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ISSN 1514-3465

 

A ofensiva na iniciação em basquetebol: 

a ótica de professores e técnicos de elite brasileiros

The Offensive in Basketball Initiation: the Optics of Elite Teachers and Coaches in Brazil

La ofensiva en la iniciación al baloncesto: la mirada de los profesores y entrenadores de élite brasileños

 

Valdomiro de Oliveira*

oliveirav457@gmail.com

Gislaine Cristina Vagetti**

gislainevagetti@hotmail.com

Roberto Rodrigues Paes***

robertopaes@fef.unicamp.br

 

*Doutor em Ciências do Desporto (UNICAMP)

Mestre em Ciências do Desporto (UNICAMP)

Especialista em Treinamento Desportivo (UNOPAR)

Especialista em Treinamento de Alto Nível (ICF/Moscou, Rússia)

Líder do Centro de Pesquisa em Educação e Pedagogia do Esporte (UFPR)

Prof. de Pedagogia do Esporte e Basquetebol Associado (UFPR)

**Doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Graduada em Educação Física pela UEM

Professora Associada da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)

Orientadora no programa de Pós- Graduação em Educação da UFPR

***Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas

Professor Titular pela Universidade Estadual de Campinas

Diretor Associado da Faculdade de Educação Física da Unicamp (1998-2002)

Diretor da Faculdade de Educação Física da Unicamp (2002-2006)

Líder do Grupo de Estudos em Pedagogia do Esporte (GEPESP)

Atualmente é membro (facilitador) da Academia Brasileira

de Treinadores do Instituto Olímpico

(Brasil)

 

Recepção: 11/04/2020 - Aceitação: 03/08/2021

1ª Revisão: 13/07/2021 - 2ª Revisão: 26/07/2021

 

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Citação sugerida: Oliveira, V. de, Vagetti, G.C., e Paes, R.R. (2021). A ofensiva na iniciação em basquetebol: a ótica de professores e técnicos de elite brasileiros. Lecturas: Educación Física y Deportes, 26(281), 105-122. https://doi.org/10.46642/efd.v26i281.2143

 

Resumo

    O objetivo da pesquisa foi explorar o conhecimento acumulado de técnicos brasileiros e professores do ensino superior em relação ao processo ensino da tática no basquetebol do Brasil, em diferentes categorias da formação desportiva: pré-mini, mini, mirim, infantil, do sub11 ao sub15. A amostra foi constituída por 11 técnicos de basquetebol com representação a nível nacional e internacional e 11 professores mestres e doutores que atuam com basquetebol em universidades brasileiras. O instrumento de medida utilizado foi a entrevista embasada num questionário semi-estruturado com perguntas abertas. Os dados foram analisados de forma qualitativa, por meio da análise de conteúdo e descrito de forma quantitativa em nível de freqüência e percentual. Os resultados mostraram que houve convergência, divergência e até conflitos de pensamentos educacionais entre os conteúdos e métodos de ensino dos fundamentos ofensivos na iniciação. Pode-se dizer que, na etapa de iniciação, deve-se evitar jogadas complexas privilegiando o ensino com base nos exercícios em situações de jogo. Com os resultados do estudo, podem-se tecer algumas conclusões: o ensino dos sistemas ofensivos basquetebol deve ser concebido num processo longo, no qual seus conteúdos e métodos variem no transcorrer do processo de ensino da técnica e da tática dos atletas, e busca-se ainda um modelo de iniciação para o basquetebol brasileiro com muitos estudos, principalmente longitudinais. Mesmo assim, tornou-se possível sinalizar algumas possibilidades pedagógicas para as diferentes fases das etapas do processo de ensino da tática no basquetebol brasileiro, considerando uma periodização a longo prazo dos conteúdos e estratégias pedagógicas de ensino-treinamento.

    Unitermos: Educação esportiva. Basquetebol. Ensino.

 

Abstract

    The objective of the investigation was to explore the accumulated knowledge of Brazilian higher education coaches and teachers in relation to the process of teaching tactics in the balance of sports in Brazil, in different categories of sports training: pre-mini, mini, junior, child, sub11 to sub15. The study show is made up of 11 coaching coaches with national and international representation and 11 teachers with masters and doctors who work with coaching at universities. The measuring instrument used was the interview based on a semi-structured questionnaire with open questions. Data were analyzed qualitatively by content analysis and quantitatively described in terms of frequency and percentage. The results showed that there is convergence, divergence and inclusion of conflicts of educational thoughts between the contents and methods of teaching the offensive fundamentals in the initiation. It can be decided that, in the initiation stage, complex games should be avoided, privileging teaching based on exercises in game situations. With the results of the study, some conclusions can be drawn: the teaching of offensive systems of balance must be conceived in a broad process, in which its contents and methods vary in the course of process of teaching the technique and tactics of sportsmen, and it is still looking for an initiation model for Brazilian basketball with many studies, mainly longitudinal. Thus, it was possible to indicate some pedagogical possibilities for different phases of the stages of tactical teaching process in Brazilian basketball, considering a wide periodization of pedagogical contents and strategies-formation for teaching.

    Keywords: Sports education. Basketball. Teaching.

