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ISSN 1514-3465

 

Estudo comparativo da qualidade de vida do atleta 

basquetebol máster nos Jogos Pan-Americano e Mundial

Comparative study of the quality of life of master 

basketball player at the Pan American and World Games

Estudio comparativo de la calidad de vida del jugador máster 

de baloncesto en los Juegos Panamericanos y Mundiales

 

Taís Glauce Fernandes de Lima Pastre*

taispastre@hotmail.com

Gilson Brun**

gilsonbrun1@gmail.com

Adair José Pereira da Rocha***

adairbasquetecuritiba@gmail.com

Renato Rodrigues Biscaia****

renato.rodriguesbiscaia@hotmail.com

Gislaine Cristina Vagetti*****

gislainevagetti@hotmail.com

Valdomiro de Oliveira******

oliveirav457@gmail.com

 

*Formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná

em Educação Física Licenciatura Plena. Mestre Educação Física

pela Universidade Federal do Paraná e atual doutoranda na Educação

**Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná

Mestre em Educação Física pela UFSC. Doutorando em Educação UFPR

***Formado pela UniDombosco Campos Mercês Curitiba/PR em Educação Física, 

Licenciatura e Bacharelado. Professor Mestre em Educação

pela Universidade Federal do Paraná

Técnico da Seleção de Basquete em cadeira de rodas

****Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná

Especialista em Futsal: Teoria e Metodologia do Treinamento (Lato-Sensu)

pela Faculdade de Telêmaco Borba (2020). Graduado em Educação Física

pela Universidade Federal do Paraná

*****Doutora em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná - UFPR

Mestrado com pesquisa em processo ensino-aprendizagem na educação física

para idosos, pela Universidade Estadual de Maringá, UEM

Professora Adjunta da Universidade Estadual do Paraná, Curitiba, Campus II

Professora do Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Educação (UFPR)

******Doutor e Mestre em Educação Física pela Unicamp/SP

Professor Associado do Departamento de Educação Física - UFPR

Estágio Pós Doutoral em Ciências Pedagógicas da Educação Física

e do Desporto pelo Instituto de Cultura Física de Moscou/Rússia

(Brasil)

 

Recepção: 22/11/2019 - Aceitação: 06/06/2020

1ª Revisão: 31/05/2020 - 2ª Revisão: 04/06/2020

 

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Citação sugerida: Pastre, T.G.F.L., Brun, G., Rocha, A.P.R., Biscaia, R.R., Vagetti, G.C. e Oliveira, V. (2020). Estudo comparativo da qualidade de vida de basquetebol máster nos Jogos Pan-Americano e Mundial. Lecturas: Educación Física y Deportes, 25(266), 68-77. Recuperado de: https://doi.org/10.46642/efd.v25i266.1814

 

Resumo

    O presente estudo tem como objetivo mostrar através da análise estatística do questionário WHOQOL-Bref (2000) um estudo comparativo entre as quatro dimensões da qualidade de vida – física, psicológica, relação social e meio ambiente – de atletas de basquetebol participantes da Seleção Brasileira de Máster Masculino entre 2017, nos Jogos Pan-Americanos realizados em Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, e 2019, nos Jogos Mundiais realizados em Helsinque, Finlândia. O estudo demonstrou diferença significativa entre as dimensões física e psicológica entre as equipes nacionais participantes, tendo os atletas dos Jogos Mundiais escore mais elevado do que os atletas dos Jogos Pan-Americanos. Quanto às outras dimensões, relação social e meio ambiente, não houve diferença significante, considerando-se o nível dos Jogos Mundiais relativamente mais elevado por conta de ter equipes participantes de todos os continentes, o que torna o nível delas mais diverso e mais seletivo. Ainda poderíamos aprofundar a pesquisa se houvesse a participação de uma equipe internacional para buscarmos uma comparação com atletas de outro país, principalmente países que apresentam uma maior tradição nessa modalidade, em termos de resultados mundiais e expressão olímpica.

    Unitermos: Basquetebol Máster. Qualidade de vida. Jogos Mundiais. Jogos Pan-Americanos.

 

Abstract

    The present study aims to show through the statistical analysis of the WHOQOL-Bref questionnaire (2000) a comparative study between the four dimensions of quality of life (physical, psychological, social relationship and environment) of male master basketball athletes, participants of the Brazilian National Team, between 2017 at the Pan American Games held in Rio Grande do Norte, Brazil and 2019 at the World Games held in Helsinki / Finland. The study showed a significant difference between the physical and psychological dimensions between the participating national teams, being the World Games athletes with higher score than the Pan American Games athletes, so the other dimensions: social relation and environment, there was no Significant difference, considering the level of the World Games somewhat higher, due to the participating teams from all continents, which makes the level of the teams more diverse and more selective. We could still deepen the research if there was the participation of an international team, to seek comparison with athletes from another country, especially countries that have a greater tradition in this sport, in terms of world results and Olympic expression.

