ISSN 1514-3465

 

“Homens bombados e embalados”: masculinidades e 

músicas sobre anabolizantes em uma academia de ginástica

“Pumped Men”: Masculinities and Songs about Anabolic Steroids in a Gym

“Hombres inflados”: masculinidades y canciones sobre esteroides anabólicos en un gimnasio

 

Alan Camargo Silva*

alan10@zipmail.com.br

Jaqueline Ferreira**

jaquetf@gmail.com

 

*Doutor em Saúde Coletiva pelo Instituto de Estudos

em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Membro do Núcleo de Estudos Sociocorporais e Pedagógicos

em Educação Física e Esportes (NESPEFE/ EEFD-UFRJ)

**Doutora em Antropologia Social

pela École des Hautes Études en Ciences Sociales (EHESS, Paris/França)

Professora Adjunta do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC/UFRJ)

(Brasil)

 

Recepção: 30/03/2020 - Aceitação: 22/07/2020

1ª Revisão: 02/07/2020 - 2ª Revisão: 05/07/2020

 

Level A conformance,
            W3C WAI Web Content Accessibility Guidelines 2.0
Documento acessível. Lei N° 26.653. WCAG 2.0

 

Creative Commons

Este trabalho está sob uma licença Creative Commons

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0)

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt

Citação sugerida: Silva, A.C. y Ferreira, J. (2020). “Homens bombados e embalados”: masculinidades e músicas sobre anabolizantes em uma academia de ginástica. Lecturas: Educación Física y Deportes, 25(267), 2-20. Recuperado de: https://doi.org/10.46642/efd.v25i267.2099

 

Resumo

    O objetivo deste trabalho foi analisar músicas sobre anabolizantes em uma academia de ginástica. A partir de uma experiência etnográfica embasada no Interacionismo Simbólico, foi realizada observação participante no setor da musculação de uma pequena academia localizada em um bairro de baixa renda da cidade do Rio de Janeiro durante um ano. Detectou-se que os frequentadores homens do estabelecimento valorizavam as músicas por fazerem alusão aos anabolizantes (“bombas”) tanto como um recurso desafiador dos riscos à saúde quanto pelo sucesso que teriam nas práticas corporais e na vida social, principalmente em relação às mulheres. Conclui-se que as músicas faziam parte de um sistema de representações dessas substâncias com certo ideal de masculinidade desse grupo social.

    Unitermos: Anabolizantes. Academias de ginástica. Educação física e treinamento. Masculinidade. Homens. Etnografia.

 

Abstract

    This study aimed to analyze songs about anabolic steroids in a gym. Based on an ethnographic experience guided by Symbolic Interactionism, participant observation was performed in the bodybuilding sector of a small gym located in a low-income neighborhood in the city of Rio de Janeiro for one year. The data showed that men of the gym valued the music for alluding to anabolics steroids (“bombs”) as a challenging resource of health risks and for the success in the body practices and social life, especially in relation to women. It was possible to conclude that the songs were part of a system of representation of these substances with certain ideal of masculinity for this social group.

    Keywords: Anabolic agents. Fitness centers. Physical education and training. Masculinity. Men. Ethnography.

 

Resumen

    El objetivo de este trabajo fue analizar canciones sobre esteroides anabólicos en un gimnasio. Partiendo de una experiencia etnográfica basada en el interaccionismo simbólico, la observación participante se llevó a cabo en el sector de musculación de un pequeño gimnasio ubicado en un barrio de bajos ingresos en la ciudad de Río de Janeiro durante un año. Se descubrió que los visitantes masculinos al establecimiento valoraban la música por referirse a los esteroides anabólicos ("bombas") como un recurso desafiante para los riesgos para la salud y para el éxito que tendrían en las prácticas corporales y la vida social, especialmente en relación con las mujeres. Se concluyó que las canciones eran parte de un sistema de representaciones de estas sustancias con cierto ideal de masculinidad en este grupo social.

    Palabras clave: Esteroides anabólicos. Gimnasios. Educación física y entrenamiento. Masculinidad. Hombres. Etnografía.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 267, Ago. (2020)


 

Introdução 

 

    As academias são constituídas por um “ambiente musical” que dita o tipo de ritmo e de excitação que o frequentador deve, teoricamente, assumir para se engajar em determinada prática corporal (Maroun, 2008). Compreender como os usuários interagem com as músicas revela aspectos relativos à motivação, ao entusiasmo, ao envolvimento e à aderência aos exercícios físicos. (Rodrigues & Coelho Filho, 2012; Souza & Silva, 2012; Kommers et al., 2019)

 

    Os estudos antropológicos sobre música configuram-se como um campo de investigação rico de análise na medida em que fornecessem inúmeras possibilidades de entender dados de determinados grupos sociais. Há alguns trabalhos, por exemplo, que detectaram os modos como as relações de gênero podem se construir nas letras das músicas e de que forma isso impacta nas representações sobre “ser homem e mulher” (Oliveira & Pereira, 2013; Andrade & Pereira, 2017; Mizrahi, 2018). No entanto, essa preocupação no âmbito das práticas corporais ainda é um lócus de estudo a ser explorado.