 

Resumen

    El objetivo de la investigación fue explorar el conocimiento acumulado de los entrenadores y profesores de educación superior brasileños en relación con el proceso de enseñanza de la táctica en el baloncesto en Brasil, en diferentes categorías de entrenamiento deportivo: pre-mini, mini, junior, infantil, sub11 a sub15. La muestra estuvo conformada por 11 entrenadores de baloncesto con representación nacional e internacional y 11 profesores con maestría y doctores que trabajan con el baloncesto en universidades brasileñas. El instrumento de medición utilizado fue la entrevista basada en un cuestionario semiestructurado con preguntas abiertas. Los datos se analizaron cualitativamente mediante análisis de contenido y se describieron cuantitativamente en términos de frecuencia y porcentaje. Los resultados mostraron que hubo convergencia, divergencia e incluso conflictos de pensamientos educativos entre los contenidos y métodos de enseñanza de los fundamentos ofensivos en la iniciación. Se puede decir que, en la etapa de iniciación, se deben evitar los juegos complejos, privilegiando la enseñanza basada en ejercicios en situaciones de juego. Con los resultados del estudio se pueden sacar algunas conclusiones: la enseñanza de los sistemas ofensivos del baloncesto debe concebirse en un largo proceso, en el que sus contenidos y métodos varían en el transcurso del proceso de enseñanza de la técnica y táctica. Aun así, fue posible señalar algunas posibilidades pedagógicas para las diferentes fases de las etapas del proceso de enseñanza de la táctica en el baloncesto brasileño, considerando una periodización de largo plazo de los contenidos y estrategias pedagógicas de enseñanza-formación.

    Palabras clave: Educación deportiva. Baloncesto. Enseñanza.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 281, Oct. (2021)


 

Introdução 

 

    Autores como Oliveira (2012, 2020), Favari, e Galatti (2018), e Tricoli, e De Rose Jr (2017), tem estudado o processo de formação técnica e tática nos desportos coletivos no Brasil, onde os sistemas ofensivos se reservam aos conteúdos e estratégias de ensino e devem ser priorizados em diferentes momentos da formação desportiva para o basquetebol, principalmente em metodologias que contemplam o ensino em longo prazo.

 

    De acordo com Oliveira, e Paes (2012, 2020) os estudos que tratam do processo de formação técnica e tática dos atletas de basquetebol no Brasil e no exterior, parecem ainda não se mostrarem suficientes para sustentar os anseios dos técnicos no seu trabalho na prática do basquetebol. No basquetebol, esse entendimento reflete as categorias de disputas nos campeonatos estaduais pré-mini, mini, mirim, e infantil ou sub11, ao sub15 em competições estas que formam a base inicial desse desporto no País.

 

    Oliveira et al. (2009) já observaram em seus estudos por meio de um capítulo de livro publicado na Espanha (Congresso Internacional de Deportes de Equipo - Madrid), que a ciência do basquetebol possui um distanciamento vertiginoso entre a produção científica com a prática do jogo. Assim, o ensino da tática, realizado somente por jogadas estereotipadas, não valorizando as capacidades cognitivas importantes nas resoluções de problemas causados pela imprevisibilidade do basquetebol, ou seja, a tomada de decisão diante das ações dos adversários, fazendo a leitura do jogo e agindo de acordo com as situações casuais, precisam chegar as praticas pedagógicas dos técnicos.

 

    Estudo este corroborado pela literatura nacional, Benelli (2018), e internacional como Maricone, Galatti, e Perez (2016), em que apresentam divergências de entendimento do processo de ensino dos sistemas ofensivos para o basquetebol, bem como as estratégias metodológicas utilizadas para ensinar esses sistemas ofensivos visando diferentes categorias da formação desportiva em basquetebol sempre com vistas no jogar para aprender.

 

    Dessa forma o objetivo desse artigo é explorar o conhecimento acumulado de técnicos brasileiros e professores do ensino superior em relação ao processo ensino da tática ofensiva no basquetebol do Brasil, em diferentes categorias da formação e apresentar indicativos pedagógicos para o ensino em diferentes fases de aplicação dos conteúdos e dos métodos.

 

Métodos 

 

Caracterização da pesquisa 

 

    Esta pesquisa caracteriza-se como sendo descritiva e exploratória e, de acordo com Thomas, e Nelson (2002), tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis, utilizando técnicas padronizadas de coleta de dados que serão analisadas de forma quantitativa e principalmente de forma qualitativa. Neste estudo, os dados quantitativos objetivaram evidenciar melhor alguns padrões de respostas, contribuindo para o processo de análise qualitativa. Nessa perspectiva, analisar e quantificar os elementos caracterizados pela relação entre dois ambientes é o propósito.

 

Participantes do estudo 

 

    Participaram do estudo onze professores com titulação de Mestres e Doutores que atuam com o ensino da disciplina que envolve a modalidade basquetebol em universidades brasileiras.

 

    Também participaram onze técnicos de basquetebol; sendo eles sete técnicos que já passaram ou estão nas seleções nacionais; e quatro técnicos pertencentes a equipes de relevância nacional na atualidade, totalizando um total de 22 participantes.

