
LO |
20 |
2 |
17 |
1 |
0,200 |
CO |
32 |
9 |
20 |
3 |
0,806 |
RO |
15 |
1 |
11 |
3 |
0,220 |
LMO |
8 |
4 |
4 |
1 |
0,282 |
CMO |
16 |
7 |
9 |
2 |
0,248 |
RMO |
7 |
1 |
6 |
1 |
0,717 |
Legenda: Esquerda ofensiva (LO), Centro ofensivo (CO), Direita ofensiva (RO),
Esquerda
meio ofensivo (LMO), Central meio ofensivo (CMO) e Direita meio ofensivo (RMO).
*demonstra a diferença significativa para p<0,05
Tabela 6. Desfecho da ação ofensiva
Variáveis |
Geral |
Vitória |
Empate |
Derrota |
p |
Defesa da Goleira |
47 |
12 |
30 |
5 |
0,935 |
Fora da Baliza |
17 |
6 |
10 |
1 |
0,461 |
Chute Bloqueado |
31 |
2 |
26 |
3 |
0,071 |
Bola
na Trave |
1 |
0 |
0 |
1 |
0,015* |
Gol |
6 |
4 |
1 |
1 |
0,027* |
Gol
inválido |
1 |
0 |
1 |
0 |
0,773 |
*demonstra a diferença significativa para p<0,05
De acordo com a Tabela 6, a bola na trave (0,015) e o gol (0,027) demostram uma diferença significativa para o desfecho da ação ofensiva da equipe brasileira. Estes eventos podem ser entendidos como situações em que todas as atletas foram superadas, no caso do gol isto é bem claroe em uma bola chutada na trave pode ser uma situação ocorrida. Porém, apenas o desfecho de ação ofensiva com o gol pode ser resultante para determinar o sucesso da equipe em uma partida.
Discussão
O entendimento de um jogo colaborativo versus oposição, sendo futebol um esporte invasivo, entender a essência do jogo, como também da ideia defensivas da equipe adversária fazendo uma relação com a pressão de espaço e tempo.
De acordo com Lopes (2005), pelo fato de o jogo de futebol ter essa característica de oposição (uma equipe contra a outra) e cooperação (dentro da própria equipe), que guiam as equipes ao objetivo comum que é vencer a partida, a dimensão tática é fundamentalmente importante. (Sarmento et al., 2018)
As equipes se organizam a partir da forma como os jogadores arquitetam suas jogadas dentro de um espaço do jogo delimitado. As ações ofensivas durante sua participação da Seleção Brasileira em 4 jogos na Copa do Mundo FIFA® 2019 podem ser entendidas a partir do comportamento das partidas pela sua fase do torneio e pelos momentos da partida em que a equipe se encontra (vitória, empate ou derrota).
Desta forma, a variável VTB apresentou diferença significativa quando comparadas em casos de vitória, empate e derrota durante a fase de grupos. Tendo a VTB como uma variável que permite compreender a velocidade na qual as jogadoras passam a bola a companheira e captar a velocidade em que a equipe faz a bola circular. Neste item, faz-se semelhança com os padrões ofensivos já observador em outras seleções, por exemplo, o time espanhol masculino na Copa de 2010, onde promoveu estabilidade na VTB nas situações em que estava empatando ou ganhando, já que a seleção brasileira feminina manifestou certa instabilidade. (Moraes et al., 2014)
A equipe brasileira apresentou durante a Copa do Mundo uma postura de surpreender as adversárias fazendo uma marcação alta no último terço do campo de jogo principalmente pelo lado esquerdo do campo (LMO) com 17 bolas recuperadas nesta zona.
Os métodos de jogo ofensivo coordenam de forma eficaz as ações dos jogadores criando condições favoráveis para concretizar o ataque e o gol. A essência de um método de jogo ofensivo é composta por: equilíbrio ofensivo; velocidade de transição das ações e comportamentos tático-técnicos individuais e coletivos da fase defensiva para a fase ofensiva, assim também o centro de jogo; o cruzamento do processo ofensivo; as movimentações ofensivas em largura e profundidade e a circulação tática. (Castelo, 2004)
Diante da análise desfecho da ação ofensiva, conforme demonstra a tabela 6é possível observar que nenhuma das ações apresenta diferença significativa, porém 53,4% culminaram em ações que levaram algum tipo de perigo a equipe adversária. No entanto, não foi possível estabelecer parâmetros com outros autores, pois nenhum material de investigação foi encontrado no que se refere a: (1) defesa da goleira, (2) chute fora da baliza, (3) chute bloqueado, (4) bola na trave, (5) gol e (6) gol inválido.