 

    Nos últimos anos, pesquisas voltadas ao consumo de anabolizantes no universo das academias de ginástica associaram estas práticas ao exercício de determinadas masculinidades (Iriart, Chaves & Orleans, 2009; Machado & Fraga, 2017; Silva, 2017). Essa questão merece ser aprofundada nas academias junto ao público masculino no que se refere à relação entre as músicas e o uso desses produtos. Desse modo, a fim de apreender a valorização de possíveis masculinidades nas músicas sobre anabolizantes no âmbito das academias, o presente trabalho inspira-se nos estudos de gênero, principalmente naqueles que problematizam os homens e suas representações sociais. (Connel, 1997, 2006, 2012; Connel & Messerschmidt, 2013)

 

    O conceito de gênero foi construído no sentido de questionar um determinismo biológico nas relações entre os sexos, dando-lhes um caráter fundamentalmente social. Assim, a noção de gênero leva em conta que as mulheres e os homens são definidos em termos recíprocos e não podem ser entendidos separadamente (Scott, 1995). O termo vem sendo criticado, pois pode induzir a ideia de um binarismo “masculino versus feminino” reducionista e incuti-lo em uma categoria fixa e hierarquizada tanto quanto a categoria sexo (Butler, 2010). O conceito de gênero também vem sendo interpelado por teorias marxistas, psicanalíticas, dentre outras mais recentes como a analítica queer, inclusive na área de Educação Física e Esportes (Pereira & Silva, 2019). O presente trabalho não pretende dar conta dessa rica e profunda discussão, mas problematiza como as músicas podem reforçar uma ideia hegemônica, mas não única, de masculinidade fundada na performance da força física e do corpo musculoso.

 

    Estudar antropologicamente as “sonoridades” valorizadas pelos frequentadores homens destes estabelecimentos de práticas corporais implica compreender como estes sujeitos pensam e se comportam diante de diferentes usos do corpo a partir das suas inserções socioeconômicas e culturais. Acrescenta-se que compreender as representações de masculinidades acerca destas substâncias por meio das músicas de academias potencializa frentes de investigação inéditas sobre o tema. Dessa forma, o lócus desse estudo situa-se tanto na área de Educação Física como no campo das Ciências Sociais, mais precisamente em interfaces com os estudos de gênero. Ademais, estudos deste tipo desnaturalizam as lógicas simbólicas dos consumos de anabolizantes em academias revelando outras representações do que as de “risco” do ponto de vista da saúde pública, sobretudo no que se refere aos usos do corpo de homens (Carrara & Saggese, 2011; Couto & Gomes, 2012; Gomes, Granja, Honorato, & Riscado, 2014). Além disso, os serviços de saúde não costumam fazer parte dos itinerários terapêuticos por parte desses homens frequentadores de academias, já que a motivação que rege o consumo de anabolizantes obedece à outras lógicas como o reforço de sua masculinidade. (Souza et al., 2019)

 

    Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi analisar músicas sobre anabolizantes em uma academia de ginástica. A problemática em tela parte da perspectiva de gênero na medida em que as letras das músicas são calcadas em certa construção social de masculino e feminino.

 

Metodologia 

 

    Para além de trabalhos quantitativos e/ou fundamentados na racionalidade biomédica, torna-se cada vez mais fundamental a necessidade de estudos qualitativos sobre anabolizantes. Segundo Hallal e Knuth (2011, p. 185):

    Uma das questões atuais em saúde pública e de relação imediata com a prática de atividade física é o uso de anabolizantes em frequentadores de academias de ginástica. Essa conduta que tem como um dos propulsores os padrões estéticos corporais atuais poderia ser “mapeada” por meio de estudos epidemiológicos. No entanto, com a tradicional abordagem de questionários, rotineiramente diretos e com questões fechadas e rápidas, já com o propósito de análise, esse método não seria ideal para a compreensão aprofundada do tema em estudo.

    Assim, esta pesquisa partiu do referencial antropológico do Interacionismo Simbólico que, em termos gerais, foca no simbólico e no relacional construído nos contatos face a face cotidianos (Becker, 1996; Goffman, 2011). Especificamente Goffman (1979), autor referência dessa perspectiva teórico-metodológica, nos interessa pelo fato de abordar condutas ritualizadas que traduzem significados culturais. Com relação aos papéis de gênero, Goffman (1979) usa uma noção fundamental, denominada gender display. Os “displays de gênero” seriam marcadores rituais de pertencimento de gênero, que são transmitidos no processo de socialização e interiorizados pelos indivíduos. É o caso, por exemplo, da forma de andar ou do falar distintivo entre homens e mulheres de acordo com a sociedade e que são expressos nas interações.

 

    Este estudo etnográfico foi desenvolvido entre duas a três vezes na semana, por quatro horas no turno da tarde/noite, durante um ano, na sala de musculação de uma pequena academia de ginástica situada em um bairro de baixa renda da cidade do Rio de Janeiro nos anos de 2012 e 2013. Neste estudo, não foi pontuado o tipo de observação pelo fato de não utilizar exclusivamente apenas um modo de agir no campo de pesquisa1. Houve inúmeros tipos de observação por parte do pesquisador, tais como: participante total, participante como observador, observador como participante e observador total. (Cicourel, 1980)

 

    Este estabelecimento, cercado por uma favela, era frequentado primordialmente por homens da comunidade local. Grande parte do público se declarava negra ou parda, heterossexual, solteira e entre 15 a 50 anos de idade. Eles possuíam (sub)empregos que ofereciam, geralmente, um salário mínimo. O grau de escolaridade dos frequentadores era a educação básica (in)completa.

 

    Bauer (2010, p. 366) argumenta que “as tentativas de considerar a música e o ruído como dados sociais devem pressupor uma relação sistemática entre os sons e o contexto social que os produz e os recebe”. Assim, nesta experiência etnográfica, foram selecionadas as cinco músicas em que o pesquisador constantemente presenciava durante o trabalho de campo: “Quer tomar bomba” (Autor: MAG), “Um ciclo foda” (Autor: Hungria), “Diário de um bombado” (Autor: DJ Sal), “Simples marombeiro” (Autor: LetoDie) e “A bomba tá na moda” (Autor: Jax). Todas as músicas supracitadas fazem parte do estilo musical Rap ou Hip-Hop. Geralmente, este gênero musical é composto e consumido pelo público masculino tratando as mazelas sociais e a criminalidade nas favelas e periferias das grandes metrópoles do país. Assim, as cinco músicas selecionadas aqui foram elaboradas por homens e para homens como pode ser observado em diversos trechos das canções: “irmão”, “mano”, “xará”, “cara”, “moleque”, “neguinho”, “maluco”, “novinho”, etc.