 

Quadro 1. Perfil dos participantes do ambiente A - Professores universitários envolvidos na pesquisa

Professores Ms e Drs

Profissão

Formação Acadêmica

P1

Professor Universitário

Doutorado

P2

Professor Universitário

Doutorado

P3

Professor Universitário

Doutorado

P4

Professor Universitário

Doutorado

P5

Professor Universitário

Mestrado

P6

Professor Universitário

Doutorado

P7

Professor Universitário

Mestrado

P8

Professor Universitário

Mestrado

P9

Professor Universitário

Mestrado

P10

Professor Universitário

Doutorado

P11

Professor Universitário

Mestrado

Fonte: O estudo

 

Quadro 2. Perfil dos participantes do ambiente B - Técnicos renomados envolvidos na pesquisa

Técnico

Profissão

Formação Acadêmica

T1

Técnico de basquetebol

Professor EF

T2

Técnico de basquetebol

Professor EF

T3

Técnico de basquetebol

Professor EF

T4

Técnico de basquetebol

Professor EF

T5

Técnico de basquetebol

Professor EF

T6

Técnico de basquetebol

Professor EF

T7

Técnico de basquetebol

Professor EF

T8

Técnico de basquetebol

Professor EF

T9

Técnico de basquetebol

Professor EF

T10

Técnico de basquetebol

Professor EF

T11

Técnico de basquetebol

Professor EF

Fonte: O estudo

 

Instrumento de medida 

 

    Rol de perguntas abertas semi-estruturadas para os técnicos e professores universitários de basquetebol sobre a etapa de iniciação (aprendizagem do basquetebol).

 

    O instrumento de medida utilizado foi a entrevista semi-estruturada com perguntas abertas.

 

Quadro 3. Entrevista semi-estruturada

Em relação ao ensino dos sistemas ofensivos do basquetebol.

 

    Em sua opinião, para a etapa de iniciação nas diferentes categorias;

 

Roteiro

  • Quais conteúdos devem ser ensinados na etapa de iniciação em basquetebol?

  • Por que devem ser ensinados esses conteúdos na etapa de iniciação em basquetebol?

  • Quais métodos devem ser utilizados na etapa de iniciação em basquetebol?

  • Por que devem ser utilizados esses métodos na etapa de iniciação em basquetebol?

 

    Foram utilizadas fichas com dados pessoais para identificar a amostra. Para gravar os depoimentos, foi utilizado um mini gravadore, fitas cassete de 60 minutos, uma para cada técnico e professor entrevistado. As entrevistas foram gravadas em sua maioria na residência dos professores e técnicos e outras restantes nos locais de treinamento e de aulas. Posterior as explicações técnicas sobre o método, procedeu-se à coleta. A duração das entrevistas variou entre uma hora e meia a duas horas.

 

Definição dos participantes e os aspectos éticos da pesquisa 

 

    O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Campinas, comprovado pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido fornecido número 0193/0.

 

Análise qualitativa dos conteúdos: Análise de conteúdo 

 

    Para analisar os dados, utilizou-se a análise de conteúdo. Segundo Bardin (1977), esta pode ser definida como um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens. Os dados qualitativos foram expostos por meio de quadros contendo as falas dos entrevistados, P1 a P11 para os professores e T1 a T11, para os técnicos, quando analisados em sua totalidade.

 

Análise quantitativa dos conteúdos: Freqüência e percentual 

 

    Para a compreensão dos resultados quantitativos, foi utilizado a freqüência e percentual dos dados, no que se refere às informações de natureza qualitativa. Thomas, e Nelson (2002), pontuaram que, analisar quantitativamente dados qualitativos não significa apenas uma técnica de pesquisa, mas a sistematização científica de princípios e conceito. Os dados quantitativos foram expostos em gráficos em percentuais das respostas coletivas.

 

Resultados e discussão 

 

Conteúdos – sistemas ofensivos (tática) na Iniciação em basquetebol 

 

    Em relação ao ensino dos sistemas ofensivos do basquetebol na iniciação, professores e técnicos foram questionados acerca de quais sistemas ofensivos devem ser ensinados nas fases iniciais do ensino do basquetebol, que abrangem da categoria pré-mini até por volta da categoria infantil, sub 11 ao sub 15 e quais os métodos que devem ser utilizados como estratégias pedagógicas de ensino. Será utilizado T, para Técnicos e P para Professores.

 

Quadro 4. Perfil dos conteúdos que os técnicos destacam no ensino 

dos sistemas ofensivos do basquetebol na etapa de iniciação

T3: “Penso que os sistemas táticos devem ser ensinados com bastante liberdade... Por exemplo, a equipe deve atacar com pelo menos 4 jogadores de frente para a cesta... E buscando apenas o servir e ir ou passe e siga... Aliados aos fundamentos simples de ataque como as fintas sem bola e com bola. Porque eu acho que damos uma noção muito grande, e isso vai ser melhor mais para frente, quando eles forem incluídos em sistemas de jogo mais fechados, mais rígidos... Eles vão conseguir permanecer nesses sistemas.”

 

T7: “É a rotação, onde todos jogam de frente para a cesta, e não priorizar o menino com 12, 13, 14 anos que já vai ser o pivô, o outro já vai ser armador e o outro já vai ser lateral. Então, naturalmente eles vão passando por todas ases posições, primeiro jogando de frente para o cesto depois de costa para o cesto e a partir de 15 anos você começa a ir direcionando os jogadores para cada posição.”