    Keywords: Master Basketball. Quality of life. World Games. Pan American Games.

 

Resumen

    Este estudio tiene como objetivo mostrar, a través del análisis estadístico del cuestionario WHOQOL-Bref (2000), un estudio comparativo entre las cuatro dimensiones de la calidad de vida (física, psicológica, relación social y medio ambiente) de los jugadores de baloncesto integrantes del Equipo Nacional de Brasil Máster masculino que participaron entre 2017 en los Juegos Panamericanos celebrados en Natal, Río Grande del Norte, Brasil y 2019, en los Campeonatos Mundiales celebrados en Helsinki, Finlandia. El estudio mostró una diferencia significativa entre las dimensiones físicas y psicológicas entre los equipos nacionales participantes, con atletas de los Campeonatos Mundiales con calificaciones más altas que los atletas de los Juegos Panamericanos. En cuanto a las otras dimensiones, la relación social y el entorno, no hubo una diferencia significativa, considerando el nivel de los Juegos Mundiales relativamente más altos debido a la participación de equipos de todos los continentes, lo que hace que su nivel sea más diverso y selectivo. Aún podríamos profundizar la investigación con la participación de un equipo internacional para buscar una comparación con atletas de otro país, principalmente países que tienen una mayor tradición en esta modalidad, en términos de resultados mundiales y expresión olímpica.

    Palabras clave: Baloncesto Máster. Calidad de vida. Campeonatos Mundiales. Juegos Panamericanos.

 

Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 266, Jul. (2020)


 

Introdução 

 

    O estudo de atletas de basquetebol máster nos remete a um processo de envelhecimento que pode ser bem-sucedido, pois essa população estudada que apresenta idade entre 40 a 50 anos de idade, aqui caracterizada como atletas máster, passa por mudanças fisiológicas e psicológicas e precisa se adequar às mudanças desse “novo corpo” e à transição da “mente do corpo novo” à “mente do corpo velho”. Segundo Phelan e Larson (2004), a principal característica do envelhecimento saudável é a capacidade de aceitação das mudanças fisiológicas decorrentes da idade. Para Hansen-Kyle (2005), envelhecer com saúde refere-se a um conceito pessoal cujo planejamento deve ser focalizado na história, nos atributos físicos e nas expectativas individuais, constituindo-se, portanto, numa jornada e não num fim de processo. Nessa perspectiva, levamos em consideração a pesquisa de Rodrigues, Darido e Paes (2013), em que o esporte deve ser uma prática democrática, garantindo a todos os participantes o acesso à prática e à cultura esportiva.

 

    Esse processo de envelhecimento nos traz a necessidade de maiores cuidados com o corpo e mente. Desse modo, os atletas máster devem optar por uma alimentação mais saudável, pela diminuição ou eliminação de fumo e bebidas alcoólicas, por uma vida social ativa, pela prática de exercícios semanais com rotina e pela busca por uma crença para a saúde espiritual. (Oms, 2005)

 

    Assim, a qualidade de vida faz-se presente dentro dessas dimensões da vida que nos permitem ter um processo de envelhecimento melhor e mais saudável, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, em que a população velha está aumentando. Segundo dados do IBGE (2018), atualmente a expectativa de vida de quem nasceu até 2018 é de 76,2 anos, e até 2060 a expectativa de vida população brasileira deve chegar a 81 anos de idade.

 

    Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de Qualidade de Vida (QV), por meio do instrumento World Health Organization Quality of Life (WHOQOL), pode ser definido como "a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (The Whoqol Group, 1995; Fleck, 2000b). Para a busca da melhora da QV os esportes têm a sua importância, pois são capazes de reduzir as consequências das atividades rotineiras e minimizar prejuízos do sedentarismo. (Tahara et al., 2003)

 

    Em esportes coletivos como o basquete há também uma maior inserção social, devido ao ambiente de competição (Modolo et al., 2009), o que é essencial para uma melhor percepção da QV de atletas másters. Outro fator de impacto na qualidade de vida são as estruturas dos processos cognitivos, as quais influenciam no dia a dia dos atletas, pois se relacionam com a consciência e o conhecimento, entre eles a percepção e o pensamento (Vagetti et al., 2013), ainda mais em atletas máster, pois estes, por estarem em idade mais avançada, podem apresentar a perda dessas estruturas, que darão o embasamento às situações de jogo. Matias e Greco (2010) mencionam a importância da cognição dentro do processo de ensino-aprendizagem-treinamento para qualificar as respostas dos atletas perante as exigências dos Jogos Esportivos Coletivos, de modo que seja possível lidar melhor com o jogo e suas demandas.