 

“Quer tomar bomba” (Autor: MAG)

 

    Para o tratamento dos dados, foram articuladas as anotações do diário de campo etnográfico com a análise de conteúdo temático destas letras de músicas com base em Turato (2011), em que privilegia o aprofundamento das expressões textuais e as sistematizando em categorias. Becker (1997, p. 122) menciona que “o observador também verificará que é útil coletar documentos e estatísticas (minutas de reuniões, relatórios anuais, recortes de jornal) gerados pela comunidade”.

 

    Este trabalho refere-se a um recorte de uma pesquisa etnográfica autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro - CAAE: 01559712.7.0000.5286 - Número do parecer: 203.235. Mais precisamente, este texto deriva-se do avanço e do amadurecimento de análise do material empírico de uma tese de doutorado. (Silva, 2014)

 

Apresentação e discussão dos resultados 

 

    Nas próximas seções, construídas com base no Interacionismo Simbólico, será possível observar que o primeiro eixo de análise foi delineado a partir de como os anabolizantes eram compreendidos pelos homens nas melodias à luz das simbologias atreladas aos riscos à saúde e, o segundo, pela ótica de que tipos de masculinidades eram exercidos na academia investigada.

 

“Homens no ritmo dos riscos”: anabolizantes e seus efeitos físico-orgânicos 

 

    Grande parte dos homens da academia não somente cantava as músicas que faziam alusão aos usos de anabolizantes, como também, por vezes, dançava na sala de musculação. Eles faziam questão de aumentar o “tom” do canto em trechos que explicitamente demonstravam que tomavam os anabolizantes e se referiam aos seus riscos:

 

Quer tomar bomba?

Pode aplicar,

Mas eu não garanto se vai inchar,

Efeito estufa,

Ação, reação,

Estria no corpo, aí, vai vacilão!

“Quer tomar bomba” - Autor: MAG

 

É só blusa regata, pode vir o que for,

Anda sem camisa tanto no frio e no calor!

Ele fica se apertando, tá cheio de psicose,

De tanto tomar bomba vai morrer de overdose!

“Diário de um bombado” - Autor: DJ Sal

 

Tonteira deu agora, esteroide tá agindo,

O peito estufado, minha moral só tá subindo!

Cordão de ouro branco refletindo a luz do sol,

Qual é a sua receita, por favor, me diga qual?

“A bomba tá na moda” - Autor: Jax

 

    Era notável o exercício dos homens em hipervalorizar os efeitos físico-orgânicos dos anabolizantes, especialmente os possíveis riscos que estavam enfrentando ou se expondo. Cultuar o risco enquanto se exercitavam era sinônimo de potencializar uma masculinidade bem aceita por todos ali. Assim, um homem com “H” maiúsculo, um homem “raiz” ou um homem “macho” não deveria demonstrar temor quanto a qualquer efeito colateral ou adverso que poderia advir desses produtos.

 

 

“A bomba tá na moda” (Autor: Jax)

 

    Neste sentido, se “a disposição de assumir riscos ou de recusá-los, ou mesmo de ignorá-los totalmente, não corresponde ao mesmo atributo em uma classe e em uma cultura e em outra” (Le Breton, 2009, p. 17), argumenta-se que tal realidade de “valorizar o perigoso” era uma constante representação entre a maioria dos homens. Esse ato de exprimir os sentimentos por meio das músicas “é um modo de manifestá-los aos outros, pois assim é preciso fazer. Manifesta-se a si, exprimindo aos outros, por conta dos outros. É essencialmente uma ação simbólica”. (Mauss, 1979, p. 153)

 

    Observava que a quantidade de consumo de anabolizantes era proporcional à dimensão corpórea dos homens e, por consequência, à maior exposição para todos ali. Havia uma prática comum de alguns homens da academia de se despirem ao longo da realização dos exercícios físicos na sala de musculação. Embora os argumentos se voltassem para a questão de estarem suando ou com calor além do que suportavam, notava-se que tal exposição semelhante a um strip-tease era proposital. Assim, o corpo era exposto quando ele estivesse “inchado” ou “grande” após alguns exercícios físicos, e, especialmente, quando tais músicas tocavam naquele espaço.

 

    Santos e Salles (2009, p. 91) identificaram em seu estudo que “as roupas, sob um discurso de facilitarem os movimentos corporais, deixam o corpo bem exposto ao olhar, não apenas pelo reduzido tamanho das peças, mas, sobretudo, por serem justas no corpo, permitindo uma ‘exibição’ das suas formas e contornos”. Ao conseguirem “mudar o corpo” ao longo do tempo, os homens alteravam as suas roupas de malhação e, sobretudo, modificavam as suas performances perante os outros. Todavia, afirmo que não somente as roupas se alteravam, mas também os acessórios que portavam. Um exemplo era o uso dos óculos por parte daqueles alunos que “cresciam corporalmente”; os óculos eram trocados por “lentes de contato” ou eliminados, de maneira temporária, quando tais alunos estavam no interior da academia. As roupas mais curtas e apertadas eram usadas pelos alunos que “cresciam rapidamente” no que diz respeito à massa muscular em função dos anabolizantes, inclusive dançavam ou circulavam mais por aquele espaço justamente por isso.

 

 

“Simples marombeiro” (Autor: LetoDie)

 

    Com o aprimoramento da “roupagem corporal” e com as “músicas ao fundo”, eles exaltavam as suas experiências com os produtos como, por exemplo, que sentiam orgulho de sentir tontura, tremedeiras quando estavam dormindo ou até mesmo de irem para o hospital às pressas após a “aplicação” (injeção). Era um risco que valia a pena se expor. Por outro lado, quanto mais obesos ou magros, os alunos deveriam usar roupas que “escondessem” o corpo no sentido de ocultar o que poderia estigmatizar o sujeito:

Pesquisador: Caraca, tu tá sumido, cara! Você parou mais de um mês, não foi?