 

T9: “Devemos nos preocupar principalmente com os fundamentos individuais de ataque. Deve-se melhorar a qualidade de execução no treinamento, ao invés de se preocupar com o sistema a ser utilizado ou a jogada que ele vai fazer, o ideal é cobrar os fundamentos que ele vai fazer principalmente na etapa de iniciação da aprendizagem.”

 

T10: “Fundamentos individuais de ataque principalmente sem bola. Porque é muito importante, a situação de saber jogar sem a bola... Dentro da periodização do nosso clube, ensinamos primeiro que eles saibam jogar.”

 

T11: “O ataque deve ser através de conceitos ofensivos. Porque eles têm muitas dificuldades de transferência dos educativos.”

 

Quadro 5. Perfil dos conteúdos que os professores mestres e doutores destacam 

no ensino dos sistemas ofensivos do basquetebol na etapa de iniciação

P2: “Em relação aos sistemas ofensivos, eu diria não só ensinados, mas desenvolvidos nos jovens... os aspectos da inteligência de jogo, a tática... obviamente para não dizer dos fundamentos técnicos que interferem. Porque nós temos que desenvolver nos jovens essa ideia do conjunto para o melhor jogo.”

 

P6: “Eu não trabalho com jogadas até 7ª e 8ª séries, todo dia tem jogo... e no jogo eu passava conceitos de ataque, tipo olhar se tem alguém livre e em melhores condições que você, então passe ao invés de perder tempo, se não der para passar, drible com a bola. Porque defendo a importância de motivar todos nessas faixas etárias.”

 

P7: “Nessas categorias eu não falo de posição, ensino a jogar 1x1, depois 2x2, depois 3x3 e sempre dou jogo de 5x5, porque é motivante para os praticantes. Porque entendo que é mais motivante para quem aprende.”

 

P8:“Deveria ensinar os garotos a fazer cesta, porque este é o grande barato do jogo... no segundo momento, ensiná-los como jogar sem bola, e posicionamentos para receber a bola em melhores condições, porque é aí que desenrola o jogo. Porque gosto muito de jogo livre, e penso que nesta categoria deveria ser o mais utilizado”.

 

P9: “O importante é ensiná-los a fazer a leitura do jogo e essa é importante para que ele viva as diferentes posições.”

 

P10: “Ensino eles a jogar se movimentando e passando para os companheiros. Porque primeiro tem que se respeitar as condições físicas e técnicas de quem vai executar, então armadores laterais e pivôs deverão ter características próprias para executar tais funções no jogo.”

 

P11: “Através de movimentações simples com todos abertos.”

 

Gráfico 1. Distribuição das respostas coletivas em relação ao ensino 

dos conteúdos-sistemas ofensivos na iniciação em escala de 100%

Gráfico 1. Distribuição das respostas coletivas em relação ao ensino dos conteúdos-sistemas ofensivos na iniciação em escala de 100%

Fonte: A pesquisa de campo

 

    Antes de discutir os dados, salienta-se que as jogadas ensaiadas são estratégias que os técnicos utilizam para conseguir a demarcação (as jogadas individuais são jogadas de um jogador contra um adversário, como 1x1 na posição de pivô). O jogo livre dá oportunidade à movimentação da bola entre todos os atacantes na qual todos podem atacar quando estiverem em condições favoráveis no ataque. E o jogo de grupo são situações isoladas de 2x2 ou 3x3, na qual os outros jogadores não participam das ações ofensivas durante parte do jogo e depende de cada técnico. (Oliveira, Paes, e Vagetti, 2020)

 

    No que diz respeito aos conteúdos de ensino dos sistemas ofensivos do basquetebol na etapa de iniciação, pode-se verificar que os técnicos e os professores citam vários conteúdos. Entre os técnicos, por exemplo, 18,2% sugere que as jogadas devem ser preestabelecidas, 27,3% que as jogadas devem ser individuais, 27,3% que deve haver jogo livre e 27,3% pontua que deve ser mediante jogos de grupo. Já os professores assinalam que apenas 9,1% dos conteúdos devam acontecer por meio de jogadas preestabelecidas, 18,2% defende os conteúdos por meio de jogadas individuais, e a maioria (63, 6%) assevera que devem ser os jogos de grupo. Pode-se afirmar que os conteúdos de ensino dos aspectos ofensivos do basquetebol não se limitam ao jogo de 5x5 nem tampouco aos fundamentos individuais, e que o trabalho de dupla e de trios é muito valioso nessa etapa.

 

    De acordo com os resultados deste estudo e das proposições literárias (Benelli, 2018; Maricone et al., 2016; Oliveira, Vagetti, e Paes, 2020), para o ensino do desporto em geral, ao transportarem-se tais conhecimentos para o ensino dos sistemas ofensivos do basquetebol, pode-se preconizar que são vários os sistemas de ataque (ofensiva). Nas fases de iniciação, todavia, nas quais se destacam a aprendizagem e a automatização dos gestos motores, o ensino das estruturas de ataque deve partir das premissas de sistemas simples, como ataque contra defesas individuais simples, e o ataque contra apenas alguns sistemas por zona, tais como 2:1:2, 3:2 de forma simplificada, valorizando o ataque individual.