 

    Portanto, os estudos relacionando QV a atletas máster de basquetebol apresentam-se relevantes para contribuir aos profissionais da área técnica, para as pesquisas de QV no esporte e também para a parcela da sociedade aqui representada, atletas em processo de envelhecimento que praticam esporte regularmente, constituindo assim uma parcela da população que está em constante crescimento, pois vê-se nos anos recentes no Brasil um aumento da taxa de envelhecimento da população, segundo dados do IBGE (2018).

 

    Portanto esse estudo teve como principal objetivo comparar a QV entre dois grupos de atletas de Basquetebol Máster do sexo masculino participantes nos Campeonatos Pan-Americanos e Mundial, buscando verificar se existe alguma diferença significativa entre os 2 grupos nos domínios físico, psicológico, relação social e meio ambiente.

 

Métodos 

 

Participantes 

 

    Fizeram parte deste estudo transversal 30 atletas do sexo masculino divididos em dois grupos de atletas participantes no Campeonato Mundial em Helsinque 2019, Finlândia (n=15) com idade média de 48,08 anos ± 1,82 ano, e o grupo de atletas participantes do Campeonato Pan-Americano em Natal 2017, Brasil de Basquetebol Máster (n=15) com idade média de 47,77 anos ± 1,22 anos.

 

    A amostra foi selecionada de forma não probabilística e intencional, visto que os sujeitos foram selecionados a partir do que foi aceito pela assinatura do termo livre e esclarecido de participação voluntária na pesquisa e deveriam estar participando nos referidos campeonatos supracitados, bem como poderiam desistir a qualquer momento caso houvesse algum constrangimento.

 

Instrumento 

 

    Foi utilizado para coleta dos dados o instrumento para a avaliação da Qualidade de Vida (QV) WHOQOL-Bref.

 

    Esse instrumento foi desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e possui versão validada e adaptada para o Brasil por Fleck et al. (2000a). É composto de 26 questões, sendo duas delas gerais e 24 distribuídas em quatro domínios da QV: físico, psicológico, relação social e meio ambiente.

 

    Cada domínio tem por objetivo analisar, respectivamente: a capacidade física, nas questões Q3, Q4, Q10, Q15, Q16, Q17, Q18; o bem-estar psicológico, nas questões Q5, Q6, Q7, Q11, Q19, Q26; as relações sociais, nas questões Q20, Q21, Q22; e o meio ambiente onde o indivíduo está inserido, nas questões Q8, Q9, Q12, Q13, Q14, Q23, Q24, Q25. Os domínios são representados por várias facetas e suas questões foram formuladas para uma escala de respostas do tipo Likert, com escala de intensidade, cujas pontuações das respostas variam entre 1 e 5.

 

    Os escores finais de cada domínio são calculados por uma sintaxe, que considera as respostas de cada questão que compõe o domínio, resultando em escores finais em escala de 0 a 100.

 

    De acordo com Fleck et al. (2000a), o instrumento é autoexplicativo e pode ser autoadministrado, auxiliado ou, ainda, administrado pelo entrevistador.

 

Procedimentos 

 

    Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedeceram aos critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução n°466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

 

    O estudo está integrado ao projeto institucional aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Artes do Paraná (CAAE 88098218.4.0000.0094).

 

    Inicialmente foi realizado contato com os técnicos responsáveis pelas equipes para solicitação da autorização para realização das coletas de dados com os atletas das equipes.

 

    As coletas foram realizadas nas dependências dos ginásios de competição. A aplicação dos questionários foi realizada de forma individual, e o preenchimento dos questionários teve duração de aproximadamente 20 minutos.

 

Análise de dados 

 

    A análise dos dados foi realizada por meio do Software SPSS versão 23.0, mediante uma abordagem de estatística descritiva e inferencial.

 

    A análise preliminar dos dados foi realizada por meio do teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov.

 

    Foi utilizado o teste “U” de Mann-Whitney para a comparação qualidade de vida em função dos grupos (Mundial e Pan Americano). Foi adotada a significância de p < 0,05.