Aristides: Duas ou três semanas, voltei magro, zerei meu percentual de gordura e só estava na cachaça. Tive que colocar camisa pólo hoje.

Pesquisador: É mesmo, primeira vez que te vejo com essa camisa que tampa o corpo todo, cara!

Aristides: É, mas já já você vai ver! Vou bombar de novo!

    As “boas masculinidades” podiam ser vistas “a olho nu”, isto é, apenas os “corpos bombados” representavam uma forma legítima de “ser homem que corre riscos”. Assim, ainda que na contemporaneidade haja o esforço de compreender as masculinidades como formas híbridas de ser no mundo considerando revisitar as clássicas ou pioneiras análises sobre os homens (Bridges & Pascoe, 2014), sugere-se que o aprimoramento de si potencializado com os anabolizantes ainda tem como norte uma espécie de “corpo masculino ideal” nas academias. (Wagner, 2016; Lefkowich, Oliffe, Clarke, & Hannan-Leith, 2017)

 

    Nesse sentido, “arriscar-se” com os anabolizantes, portanto, ainda faz parte de uma forma de masculinidade hegemônica (Connel, 1997). Em outras palavras, a academia ali se caracterizava por uma arena competitiva entre eles, o que corrobora exatamente com as perspectiva analíticas de gênero que se debruçam acerca de determinadas práticas que posicionam, capacitam e restringem os homens. (Connel, 2006)

 

    Ressalta-se que se por um lado a maioria do conteúdo das letras das músicas faz alusão ou até mesmo o estímulo ao uso de anabolizantes, por outro, registra pontualmente uma espécie de alerta àqueles que desejam ou tomam essas substâncias:

 

A Winstrol seca...

Cuidado, hein vacilão!

Se liga hein...

“Quer tomar bomba” - Autor: MAG

 

O corpo de um homem, a estrutura de uma vida,

Deca, winstrol, é a minha vitamina!

Malhar puro porquê, se assim não vou crescer?

Aplica, aplica, aplica, mas cuidado pra não morrer!

“Diário de um bombado” - Autor: DJ Sal

 

Não vim incentivar,

Só passei pra alertar!

Faço tudo consciente,

Pense antes de injetar!

“A bomba tá na moda” - Autor: Jax

 

    Geralmente, esses anúncios sobre “parar para pensar” se vale tomar anabolizantes vêm ao final das músicas. Durante estes trechos, os ritmos das músicas são mais lentos e em um “tom” de término para se cuidar. Assim, ainda que ao longo das músicas haja uma exaltação ou valorização do consumo dos anabolizantes, emerge uma “preocupação” com aqueles que estão ouvindo.

Raramente eu presenciava situações em que os usuários conscientizavam uns aos outros dos riscos de tomar “bombas”, com exceção de quando um usuário mais antigo queria iniciar um mais novo ao uso desses produtos. Este tipo de estratégia que poderia transparecer, a princípio, uma “orientação para a saúde” tinha como pano de fundo valorizar seu conhecimento sobre as substâncias a fim de comercializá-las àqueles que desconheciam o universo dos usos de anabolizantes. Isto é, o usuário que conseguia demonstrar conhecimento sobre os anabolizantes, mesmo sendo referente às contraindicações, legitimava-se perante os outros homens que porventura teriam o interesse de comprar determinado produto. Nesse caso, ali não se construíam masculinidades alternativas (Connel & Messerschmidt, 2013), mas, sobretudo, formas dominantes de exercer dada masculinidade.

 

 

“Um ciclo foda” (Autor: Hungria)

 

    Havia uma espécie de desencorajamento como “compromisso ético” de quem canta e também de que utiliza no sentido de não prejudicar o corpo e a saúde do outro. Isso, de certo modo, indica a ideia de que os comportamentos de risco entre os homens devem ser contextualizados no sentido de quem, quando, onde e porquê se valoriza determinada prática para/com o corpo que, em um primeiro momento, poderia ser vista como danosa.

 

    Por outro lado, os riscos potenciais dos efeitos adversos e colaterais dos anabolizantes eram muitas vezes inferiorizados por esses homens. A grande maioria deles rotineiramente contava e desabafava sobre outros riscos que já passaram na vida pessoal (relações de parentesco e afetivo-amorosas), como também em termos econômicos. As conversas comigo sobre o uso dos produtos era feita sem rodeios e o conhecimento sobre os mesmos eram os divulgados por profissionais de saúde. Esse fato contraria a ideia de Barland (2005) de que a circulação de “informações” sobre os usos de anabolizantes em academias baseia-se primordialmente em experiências individuais e não em estudos científicos, como se fosse um conhecimento “esotérico” ou de “superstição”.

 

    Destaca-se que “o contexto social determina a cada indivíduo sua posição e esta, por sua vez, determina as oportunidades de saúde segundo exposições a condições nocivas ou saudáveis e segundo situações distintas de vulnerabilidade” (Barata, 2009, p. 99). Era notável de que ali se tratava de homens jovens, negros ou pardos de baixo poder aquisitivo. Essa relação entre os usos de anabolizantes e condições financeiras podia ser vista também em alguns trechos das músicas, seja no sentido de “não ter dinheiro” e/ou “querer ostentar”:

 

Deca, Winstrol, Durateston, Testex,

A fórmula mágica pra você ficar mais sexy!

13 conto, 15... sei lá, paguei merreca!

A Deca incha, o Dura estufa, a Winstrol seca!

“Quer tomar bomba” - Autor: MAG

 

Não dou desconto, sustento ou sua ostentação,

Quer tomar coisa barata, injeta caldo de feijão!