 

    Jogar contra sistemas defensivos, seja individual ou por zona, a ofensiva deve ser simples e objetiva, sendo que a tomada de decisão individual é elaborada em função da equipe, adequando as potencialidades e possibilidades individuais na resolução dos problemas ocasionados pela ação dos adversários. Não são recomendadas jogadas complexas, mas sim jogadas simples, utilizando movimentações nos espaços vulneráveis da zona, o que pressupõe que os técnicos e os professores de basquetebol podem ensinar os iniciantes a “jogar e não a fazerem jogadas complexas de execução, por exemplo jogar em grupos de 2x2 ou 3x3 e até mesmo o jogo de 1x1 se for o caso”.

 

    Na sequência, alguns depoimentos mostrando esses aspectos e as diferenças e similaridades nas ideias:

    T4: “... eu acho que o sistema não é tão importante no basquetebol... o dá e segue... isso deve ser aprendido desde o mini… a criança ou o pré-adolescente aprende isso... ou ele passa ou executa outro movimento; ¿qual? ele precisa saber!! ou ele penetra... ou ele passa e vai fazer um corta-luz..., ou passa e faz uma finta de corpo para entrar e receber a bola outra vez… ou ele faz a finta e volta para receber... defendo isso como tese e em meu trabalho prático também é assim, e eu uso nas idades de formação e até no adulto, que eu chamo de jogo livre, que é em cima de movimentos... que são os princípios que norteiam o ataque...”

 

    P5: “... o mais importante da aprendizagem nessa fase é a mudança de ritmo, saída rápida, parada brusca, os cortes, as fintas... primeiro temos que ensinar a atacar contra individual... na minha estratégia de ensino, eu começo o ataque quando elas estão na defesa e esse ensino é baseado em princípios, buscando desenvolver a criatividade do jogador, e quando você está ensinando a defesa, você já está dizendo o que, a ofensiva faz, aí precisa de muito trabalho técnico individual...”

    No que diz respeito a esse assunto, Oliveira, e Paes (2012, 2020), já advertiram que os conteúdos ofensivos devem ser ensinados no que eles chamam de “sistemas de ofensiva em conjunto”, citando ainda o contra-ataque, o ataque contra zona e o ataque contra individual. No que tange ao contra-ataque, o autor apregoa que o mesmo deve partir das seguintes situações de jogo: rebote defensivo, interceptação dos passes, depois de cesta obtida ou sofrida, no caso de bolas de fora da quadra, depois de bola ao alto e após lances livres.Galatti (2018) corrobora com isso e destaca que, significa que o contra-ataque é um dos conteúdos dos sistemas ofensivos do basquetebol mais importantes na iniciação.

 

    Posteriormente, o autor cita que o corta luz é um importante conteúdo ofensivo cujo principal objetivo é impedir ou dificultar a livre movimentação dos defensores adversários durante o jogo.

 

    Em seguida, destaca que os sistemas ofensivos contra defesas homem a homem e por zona, ressaltando ser possível tentar o contra-ataque em toda as situações, e alertando, todavia, que nem sempre isso será possível, tornando-se então necessário o ataque armado em meia quadra, o qual teria a missão de vencer as defesas já organizadas em situações, nesse caso individualmente e discorre ainda acerca de ensinar várias formas de ataque contra sistemas armados de defesa homem a homem e por zona: 2-3, 3-2, 4-1, 1-3-1, 1-2-2. Por fim, cada sistema poderá ser utilizado contra individual e por zona e dependerá das características das equipes adversárias.

 

    Continuando, Tricoli, e De Rose (2017), postulam que a tática ofensiva aparece como uma forma de facilitar o objetivo do jogo e seus conteúdos são: a) de acordo com números de pivôs – pivô simples, pivô duplo, pivô triplo, rotatividade; b) segundo o posicionamento inicial dos atacantes 1-3-1, 1-4, 2-3; c) conforme as formas de defesa do adversário - individual, zona, pressão, mista, combinada; d) em conformidade com o contra-ataque. (Oliveira, Vagetti e Paes, 2020)

 

    Ainda sobre esse assunto, Oliveira et al. (2009) publicaram um capitulo de livro (Congresso Internacional de Deportes de Equipo - Madrid), exemplificando a diferença entre treinamento dos sistemas ofensivos no basquetebol com o ensino dos sistemas ofensivos. Aqui o modelo é apresentado para o ensino do basquetebol para a etapa de iniciação considerando a ação pedagógica em quem joga, com base no modelo da ação pedagógica em quem joga, onde os conteúdos de ensino do basquetebol, destaca-se pelos valores que transcendem os conteúdos da técnica e da tática como conceito de jogo, pensamento estratégico, tomada de decisão, técnica motora adaptativa, percepção dos objetivos de cada sessão, tipos de jogadas e participação indireta quando não estiver com a posse da bola, ou seja, jogar sem a bola. Na iniciação, jogar sem a bola não é muito motivador para os praticantes, mas é necessário pensando na etapa posterior que é a especialização como apontam os autores.

 

    Ainda nesse raciocínio, em pesquisas mais recentes, Oliveira, e Paes (2012; 2020), afirmam que, as jogadas que fazem parte da planificação das sessões de ensino devem ser constituídas como uma fonte de problemas a serem resolvidos pelos aprendizes e compreendidas durante um processo de ensino. E com o decorrer do tempo esses problemas serão minimizados, mediante a utilização correta e enquadrada das ações técnicas, envolvendo os aprendizes nas tomadas de decisão que são mais importantes para o basquetebol. Torna-se valioso assim, perceber quais conteúdos outros técnicos e professores entendem que devem ser apreciados nessa etapa do processo de iniciação para a ofensiva.