 

Resultados 

 

    A amostra final do presente estudo foi composta por 30 atletas máster distribuídos em dois grupos, sendo 15 atletas participantes do Campeonato Mundial e 15 atletas participantes do Campeonato Pan-Americano.

 

    A Tabela 1 apresenta a comparação dos domínios de qualidade de vida entre os atletas participantes dos Campeonatos Mundial e Pan-Americano de basquetebol máster. Verificou-se diferença significativa entre os grupos no domínio físico (p = 0,018) e no domínio psicológico (p = 0,028), evidenciando que os atletas participantes do Campeonato Mundial apresentaram escore superior nas duas variáveis.

 

Tabela 1. Comparação da percepção de qualidade de vida e domínios entre os atletas 

de Basquetebol Máster participantes dos Campeonatos Mundial e Pan Americano

Grupos / Domínios

Mundial (n=15)

Pan Americano (n=15)

p

Mediana

Min – Max

Mediana

Min – Max

Físico

71,42

50,00 - 92,86

60,71

53,57 – 71,43

0,018 *

Psicológico

79,16

33,33 – 91,67

75,00

58,33 – 83,33

0,028 *

Relação Social

83,33

33,33 – 100,00

79,16

50,00 – 100,00

0,765

Meio Ambiente

81,25

56,25 – 93,75

78,12

65,63 – 90,63

0,589

QV Geral

75,00

25,00 – 100,00

75,00

75,00 – 100,00

0,589

*Diferença significativa (p < 0,05) teste “U” de Mann – Whitney.

Fonte: Elaboração própria

 

Discussão 

 

    A população está envelhecendo em países em desenvolvimento como o Brasil (IBGE, 2018), e devido a isso torna-se necessária a avaliação da qualidade de vida dessa população para verificar as mudanças que ocorrem neste período de vida, pois o aumento da expectativa de vida não significa um aumento da qualidade de vida, mas sim que deve-se entender ainda mais os fatores físicos, psicológicos, ambientais e sociais dessa população. (Vagetti et al., 2013)

 

    Segundo Costa et al. (2018), o processo de envelhecimento acarreta diminuição da função física, podendo ter uma redução na percepção da qualidade de vida. Nos estudos de Pomboza (2013) são visíveis diversos fatores, tanto intrínsecos, quanto extrínsecos, relacionados ao praticante de basquetebol e relacionados ao meio ambiente, que predispõem a existência de mais lesões – fatores ligados à idade, à condição física e ao gênero dos atletas incrementam os riscos.

 

    De acordo com a Tabela 1, o grupo de participantes do Campeonato Mundial apresentou maior percepção de qualidade de vida no domínio físico, na avaliação realizada pelo questionário WHOQOL-Bref (Fleck, 2000b), do que o grupo de participantes do Campeonato Pan-Americano. O domínio físico do questionário WHOQOL-Bref (Fleck, 2000b) leva em consideração os seguintes itens: dor e desconforto; energia e fadiga; sono e repouso; mobilidade; atividades da vida cotidiana; dependência de medicação ou de tratamentos; e capacidade de trabalho.

 

    Dentro do domínio físico devemos verificar a especificidade da modalidade, pois o basquetebol é uma esporte de grande exigências físicas, e requer um fornecimento misto de energia – em certos momentos dentro do jogo em si são necessários movimentos que podem ser estáticos, lentos, e quase ao mesmo tempo o são demandados movimentos rápidos de explosões de velocidade, saltos, fundamentos que exigem giros e passadas ritmadas, o que faz com que o atleta precise das suas capacidades físicas e esteja bem para executá-las. (Isnidarsi et al., 2013)

 

    Os aspectos físicos da modalidade ficam estritamente ligados às competições, pois quanto mais alto o nível delas maior será a demanda utilizada pelo atleta. Além disso, o estudo de Lemke e Reis (2015) ressalta que todos praticantes devem se preparar individualmente olhando para sua funcionalidade dentro do jogo, e conclui que estar fisicamente preparado irá interferir nos resultados da competição de que o atleta participa.

 

    Quando esses atletas máster são expostos a tal carga de treinamento e competições, deve-se compreender os fatores mecânicos, fisiológicos, emocionais e psicossociais exercidos pelo esporte na vida cotidiana. Nesse tipo de pesquisa os indicadores de QVRS são importantes, pois podem influenciar a sua performance e os resultados obtidos em competições (Freitas et al., 2009), ainda mais quando se trata da diferença do campeonato Mundial com o Pan-Americano.