Peito definindo, as mão cheio de calo,

A parada não é pra pônei, é claro é pra cavalo!

“Um ciclo foda” – Autor: Hungria

 

Doutor me dá a receita, pago adiantado,

Consigo fácil fácil com médico safado!

Saio do consultório, já desço pra farmácia,

Produto garantido, vendedor que me encara!

“A bomba tá na moda” - Autor: Jax

 

    Destarte, ressalta-se a necessidade de cada vez mais refletir sobre os marcadores sociais da diferença, mais precisamente desvelar dado grupo social por meio da articulação entre classe, raça e gênero (Moutinho, 2014; Conrado & Ribeiro, 2017; Oliveira, Couto, Separavich, & Luiz, 2020). Grande parte dos homens jovens negros ou pardos usuária de anabolizantes utilizava aquele espaço como uma forma de resistência ou de combate às experiências de discriminação da vida social que emergem no espaço público dos centros urbanos. (Monteiro & Cecchetto, 2009; Simões, França & Macedo, 2010; Damico & Meyer, 2010; Souza, 2010)

 

    Os anabolizantes serviam como uma via de visibilidade corpóreo-social, isto é, um modo de evitar a morte simbólica perante aqueles que os diminuíam como “homens de respeito”. Na ótica de Connel (1997), evidencia-se aqui uma masculinidade marginalizada. Entretanto, ressalta-se que compreender qualquer elemento relativo à marginalidade ou ao desvio de homens nas sociedades complexas deve ser historicamente problematizado. (Velho, 1994)

 

“Homens no embalo das ‘bombas’”: masculinidade e prestígio social 

 

    Um aspecto importante para ser um “homem hormonizado” e de prestígio entre seus pares refere-se ao comportamento de não contar o que faz com o seu próprio corpo. Tanto na academia, quanto nas letras das músicas, havia um tipo de “silenciamento” se tomavam anabolizantes e que tipos de produtos:

 

O que eu tomei eu fico quieto, não falo pra ninguém,

Questão de ética, não falo onde apliquei,

Então me diga GH, me diga espelho meu,

Se tem alguém no mundo mais rasgado do que eu!

“Quer tomar bomba” - Autor: MAG

 

Fico puto com maluco que vem me atrapalhar,

Pedindo o que eu tomei e se ele deve tomar!

Eu não sei, sai pra lá, só quero treinar em paz,

Corre atrás, pesquise não enche meu saco, rapaz!

“Simples marombeiro” - Autor: LetoDie

 

Esteroide tá na moda, não passamos pra otário,

Conta pra todo mundo, parecendo um viado!

Desfila sem camisa, se intitula o sarado,

Esqueceu do mandamento, já tomou, fica calado!

“A bomba tá na moda” - Autor: Jax

 

    Este exercício de “guardar segredo” cultuado entre usuários de anabolizantes demonstrava quem era mais homem do que os outros. Ocorria ali uma dinâmica de interações entre eles que deveria ser apreendida por todos que consumiam os produtos, o que potencializava uma forma correta ou hegemônica de ser homem. (Connel, 1997)

 

 

“Diário de um bombado” (Autor: DJ Sal)

 

    Sabino (2004, p. 149) aponta que “os esteróides são o elixir secreto dessa tribo de musculosos de aparência saudável”. Silva (2017) identificou que conversar e saber dos seus “segredos” sobre anabolizantes dependia da interação social estabelecida entre determinados homens. Na interpretação de Cesaro (2012) em seu estudo, a recusa à utilização de anabolizantes não se referia a questões de saúde ou em termos legais, mas uma atitude ética em que o “trabalho corporal” deveria ser realizado apenas com persistência, disciplina e honra. No campo esportivo, a noção de segredo é uma das bases para entender o doping apontando o que (não) é moralmente aceitável. (Perera & Gleyse, 2005)

 

    Através da observação na sala de musculação e com a audição das músicas, pude perceber que o prestígio social que ajudava a moldar suas masculinidades era construído no enfrentamento entre os homens:

 

“Vambora” pega a barra, você começa!

Vai logo, dá bola, eu tô com pressa!

Ainda tem, 45 bíceps, antebraço,

Tá com preguiça?

Então vai, deixa que eu faço,

Vem junto, vem junto,

Porra! Eu tô sem força!

Achurriado, sem produto,

Pareço até uma moça,

Sai daqui eu vô direto, vô pra uma farmácia,

Aplico uma de leve pra ganhar mais uma massa,

Estilo Rottweiler vou lançar mais uma raça,

Depois vou tirar onda na praia ou lá na praça!

“Quer tomar bomba” - Autor: MAG

 

Não é eu que sou ruim, não é curto meu pavio,

O que fode são os frangos bando de viado vadio!

Eu nunca arrumei encrenca, ela que vem até mim,

Vou fazer o que então se eu já nasci assim?

“Simples marombeiro” - Autor: LetoDie

 

Magrelo baba ovo, quer crescer naturalmente,

Espera aí sentado, coloque na sua mente:

Nem planta é natural no olhar de minha lente,

Agrotóxico tá aí pra fruta ficar gigante!

“A bomba tá na moda” - Autor: Jax

 

    Eventualmente, quando tocava alguma música relativa aos anabolizantes na academia, os homens comentavam ou especulavam se determinado aluno experiente, avançado ou veterano, usuário de anabolizantes, estava chegando ao estabelecimento. Havia uma tensão temporária entre os novatos e as pessoas mais velhas que se irritavam com tais letras musicais vinculadas não somente aos produtos, como também, por vezes, à pornografia (os “proibidões”: músicas de funk com letras sexualizadas e contendo palavras consideradas chulas, como palavrões).