    T8: “... em relação ao ataque não vamos falar em jogadas no ataque ou organizações ofensivas... vamos falar em jogo livre... o que é jogo livre?... o jogo livre tem algumas regras... de ocupação do espaço, mas ele dá para a menina a liberdade para jogar…

 

    P5: “... a criatividade é muito importante, acompanhada de deslocamentos, o motivo é que no basquete só tem uma bola e os outros 4 jogam sem bola e por isso é preciso se deslocar, então temos que montar um sistema ofensivo em movimento sempre......”

    Fica evidente nos depoimentos que os conteúdos de ensino dos sistemas do basquetebol são muitos, porém ainda não estão claros na literatura quando se trata de organização em longo prazo nas competições clubistas, nem tampouco para o ensino do basquetebol no contexto escolar, local onde está a maioria das crianças que aprendem os primeiros movimentos do basquetebol. Os conteúdos aqui apresentados pelos técnicos e professores são uma ótima opção do que se deve ensinar, quando se trata de formação de equipes de basquetebol e do que se pode utilizar na escola através do ensino educacional do basquetebol.

 

    Não obstante, torna-se imperativo rever alguns conceitos da literatura (Oliveira, e Paes, 2020), em relação aos conteúdos de ensino dos sistemas ofensivos do basquetebol na etapa de iniciação, porque na prática percebe-se que a busca incessante pelos resultados precoces, em função das muitas mudanças nas evoluções táticas (inteligências nas tomadas de decisão), que o mundo sofreu nas últimas décadas, exigindo dos técnicos resultados respostas competitivas mais rápidas nos resultados esportivos até por uma questão de sobrevivência, obrigando repensar o processo de ensino nas fases iniciais do basquetebol.

 

    No que diz respeito aos conteúdos e às estratégias pedagógicas de ensino na etapa de iniciação, pode-se extrair da literatura (Gonzalez, e Vicenço, 2018), e das discussões dos resultados da pesquisa algumas informações importantes e realizar algumas sínteses, por exemplo, os objetivos para o ensino-treinamento dos sistemas ofensivos na etapa de iniciação contra sistemas individuais devem contemplar a compreensão do ataque em todas as posições na quadra, independentemente de sua função no jogo.

 

Metodologias de ensino-treinamento dos sistemas ofensivos (tática) na iniciação 

 

Quadro 6. Perfil dos métodos que os técnicos destacam no ensino 

dos sistemas ofensivos do basquetebol na etapa de iniciação

T2: “Dos exercícios para o jogo.”

 

T3: “Através dos fundamentos individuais de grupo e coletivo.”

 

T4: “Dos fundamentos individuais para os exercícios de grupo até os coletivos.”

 

T5: “Deve ter exercício todo dia, mas principalmente o jogo, porque o garoto vai lá para jogar.”

 

T6: “Ensinar bem os fundamentos individuais depois de grupo e coletivo.”

 

T7: “Dos fundamentos individuais para os grupos e coletivo.”

 

T8: “Exercícios individuais de grupo e coletivo.”

 

T9: “Através de todo tipo de recurso áudio-visual, partindo dos exercícios individuais para os de grupo e coletivo.”

 

T10: “No aspecto metodológico, existem exercícios que daremos ênfase à defesa, e outros que daremos ênfase ao ataque, depende do objetivo da seção.”

 

T11: “Através de muito coletivo.”

 

Quadro 7. Perfil dos métodos que os professores mestres e doutores utilizam 

no ensino dos sistemas ofensivos do basquetebol na etapa de iniciação

P1: “O jogo é o principal método.”

 

P2: “Do jogo para os exercícios.”

 

P3: “Eu iniciaria, ou melhor, ensinei de forma global... interrompendo a prática e evidenciando as situações que são criadas e trabalhando a tona, os alunos/atletas as possíveis soluções.”

 

P4: “Nas situações de jogo de 1x1, 2x2, 3x3, que é para os americanos o jogo dentro do jogo.”

 

P5: “Exercícios sincronizados, buscando desenvolver a criatividade do jogador, e quando você está ensinando a defesa, você já está dizendo o que, a ofensiva faz, aí precisa de muito trabalho técnico individual.”

 

P8: “Devemos ensinar os deslocamentos sem posse de bola e mostrar através de diferentes exercícios, e situações de jogo, como eles deveriam jogar sem a bola e não só se preocupar com a bola.”

 

P9: “Defendo os exercícios de passar e ir, os sincronizados, utilizando figuras geométricas de triângulos, quadrados, círculo, estrela, para que aí sim ele desenvolva o raciocínio tático.”

 

P10: “Através de exercícios e depois jogos. Através dos exercícios eles melhoram os fundamentos e depois melhoram na tática.”

 

P11: “Principalmente através do jogo. Através dos jogos eles se motivam para jogar.”