De acordo com os resultados obtidos é possível perceber que a seleção brasileira feminina apresentou durante a Copa do Mundo de 2019 um padrão de jogo progressivo, ou seja, a necessidade de refinamento técnico onde a atenção visual passa para os demais elementos do jogo que resulta nas necessidades das jogadoras têm em identificar e em simultâneo dar atenção, às informações visuais proprioceptivas e cognitivas para execução das ações técnicas no jogo. Deste modo, o gesto técnico no futebol necessita da interação com o contexto do jogo e em buscar relações entre os aspectos técnicos e táticos (Lázaro, e Oliveira, 2002). Assim, atletas mantiveram a recuperação da posse da bola interceptando passes e fragmentando o jogo, principalmente no setor direito do campo.
O princípio tático fundamental na fase ofensiva promoveu um auxílio aos jogadores, tanto os mais distantes como os mais envolvidos diretamente no “centro de jogo”, direcionassem as intervenções e atitudes tático-técnicos para agredir e obter o sucesso ao gol. (Castelo, 2004)
A execução desses princípios táticos possibilita que a equipe obtenha condições favoráveis em termos de espaço e tempo para a realização da tarefa, isto é, maior número de jogadores no “centro de jogo”, maior facilidade para executar ações tático-técnicas ofensivas e probabilidade de desestabilizar a organização defensiva da equipe adversária. (Sarmento et al., 2018)
Com base em estudos da fase ofensiva foi verificado que se utiliza um conjunto de variáveis relativas às ações dos jogadores e das equipes que são de extrema importância para seu entendimento. A zona de recuperação da posse de bola influencia a eficiência das equipes (Garganta, 2015), quanto mais próximo da baliza adversária se conquista a posse de bola, mais proveitosas são as ações ofensivas posteriores. (Link, e Hoernig, 2017)
A ofensividade está relacionada ao entendimento de jogo observado pelos jogadores e o formato de jogo concebido para a equipe. São estabelecidos a inteligência dos jogadores o valor dos seus movimentos e limitações das suas posições em relação aos companheiros, à bola e aos atletas da equipe adversária. (Hainault, e Benoit, 1980)
Demopoulos (2016) e Reche-Soto et al. (2019), em seus estudos utilizaram de dispositivo eletrônico para acompanhar a movimentação dos jogadores, sendo possível observar diversos parâmetros metabólicos a associar ao desempenho. A tecnologia wearable, em especial o sistema de posicionamento global via satélite (GPS) facilita a observação da movimentação dos indivíduos e dos grupos. Ao realizar uma análise tática utilizando desses recursos e relacioná-los ao desempenho metabólico trará maiores compreensões a respeito de cada ação, individualizada e do grupo observados
Conclusões
Ao final das análises foi possível concluir que a equipe brasileira manteve primou por interceptar as ações adversárias no último terço do campo principalmente pelo corredor esquerdo e em alguns momentos a equipe esperava as adversárias em seu campo de jogo. Também se verificou que a velocidade de transmissão da bola foi fator significante durante a fase de grupos para classificação da equipe, mas não sustentou o avanço da equipe nas quartas de finais.
Este estudo apresenta como limitação a aquisição dos dados por meio das imagens televisivas. Mesmo que muito utilizado por diversas equipes e profissionais do futebol as imagens da televisão trazer anúncios que em determinados momentos que podem atrapalhar a aquisição dos dados.
Recomenda-se estudos futuros sobre a aquisição de dados por meio de um protocolo notacional a partir das imagens televisivas e das imagens adquiridas pelo o analista no campo de jogo para poder determinar a quantidade da perda da informação que possa existir.
Referências
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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 274, Mar. (2021)