 

    Em dada época, tamanha era a aparente agressividade que, embora a coordenação e a recepcionista tentassem impedi-los de colocar as músicas no estabelecimento, os usuários de anabolizantes impunham os seus gostos musicais para todos. Às vezes, eles conseguiam impedi-los ou aceitavam tocar as músicas em volume mais baixo. Entremeados aos sons das músicas, gemidos e gritos, eram ensurdecedores os barulhos das anilhas tocando umas nas outras. Atentava-me aos meus ouvidos no sentido do gym de Wacquant (2002, p. 273):

    O gym, é antes de mais nada, feito de sons, ou melhor, de uma sinfonia de ruídos específicos, imediatamente reconhecíveis entre milhares - assobios, sussurros, batidas de luvas no saco de areia, ranger de correntes, galope regular do pulo na corda, ‘ra-ta-ta-ta-ta’ inimitável da pêra de velocidade - em um andamento sincopado e persistente.

    Nesse contexto, ao apontarem os supostos benefícios físico-orgânicos dos anabolizantes, as músicas também mencionavam os lucros sociais que poderiam angariar consumindo esses produtos, especialmente no sentido de conseguirem se “destacar” entre os outros homens:

 

Regata estourando, as carreta pra esculachar,

Boné de lado, ajuda a dixavar!

Maior sucesso na noite,

Imagina lá no posto,

230 gramas eu carrego no pescoço!

“Um ciclo foda” – Autor: Hungria

 

41 de braço pra chamar muita atenção,

A regata te assusta, seu queixo vai no chão!

Brinco na orelha com tríceps rasgado,

Destaco na multidão e me chamam de bombado!

“A bomba tá na moda” - Autor: Jax

 

    Entretanto, aponta-se que tais comportamentos não necessariamente significavam formas simbólicas de violência entre eles, mas apenas maneiras de manterem certos pertencimentos sociais a partir dos anabolizantes. Connel (2012) chama a atenção de que urge a necessidade de examinar as relações de poder entre as masculinidades vinculadas, inclusive, ao cenário de globalização mundial em constante mudança em que esses homens estão vivendo.

 

    Desse modo, o discurso êmico desses homens sobre o uso de hormônios não corresponde à ideia de uma representação médico-científica ou medicalizada em busca de aprimoramento estético-terapêutico (Rohden, 2017; Tramontano, 2018). O seu uso também estava vinculado a uma questão de gênero.

 

    Outro aspecto a ser considerado era de que grande parte dos comportamentos dos homens no interior da academia correspondia àquilo que majoritariamente as músicas associavam: corpo “bombado” era sinônimo de “sucesso” entre as mulheres:

 

Vagabunda me critica, fala que faz mal,

Mas quando passa um bombado é a primeira a dar moral!

Dizem que ela vai pro fígado, fode o coração,

Deixa brocha, estressado, mas também tem o lado bom!

“Quer tomar bomba” - Autor: MAG

 

Vagabunda cai matando, os muleque quer o segredo!

O que eu ganhei com isso? Você fica me perguntando,
Uma galega, uma morena, as ruiva já tão me amando!

Depois do resultado, namorar é difícil,

Meu trabalho é beijar, ir pra cama é ofício!

Meu carro tá no chão, meu braço lá em cima,

Observo as cachorra rindo pra mim na esquina!

42 de braço é perfeição,

As mina tão na atividade vão comer na minha mão!

“Um ciclo foda” – Autor: Hungria

 

Corpo nota 10, vadia beijando os pés,

Cada dia que se passa juntando mais fieis!

100 de cada lado, a barra não entorta,

Manjado na academia pro supino é agora!

“A bomba tá na moda” - Autor: Jax

 

    Nesta direção, o ato de utilizar anabolizantes e ter prestígio social apenas fazia sentido “diante delas”, as mulheres. Isto é, vislumbrava-se, através das letras das músicas ouvidas nas salas de musculação, que havia uma noção construída entre eles de que as mulheres seriam seduzidas, ou quicá, passivas e submissas àqueles homens que tomavam tais produtos. Desse modo, ter um tipo de “corpo hormonizado” garantiria mais facilmente dominá-las ou conquistá-las já que elas estariam buscando homens apenas com esse perfil.

 

    Por outro lado, as interações sociais na academia e a própria elaboração das letras das músicas caracterizam-se eminentemente por uma “conversa entre eles”. Em nenhum momento, dirigiam-se diretamente a elas no sentido de valorizar o que tomavam. Nesse caso, detectou-se que as representações sobre os anabolizantes e suas relações com o “ser homem de prestígio” eram construídas para além do que elas supostamente pensavam sobre eles.

 

Conclusões 

 

    Ao analisar músicas sobre anabolizantes em uma academia, foi possível concluir que as “sonoridades” ali eram mais um fator que fazia parte da construção das representações acerca das substâncias e de uma determinada masculinidade. Se por um lado as letras focavam eminentemente nos possíveis efeitos físico-orgânicos das “bombas”, por outro, exploravam em que medida os homens deveriam assumir determinada identidade de gênero com esses produtos a fim de angariarem certos prestígios sociais e admiração pelas mulheres.

 

    Os riscos ouvidos e cantados pelos frequentadores dessa academia indicavam explicitamente os efeitos adversos e colaterais do consumo de anabolizantes. No entanto, os possíveis riscos que as “bombas” iriam expor o sujeito parecem ficar secundarizados em função do que os usuários obteriam positivamente com essas substâncias. Ademais, ao mesmo tempo em que há um “estímulo” ao consumo de anabolizantes e prestígio na medida em que se expõem e suportam os efeitos colaterais, existe um “aviso” de cautela àqueles que pretendem ou tomam esses produtos.