 

Gráfico 2. Distribuição das respostas coletivas em relação à metodologia de 

ensino dos conteúdos – sistemas ofensivos na iniciação em escala de 100%

Gráfico 2. Distribuição das respostas coletivas em relação à metodologia de ensino dos conteúdos – sistemas ofensivos na iniciação em escala de 100%

Fonte: A pesquisa de campo

 

    Com relação aos métodos de ensino dos conteúdos dos sistemas ofensivos do basquetebol na etapa de iniciação, observa-sé que 90,9% dos técnicos têm nos exercícios analíticos individuais suas principais ferramentas de trabalho. Já os professores apresentam outros números: 36,4% defendem os exercícios analíticos individuais, 36,4% defendem o jogo de 5x5, 9,1% as situações de jogo, 9,1% os exercícios sincronizados e 9,1% acreditam que todos os métodos devem ser explorados na iniciação. Com esses resultados, pode-se assinalar que há diferenças e similaridades no âmbito das percentagens, porque parece que os técnicos vêem nos exercícios, o principal método de ensino e os professores, apresentam muitas possibilidades, deixando claro que todos os métodos são válidos para essa etapa. Objetiva-se nesse momento observar os depoimentos dos técnicos e professores sobre essa temática.

    T5: “... o principal é trabalhar com exercícios sincronizados, os exercícios sincronizados são os mais importantes, aquela tática de correr para cá e para lá, pode ser parada na primeira bola que o atleta receber... às vezes, o técnico fica fora gritando “vamos armar”, más ele deve dizer “vamos acalmar” para retornar a posição inicial e tentar os deslocamentos visando deixar alguém em condição de arremesso...”

 

    T7: “... bom, é muito importante você ensinar o ataque como se faz na Europa, principalmente na Iugoslávia que é a rotação, onde todos jogam de frente para a cesta, e não priorizar o menino com 12, 13, 14 anos que já vai ser o pivô, o outro já vai ser armador e outro já vai ser lateral... então, naturalmente eles vão passando por toda as posições, primeiro jogando de frente para o cesto depois de costa para o cesto e a partir de 15 anos você começa a ir direcionando os jogadores para cada posição... através de exercícios individuais depois de grupo e por fim através do jogo coletivo...”

    Depois de estudar algumas literaturas que tratam do ensino do basquetebol em diferentes possibilidades pedagógicas (Penha, 2014; Maricone et al., 2018; Oliveira, Vagetti, e Paes 2020), perceberam que os métodos de ensino para o basquetebol na etapa de iniciação ou categorias menores devem ser oferecidos nas experiências práticas em situações de jogo. Já Oliveira, e Paes (2004), em um artigo sobre o ensino dos esportes coletivos na etapa de iniciação afirmaram que deve-se utilizar também os facilitadores de 1x1, 2x2, 3x3, e, ainda, os jogos não-formais e as brincadeiras para estimular o gosto pela prática do basquetebol e que devem ser concebidas como uma possibilidade a mais de ensino, pois esses métodos podem propiciar aos alunos o conhecimento e a aprendizagem dos fundamentos básicos do basquetebol jogando, considerando seus valores relativos e absolutos, e também aprendendo de acordo com as possibilidades de materiais (locais de aprendizagem).

 

    Oliveira et al. (2006) destacam que por volta dos 13-14 anos de idade o fenômeno é a automatização, em que o aprendizado ocorre pela motivação adquirida anteriormente, e a experimentação de novos métodos de forma mais detalhada (automatização do gesto – prática) e complexa em busca da especialização das habilidades motoras, caso seja de interesse dos praticantes do “basquetebol”.

 

    Em seguida, alguns depoimentos que vão ao encontro dessas ideias.

    P7: “... eu trabalho dessa forma, não falo em jogadas, o que eu ensino para eles são as movimentações e o corta-luz... dependendo do nível do campeonato, e se eu acho que tenho condição de ganhar, apesar de não ser minha primeira intenção nessas categorias, aí faço jogadinhas de ataque, mas eles têm toda autonomia de ataque... nessas categorias eu não falo de posição, ensino a jogar 1x1, depois 2x2, depois 3x3 e sempre dou jogo de 5x5, porque é motivante para os praticantes...”

    No basquetebol, de acordo com Tricoli, e De Rose (2017), geralmente adotam-se dois métodos distintos, dependendo do grau de dificuldade exigido pelo conteúdo. São eles: a) método global, que consiste em aprender o conteúdo do basquetebol em seu contexto integral, no qual os conteúdos são compreendidos realizando-os como uma integração das partes; b) método por partes, “Método do todo-parte-todo”, no qual a aprendizagem acontece primeiramente de forma global, depois parcial e, posteriormente, global novamente. Apesar de existirem o método de jogo e o método de exercícios, pode-se pontuar que na etapa de iniciação ambos os métodos devem ser utilizados, porém o que ainda está confuso na literatura é quando e para quem. O jogo é o melhor método porque motiva os praticantes. Outros asseveram que os exercícios é que dão um suporte técnico que posteriormente será utilizado nas ações táticas. (Oliveira e Paes, 2012; 2020; Paes, 2009)

 

    Sugere-se que os métodos de ensino dos sistemas ofensivos do basquetebol, remetam-se ao binômio decisão/execução, com prioridade para o “que fazer” (aferência tática) ou para o “como fazer” (destreza técnica). Neste sentido, os conteúdos de aprendizagem na etapa de iniciação devem ser encorajados por destrezas específicas do basquetebol quando se reconhecer o valor da técnica no contexto do jogo. Isso significa que o método de jogo, quando se trata de etapa de iniciação são mais prestativos para a formação inicial da técnica e tática em basquetebol.