 

    A Tabela 1 evidencia também os resultados da comparação do domínio psicológico dos participantes do Campeonato Mundial e do Campeonato Pan-Americano, sendo que os participantes do Mundial obtiveram uma maior percepção da qualidade de vida nesse domínio, que obteve diferença significativa (p=0,028). O domínio psicológico é composto por sentimentos positivos, concentração, memória, autoestima, imagem corporal, espiritualidade, religião e crenças pessoais. (Fleck, 2000b)

 

    Esse domínio é associado a fatores intrínsecos relacionados aos fatores extrínsecos, ou seja, é associado a toda a situação de vida do indivíduo. Devido a essas relações, podemos verificar que nesse estudo entre os grupos de basquetebol, os indivíduos dentro do ambiente competitivo sofrem e percebem as principais interferências dentro do aspecto psicológico. Moreira et al. (2017) mencionam que no período de competição há alterações no plano emocional, e que nele os atletas estão mais suscetíveis a fatores positivos por que estão engajados em uma prática que consideram de extrema importância na rotina de suas vidas, e pode-se relacionar esse engajamento ao nível competitivo em que o participante está inserido, pois, como já dito anteriormente os atletas do Campeonato Mundial possuem uma maior percepção em relação aos atletas do Pan-Americano, devido a apresentarem um maior escore nos domínios da QV.

 

    Estudo de Dimare, Del Vecchio e Xavier (2016) evidencia que a percepção de qualidade de vida e a prática esportiva de alto nível estão associadas, sendo conforme o nível de exigência da competição se interfere na percepção de qualidade de vida do domínio psicológico do atleta máster.

 

    Nas pesquisas de Freire et al. (2019) sobre atletas de rendimento e paratletas e perpcepção de qualidade de vida, mostra que os atletas melhoram essa percepção quando estabelecem hábitos de vida mais saudáveis em relação ao sono, repouso, relacionamentos pessoais e espiritualidade.

 

    Ainda, pode-se verificar dentro desse estudo que os atletas másters do campeonato Mundial obtiveram escores maiores dentro do domínio da relação social e meio ambiente, enquanto que no escore de Qualidade de vida Geral a mediana dos escores ficou igual em ambos os grupos.

 

    A atual pesquisa teve uma limitação que está relacionada ao uso de um delineamento transversal para indicar associações entre as variáveis. Indica-se a realização de um estudo qualitativo para verificar as diferentes falas dos atletas do Mundial e do Pan-Americano. Essa limitação, embora não diminua a importância do estudo, indica uma cautela na interpretação dos resultados.

 

Conclusões 

 

    Diante dos resultados apresentados, pode-se dizer que os dois grupos pesquisados apresentaram diferença significativa nos domínios físico e psicológico, diante da coleta do instrumento WOQOL-Bref, o qual tem como objetivo captar a percepção de QV dos participantes, enquanto que nos domínios de relação social e meio ambiente não houve diferenças significativas. No escore final de percepção de QV tampouco houve diferença significativa, porém se considerarmos que o grupo de atletas participantes nos Jogos Mundiais apresenta maior escore nos domínios físico e psicológico, isso significa que os atletas que participaram dessa competição podem apresentar mais preparo físico, melhor condicionamento, maior mobilidade, melhor condições de sono e menor índice de fadiga, e que portanto apresentam um perfil mais preparado fisicamente para uma competição de nível considerado mais elevado em termos de confrontos. Esse grupo também apresentou maior escore no domínio psicológico, relativo a mais pensamentos positivos, tais como autoestima, imagem corporal e memória, e a menos pensamentos negativos, a mais concentração e crença/espiritualidade, e, portanto, tais atletas apresentam um perfil melhor preparado/estruturado psicologicamente para enfrentar jogos de nível mais elevado. De um modo geral, contudo, ambos os grupos apresentaram alto escore em percepção de QV, o que pode significar que a prática esportiva para atletas com média de idade acima de 50 anos pode promover uma melhor QV, um estilo de vida saudável e a promoção da saúde.

 

    Para futuros estudos sugerem-se pesquisas qualitativas que busquem maior aprofundamento nas respostas, para elucidar quais são os fatores que causam a real manutenção da QV desses atletas máster, bem como para captar outros instrumentos de pesquisa quantitativa, para delinear mais detalhadamente o perfil e para que possamos traçar outros estudos de correlação de multifatores relacionados à prática de atividade física.

 

Referências 

 

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Lecturas: Educación Física y Deportes, Vol. 25, Núm. 266, Jul. (2020)