 

    Os sucessos em potenciais compartilhados pelos usuários dessa academia ao som dessas músicas de apologia aos usos de anabolizantes focam em um tipo de “homem ideal”. A “bomba” se tornaria um artifício de aprimoramento de uma masculinidade reconhecida socialmente, isto é, um homem “bombado” estaria em destaque pela sua visibilidade e prestígio com as mulheres e por sua superioridade em relação aos homens “não-bombados”.

 

    Por fim, registra-se que o presente estudo aponta a necessidade de outras formas teórico-metodológicas de abordagens investigativas sobre os usos de anabolizantes por parte dos homens em academias. Cada vez mais se torna imperativo questionar, aprofundar e desnaturalizar as realidades e as interações sociais estabelecidas nesses ambientes no que diz respeito aos anabolizantes, pois, por vezes, esses espaços são considerados acriticamente de promoção de saúde, de bem-estar e/ou de qualidade de vida.

 

Nota 

  1. Para detalhes referentes à minha inserção e interações no trabalho de campo, ver Silva (2014).

Referências 

 

Andrade, V. K., & Pereira, C. M. (2017). Música popular brasileira e gênero: como se cantam as mulheres? Revista da Universidade Vale do Rio Verde, 15(1), p. 118-128. Recuperado de: http://dx.doi.org/10.5892/ruvrd.v15i1.4020

 

Barata, R. B. (2009). Como e por que as desigualdades sociais fazem mal à saúde. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz.

 

Barland, B. (2005). The gym: place of bodily regimes-training, diet, and doping. Iron Game History: The Journal of Physical Culture, 8(4), p. 23-29. Recuperado de: https://www.starkcenter.org/igh/igh-v8/igh-v8-n4/igh0804f.pdf

 

Bauer, M. W. (2010). Análise de ruído e música como dados sociais. En M. W. Bauer, G. Gaskell (coord.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático (pp. 365-389). Petrópolis: Vozes.

 

Becker, H. (1996). A escola de Chicago. Mana, 2(2), p. 177-188. Recuperado de: https://dx.doi.org/10.1590/S0104-93131996000200008

 

Becker, H. (1997). Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Hucitec.

 

Bridges, T., & Pascoe, C. J. (2014). Hybrid masculinities: new directions in the sociology of men and masculinities. Sociology Compass, 8(3), p. 246-258. Recuperado de: https://doi.org/10.1111/soc4.12134

 

Butler, J. (2010). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

 

Carrara, S., & Saggese, G. (2011). Masculinidades, violência e homofobia. En R. Gomes (coord.). Saúde do homem em debate (pp. 201-225). Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz.

 

Cesaro, H. L. (2012). Os “alquimistas” da vila: masculinidades e práticas corporais de hipertrofia numa academia de Porto Alegre. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Recuperado de: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/63155

 

Cicourel, A. (1980). Teoria e método em pesquisa de campo. En A. Zaluar (coord.). Desvendando máscaras sociais (pp. 87-121). São Paulo: Francisco Alves.

 

Connel, R. W. (1997). La organización social de la masculinidad. En T. Valdes, J. Olavarría (coord.). Masculinidad/es: poder y crisis (pp. 31-48). Santiago: ISIS-LACSO: Ediciones de las Mujeres.

 

Connel, R. W. (2006). Gender, men, and masculinities. Quality of human resources: disadvantaged people. Oxford: Unesco/EOLSS Publishers.

 

Connel, R. W. (2012). Masculinity research and global change. Masculinities and Social Change, 1(1), p. 4-18. Recuperado de: https://hipatiapress.com/hpjournals/index.php/mcs/article/view/157

 

Connel, R. W., & Messerschmidt, J. W. (2013). Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Revista Estudos Feministas, 21(1), p. 241-282. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2013000100014

 

Conrado, M., & Ribeiro, A. A. M. (2017). Homem negro, negro homem: masculinidades e feminismo negro em debate. Revista Estudos Feministas25(1), p. 73-97. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n1p73

 

Couto, M. T., & Gomes, R. (2012). Homens, saúde e políticas públicas: a equidade de gênero em questão. Ciência & Saúde Coletiva, 17(10), p. 2569-2578. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/S1413-81232012001000002

 

Damico, J. G. S., & Meyer, D. E. E. (2010). Constituição de masculinidades juvenis em contextos “difíceis”: vivências de jovens de periferia na França. Cadernos Pagu, 34, p. 143-178. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/S0104-83332010000100007

 

Goffman, E. (1979). Gender advertisements. Nova York: Harper and Row.

 

Goffman, E. (2011). Ritual de interação: ensaios sobre o comportamento face a face. Petrópolis: Vozes.

 

Gomes, R., Granja, E. M. S., Honorato, E. J. S., & Riscado, J. L. S. (2014). Corpos masculinos no campo da saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 19(1), p. 165-172. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/1413-81232014191.0579

 

Hallal, P. C., & Knuth, A. G. (2011). Epidemiologia da atividade física e a aproximação necessária com as pesquisas qualitativas. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 33(1), p. 181-192. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/S0101-32892011000100012

 

Iriart, J. A. B., Chaves, J. C., & Orleans, R. G. (2009). Culto ao corpo e uso de anabolizantes entre praticantes de musculação. Cadernos de Saúde Pública, 25(4), p. 773-782. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2009000400008

 

Kommers, M. J., Rodrigues, R. A. S., Gomes, G., Zavala, A. A. Z., Fett, W. C. R., & Fett, C. A. (2019). A música nas aulas de body combat™ melhora o estado de ânimo de adolescentes. Journal of Physical Education, 30, e3009. Recuperado de: https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v30i1.3009

 

Le Breton, D. (2009). Condutas de risco: dos jogos de morte ao jogo de viver. Campinas: Autores Associados.