 

Conclusões 

 

    Ao finalizar as ideias propostas inicialmente neste estudo, no qual se objetivou de forma geral explorar o conhecimento acumulado de técnicos da elite do basquetebol brasileiro e professores do ensino superior em relação ao processo ensino da tática no basquetebol do Brasil e, de forma específica, contextualizar os conteúdos a as estratégias metodológicas utilizadas por eles no ensino dos sistemas ofensivos (tática), nas diferentes categorias do basquetebol no Brasil, como pré-mini, mini, mirim, infantil – sub 11 ao sub 15, foi possível apresentar alguns resultados e tecer algumas considerações e posteriormente apresentar indicativos pedagógicos para o ensino da tática para as diferentes categorias, considerando os conteúdos e os métodos propostos pelos técnicos e professores, com respaldo da literatura especializada. (Tricoli, e De Rose, 2017; Oliveira, e Paes, 2012; Oliveira, Paes, e Vagetti, 2020)

No que tange ao ensino-treinamento dos sistemas ofensivos (tática) na etapa de iniciação, verificou-se em muitas entrevistas, tanto dos técnicos como dos professores, que os conteúdos são diversos, mas, preferencialmente, devem ser ensinados os deslocamentos no espaço de ataque, os fundamentos básicos de passes, dribles, fintas, cortes, arremessos, quando estiverem com a bola e muitos movimentos de desmarcação quando estiverem sem a bola, principalmente para a recepção e ajuda aos companheiros de equipe (jogo sem bola).

 

    Ficou evidente em vários depoimentos que devem ser evitadas as jogadas muito complexas de execução, tendo em vista que os fundamentos de ataque são mais valiosos do que jogadas estereotipadas para essa etapa do processo. Com relação aos métodos de ensino-treinamento, parece que as opiniões de técnicos e professores divergem em relação a sua aplicação. Isto se deu porque muitos técnicos continuaram a defender os exercícios como principal método de ensino, enquanto os professores insistiram nos métodos de jogos. De acordo com muitos técnicos, a fundamentação ofensiva deve partir de fundamentos individuais que só se consegue a partir de muitos treinamentos em forma de exercícios analíticos. Já os professores continuaram a defender os jogos principalmente em situações de jogo 1x1, 2x2, afirmando facilitar o aprendizado e a motivação dos praticantes.

 

    Em síntese, defende-se o ensino dos sistemas táticos e a utilização dos métodos de ensino do basquetebol na etapa de iniciação com base na resolução dos problemas a partir da compreensão tática do jogo. Sendo assim, não significa que são descartados os métodos analíticos, mas pode-se organizar a quantidade e a estruturação dos métodos para a etapa de iniciação, em que o ensino dos conteúdos do basquetebol baseia-se na compreensão do jogo como um todo e nas experiências anteriores com base na cultura dos aprendizes no jogo. Dessa forma, torna-se importante iniciar a aprendizagem dos sistemas táticos jogando e experimentando diversos métodos com conteúdos diversificados em suas exigências motoras e psicológicas. Assim sendo sugere-se os seguintes indicativos pedagógicos para o ensino dos sistemas ofensivos:

    Para a categoria sub 12, recomenda–se principalmente os fundamentos coletivos globais, depois os fundamentos ofensivos em grupo, e por fim individuais contra defesas individual e por zona (visa aos jogos e ao jogo de 5x5). Os principais métodos são as brincadeiras, os jogos pré-desportivos e, depois, o jogo de 5x5 e as situações de jogo e, por último, os exercícios analíticos e sincronizados.

 

    Para as categoria sub 13, recomenda-se principalmente os fundamentos ofensivos em grupo, depois de forma global, por fim, individual contra defesas individual e por zona (visa ao jogo e às situações de jogo e aos exercícios individuais). O principal método é o jogo de 5x5, seguido das situações de jogo e dos exercícios sincronizados e analíticos.

 

    Para as categoria sub 14, recomenda-se principalmente os fundamentos ofensivos individuais, depois em grupo e, por fim, de forma coletiva contra defesas individual e por zona (visa ao jogo, às situações de jogo e aos exercícios individuais nessa ordem). O principal método é a situação de jogo, seguido do jogo de 5x5 e dos exercícios sincronizados e analíticos.

 

Referências 

 

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Paes, R.R., Montagner, P., e Ferreira, H. (2009). Pedagogia do esporte: Iniciação e Treinamento em basquetebol (1ª ed.). Editora Guanabara Koogan.

 

Penha, V.M., Oliveira, K.N., Isnidarsi, E.M., e Oliveira, J.E. (2014). Sistemas de defesa e ataque no basquetebol. Lecturas: Educación Física y Deportes, 18(188). https://www.efdeportes.com/efd188/sistemas-de-defesa-e-ataque-no-basquetebol.htm

 

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Tricoli, V., e de Rose Jr., D. (2017). Basquetebol do Treino ao Jogo (2ª ed.). Editora Manole.


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 26, Núm. 281, Oct. (2021)