 

Lefkowich, M., Oliffe, J. L., Clarke, L. H, & Hannan-Leith, M. (2017). Male body practices: pitches, purchases, and performativities. American Journal of Men’s Health, 11(2), p. 454-463. Recuperado de: https://doi.org/10.1177/1557988316669042

 

Machado, E. P., & Fraga, A. B. (2017). Ratos de academia on-line: debates sobre musculação em um fórum virtual. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 25(1), p. 141-150. Recuperado de: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/7440

 

Maroun, K. (2008). O culto ao corpo em academias de ginástica: um estudo etnográfico na cidade do Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Recuperado de: http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UERJ_3f52efe6c728935e891f4525c709797e

 

Mauss, M. (1979). A expressão obrigatória dos sentimentos. En R. C. Oliveira (coord.). Mauss: Antropologia (pp. 147-153). São Paulo: Ática.

 

Mizrahi, M. (2018). “O Rio de Janeiro é uma terra de homens vaidosos”: mulheres, masculinidade e dinheiro junto ao funk carioca. Cadernos Pagu, 52, e185215. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/18094449201800520015

 

Monteiro, S., & Cecchetto, F. (2009). Cor, gênero e classe: dinâmicas da discriminação entre jovens de grupos populares cariocas. Cadernos Pagu, 32, p. 301-329. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/S0104-83332009000100010

 

Moutinho, L. (2014). Diferenças e desigualdades negociadas: raça, sexualidade e gênero em produções acadêmicas recentes. Cadernos Pagu, 42, p. 201-248. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/0104-8333201400420201

 

Oliveira, E., Couto, M. T., Separavich, M. A. A., & Luiz, O. C. (2020). Contribuição da interseccionalidade na compreensão da saúde-doença-cuidado de homens jovens em contextos de pobreza urbana. Interface - Comunicação, Saúde, Educação24, e180736. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/interface.180736

 

Oliveira, L. A., & Pereira, C. M. (2013). Tem mulher no samba: a representação da figura feminina nos sambas das décadas de 1940-50. Boletim de Pesquisa NELIC, 13(20), p. 125-145. Recuperado de: https://doi.org/10.5007/1984-784X.2013v13n20p125

 

Perera, E., & Gleyse, J. (2005). O doping ao longo do século XX na França: representações do puro, do impuro e do segredo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 27(1), p. 55-74. Recuperado de: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/134/143

 

Pereira, E. G. B., & Silva, A. C. (2019). Educação Física, esporte e queer: sexualidades em movimento. Curitiba: Appris.

 

Rodrigues, N. S., & Coelho Filho, C. A. A. (2012). Influência da audição musical na prática de exercícios físicos por pessoas adultas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 26(1), p. 87-95. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/S1807-55092012000100009

 

Rohden, F. (2017). Vida saudável versus vida aprimorada: tecnologias biomédicas, processos de subjetivação e aprimoramento. Horizontes Antropológicos, 23(47), p. 29-60. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/s0104-71832017000100002

 

Sabino, C. (2004). O peso da forma: cotidiano e uso de drogas entre fisiculturistas. Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Recuperado de: https://docplayer.com.br/3094318-O-peso-da-forma-cotidiano-e-uso-de-drogas-entre-fisiculturistas-cesar-sabino.html

 

Santos, S. F., & Salles, A. D. (2009). Antropologia de uma academia de musculação: um olhar sobre o corpo e um espaço de representação social. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 23(2), p. 87-102. Recuperado de: http://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/16713

 

Scott, J. (1995). Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, 20(2), p. 71-99. Recuperado de: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721

 

Silva, A. C. (2014). “Limites” corporais e risco à saúde na musculação: etnografia comparativa entre duas academias de ginástica cariocas. Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Recuperado de: http://objdig.ufrj.br/96/teses/821812.pdf

 

Silva, A. C. (2017). Corpos no limite: suplementos alimentares e anabolizantes em academias de ginástica. Jundiaí: Paco Editorial.

 

Simões, J. A., França, I. L., & Macedo, M. (2010). Jeitos de corpo: cor/raça, gênero, sexualidade e sociabilidade juvenil no centro de São Paulo. Cadernos Pagu, 35, p. 37-78. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/S0104-83332010000200003

 

Souza, A. R., Silva, N. P. S., Sodré, A. S. F., Reis, J. G., Aquino, V. O. F., Oliveira, G. M. S., Pinto, L. S., Santana, T. S., & Pereira, A. (2019). Educação em saúde envolvendo homens frequentadores de academias de musculação. Lecturas: Educación Física y Deportes24(253). Recuperado de: https://efdeportes.com/efdeportes/index.php/EFDeportes/article/view/808

 

Souza, R. (2010). Rapazes negros e socialização de gênero: sentidos e significados de “ser homem”. Cadernos Pagu, 34, p. 107-142. Recuperado de: https://doi.org/10.1590/S0104-83332010000100006

 

Souza, Y. R., & Silva, E. R. (2012). Análise temporal do efeito ergogênico da música assincrônica em exercício. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, 14(3), p. 305-312. Recuperado de: https://www.scielo.br/pdf/rbcdh/v14n3/07.pdf

 

Tramontano, L. (2018). “Otimizar o desempenho muscular e estético”: interseções de diagnósticos, sintomas e desejos no uso da testosterona como aprimoramento. Teoria e Cultura - Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, 13(1), p. 108-125. Recuperado de: https://doi.org/10.34019/2318-101X.2018.v13.12379

 

Turato, E. R. (2011). Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa: construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas. Petrópolis: Vozes.

 

Velho, G. (1994). Sobre homens marginais. Anuário Antropológico, p. 69-74. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.

 

Wacquant, L. (2002). Corpo e alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe. Rio de Janeiro: Relume Dumará.

 

Wagner, P. E. (2016). Picture perfect bodies: visualizing hegemonic masculinities produced for/by male fitness spaces. International Journal of Men’s Health, 15(3), p. 235-258. Recuperado de: https://people.southwestern.edu/~bednarb/methods/articles/wagner.pdf


Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 267, Ago. (2020)